A empresários espanhóis, Guedes diz que inflação no Brasil vai ser menor que nos EUA

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Valor Econômico – O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou a empresários nesta quinta-feira (31) em Madrid, na Espanha, que a economia brasileira vai crescer “bem acima das expectativas” e que aposta que a inflação no país fechará abaixo daquela que os Estados Unidos deverão registrar em dezembro, segundo fonte que ouviu o ministro na capital espanhola. Guedes não cravou uma cifra de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022, mas argumentou que estimativas variadas mencionavam queda de 9% em 2020 e o resultado foi contração de 3,8% e que em 2021 muitos não esperavam expansão da atividade e o resultado foi alta de 4,7%. Agora, o ministro prometeu que de novo o Brasil vai superar as expectativas. Com relação à inflação, ele destacou que o Banco Central está usando sua artilharia e que sua aposta é de que a taxa será menor do que nos EUA. Em fevereiro, a inflação no Brasil chegou a 10,54% no acumulado em 12 meses, enquanto nos EUA foi de 7,9%, a maior taxa em muitos anos causada pela elevação dos preços de energia, alimentos e serviços. O banco UBS projeta inflação de 8,8% no Brasil e de 5,8% nos EUA no fim do ano. O ministro participou de seminário em Madrid que teve a participação do escritor Mario Vargas Llosa, organizada por uma associação focada no pensamento liberal. Ele se encontrou também com a ministra de Assuntos Econômicos da Espanha, Nadia Calvino. Nos encontros, Guedes reiterou que, em meio à guerra na Ucrânia e covid-19 na China, o Brasil pode ser um lugar seguro para investimentos.

Bolsonaro recua e mantém corte de IPI em 25%, e estuda aumentar imposto sobre bancos

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O Estado de S.Paulo – O presidente Jair Bolsonaro recuou e deve manter por mais 30 dias o corte de 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O aumento do corte da alíquota para 33% estava pronto para ser assinado nesta quinta-feira, 31, mas por razões políticas o presidente não quis assinar o novo decreto para beneficiar os produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM). Na direção oposta, para bancar o Refis (programa de parcelamento de dívidas tributárias) dos pequenos negócios, o governo pretende aumentar imposto cobrado sobre os bancos. A redução da alíquota de IPI de 25% para 33% tinha sido prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que está num movimento de aproveitar o aumento forte de arrecadação para cortar tributos. Em transmissão ao vivo, o presidente já tinha demonstrado irritação com o assunto. Ele criticou o PROS por acionar a Justiça contra o corte no IPI e chamou o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de “prezado ministro”. “O partido PROS está contra a redução de IPI de automóveis, motocicletas, produtos da linha branca. E está na mão do prezado ministro Alexandre de Moraes se vai mandar arquivar esse meu decreto ou vai dizer que está valendo. Se mandar arquivar – atenção, pessoal -, vai subir IPI de carros, motocicletas, geladeira, fogão”, declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais. O PROS foi ao STF por entender que a medida compromete a existência da Zona Franca de Manaus, por reduzir o atrativo tributário na região. Quando o governo promoveu o corte linear de 25% da alíquota do IPI, no final de fevereiro, os produtores instalados no parque industrial da Zona Franca de Manaus criticaram a medida, alegando que perderiam a vantagem competitiva que têm hoje em relação às demais empresas instaladas em outras partes do Brasil. A pressão tinha surtido efeito e o governo estava pronto para fazer a mudança. Agora, deve recuar. BancosNa direção contrária da queda de tributos, o governo avalia aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) dos bancos para compensar a renúncia tributária com o Refis do Simples que o Congresso aprovou, o presidente vetou e depois os parlamentares derrubaram o veto. Segundo apurou o Estadão, o aumento deve ficar em vigor até o final de 2022. Essa medida já foi cogitada no início do ano antes da sanção da lei, mas o governo optou em vetar o projeto. A Lei de Responsabilidade Fiscal exige medidas de compensação para renúncias. Mas no caso dos Refis, há controvérsia jurídica de que se trata de uma renúncia de tributos. Em março, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, criticou duramente as tentativas em Brasília de elevar impostos para bancos e afirmou que o setor bancário brasileiro é o que mais paga tributos no mundo. “Mais imposto para banco pode até dar voto, mas é aumento de custo na veia para o tomador de crédito”, afirmou o presidente da Febraban no Ciclo de Diálogos do Mercado Financeiro e de Capitais.

Produção industrial sobe 0,7% em fevereiro ante janeiro

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O Estado de S.Paulo – A produção industrial subiu 0,7% em fevereiro em relação a janeiro, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nesta sexta-feira, 1, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 1,6% a alta de 0,9%, com mediana positiva de 0,4%. Em relação a fevereiro de 2021, a produção caiu 4,3%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um recuo de 6,5% a 3,0%, com mediana negativa de 5,0%. No acumulado do ano, a indústria teve uma queda de 5,8%. Em 12 meses, a produção acumula alta de 2,8%.

Falta vaga, cria-se uma empresa

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O Estado de S.Paulo – Pelo número de empresas criadas no ano passado, mais de 4 milhões, a economia brasileira parece estar bombando. Mas é bom dar atenção a outros números antes de lançar o primeiro rojão. Doze milhões de pessoas estavam desempregadas no trimestre final de 2021. Em milhões de casos, desempregado significa “sem condições de pagar as contas do dia a dia e de cuidar das crianças”. O mesmo número, correspondente a 11,2% da força de trabalho, procurou uma vaga no trimestre móvel terminado em janeiro. Quem ainda manteve ou conseguiu alguma ocupação ganhou em média R$ 2.447. Esse valor foi 10,7% menor que o rendimento médio habitual de um ano antes, descontada a inflação. Se havia prosperidade, onde estava escondida? Convém levar em conta esses dados antes de festejar o aumento dos trabalhadores por conta própria. Esse contingente cresceu 10,3% em um ano e chegou a 25,6 milhões de pessoas no trimestre novembro-janeiro. A média anual do ano passado, de 24,9 milhões, foi 11,1% superior à de 2020. Estaria ocorrendo um notável surto de empreendedorismo, estimulado pela vitoriosa estratégia da gestão Bolsonaro? A resposta é negativa. Criar uma empresa – microempresa, na maioria dos casos – pode ser simplesmente um meio de tentar sobreviver, quando o emprego é muito escasso. Os trabalhadores informais, 38,9 milhões, corresponderam, no último levantamento, a 40,7% dos ocupados. Esse número inclui 12,4 milhões de empregados sem carteira assinada no setor privado. O número de informais – assalariados e ocupados por conta própria – também é parte de um quadro muito ruim do mercado de trabalho e da atividade econômica. De cada 10 empresas criadas em 2021, quase 8 foram de microempreendedores individuais, informou o Estadão. Tanto os números oficiais quanto os da Serasa Experian mostram as dimensões modestas da maior parte dos novos empreendimentos e deixam clara, também, a relação entre desemprego e novos microempresários. “Por esses números, parece que o Brasil virou um celeiro de empreendedores”, comentou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, antes de falar sobre a realidade sombria por trás da criação de microempresas. Desde 2016, segundo ano da recessão deixada pela presidente Dilma Rousseff, o desemprego tem superado 10% da força de trabalho. Mas o contingente de pessoas em graves dificuldades é muito maior, porque inclui também os trabalhadores subocupados, os desalentados e aqueles fora do mercado, embora pudessem estar em busca de trabalho. O número de subutilizados diminuiu em um ano, mas continuou muito alto – 27,8 milhões, ou 23,9% da força de trabalho. O crescimento de 4,6% em 2021 levou a economia de volta, com pequena folga, ao patamar pré-pandemia, mas foi insuficiente para inaugurar um período de maior dinamismo. Retomado o nível anterior à covid-19, a atividade continua muito lenta. O Ministério da Economia projeta para 2022 expansão de 1,5%. O Banco Central estima 1%. O mercado, 0,5%. Nada muito promissor, enfim, em relação ao emprego.