Emprego informal ainda responde por quase 70% do aumento da população ocupada, diz IBGE

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Valor Econômico – 01/10/2021 O emprego formal começou a reagir em julho, mas o trabalho informal ainda respondeu por quase 70% (66,8%) do aumento da população ocupada no trimestre móvel encerrado em julho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população ocupada no país chegou a 89,042 milhões no trimestre encerrado em julho, o que significa 3,102 milhões de pessoas ocupadas a mais. Deste aumento, 2,073 milhões de pessoas eram informais, ou 66,8% do total. Para se ter uma ideia, no segundo trimestre de 2021, 77,4% do aumento da população ocupada frente ao trimestre anterior vinha do emprego informal, ou 1,658 milhão das 2,141 milhões de pessoas ocupadas a mais. A população ocupada informal compreende os empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira, os trabalhadores por conta própria (com e sem CNPJ) e também o trabalhador familiar auxiliar (sem rendimento). Coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy ressaltou que os trabalhadores informais continuam sendo “os impulsionadores” da reação do mercado de trabalho, apesar da mudança no comportamento do mercado de trabalho no trimestre em julho, com a reação do emprego formal. O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) atingiu 30,6 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho, um aumento de 3,5% (1,0 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 4,2% (1,2 milhão) ante igual trimestre de 2020.

Com falta de peças, montadoras suspendem contrato de trabalho de funcionários

O Estado de S.Paulo – 01/10/2021 – A indústria automobilística brasileira se prepara para um fim de ano de baixa produção e fábricas fechadas, numa sequência do cenário visto ao longo de 2021 e que poderá reduzir a expectativa dos resultados do setor. Até agora, a maioria das empresas adotou períodos de férias coletivas, antecipação de feriados e folgas aos funcionários para driblar a falta de componentes para a produção, em especial de semicondutores. Para o fim de ano, contudo, a opção voltou a ser o lay-off (suspensão de contratos de trabalho), que permite períodos mais longos de dispensas. Também estão nos acordos com os funcionários programas de demissão voluntária (PDV) e redução de jornada e salários. Dona da Fiat, a Stellantis vai colocar em lay-off 1,8 mil funcionários da unidade de Betim (MG) por três meses a partir de segunda-feira. A empresa vem promovendo paralisações parciais em linhas de produtos por prazos de dez dias. Na fábrica mineira trabalham 13 mil pessoas, incluindo pessoal administrativo, e são produzidos seis veículos, entre os quais a Strada, o Argo e o Mobi, que estão entre os quatro modelos mais vendidos neste ano. A picape Strada tem fila de espera de mais de três meses. Também acabou de entrar em linha recentemente o Pulse, primeiro SUV da marca produzido no País e com lançamento marcado para 19 de outubro. A Renault abriu hoje um PDV para 250 funcionários da fábrica de São José dos Pinhais (PR) e vai colocar outros 300 em lay-off inicialmente por cinco meses. O complexo emprega ao todo 6.450 trabalhadores, cerca de 5 mil deles na área de produção. Na Volkswagen, a produção em São Bernardo do Campo (SP) está suspensa por dez dias a partir da última segunda-feira, mas avalia colocar trabalhadores de um turno em lay-off a partir de novembro. Por enquanto, a montadora informa que, no momento, a medida de flexibilização adotada são férias coletivas – medida que está em uso também na unidade de Taubaté para um turno de trabalho. Preservação de empregosAs três fabricantes justificam as medidas como forma de preservar empregos enquanto a produção segue em ritmo lento por causa da falta de componentes, problema global que pode se estender até o fim do primeiro semestre de 2022. Em nota, a Renault informa que as medidas foram aprovadas ontem em assembleia dos trabalhadores e são resultado dos “impactos provocados pela covid-19 na fabricação de componentes eletrônicos e da falta de perspectiva de melhora do cenário global”. Redução de jornada e salários também está no pacote. Ao todo, a Renault já teve a produção suspensa por 41 dias ao longo do ano, porque não havia peças para a produção dos modelos Captur, Kwid, Sandero, Logan, Duster, Oroch e Master. Nesta semana, retornaram ao trabalho 250 funcionários que estavam com contratos suspensos há um ano. Na sequência, o grupo entrou em férias coletivas porque não há trabalho para essa equipe. Por isso a empresa abriu o PDV, que oferece como incentivo de 10 a 11 salários extras a quem aderir. Se não atingir a meta, indicará o pessoal a ser demitido. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba afirma que as propostas foram decididas em conjunto com a empresa e que focou ao máximo a preservação dos empregos. Os salários, reduzidos durante o lay-off, serão bancados pela própria empresa. “Os trabalhadores novamente precisam ‘investir’ para garantir emprego, concedendo INPC em troca de abono, aceitando PDV e redução de jornada para deixar a empresa mais competitiva. São os trabalhadores que estão buscando as soluções. Os governos não estão fazendo nada”, diz o presidente da entidade, Sérgio Butka. Também em nota, a Fiat afirma que o lay-off “é decorrência do impacto da crise sanitária e de suas consequências sobre a economia, que agravaram a escassez global de insumos, notadamente de componentes eletrônicos, comprometendo a capacidade de manter o ritmo e volume de produção dentro de padrões previsíveis”. Durante o período de suspensão de contratos na Fiat, parte dos salários dos funcionários será complementada com recursos do seguro-desemprego e os funcionários passarão por requalificação profissional. Produção deve ser menor do que a previstaEm julho, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projetou para este ano a produção de 2,46 milhões de veículos, o que representaria alta de 22% em relação a 2020. Afetado pela pandemia, foi um dos piores anos da história do setor. Neste ano, até agosto, foram fabricados 1,47 milhão de veículos e a previsão da Anfavea não deve se confirmar. As montadoras empregam atualmente 103 mil funcionários, quase o mesmo número de igual período do ano passado.

Mercado de trabalho continuará se recuperando, mas com empregos ruins, diz economista

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O Estado de S.Paulo – 01/10/2021 – A tendência é que a recuperação do mercado de trabalho continue até o fim do ano e o início de 2022, numa retomada “já encomendada”, segundo Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores. O problema é que essa recuperação tem sido de má qualidade, com empregos que pagam menos e em vagas de vínculo precário, como as informais. E nada indica que essa qualidade poderá melhorar nos próximos meses, disse Imaizumi. O especialista espera que as vagas perdidas na crise da covid-19 sejam totalmente recuperadas somente no início de 2022, quando o mercado de trabalho deverá voltar ao tamanho de antes, mas com qualidade pior. A geração de milhões de empregos é motivo para comemorar?Todos indicadores apontam para uma tendência de recuperação de vagas. Isso vai se dar porque, na pandemia, perdemos muitas vagas. Na Pnad, chegamos a ter 12 milhões de pessoas a menos ocupadas. O ponto é que essa recuperação, no primeiro momento, é de pior qualidade. Temos muitos indícios de que essa retomada vem com uma piora na qualidade da ocupação das pessoas. Quais são os principais indícios disso?Chama a atenção, de novo, a retomada das pessoas ocupadas informais. Elas foram as mais prejudicadas pela pandemia. Elas são as mais dependentes da circulação das pessoas. São pessoas que precisam recompor renda. A inflação está pegando muito fortemente nos itens básicos, como alimentação, combustíveis e energia elétrica. Esses trabalhadores precisam sair para as ruas para recompor a renda. O avanço da vacinação colabora para a volta dos informais (ao mercado de trabalho). Entre ganhar zero e ganhar menos do que ganhavam antes, as pessoas vão preferir ganhar menos. São empregos com qualificação pior e remuneração menor. O mercado de trabalho já não vinha com baixa qualidade de empregos, antes mesmo da pandemia?Isso já vinha acontecendo antes. Já estávamos observando, entre 2017 e 2019, a “uberização” do mercado de trabalho. As relações trabalhistas vinham se enfraquecendo. Em última instância, o trabalhador acaba fazendo Uber, aluga um carro e vai trabalhar por conta própria. A tendência é reforçar esse padrão?A pandemia acelerou um processo, que já vinha acontecendo antes, de demanda maior por mão de obra qualificada, principalmente, voltada para o setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. E o brasileiro, em média, não é qualificado o suficiente para preencher essas vagas. É um problema estrutural do Brasil. Em geral, o País forma pessoas com qualificação insuficiente, desde o ensino básico. Isso acaba formando profissionais com qualificação insuficiente. A última opção do trabalhador que perdeu o emprego formal é entrar para o mercado de trabalho informal. É muito provável que, nos próximos meses, vejamos as pessoas ocupadas na informalidade em patamar até maior do que no pré-pandemia. Temos um crescimento (de empregos) encomendado até o fim do ano. Sabemos que as pessoas vão voltar para as ruas, com o quadro sanitário, cada vez mais, se descolando do quadro econômico. O problema é daqui para a frente. Até quando vai esse crescimento “encomendado”?Vamos continuar observando esse movimento de as pessoas circulando nas ruas cada vez mais. Com a maior circulação de pessoas e o quadro sanitário dando uma acalmada, vamos observar a ocupação se recuperando nos próximos meses. Vamos voltar ao patamar pré-pandemia, no número de pessoas ocupadas, no comecinho do ano que vem, mas com uma qualidade muito pior.

Informalidade e dinheiro curto – editorial

O Estado de S.Paulo – 01/10/2021 – O trabalho informal, o mais precário e com menos benefícios, continua liderando o aumento da ocupação, embora o governo comemore todo mês a expansão dos contratos com carteira assinada. O número de informais – trabalhadores sem registro, por conta própria e também sem remuneração – cresceu 5,6 milhões nos 12 meses até julho e chegou a 36,3 milhões de pessoas, grupo correspondente a 40,8% da população ocupada, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, a ocupação formal medida pelo Ministério do Trabalho chegou a 40,9 milhões de trabalhadores, com acréscimo de 3,1 milhões de ocupados. Sempre ressaltada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a criação de postos formais é um avanço importante, mas insuficiente, ainda, para tornar menos sombrias as condições do trabalho. Alguma melhora aparece também nos números do IBGE, obtidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. O desemprego diminuiu para 13,7% da força de trabalho no trimestre móvel encerrado em julho. Houve recuo em relação à taxa do trimestre fevereiro-abril (14,7%) e na comparação com o período até junho (14,1%). Mas o quadro continuou muito feio, com 14,1 milhões de pessoas desocupadas e 31,7 milhões de subutilizadas, 28% da população economicamente ativa. Todos esses dados são melhores que os obtidos nas apurações anteriores neste ano, mas todos confirmam uma recuperação econômica insuficiente para tirar do sufoco as famílias mais atingidas pela crise iniciada com a pandemia. Além disso, milhões de famílias já estavam em situação muito complicada antes da pandemia, porque o Brasil nunca se recuperou, de fato, do tombo causado pela recessão de 2015-2016. Multidões em busca de trabalho têm sido um componente constante da economia brasileira há muitos anos. Desde o fim da recessão, em 2016, até o registro do primeiro caso de covid-19, o desemprego nunca foi inferior a 11,2% e em vários trimestres superou 12% da força de trabalho. Chegou a 12,2% no trimestre janeiro-março de 2020 e bateu em 14,2% na travessia do ano passado para 2021. Subiu nos meses seguintes, até abril, e diminuiu lentamente a partir daí. Nessa trajetória, especialmente a partir do último trimestre de 2020, a desocupação foi acompanhada de rápido empobrecimento de milhões de pessoas e até de fome. Desnutrição sempre existiu, mas em proporção muito limitada, em termos estatísticos, até recentemente. A visibilidade da fome, especialmente no primeiro semestre, foi uma das grandes novidades da paisagem social brasileira neste ano. O sensível empobrecimento está associado a um fenômeno mais amplo que o desemprego. Somando-se os desempregados, os subutilizados por insuficiência de horas de trabalho, os desalentados e os trabalhadores potenciais fora do mercado, chega-se a um contingente de 31,7 milhões, número 4,7% menor que o do trimestre até abril, mas ainda muito grande. Os números seriam muito mais feios se menos pessoas buscassem ocupação autônoma. Os trabalhadores por conta própria, 25,2 milhões, foram em julho um recorde na série histórica, com aumento de 4,47% (1,1 milhão de pessoas) em relação ao trimestre fevereiro-abril. Um estrangeiro pouco informado poderia ver nesse recorde um sinal entusiasmante, indicativo de um país com amplas oportunidades e enorme número de pessoas com vocação empreendedora. Muitos brasileiros talvez tenham, de fato, descoberto essa vocação, no último ano, mas a explicação mais provável é bem menos animadora. Tanto empreendedorismo só pode ser, na maior parte dos casos, um novo esforço para sobreviver num cenário de pouco dinamismo e de escassas oportunidades. No trimestre maio-julho, a massa real de rendimentos habituais ficou estável, em R$ 218 bilhões, mas o rendimento médio habitual, de R$ 2.508, foi 2,9% inferior ao de fevereiro-abril e 8,8% menor que o de um ano antes. É preciso considerar também esse dado para avaliar as condições de vida nesse período descrito como de grande dinamismo pelo ministro da Economia.

Superbônus para uns e desemprego para outros; entenda a desigualdade no mercado de trabalho

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Folha de S.Paulo – 01/10/2021 – Aos 30 anos, a gerente de engenharia Laisa Masini chefia um grupo de quatro pessoas na Loft, uma das mais bem avaliadas startups brasileiras, com um salário superior a R$ 20 mil. Com experiência em desenvolvimento de software, tem uma rara condição no mercado de trabalho: pode escolher onde trabalhar. Contratada na pandemia, Laisa participou de outros processos seletivos e não demorou a sair de um emprego por não concordar com a cultura corporativa. Passou por unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) como 99 e Loggi, morou em Berlim em 2016, quando a cidade começou a fervilhar de empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, e recebe ofertas com frequência. “Meu ensino médio técnico na área de programação foi mais importante que a faculdade, foi o que me inseriu na https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg”, afirma a gerente, que cursou análise de sistemas na graduação. Com quase a mesma idade, Larissa Machado, 25, vive uma realidade um tanto diferente. Todos os dias, acessa os principais agregadores de vagas para conseguir um emprego. Busca aquelas com as quais considera ter mais chances de contratação, como recepção, atendimento ao público e telemarketing. Demitida na crise iniciada no ano passado, conseguiu receber cinco meses de seguro-desemprego graças ao quase um ano de carteira assinada. Desde então, ouviu muitos nãos. “As empresas estão muito exigentes e não há feedback, você não sabe o que está faltando, porque não foi escolhida. Infelizmente, tudo é muito difícil quando você não tem ensino superior”, diz. Laisa e Larissa são duas faces de um mercado de trabalho ainda em recuperação e cuja retomada no setor de serviços é puxada por atividades não presenciais e ligadas à https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Para quem, como Larissa, tem pouca qualificação, o futuro não é promissor, uma vez que ele será cada vez mais digital. No topo da pirâmide social, profissionais com especialização são disputados por empregadores no mercado financeiro, tecnológico e imobiliário e discutem pacotes de benefícios e participação acionária. Nas empresas e recrutadores, termos como flexibilidade para retenção de talentos tornaram-se comuns. A pandemia reforçou uma busca por profissionais capazes de desenhar e colocar em operação diversos tipos de plataformas digitais, seja para atender a demanda por compras online ou para garantir o funcionamento de atividades que, até então, não estavam adaptadas ao modelo remoto. Mesmo quem já trabalhava com digital precisou reforçar operações e serviços, melhorar processos e certificados. Empresas do varejo eletrônico são um exemplo claro dessa demanda: Americanas S.A., Magazine Luiza e Mercado Livre devem contratar, além da leva já adquirida durante a pandemia, no mínimo 250 pessoas até dezembro. São vagas de desenvolvedores, engenheiros de software, de dados, designers, cientistas de dados e especialistas em cibersegurança. “O mercado para profissionais de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg é extremamente aquecido. Veio a pandemia e isso foi intensificado de tal forma que, sem medo de errar, digo que o maior gargalo de crescimento da indústria de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg no Brasil é a falta de mão de obra”, afirma Rodolfo Fücher, presidente da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software). Se antes da crise de Covid já existiam mais vagas do que profissionais no setor, hoje esse hiato aumentou. As empresas brasileiras passaram a competir com salários pagos em dólar ou euro, já que companhias internacionais miraram outros países com a viabilidade do home office. Além de boa remuneração, empresas de todo porte tentam formar profissionais para preencher lacunas. Enquanto a Loft, empregadora de Laisa, paga um auxílio educação (verba anual para cursos), a construtora MRV dá bolsas de estudos para desenvolvimento front-end (a interface de um aplicativo com o usuário). “O problema das corporações tem sido a mão de obra”, diz Reinaldo Sima, diretor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da MRV. “Há uma guerra pela busca de recursos. Aconteceu uma corrida parecida no ‘bug do milênio’, as pessoas queriam implanatar SAP e faltava esse recurso no mercado.” Treinamento, auxílio para educação e flexibilidade viraram o básico para reter profissionais da área. Especialistas apontam, no entanto, que a maior garantia tem sido o incentivo acionário. Muito usado em empresas de capital fechado que devem entrar na bolsa de valores, o modelo permite que funcionários adquiram ações no futuro por um preço pré-fixado no presente, uma maneira de incentivar o desempenho individual. “O pacote de compensação é uma forma de mostrar como o trabalho do profissional impacta na valorização da empresa. Com a compra de ações, a gente mira no longo prazo, não queremos que a pessoa fique seis meses, mas três, cinco, dez anos com a gente”, afirma Silvia Kihara, líder de recrutamento de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg no Nubank. Para a economista Diana Gonzaga, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), duas demandas se encontraram na pandemia. Uma foi gerada pela crise sanitária, que alterou os padrões de consumo e de trabalho. Além do ecommerce e do home office, as aulas online exigiram das escolas programações especiais e a contratação de serviços para atender o novo modelo. A outra vem de uma mudança mais profunda da estrutura produtiva. “A economia mundial tem passado por transformações que exigem cada vez mais conhecimento de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs digitais. Embora o Brasil esteja um pouco atrasado nisso, a gente já vinha sentindo essa necessidade”, diz Diana. Na outra ponta, na base da pirâmide, desejos mais básicos, como um emprego formal, parecem ficar cada vez mais difíceis —neste ano, o Brasil bateu o recorde de trabalhadores em desemprego de longa duração, aquele que ultrapassa dois anos. São 3,5 milhões de pessoas nessa condição. “Olha, ter carteira assinada vai ficando cada vez mais distante. Além disso, quando aparece mesmo alguma coisa, o salário é fora da realidade”, diz Larissa, que busca vaga em atendimento. No segundo trimestre deste ano, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, somente dois setores têm mais empregados do que no pré-pandemia: o agronegócio e os serviços de informação e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Os dados da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) consideram tanto os empregos formais quanto os informais. A maior queda, em relação ao segundo trimestre de