Aposta é de contratação maior de temporários
Valor Econômico – 09/12/2021 – A inflação e os juros mais altos no Brasil são preocupações para os comerciantes varejistas neste fim de ano, mas a demanda reprimida e o pagamento do 13º salário devem estimular vendas melhores do as que do ano passado e incentivar uma maior contratação de funcionários temporários pelas lojas. Conforme projeções da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o saldo de trabalhadores temporários contratados para este fim de ano deve ser de aproximadamente 94 mil em todo o país. Apesar das quedas no desempenho do varejo nos últimos meses, conforme os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada pelo IBGE, a percepção da é a de que os consumidores farão o possível para sair às compras depois do isolamento exigido pela pandemia, superando a perda de poder de compra provocada pela alta da inflação. Isso exigirá reforço das equipes de trabalho. “Embora tenhamos fatores prejudiciais à venda como dólar alto, inflação, juros alto e desemprego alto, a demanda reprimida e a vacinação, que deve permitir que os shoppings fiquem abertos, fazem com que os consumidores se sintam mais confiantes para sair e comprar”, diz o diretor institucional da Alshop, Luis Augusto Ildefonso. Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) decidiu rever para baixo sua previsão para a contratação de trabalhadores temporários no fim de 2021, que era de 94,2 mil vagas. A avaliação atual é que o número não deve passar de 90 mil, segundo o economista sênior Fabio Bentes, o que significa um resultado acima de 2020 – quando ficou em 68,3 mil, o menor desde 2013 -, mas inferior ao que era imaginado até setembro. A projeção para o Brasil só deve ficar pronta na próxima semana, mas já foram fechadas as novas estimativas para alguns Estados. Para São Paulo, a previsão é de crescimento do número de temporários de 18,4 mil em 2020 para 25,6 mil em 2021, pelos dados da CNC, mas o Rio de Janeiro deve ainda amargar queda para 6.628 em 2021, frente a 6.826 em 2020. “Os resultados do varejo têm sido muito decepcionantes e o volume de vendas é a principal variável para estimar a contratação de trabalhadores temporários. Teremos algum aumento em relação a 2020, quando havia muitas restrições, mas o número provavelmente não chegará aos 90 mil”, diz Bentes. No Estado de São Paulo, a FecomercioSP projeta que o varejo paulista criará 40 mil vagas de trabalho neste último trimestre, número próximo ao saldo de 41 mil postos registrados em 2019, antes da pandemia. “Pelo dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em outubro, o varejo [de São Paulo] já gerou cerca de 14 mil vagas e provavelmente teremos a geração de mais 26 mil com os meses de novembro e dezembro, sendo que 22 mil devem ser em dezembro e 4 mil em novembro”, prevê Jaime Vasconcellos, economista da Fecomercio. Ele explica que é mais razoável comparar com 2019 do que com 2020 porque a pandemia dificultou a leitura adequada dos números do ano passado. No último trimestre de 2020, o saldo de empregos criados pelo varejo paulista foi de 70 mil, mas havia um saldo negativo de 105 mil vagas até setembro. “As contratações dos últimos três meses do ano passado não podem nem ser ligadas à geração de trabalhos temporários porque grande parte foi de reposição dos quadros de funcionários”, aponta Vasconcellos. “Em dezembro de 2020, grande parte das lojas de shopping centers ficou fechada e já antes de dezembro havia aquele abre e fecha. A contratação de temporários em 2020 foi muito apática. Por isso a gente procurar comparar com 2019 que foi um ano normal”, aponta Ildefonso, da Alshop.
Empresas começam a incluir trabalho híbrido em negociações coletivas
Valor Econömico – 09/12/2021 – As empresas que optaram pelo trabalho híbrido – parte no escritório e parte à distância – começam a se organizar juridicamente para não correr riscos de ter que enfrentar processos trabalhistas no futuro. Ao contrário do trabalho remoto, que tem regulamentação geral na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), essa nova modalidade não está prevista em lei e não há ainda decisões judiciais sobre o assunto para orientar os empresários. Escritórios de advocacia especializados em direito do trabalho têm elaborado políticas internas para as empresas, aditivos de contrato de trabalho e até a inclusão de cláusulas em acordos ou convenções coletivas para tratar do tema com segurança jurídica. Os documentos abrangem desde a frequência com a qual o trabalhador vai para a empresa até benefícios que devem ser substituídos, como o vale-transporte. Neste ano, o trabalho híbrido começou a aparecer pela primeira vez nas negociações coletivas. Pelo menos 200 acordos ou convenções tratam do tema, entre os 21.415 firmados até agora, segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido do Valor. De acordo com Daniel Taquiguthi Ribeiro, técnico do Dieese responsável pela análise, até a pandemia, essa modalidade de trabalho não era tratada nas negociações coletivas. “Foi a crise sanitária que trouxe o tema para a pauta de negociações”, diz. Das cláusulas encontradas, muitas tratam do tema de forma geral, em conjunto com o home office. Dizem que as empresas podem adotar a modalidade híbrida, segundo Ribeiro. O setor de serviços, até mesmo pela natureza do trabalho, é o que tem mais cláusulas sobre o tema. Outras também mencionam que esse regime de trabalho deve constar em contrato individual ou aditivo de contrato. E que a volta ao regime presencial pode ser determinada pela empresa. Em cerca de metade das negociações, afirma o técnico do Dieese, existe a relação do trabalho híbrido com o contexto da pandemia. Na outra metade, não fica claro se se manterão ou não o híbrido posteriormente. Essa nova forma de trabalho, de acordo com pesquisas, será bastante usada daqui em diante. A consultoria BMI, por exemplo, ouviu gestores de 56 empresas e quase 80% apontaram que o modelo híbrido é o que será adotado no retorno completo das atividades ao escritório. Isso faz com que políticas internas claras sobre esse regime sejam ainda mais relevANTES. “Como é um sistema novo, sem regulamentação, é importante definir as regras do jogo”, diz o advogado Luiz Marcelo Góis, sócio da área trabalhista do BMA Advogados. “Nós acreditamos que o Judiciário possa aplicar, por analogia, as regras do teletrabalho, mas ainda é um cenário muito especulativo, sem experimentação nos tribunais e sem regulamentação legal. É preciso ter muita cautela das empresas.” O trabalho híbrido é um dos temas que mais têm gerado consultas neste semestre, segundo o advogado Fabio Medeiros, do Lobo de Rizzo, por causa da falta de regulamentação específica. A advogada Juliana Bracks, do Bracks Advogados, afirma que tem feito reuniões diariamente para tratar do assunto. “Cada empresa tem estabelecido regras diferentes para o trabalho híbrido.” Existem companhias que definem os dias da semana em que o funcionário deve ficar em casa e em quais dias ele vai ao trabalho. Outras, deixaram livre a escolha com base no gestor. Ainda tem aquelas que estabelecem um número mínimo de dias ao mês. Por fim, algumas adotaram o “sistema flex”, em que o funcionário escolhe se trabalha de casa ou não. Sobre a ajuda de custo, se a empresa está aberta e o funcionário opta por ficar em casa, a empresa não tem que pagar nada, segundo Juliana. “Mas se a companhia exige que fique alguns dias em casa, a recomendação é dar ajuda para reembolsar gastos”, diz. As empresas que firmaram contratos aditivos para o home office com os funcionários devem estabelecer um novo termo para o híbrido, segundo recomendação do advogado Luiz Marcelo Góis. “Esses aditivos vão alcançar temas que não são tratados nas políticas internas.” Uma outra preocupação que tem sido constante nas consultas, segundo Fabio Medeiros, é se é possível ao empregador garantir que o empregado esteja disponível para compromissos presenciais sempre que necessário. “Em uma das consultas, um empregado tinha interesse de adquirir um trailer ou motorhome para trabalhar à distância viajando o país e o empregador foi obrigado a estabelecer regras de disponibilidade para o trabalho presencial como forma de garantir o cumprimento do contrato de trabalho”, afirma. Embora não haja a obrigatoriedade de negociar regras com os sindicatos dos trabalhadores, a depender do número de empregados envolvidos, pode ser mais interessante definir questões por meio de acordos coletivos de trabalho para tentar reduzir riscos de ações trabalhistas, defendem os especialistas. O advogado Luiz Marcelo Góis afirma que já atuou em algumas negociações. “Se a empresa não quiser fazer controle de ponto ou pagar horas extras, por exemplo, o mais seguro é formalizar com o sindicato”, diz. Ao estabelecer novos contratos de trabalho, afirmam os advogados, é importante que fique claro se o trabalho híbrido será provisório, como medida de preservação da saúde, ou definitivo. “A ideia é não gerar a expectativa errada que o empregado está sendo contratado para o teletrabalho, mas que o trabalho assim é apenas emergencial e temporário”, afirma Fabio Medeiros. Para ele, há uma certa pressão do mercado de trabalho, por parte de candidatos e empregados, em considerar o trabalho híbrido como uma espécie de benefício obrigatório. “Depois de tudo o que se aprendeu com o trabalho remoto forçado na pandemia, o qual gerou até mais engajamento ou performance, embora tenha causado também desafios sérios de manutenção da saúde mental”, diz.
Eleições 2022: Crise econômica e social se impõe e molda discurso dos presidenciáveis
O Estado de S.Paulo – 09/12/2021 – Diante de um cenário de crescente crise econômica, marcada pelo desemprego elevado e alta inflacionária, os principais pré-candidatos à Presidência moldaram seus discursos e levaram propostas de geração de renda e trabalho para centro do debate político. A preocupação do eleitor com os temas vem sendo detectada em pesquisas qualitativas das pré-campanhas e levantamentos de empresas e consultorias. O protagonismo da economia no debate eleitoral ficou evidente nas agendas mais recentes dos presidenciáveis e no lançamento nesta quarta-feira, 9, da pré-candidatura da senadora do MDB Simone Tebet (mais informações nesta página). Ela defendeu a recriação do Ministério do Planejamento como medida prioritária. “Um País que não planeja não sabe para onde vai. É um País como nós temos hoje. Sem comandante e com um piloto da economia que não sabe para onde vai.” Como mostrou o Estadão, pré-candidatos já formaram “conselheiros” na área econômica com o objetivo de formular propostas para ampliar a renda e reduzir a inflação. Para 2022, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) piorou, de acordo com boletim Focus do Banco Central (BC) divulgado nesta semana. A estimativa de expansão do PIB para 2022 recuou de 0,58% para 0,51% – há um mês, estava em 1%. Já o IPCA, que deve fechar este ano em 10,19%, pode chegar a 5,02% em 2022, também de acordo com o boletim – para conter a alta dos preços, o BC elevou também na quarta-feira a Selic, a taxa básico de juros, a 9,25%, a maior em quatro anos. Segundo pesquisa Genial/Quaest, a economia é o principal problema enfrentado hoje pelo País na percepção dos brasileiros. O tema, que agrega desemprego e inflação, foi citado por 41% nas duas mil pessoas entrevistadas pelo instituto, à frente de pandemia (19%) e questões sociais (14%). A corrupção foi lembrada por 10%. “O aumento dos preços e o desemprego associado a um não crescimento econômico farão com que o debate seja sobre isso”, disse o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest. Para o pesquisador Renato Meirelles, presidente do Instituto Lokomotiva e especialista em pesquisas com a classe C, a economia será em 2022 o que a corrupção foi em 2018 como tema eleitoral. “A economia para as pessoas não é o dado do PIB, mas saber se ela enche ou não o carrinho do supermercado com o mesmo dinheiro que enchia antes. Ou seja: inflação”, disse. O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) tem extrapolado o discurso anticorrupção e batido na tecla do combate à pobreza. Ele esteve com dois pré-candidatos do centro: Luiz Felipe d’Ávila (Novo) e João Doria (PSDB) na quarta-feira. “Temos que fazer uma mesa-redonda para criar uma agenda comum, e esse debate tem que começar pela economia”, disse d’Àvila ao Estadão. Vencedor das prévias tucanas, o governador paulista, por sua vez, também tem colocado a recuperação da economia como prioridade de sua agenda e anunciou o ex-ministro da Fazenda e atual secretário da pasta em São Paulo, Henrique Meirelles (PSD), como porta-voz da equipe que vai elaborar seu plano de governo na área. Não por acaso, foi o primeiro anúncio do tucano, que pretende montar um time com seis economistas. Em um evento com sindicalistas na sede da Força Sindical, em São Paulo, o ex-presidente Lula criticou o teto dos gastos e centrou a maior parte de sua fala em dois temas: emprego e renda. “Se a gente emprestar dinheiro para o povo pobre, ele vai fazer a economia desse país girar. O consumidor compra, a indústria produz, gera mais renda, consumo e produção”, disse, ao defender que o perdão da dívida de grandes empresas deveria se estender a quem tem renda menor. Já o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tratou do tema em uma live realizada na terça-feira com o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga. Por uma hora e meia, eles falaram exclusivamente sobre os principais tópicos ligados à economia brasileira. Ambos criticaram a alta taxa de juros no Brasil e compartilharam preocupações com a atual condução da economia no País. André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, avalia que os pré-candidatos liberais terão dificuldades em defender medidas como o ajuste fiscal. “O fato é que dado o nível de desemprego, queda da renda, inflação e taxa de juro, falar em austeridade vai ser muito difícil”, disse. Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defende a agenda econômica do governo e mantém um discurso focado na pauta de costumes. Semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou que a economia brasileira segue em recuperação em ‘V’: ‘O Brasil está de pé”, disse.
Vagas em aberto nos EUA saltam para 11 milhões; menos trabalhadores pedem demissão
Folha de S.Paulo – 09/12/2021 – As vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos aumentaram em outubro, enquanto as contratações diminuíram, sugerindo um agravamento da escassez de trabalhadores no país, o que pode prejudicar o crescimento do emprego e da economia em geral. A pesquisa mensal de vagas em aberto e rotatividade de empregos do Departamento de Trabalho dos EUA, conhecido como relatório Jolts, também mostrou nesta quarta-feira (8) declínio constante nas demissões, outro sinal de que as condições do mercado de trabalho estão se apertando. Embora o número de pessoas que abandonaram voluntariamente seus empregos tenha caído, ele permaneceu bastante alto. “Em circunstâncias normais, um número quase recorde de vagas de emprego em aberto seria algo para comemorar”, disse Jennifer Lee, economista sênior da BMO Capital Markets, em Toronto. “Mas nenhum empregador está em clima de comemoração. É difícil atender aos pedidos ou às demandas dos clientes se não houver gente suficiente para fazer o trabalho.” As vagas em aberto, uma medida da demanda por trabalho, aumentaram em 431 mil, para 11,0 milhões, no último dia de outubro. Este foi o segundo maior número já registrado. Economistas consultados pela Reuters previam 10,4 milhões de postos em aberto. As contratações caíram 82 mil, para 6,5 milhões em outubro. Havia cerca de 1,5 vaga de trabalho em aberto por trabalhador desempregado em outubro nos Estados Unidos. O relatório Jolts mostrou que as demissões por parte dos empregadores caíram 35 mil, para 1,361 milhão. A taxa de demissões permaneceu inalterada em 0,9% pelo terceiro mês consecutivo. Já os pedidos de demissão voluntários caíram 205 mil, para total ainda alto de 4 milhões em outubro.