Guedes desautoriza secretário da Receita e diz que ninguém vai mexer no Simples e nos MEIs

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Depois de sobreviver a diversas tentativas de desmembramento, a superpasta da Economia comandada pelo ministro Paulo Guedes perde pela primeira vez uma parte de sua estrutura devido aos arranjos políticos que o presidente Jair Bolsonaro precisou fazer para contemplar aliados insatisfeitos do Centrão. Na minirreforma, será recriado o Ministério do Trabalho, que ficará sob o comando de Onyx Lorenzoni, o que na prática tira de Guedes o controle da formulação das políticas voltadas ao emprego. O Brasil tem 14,7 milhões de desempregados, segundo o IBGE. Trata-se de um grande desafio ao país no pós-pandemia e ao governo na campanha eleitoral. Algumas iniciativas para criar empregos estavam sendo negociadas pela equipe de Guedes com o Congresso, o que gera preocupação em setores do governo com o risco de essas articulações sofrerem atrasos. Uma das apostas do governo é criar políticas de qualificação voltadas à reinserção de profissionais no mercado de trabalho. Segundo o Valor apurou, Guedes admitia abrir mão dessa área do ministério para poder manter o que considera o “núcleo duro” da política econômica: Planejamento e Indústria. Também estaria em negociação a indicação de um nome de sua confiança para ser o número dois do novo Ministério do Trabalho. Bolsonaro decidiu fazer mudanças no governo para melhorar a interlocução com o Senado, onde avançam as investigações da CPI da Covid e tramitam suas indicações para o Supremo Tribunal Federal e para a Procuradoria-Geral da República. Onyx hoje está à frente da Secretaria-Geral da Presidência, que passará para Luiz Eduardo Ramos. A Casa Civil, até então chefiada por Ramos, ficará sob o controle do senador Ciro Nogueira (PP-PI). A mudança marca a nomeação de um dos principais líderes do Centrão para a pasta mais poderosa do Planalto. VALOR ECONÔMICO

Recriação do Ministério do Trabalho não ameaça o ‘coração’ da política econômica, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que a recriação do Ministério do Trabalho para abrigar Onyx Lorenzoni não ameaça o “coração” da política econômica. Lorenzoni está de saída da Secretaria de Governo e será acomodado numa pasta fruto do desmembramento do Ministério da Economia. — Está havendo uma reorganização interna sem nenhuma ameaça ao coração da política (econômica), zero ameaça — disse o ministro, após participar de evento no Ministério da Defesa. Guedes participou das articulações para colocar um expoente do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), no comando da Casa Civil. As mudanças foram confirmadas nesta quinta-feira. No redesenho da Esplanada dos Ministérios, Onyx Lorenzoni, atualmente na Secretaria-Geral da Presidência, assumirá o novo Ministério do Trabalho e Previdência. Para seu lugar na Secretaria-Geral irá Luiz Eduardo Ramos, que hoje comanda a Casa Civil. Guedes disse que o presidente Jair Bolsonaro não cedeu o espaço por “pressão política”: — O presidente não cedeu o coração da política econômica por pressão política para outros partidos. Não teve nada disso. O ministro disse há dificuldades na relação com o Senado e que as mudanças são naturais. — Vocês sabem que isso (agenda econômica) tem andado muito bem na Câmara. E vocês sabem que há dificuldades com o Senado. Então, é natural que haja uma reacomodação de forças políticas. É natural que o presidente queira reforçar a sustentação parlamentar, particularmente no Senado — disse Guedes. O chefe da economia no governo ressaltou que Lorenzoni fez parte da formulação das políticas da área e que, por isso, isso não vai mudar. — Não vai mudar a orientação da política econômica. Ela é a mesma. Quando nos elaboramos o programa econômico o Onyx estava lá — disse. Guedes comparou a troca de ministros ao time do Flamengo, do qual ele é torcedor. — Sai o Gabigol e entra o Pedro. O jogo segue e vamos ganhar o jogo — disse o ministro, se referindo aos atacantes titular e reserva do time agora comandado por Renato Gaúcho. O GLOBO

Mudança ministerial de Bolsonaro incomoda empresariado

Bolsonaro elevou o desconforto de uma parte expressiva do empresariado com sua nova mudança ministerial, que cede poder ao centrão e desmembra a pasta de Paulo Guedes. O avanço da turbulência sobre o Ministério da Economia deixou uma sensação de que o presidente pode ter disposição de balançar uma ponte importante de seu governo com a Faria Lima em troca de amenizar as dificuldades políticas. O porte da reação de Bolsonaro para lidar com sua fragilidade é o que os alerta. A reforma ministerial é vista como um sinal de que Bolsonaro está sendo engolido pelo centrão e Guedes vai perdendo força, conforme avaliou um grande representante empresarial em conversas reservadas nesta quarta-feira (21). Entre os mais alinhados ao governo ainda existe a interpretação de que o fortalecimento do centrão deve ajudar Guedes a passar as reformas. Na avaliação de José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação de comércio exterior), a mudança é mais uma preocupação que se soma à pandemia, à retomada e às reformas tributária e administrativa. “Economicamente não é favorável porque tem que fazer rearranjo. No terceiro ano do governo, tem que começar do zero”, afirma. Para José Velloso, da Abimaq (do setor de máquinas), o Ministério da Casa Civil é de extrema confiança da Presidência. “Trata-se de cargo de muita importância e portanto o presidente deva fazer sua escolha pessoal”, diz. O nome de Bruno Bianco, cotado para a vaga de secretário do novo ministério desmembrado da Economia, é estimado, na opinião de Velloso. “No atual governo, Bianco teve desempenho excelente durante a pandemia em 2020. Rapidamente entendeu às necessidades e agiu, com banco de horas, redução de jornada, lay off, diferimento do 13º salário e encargos como FGTS”, afirma. FOLHA DE S. PAULO