Brasileiro sem carteira assinada vai continuar a puxar recuperação do mercado de trabalho, avaliam economistas
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Valor Econômico – 28/10/2021 O crescimento da população ocupada reflete a expansão do emprego entre trabalhadores por conta própria e no setor privado. Mas são os informais – sem registro em carteira de trabalho – que devem continuar a puxar a recuperação do mercado de trabalho, afirmam os economistas. A taxa de desemprego no país ficou em 13,2% no trimestre encerrado em agosto de 2021. O nível ficou 1,4 ponto percentual abaixo do verificado no trimestre móvel anterior (encerrado em maio, de 14,6%) e 0,5 ponto percentual abaixo do resultado de julho de 2021 (13,7%), mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Genial Investimentos destaca em relatório que, das 3,5 milhões de pessoas a mais ocupadas em relação ao trimestre encerrado em maio, 1milhão foi de trabalhadores por conta própria (sendo 884 mil de informais e 193 mil formais) e 2,2 milhões de trabalhadores no setor privado (sendo 1,2 milhão de formais e 987 mil de informais). “O crescimento da ocupação no trimestre encerrado em agosto ocorreu em oito das dez atividades pesquisadas. Cerca de 70% da ocupação no trimestre ocorreu no setor de serviços e comércio (2,4 milhões), sendo segmentos de caráter presencial beneficiados pela reabertura econômica”, observa a Genial, em nota. “Além disso, tivemos forte geração de empregos no setor industrial (578 mil) e construção civil (619 mil).” A Guide Investimentos observa que a “combinação de aumento das taxas de participação e aumento da ocupação é típica de um mercado de trabalho aquecido e se ajusta ao padrão de recuperação atual, impulsionado pela normalização da atividade econômica”. No entanto, há dúvida sobre como o mercado se comportará nos próximos meses, com o término do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), no fim de agosto. A consultoria BRCG observa que a redução do desemprego foi motivada pelo aumento da ocupação, especialmente informal, e que a melhora no emprego não é acompanhada pela renda real, “que continua cedendo devido à precarização das vagas geradas e ao aumento da inflação”. Em relatório, o banco Modalmais afirma que o mercado de trabalho formal deve ter recuperação menos lenta. “Para frente, esperamos que a população ocupada continue subindo, com a recuperação quase completa da população ocupada informal ao final do terceiro trimestre do ano. A ocupação formal, por sua vez, vem se recuperando mais lentamente”, afirma o Modalmais, em relatório, ao projetar taxa de desocupação de 12,5% no fim de 2021 e de 12% em 2022. A Genial prevê taxa de desemprego de 12,1% no fim deste ano, enquanto a BRCG prevê desemprego de 13,9% em 2021 e 12,9% em 2022.
Em carta, centrais sindicais pedem renovação da desoneração da folha
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Valor Econômico – 28/10/2021 – Seis centrais sindicais se manifestaram em defesa da renovação da desoneração da folha de pagamento como forma de ajudar na manutenção de empregos no país. A renovação desse mecanismo também tem sido pleiteada por setores empresariais que são grandes empregadores de mão de obra. O assunto é objeto de um projeto de lei do deputado federal Efraim Filho (DEM/PB), que tem como relator o deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL/MG). Em uma carta divulgada ontem, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) mencionam o alto desemprego, o fechamento empresas e defendem que a desoneração perdure por mais dois anos, podendo ser revisto o prazo caso seja aprovada uma reforma tributária que trate do tema. Dirigentes sindicais dizem que sem a desoneração, cerca de 3 milhões de trabalhadores poderão ser demitidos. “Nosso posicionamento busca responder ao grave problema do desemprego que foi agravado pela pandemia pela negligência governamental bem como em função dos reflexos adversos que a crise sanitária teve sobre muitos dos 17 setores abrangidos pela medida legislativa e que foram duramente atingidos”, afirmam as centrais. Entre os 17 setores, lembra o documento, estão o da indústria, dos serviços, da agropecuária, da construção, dos transportes, call center, comunicação e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Segundo o texto elaborado pelas centrais, ao todo esses setores são responsáveis por mais de 8 milhões de empregos diretos. “Nós achamos que a renovação da desoneração deve ser incondicional e é importantíssimo que isso seja resolvido logo, caso contrário a partir do começo do ano mais milhões de pessoas perderão seu emprego”, disse Ricardo Patah, presidente da UGT. A vigência da atual regra de desoneração vence em dezembro. “Na atual situação do País, acabar com 3 milhões de empregos é uma maldade sem tamanho do governo. É isso que vai ocorrer se o Congresso não renovar a desoneração da folha”, acrescentou, por escrito, o presidente da CSB, Antonio Neto. “Achamos importante ajudar com bolsas quem está passando fome mas é uma insanidade aumentar a tributação das empresas agora para ampliar a arrecadação”, prosseguiu. O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que o apoio da central à desoneração da folha se baseia em três pontos. Primeiro, que a medida não seja permanente, que seja voltada a setores que continuem impactados pela crise e, por fim, que setores que tenham a folha desonerada mantenham empregos. As centrais sugerem que a nova rodada de desonerações dure por mais dois anos, prazo que para as entidades seria possível para aprovação de uma reforma tributária que contemplasse o assunto. O projeto de lei 2541/2021 de Efraim Filho fala em uma prorrogação até 2026. Além da carta, as centrais sindicais fizeram uma manifestação na segunda-feira, na Avenida Paulista, em frente ao Banco do Brasil, sede do governo federal em São Paulo.
Digitalização do mercado de trabalho exigirá habilidades ainda escassas
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O Estado de S.Paulo – Artigo José Pastore Com o avanço da vacinação, cresce o número de pessoas que circulam e consomem, o que gera trabalho e emprego. Gradualmente, as atividades remotas e as aulas online estão voltando a ser presenciais, o que faz aumentar o consumo e libera as mães para trabalhar. O Auxílio Brasil de R$ 400,00 ajudará a elevar o poder de compra, o consumo e a oferta de trabalho. O consumo engrossará também pelas pessoas que estão ávidas por uma viagem de férias, por participar de eventos sociais, culturais e esportivos, lotando os parques e restaurantes, como já ocorre. Enfim, os brasileiros estão loucos para voltar aos encontros do cotidiano. O quadro já está melhorando, tanto no segmento formal quanto no informal, ainda que com salários mais baixos. Em vários setores já falta mão de obra, o que está levando as empresas a acelerar a incorporação de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs. É o caso da profusão do QR Code nos restaurantes; da expansão das compras por internet; da robotização e inteligência artificial em várias atividades. Não há dúvida, a volta dos serviços será geradora de muitas oportunidades de trabalho ao longo de 2022. As eleições gerais impulsionarão o trabalho temporário, que, aliás, já está bombando. O resultado só não será melhor por causa da escalada dos juros, do desarranjo das cadeias globais de valor e da desconfiança dos investidores no governo de plantão. Como sempre, a digitalização destruirá e criará oportunidades de trabalho que requerem habilidades ainda escassas. As escolas profissionais – Senai, Senac, Senar e outras – terão de intensificar a preparação das pessoas, tornando-as capazes de fazer os trabalhos demandados por uma economia que exige profissionais mais qualificados. Hoje, apenas 8% dos atuais trabalhadores passam por escolas profissionais e só 18% concluem cursos superiores, muitos deles de má qualidade. As empresas terão de participar da qualificação indicada de modo contínuo, dando mais atenção aos aprendizes. Mas não devemos exagerar quanto à demanda por pessoal qualificado. Afinal, 70% dos atuais postos de trabalho estão em setores de baixo conteúdo tecnológico. A mudança está em curso, é verdade, mas não será instantânea. Por isso, é crucial aproveitar esta “trégua” para intensificar a qualificação dos brasileiros. *PROFESSOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, É PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIO-SP