Expediente SINDEPRESTEM 03/06/2021
O Sindeprestem comunica que haverá expediente normal no dia 03/06/2021, devido à antecipação do feriado de Corpus Christi, decretado no município de São Paulo, para o mês de março de 2021. Sendo assim, atenderemos normalmente neste dia. Agradecemos a atenção.
Magalu prevê novo centro de distribuição para agosto em Guarulhos com 500 funcionários
O Magazine Luiza vai abrir seu terceiro centro de distribuição em 2021, agora em Guarulhos, para atender a região de São Paulo. Nos próximo dois meses, 500 funcionários devem ser contratados, antes do início da operação, prevista para agosto. A empresa já havia inaugurado centros de distribuição em Gravataí (RS) e Araucária (PR), e avalia Minas Gerais ainda neste ano. FOLHA DE S. PAULO
Produção industrial recua 1,3% em abril e fica abaixo do patamar pré-pandemia
A produção industrial caiu 1,3% em abril na comparação com o mês anterior, no terceiro resultado negativo consecutivo, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 2. Com isso, a produção industrial está 1% abaixo do patamar pré-pandemia. A queda foi vista em 18 das 26 atividades investigadas pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foi puxada principalmente pela retração de 9,5% de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. No ano, a indústria ainda acumula ganho de 10,5% e, nos últimos 12 meses, de 1,1%. Com o resultado de abril, a produção industrial está 17,6% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011. O gerente da pesquisa, André Macedo, destaca que o espalhamento do resultado negativo pelas atividades foi o maior desde abril de 2020. “O crescimento da produção industrial já vinha mostrando um arrefecimento desde a segunda metade do ano passado. Com a entrada de 2021, o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz, o setor industrial mostrou uma diminuição muito evidente de seu ritmo de produção. Isso fica claro não só pelos resultados negativos, mas também pelo maior espalhamento desse ritmo de queda”, explica. Com os resultados negativos de fevereiro, março e abril, o setor industrial perdeu o ganho acumulado até janeiro acima do patamar pré-pandemia. “Em janeiro, tínhamos um saldo de 3,5% acima do patamar registrado em fevereiro de 2020, ou seja, antes da pandemia. Com os resultados de fevereiro, março e abril de 2021, o setor industrial está 1% abaixo daquele patamar”, diz Macedo. A atividade coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que mais afetou o índice geral, também teve resultados negativos espalhados por seus produtos. “Essa atividade mostra um comportamento que é predominantemente negativo, ou seja, quando observamos todos os seus produtos, tem um movimento de queda bastante espalhado que vai desde os derivados do petróleo até os biocombustíveis, como o álcool ou o biodiesel”, destaca o pesquisador. Essa atividade havia tido uma expansão de 1,9% em março, quando interrompeu cinco meses de resultados negativos consecutivos. A segunda atividade com maior impacto no índice foi produtos alimentícios, que caiu 3,4% na comparação com março. Um exemplo são as carnes, que tiveram redução na produção em abril. “Nesse caso, há uma relação com o aumento de custos de produção. Se isso acontece, há um impacto em todo o processo produtivo, tanto em relação à carne de bovinos quanto de aves. Então tem os custos mais altos da ração, do milho, entre outros fatores. Isso encarece a produção e de fato há diminuição do processo produtivo”, explica o pesquisador. Outros impactos negativos entre as atividades vieram de impressão e reprodução de gravações (-34,8%), de produtos de metal (-4,0%), de couro, artigos para viagem e calçados (-8,9%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,6%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-5,2%), de produtos têxteis (-5,4%) e de móveis (-6,5%). Na comparação com abril do ano passado, a produção industrial cresceu 34,7%, a taxa mais elevada desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 2002. O recorde do indicador é explicado pela baixa base de comparação, uma vez que, em abril de 2020, o setor havia recuado 27,7%, a maior queda já registrada na série, em decorrência das medidas de isolamento social para combater a disseminação do coronavírus. O ESTADO DE S. PAULO
Balança comercial tem superávit recorde de US$ 9,2 bilhões em maio
A balança comercial brasileira registrou resultado recorde em maio, com um superávit de US$ 9,291 bilhões. É o melhor resultado para o mês em toda a série histórica, iniciada em 1989, de acordo com os dados do Ministério da Economia divulgados nesta terça-feira, 1.º. O saldo é fruto do aumento tanto das exportações quanto das importações. Os embarques para fora do País somaram US$ 26,948 bilhões no mês passado, e as importações, US$ 17,657 bilhões. O resultado comercial ficou um pouco acima da mediana das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, de US$ 9,200 bilhões das expectativas, que iam de US$ 8,800 bilhões a US$ 10,153 bilhões. No acumulado do ano, a balança registra superávit de US$ 27,529 bilhões. O valor também não tem precedentes na série e é o melhor da história. Em sua previsão mais recente, o Ministério da Economia estimou que a balança encerrará o ano com um saldo positivo de US$ 89,4 bilhões. Se confirmado, será um resultado 75% maior que o ano passado e um recorde. Nos últimos meses, a perspectiva de aceleração da vacinação contra covid-19 em diversos países, sobretudo nos mais desenvolvidos, o pacote de estímulos nos Estados Unidos e o ciclo de commodities têm impulsionado a melhora da balança comercial brasileira. Nas exportações, tiveram aumento na média diária tanto bens ligados à agropecuária e à indústria extrativa quanto os produtos da indústria de transformação. O ESTADO DE S. PAULO
Impactos da pandemia na Justiça do Trabalho (Ariadne Fabiane Velosa)
A pandemia tem feito estragos em muitos setores. Temos acompanhado o fechamento de diversas empresas, a aceleração do desemprego e, consequentemente, uma busca cada vez maior pela Justiça do Trabalho. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho, foram 1.161.417 ações em 2020. Dessas, 86.058 tem causa direta com a Covid-19. Entre as principais estão pedidos de verbas rescisórias, questões ligadas ao fornecimento inadequado de equipamentos de proteção individual, regras de home office e redução da multa de 40% do FGTS. Cabe destacar que 43.820 —o equivalente a mais de 50% das ações ligadas à Covid-19 —são relativas a horas extras. Antevendo os problemas, em março de 2020, logo no início da pandemia, foi aprovada a medida provisória 927/2020, que dispunha de medidas trabalhistas para o enfrentamento do estado de calamidade pública. A MP visava fornecer orientações específicas, como o fornecimento de álcool em gel, luvas e máscaras, além de sugerir o home office para atividades administrativas—tema que já vinha sendo elucidado pela Justiça do Trabalho desde a reforma trabalhista, em 2017. Ainda assim, muitas dúvidas surgiram, em especial sobre quem deveria pagar despesas de energia elétrica e internet e sobre os cuidados relacionados à saúde ocupacional. Com tantos questionamentos, o Ministério Público do Trabalho divulgou uma nota técnica com 17 práticas recomendáveis em relação ao teletrabalho. Segundo a nota, os trabalhadores precisam ser instruídos a evitar doenças físicas, mentais e acidentes de trabalho, bem como a adotar medidas de segurança, como intervalos e exercícios laborais. Outro ponto que gerou preocupação foi quando o Supremo Tribunal Federal definiu que casos de infecção por Covid-19 seriam considerados como doenças ocupacionais. Apesar de abrir margem para que todos os colaboradores em atividades presenciais responsabilizassem a empresa por sua enfermidade, a constatação depende de uma avaliação do INSS que comprove que o ambiente de trabalho realmente ofereceu risco. Mais recentemente, em fevereiro, eis que surge um novo imbróglio jurídico. O Ministério Público do Trabalho, estabeleceu que os trabalhadores que se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19, sem justificativa médica, podem ser demitidos por justa causa. O caso, obviamente, está gerando polêmica. Afinal, o artigo 7º da Constituição diz que o bem coletivo está acima do direito individual. No entanto, o artigo 5º garante a liberdade individual de cada cidadão. Juristas estão divididos, e esse é um debate que deve se acentuar quando finalmente chegar o momento de vacinar pessoas em idade economicamente ativa. Na prática, os problemas ainda estão apenas começando, haja vista que o trabalhador tem até dois anos para reclamar seus direitos na Justiça do Trabalho. Nesse momento, cabe às empresas tomar as medidas cabíveis e sempre criar registros de suas ações. Com o tempo, a tendência é que o volume de processos aumente de forma cada vez mais expressiva. FOLHA DE S. PAULO
“Sensação térmica da sociedade não é a do PIB”, diz Zeina
O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre foi obtido graças ao baixo isolamento social e concentrado em trabalhadores formais e grandes empresas, avalia a consultora econômica Zeina Latif. “A sensação térmica para a sociedade não é a do PIB porque há uma parte das pessoas que está fora desse crescimento de 1,2% do PIB”, diz. Da mesma forma que evitou mergulho da economia, a maior circulação de pessoas do que no início da pandemia de covid-19 antecipa a retomada. “Vejo com mais cautela o raciocínio de que com o avanço da vacinação e o relaxamento do isolamento vamos ter uma volta forte da economia. As pessoas já estão na rua”, diz. Segundo Zeina, outro ponto de atenção é o aumento de estoques, que em alguns setores pode ter ido além do desejado. “Numa conta simplificada, os estoques tiveram impacto positivo na casa de dois pontos percentuais, então o PIB teria sido negativo sem eles”, diz, acrescentando que se trata de um efeito temporário. A economista ainda avalia que, a despeito de estatísticas melhores no curto prazo, a dinâmica fiscal piorou e o risco é de mais gastos às vésperas da corrida eleitoral. “Tivemos piora do regime fiscal. Mesmo que a regra do teto de gastos ajude a conter a piora, ela foi enfraquecida em seu espírito”, afirma. Confira a seguir os principais pontos da entrevista: Valor: Como a senhora avalia esse resultado do PIB? Zeina Latif: O Brasil é uma economia de potencial de crescimento medíocre. Temos de celebrar o fato de não ter tido um número ruim, é claro. Tem notícia positiva por esse aspecto, as pessoas já sabiam como agir diante do novo fechamento, para muitas empresas não fez diferença nenhuma. Mas a adesão ao isolamento social foi baixa, o que explica o desempenho do PIB. Como tudo na vida tem um custo, a segunda onda da pandemia foi mais virulenta. Eu vejo com mais cautela esse raciocínio de que com o avanço da vacinação e o relaxamento do isolamento vamos ter uma volta forte da economia. As pessoas já estão na rua. Valor: Como foi a qualidade do crescimento no primeiro trimestre? Zeina: No último trimestre do ano passado, o que os dados das sondagens sugerem é que a economia começou a recompor os estoques, que estavam em níveis muito baixos. Agora, nesse primeiro trimestre, acho que pode ter tido já acúmulo além do desejado em alguns setores. Tendo ou não esse acúmulo, o fato é os estoques tiveram um peso importante no crescimento. Numa conta simplificada, os estoques tiveram impacto positivo na casa de dois percentuais, então o PIB teria sido negativo sem eles. Valor: A recuperação tem sido igual entre os segmentos? Zeina: Estamos tendo aumento da formalização na economia e o PIB captura isso. Estamos vendo a queda, pela razão ruim, da informalidade. Para cada loja pequena que fecha, ou empresa que opera na informalidade mesmo com CNPJ, há alguém capturando essa demanda. Estamos tendo uma consolidação nas grandes empresas. Quando tem essa movimentação, vai ter aumento da formalidade e vai rebater na arrecadação e no PIB. Valor: Por que isso é importante? Zeina: A sensação térmica para a sociedade não é a do PIB porque tem uma parte das pessoas que está fora desse crescimento de 1,2% do PIB. São os informais, os subutilizados, um contingente de pessoas que não está surfando nessa onda. E mesmo dentro do PIB, a gente sabe que a recuperação é desigual. Valor: O que foi positivo nessa leitura do PIB? Zeina: É inegável que houve investimento na economia, destacaria o investimento no agronegócio, para aquisição de máquinas agrícolas, e a parte de informatização nas empresas, que tiveram de antecipar planos. Esse ponto é importante porque o país tem uma indefinição de certas agendas econômicas, mas o setor privado, ainda que concentrado em poucas empresas, reagiu à crise. Agora, estamos falando de um país com potencial muito baixo de crescimento, é só olhar o que está acontecendo com a inflação da construção. Valor: Os gargalos para o crescimento vão aparecendo… Zeina: Esse é o problema. Falta mão de obra qualificada, muita gente está indo embora do país. Você tem exigências da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg que estamos tendo de ir atrás e não temos mão de obra para isso. Ou o fato de ocorrer uma pequena recuperação do setor da construção e já haver pressão de custos, sem contar na indústria. Valor: Como isso pode dificultar o crescimento da economia? Zeina: Não dá para pegar o carrego estatístico, que é de 4,9%, e falar “bom, esse é o piso para o crescimento do ano”. Não dá para descartar leituras negativas no próximo trimestre ou em outro momento por causa, por exemplo, do ciclo de estoques. Valor: Quais setores podem sofrer com a pressão de custos? Zeina: Alguns setores são mais sensíveis, no sentido de limitar o avanço, como a construção. Há uma pressão de custos tão forte que vai encarecer o preço final e isso vai frear a recuperação. Na indústria, as matéria-primas, bens intermediários e bens finais estão em patamar de inflação sem precedentes. Tanto a indústria como o varejo estão testando aos poucos os repasses, tem uma pressão muito forte ainda a ser repassada ao consumidor. Valor: O risco de racionamento atrapalha a recuperação? Zeina: Acho menos provável o racionamento. Os reservatórios estão baixos, mas temos hoje uma matriz mais diversificada e menos problemas de transmissão. Mesmo que não caminhe para isso, há outros efeitos colaterais que prejudicam a atividade econômica. O mais visível é o aumento de tarifa. Valor: Quais são as outras incertezas até o fim do ano? Zeina: O risco de termos mais medidas fiscais fora do teto por causa da pandemia. Não é contra a lei, mas fere o espírito da disciplina fiscal porque não se promovem medidas compensatórias. Tem gastos que são meritórios, não podemos deixar as pessoas para trás, mas é preciso zelo. Nesse quadro, em que houve alívio do dólar, cresce a tentação de testar o limite do
Empresariado vê PIB acima do esperado, mas reclama de falta de reforma e polarização
O crescimento de 1,2% do PIB do primeiro trimestre divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (1º) superou expectativas, mas não foi suficiente para afastar a preocupação de empresários e presidentes de grandes companhias com o ritmo da vacinação, o desemprego e a inflação. O recado que vem do empresariado diante do cenário é de frustração com as reformas administrativa e tributária, além da impaciência com a perda de foco para a campanha presidencial de 2022 e a polarização. Para Gabriel Galípolo, presidente do banco Fator, o novo resultado do PIB tem relação com as expectativas da recuperação econômica internacional, como se pode ver pelo anêmico desempenho do consumo das famílias. Ele discorda da visão do Ministério da Economia de que a retirada dos estímulos governamentais temporários não tenha tido impactos na atividade no primeiro trimestre. “Nessa racionalidade, se não tivesse programa de auxílio de renda, o PIB teria caído ainda mais em 2020, gerando uma base de comparação ainda mais favorável para o PIB de 2021”, diz Galípolo. O executivo lamenta que parte do fôlego atual, em forma de recuperação de estoques que ele atribui ao que ficou represado no início da pandemia, não seja absorvido pelo Brasil. “Tem correlação entre reposição de estoque, investimento e aumento das importações. Quando se faz um investimento, seja para repor maquinário, estoque etc pelo que ficou represado na pandemia, como o Brasil foi perdendo a capacidade produtiva, isso se reverte em aumento das importações. Vaza para fora. Por isso não vemos crescimento no emprego”, diz. Na avaliação de Laércio Cosentino, presidente do conselho de administração da Totvs, o crescimento do PIB ocorreu a despeito da falta de reformas e da antecipação da campanha eleitoral de 2022. “Todos nós deveríamos cobrar uma trégua do posicionamento político atual e uma agenda mínima necessária até 31 de dezembro deste ano para vencer a pandemia, recolocar a economia no rumo e só depois voltar às diferenças de opinião”, afirma Cosentino. O presidente da Obramax, atacarejo para material de construção do grupo Adeo, Michael Reins, alerta que inflação dos insumos e das commodities, desvalorização do real e juros podem atrapalhar a evolução do mercado. “Eu sou bem cauteloso quanto ao crescimento econômico, porque vejo alguns sinais negativos na construção civil, que é um elemento fundamental do crescimento do PIB”, diz Reins. Sergio Leite, presidente da Usiminas, diz que o número divulgado pelo IBGE reforça a confiança da empresa no mercado nacional, que no primeiro trimestre respondeu por mais de 90% das vendas da companhia, “ainda que o país necessite de um crescimento mais expressivo, e tenha potencial para isso”. Helton Freitas, diretor-presidente da Seguros Unimed, diz que as reformas tributária e administrativa poderiam ajudar na retomada de um crescimento sustentável, mas seguem sem perspectiva concreta de aprovação. “É sempre salutar uma notícia sinalizando melhora. Mesmo que sombreado por condições ainda adversas, como o alto desemprego e o ritmo lento de recuperação em setores vitais da economia, a melhora do PIB acima do esperado é relevante diante do atual cenário. Entretanto, temos que estar atentos a pautas prioritárias, como o ritmo da vacinação e o controle da inflação. Se não for feito, pode prejudicar setores como indústria e serviços, que empregam milhões de brasileiros, e cuja recuperação ficará ainda mais distante”, diz Freitas. FOLHA DE S. PAULO
Foi erro achar que a retomada no Brasil ficaria aquém do resto do mundo, diz estrategista da BofA
O crescimento de 1,20% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre mostrou que houve muito pessimismo na avaliação do cenário para 2021 devido à redução do auxílio emergencial e às preocupações com a segunda onda de covid-19, avalia o chefe de Economia e Estratégia do Bank of America (BofA) no Brasil, David Beker, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. “Vimos as economias se recuperando basicamente de uma desaceleração muito importante no ano passado por conta do choque da pandemia. O que estamos vendo no Brasil é similar ao que está acontecendo nos outros países. Talvez o nosso erro foi imaginar que o Brasil teria um comportamento diferente, muito aquém do resto”, pontua Beker, que elevou a expectativa do PIB em 2021 de 3,40% para 5,20%. Com crescimento mais forte e inflação mais alta, estimada em 5,90% no fim do ano, o BofA também elevou a projeção para a Selic no fim de 2021, de 5,00% para 6,00% ao ano. Beker espera que o BC sinalize redução no ritmo de aumento dos juros, que tem ocorrido com altas de 0,75 ponto porcentual – a taxa básica de juros está atualmente em 3,50% ao ano. O estrategista comenta que a melhora fiscal em 2021 não é estrutural, mas reduz o risco de a dívida ficar insustentável. Apesar disso, diz que é cedo para influenciar uma decisão de rating do Brasil, ponderando que pode haver alguma melhora da perspectiva ao longo do tempo. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve anunciar o “caminho das pedras” da normalização da política monetária nos próximos meses, mas a expectativa é que a retirada dos estímulos só ocorra em 2022. Leia abaixo os principais trechos da entrevista. O que explica a surpresa positiva com o PIB e a forte revisão para o crescimento este ano?A verdade é que, quando estávamos fazendo o cenário para este ano, diria que estávamos com pessimismo muito grande de como a atividade iria se comportar dada a redução do auxílio emergencial, que a gente sabia que teria uma queda importante frente a 2020. E a segunda coisa é que estávamos preocupados com a segunda onda e como isso iria afetar o comportamento das pessoas. Mas o que os dados estão mostrando é que, primeiro, as pessoas acabaram se adaptando a essa nova realidade. É claro que tem um longo caminho pela frente, as pessoas ainda precisam ter imunidade para ter confiança em voltar aos seus hábitos anteriores. Mas, em termos de atividade, estamos saindo de um patamar muito baixo e as pessoas vão “aprendendo” a viver nessa nova realidade, tudo isso ajuda a explicar dados mais fortes. Com isso e, dado que a gente já espera um segundo trimestre de atividade forte, uma vez que se compara com o ano passado fraco, nossa visão é que a atividade está surpreendendo e nos levou à revisão para o PIB do ano para cima de 5,0%. Vamos monitorar porque os números do PIB do primeiro trimestre foram até um pouco melhores do que a gente esperava. Pode ser até um crescimento maior que 5,20% este ano?O risco, olhando os dados neste momento, é de uma atividade mais forte, mas eu diria que é muito cedo para bater o martelo. Mas a atividade está mais robusta do que a gente imaginou. Quais são os principais riscos ao crescimento de 5,20% este ano?O primeiro é a evolução da pandemia e a da vacinação. Esse é um fator-chave. Nossa expectativa é de que a população elegível à vacina já esteja imunizada na virada do terceiro para o quarto trimestre. Também há os riscos de terceira onda. Já chegou a haver aumento de casos e de ocupação hospitalar. Fora isso, tem a questão da hidrologia. Temos visto os níveis de reservatórios caindo e, dependendo de como as chuvas vão se comportar adiante, se tivermos restrição de oferta de energia, isso terá um impacto. Apesar do desempenho surpreendente do PIB, é possível dizer que teríamos ainda um crescimento maior se não fosse a situação tão crítica da pandemia no País?Eu colocaria resposta de forma diferente. Se olharmos o crescimento da China no início do ano em relação ao período em que tiveram a pandemia, houve um dado muito forte. Vimos a mesma coisa nos Estados Unidos. Vimos as economias se recuperando basicamente de uma desaceleração muito importante no ano passado por conta do choque da pandemia. O que estamos vendo no Brasil é similar ao que está acontecendo nos outros países. Talvez o nosso erro foi imaginar que o Brasil teria um comportamento diferente, muito aquém do resto. Não está acontecendo, está havendo trajetória de recuperação. Claramente, o fator-chave é conseguir vacinar a população e possibilitar retorno ao padrão de comportamento das pessoas do pré-pandemia. Passada a recuperação do tombo devido à pandemia, qual é a perspectiva para 2022?Tem a questão da base, um crescimento mais alto este ano dificulta uma expansão muito elevada no ano que vem. Em 2022, teremos os desafios estruturais para o Brasil: um desemprego elevado, um consumidor que já está alavancado, a questão eleitoral, que sempre traz volatilidade e afeta decisões de consumo e investimento. Esse é o conjunto que nos leva a projetar alta de 2,1% do PIB em 2022. Mas eu diria que crescer 2,1% depois de crescer 5,2% é um resultado bastante razoável, é um número bom. O câmbio é um risco para a inflação de 2022, considerando os riscos eleitorais?Projetamos R$ 5,20 para o câmbio no fim deste ano, mas o risco talvez seja de um câmbio mais forte. No ano que vem, historicamente falando, sempre tivemos volatilidade alta (em período eleitoral). Mas é muito cedo para ter convicção alta com o nível do câmbio no ano que vem, porque mal sabemos quem serão os candidatos. As pesquisas de hoje não significam nada. Eu diria que é muito cedo para ter alta convicção, mas, no curto prazo, a chance é de real mais forte. Por causa do crescimento econômico mais forte?Crescimento mais alto, preços de
Mercado já prevê alta de até 5,5% do PIB em 2021 após resultado positivo no 1º trimestre
A surpresa positiva no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, com alta de 1,20%, elevou as expectativas do mercado para o desempenho da economia no ano de 2021. A mediana da pesquisa Projeções Broadcast saltou para 5,00%, com apostas que consideram um carrego estatístico na casa de 4,90%. A terceira onda da pandemia e um possível racionamento de energia, porém, são citados por analistas como principais riscos para a atividade. As 22 estimativas para o PIB de 2021 vão de 3,30% a 5,50%, e foram enviadas após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o resultado do primeiro trimestre. O cenário para o segundo trimestre também ficou mais otimista, com mediana de volta ao terreno positivo (0,05%), a partir de intervalo de recuo de 1,60% a crescimento de 1,10%. No último levantamento, a mediana apontava para queda de 0,20%. Para o ano de 2022, as projeções, todas de avanço, vão de 1,70% a 3,00% (mediana 2,00%). O maior otimismo com o PIB de 2021 ficou evidente com a série de revisões anunciadas logo após o dado do primeiro trimestre, que superou a mediana de 0,70% do levantamento do serviço especializado do Estadão/Broadcast. Goldman Sachs, Bank of America (BofA), Citi Brasil, Credit Suisse, BNP Paribas e Bradesco são alguns exemplos. Para o segundo trimestre, depois do PIB mais forte entre janeiro e março, o Itaú Unibanco revisou a projeção de alta de 0,60% para 0,20%, considerando uma certa devolução da agropecuária após um salto de 5,70%. “O número no ano contra ano aumentou de 12,50% para 12,90%, mas houve esse ajuste na margem pela base mais alta do primeiro trimestre”. Por outro lado, o economista Luka Barbosa destaca que é esperado um bom desempenho dos serviços na margem entre abril e junho. Segundo o indicador diário de atividade do banco, o setor vem se recuperando rapidamente após o fechamento dos estabelecimentos, com o consumo crescendo entre abril e maio. “Esse é o principal motivo para a nossa visão do segundo trimestre”. “A grosso modo, o PIB está de volta ao nível pré-crise (-0,03% aquém do quarto trimestre de 2019), embora alguns setores ainda estejam bem abaixo deste patamar, como outros serviços, que inclui serviços prestados às famílias e administração pública, que representam quase 30% do PIB e estão sendo muito afetados pela pandemia. Isso que nos dá confiança de que a economia vai continuar se expandindo na margem”. O economista Daniel Xavier, do Banco ABC Brasil, acredita que o nível do PIB ultrapassará o pré-pandemia na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano. A projeção é de estabilidade para o período de maio a junho, com avanço de cerca de 0,50% em cada um dos trimestres seguintes, e crescimento de 5,20% em 2021. Xavier destaca o efeito reduzido da segunda onda e o processo de aprendizado da economia frente à pandemia. “O setor agrícola continuou super forte neste primeiro trimestre, e indústria e serviços estão aprendendo a se readequar. Olhando para segundo trimestre, os indicadores antecedentes também são favoráveis, com alta na confiança de quase tudo. E a mobilidade também não sentiu os lockdowns regionais de forma expressiva”, analisa. Para o ano, Barbosa, do Itaú, vê viés de alta em sua projeção de 5,00%, devido à herança estatística de 4,90% deixada pelo primeiro trimestre. Como principal risco, cita a pandemia, mas considera, no cenário básico, impacto limitado sobre a atividade econômica. A expectativa é de que toda a população acima de 18 anos esteja vacinada com a primeira dose em novembro. Em 2022, o banco mantém a estimativa de crescimento de 1,80%. A herança deixada por 2021 seria de 1,00%. Segundo o economista, os motores de crescimento este ano, redução da poupança extraordinária das famílias acumulada em 2020, estímulo monetário e forte crescimento do mundo, com aumento de commodities, não estarão presentes na mesma proporção no ano que vem. No ABC Brasil, Xavier manteve projeção de 3,00% para o próximo ano. O ESTADO DE S. PAULO