Disputa eleitoral antecipada gera clima de fim de governo e trava reformas econômicas

A chance de aprovação de reformas econômicas até 2022 passou a ser vista como remota pelo mercado financeiro e por analistas políticos, revertendo o otimismo do início do ano após a mudança no comando do Congresso Nacional. Entre os principais temas em discussão no Legislativo estão a reforma administrativa, três propostas de reforma tributária e a privatização de algumas estatais. Em todos os casos, as mudanças contrariam grupos de interesse organizados, como o funcionalismo, o que torna difícil o andamento dessas questões em um ambiente que já é de disputa eleitoral antecipada. Pesam também a continuidade da pandemia, o andamento de uma CPI no Senado e a falta de espaço no Orçamento de 2021 para incorporar mais demandas parlamentares em troca de apoio ao governo federal. Há ainda a falta de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de vários ministérios à agenda liberal do ministro Paulo Guedes, o que já levou a uma debandada de vários secretários e assessores da pasta comandada por ele, a Economia. O próprio ministro já afirmou que não faz mais previsões sobre prazo para aprovação de reformas, após negociações frustradas com o Legislativo. Nesse cenário, economistas avaliam que a política econômica até 2022 deve se concentrar em duas frentes: um Banco Central que terá de lidar com riscos inflacionários e uma normalização do estímulo monetário e um Ministério da Economia na defensiva para manter os gastos públicos sob controle. A reforma dos tributos sobre o consumo em todos os níveis de governo sofreu um revés nas últimas semanas com a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de anunciar o fim da comissão que analisava uma das propostas. Ele sinalizou apoio ao projeto do governo que unifica apenas dois tributos federais (PIS/Cofins), mas que também enfrenta resistências de alguns setores. A administrativa sofre resistência tanto de parlamentares de oposição como de governistas, que já falam em adiar as discussões para 2023. Em relação às privatizações, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que quebra o monopólio dos Correios e também editou uma medida provisória que abre caminho para a venda da Eletrobras. Os textos ainda precisam do aval da Câmara e do Senado. Nos dois primeiros meses após a troca de comando no Congresso, os parlamentares chegaram a aprovar a autonomia do Banco Central, uma versão desidratada da PEC emergencial e o novo marco regulatório do saneamento básico, mas o andamento de novas proposições tornou-se incerto. Claudio Couto, coordenador do mestrado de Gestão e Políticas Públicas da FGV EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), afirma que a atual administração sempre priorizou a reeleição e o combate aos adversários à agenda de reformas econômicas. Para ele, a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa por 2022 resultou em um aquecimento do clima de disputa eleitoral antecipada, o que prejudica ainda mais o andamento das reformas e enfraquece a posição da equipe econômica. “Há uma fragilização do ministro da Economia, que vem perdendo poder ao longo de todo o processo, sendo desacreditado pelo presidente da República, que defende posições que vão contra a agenda econômica”, afirma Couto. “A gente tem visto também esse desembarque em massa de membros do Ministério da Economia, que foram percebendo que a proposta que orientava sua ida ao governo não seria levada adiante.” Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, afirma que os investidores veem uma antecipação do cenário eleitoral de 2022. Para ele, várias das propostas em discussão no Congresso teriam efeitos positivos sobre a população de maneira geral, mas podem gerar perdas para minorias que estão bem organizadas e podem causar ruído político. “A visão que se tem é que nós já estamos no final do governo, quando na realidade deveríamos estar pensando que estamos apenas um pouco depois da metade”, afirma Morelli. Para ele, esse cenário limita a atuação do Ministério da Economia, embora a equipe econômica ainda esteja obtendo mais vitórias do que derrotas nas discussões sobre a política fiscal. Morelli afirma que, em relação às ações na área econômica, 2021 pode ser considerado como um ano que não existe. “Do ponto de vista humanitário ainda estamos na pandemia de 2020. Do ponto de vista político já estamos em 2022.” Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, afirma ver semelhanças entre a situação atual e o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, em 2015, quando outras áreas do governo se opunham às propostas do Ministério da Fazenda. “Existe menos espaço para reformas do que a gente estava vendo no início do ano, e a gente não vê uma atuação unida do Executivo para que elas sejam aprovadas”, afirma. Para ele, a reforma administrativa pode até ser votada na Câmara, mas terá dificuldade em avançar no Senado neste ano enquanto durar a CPI da Covid. Em 2022, o foco será a disputa pelo aumento de despesas que será viabilizado pela correção do teto de gastos por uma inflação mais alta. “Não vai se lutar pela pauta econômica no ano que vem. Se nesse ano há uma sensação de que não é prioridade, no ano que vem vai ser pior ainda”, afirma. Marco Maciel, sócio e economista da gestora Kairós Capital, afirma que a disputa eleitoral não afeta neste momento os indicadores econômicos do país, que melhoraram nas últimas semanas, mas também não contribui para o andamento das propostas econômicas no Congresso. Ele avalia que a política econômica atual ficou muito focada nas grandes reformas e deixou de lado questões microeconômicas que poderiam ajudar o Brasil. Entre os textos importantes no Congresso, Maciel cita ainda a revisão da legislação cambial, que passou na Câmara neste ano e ainda será analisada pelo Senado. “A gente fica na defensiva porque só faz atualmente política fiscal e monetária. Alguns analistas diriam que é isso mesmo. Na minha opinião tem outras coisas para serem feitas também”, afirma Maciel. O economista Otto Nogami, professor do Insper, afirma que o que se vê atualmente é uma desmobilização do ministério, com projetos

Após tensão, sindicalistas escrevem para Doria pedindo que não venda sede dos Metroviários

Centrais sindicais enviaram carta ao governador, João Doria (PSDB), a fim de pedir que desista da venda do terreno em que funciona a sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, na rua Serra do Japi, na zona leste da capital. No documento, assinado nesta terça-feira (18), eles tentam convencer o tucano que, além da crise sanitária, sofrem com recorrentes ataques que limitam suas atividades. O governo marcou para o próximo dia 28 a abertura dos envelopes com propostas sob a justificativa de conter a crise no sistema de transporte, o que causou tensão com os metroviários. “Em um período tão grave para o país com a gravíssima crise sanitária e econômica e diante dos recorrentes ataques que limitam e inibem os sindicatos para o exercício das suas finalidades, solicitamos a sua atenção para a fundamental continuidade da cessão desse imóvel que permitirá ao Sindicato manter suas atividades e o atendimento aos trabalhadores e às trabalhadoras”, diz trecho da carta. O documento, com data desta terça-feira, é assinado UGT (União Geral dos Trabalhadores), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical, além da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros). A sede funciona desde 1986, e a concessão tem sido renovada pelos governadores desde então. FOLHA DE S. PAULO

Base de Bolsonaro, caminhoneiros ganham mais crédito

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Fragilizado politicamente e pressionado pela alta do diesel, o presidente Jair Bolsonaro lançou ontem um pacote de medidas para atender os caminhoneiros, uma das principais categorias de sua base eleitoral. Batizado como “Gigantes do Asfalto”, o programa está focado em facilitação de acesso ao crédito e melhorias na prestação de serviços informatização e redução da burocracia. A medida mais impactante é a possibilidade de antecipação do valor do frete, que vai movimentar um mercado de R$ 120 bilhões. Segundo o Ministério da Economia, a medida significará aumento na renda do caminhoneiro de algo entre 15% e 20%. O pacote, que não tem medidas de impacto fiscal, ainda engloba linhas de crédito e renegociações de dívida na Caixa Econômica Federal; lançamento, por enquanto de forma experimental, do Documento de Transporte Eletrônico (DT-e); aumento do limite de peso por eixo; liberação de veículo, desde que ofereça condições para circulação. Para a construção desse conjunto de medidas, Bolsonaro assinou dois decretos e duas medidas provisórias. As iniciativas fazem parte do esforço do governo de evitar uma paralisação da categoria, que reclama do aumento dos preços dos combustíveis e defasagem no frete, como a de 2018, que parou o país. Durante discurso, Bolsonaro criticou a “máfia” para cobrança de pedágios existentes no passado e ressaltou que nas novas concessões de rodovias não haverá cobrança de pedágios para os motociclistas. Ele ressaltou que, apesar de ser um amante da velocidade, não estava legislando em causa própria. Bolsonaro disse ainda que em seu governo “não tem aumento de multa para nada”. “Chega de oprimir, de escravizar, de assaltar, de extorquir os brasileiros”, afirmou o mandatário. Ao anunciar o novo programa, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ressaltou que o que está sendo proposto é uma “revolução” e que o “governo Bolsonaro valoriza os caminhoneiros”. No caso da antecipação do valor do frete, o presidente assinou uma portaria para viabiliza a modalidade que permite que o caminhoneiro autônomo possa definir, de forma livre e transparente, a menor taxa de desconto a ser contratada junto a agentes financeiros formais. Os títulos representativos dos recebíveis de fretes serão vinculados a documentos fiscais eletrônicos gerados pelos fiscos estaduais e pela Receita Federal do Brasil, ou ao DT-e, que vai garantir a autenticidade e unicidade a esses títulos. Essa condição será essencial para que os agentes financeiros tenham segurança para oferecer o crédito e as taxas reduzidas. Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, filho de caminhoneiro, a medida ataca o “intermediário” que leva 40% do frete do caminheiro para fazer a transação. “É mais dinheiro no bolso do caminhoneiro, é mais comida na mesa”, disse. No fim de junho, a Caixa vai começar a oferecer uma linha de crédito específica para o caminhoneiro, modalidade de antecipação de recebíveis de frete. A adesão será simplificada e o pagamento antecipado diretamente e sem custos ao caminhoneiro. O banco ampliou ainda a campanha de renegociação de dívidas, com condições facilitadas e mais prazo para pagamento. O Ministério da Infraestrutura informou ainda que também será liberado o uso experimental, a partir de julho (de forma não obrigatória), do DT-e, plataforma tecnológica que irá simplificar, reduzir burocracia e digitalizar a emissão de documentos obrigatórios. O documento substituir os cerca de 41 documentos. A expectativa é que no primeiro semestre do ano que vem a operação comece a ser obrigatória para o transporte de cargas. O programa também fará uma mudança na forma de pesagem de cargas, aumentando limite de tolerância. O governo ainda definiu que o veículo que seja retido com alguma irregularidade que não seja possível sanar no próprio local da infração poderá ser liberado, desde que ofereça condições de segurança para circulação. VALOR ECONÔMICO

PF faz buscas contra Salles e Meio Ambiente por suspeita de corrupção na exportação de madeira

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, foram alvo na manhã desta quarta-feira, 19, de operação da Polícia Federal que investiga irregularidades na exportação de madeira do País. Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços do ministro e na sede da pasta, em Brasília, para recolher documentos. As medidas fazem parte da Operação Akuanduba, que investiga crimes contra a administração pública – corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando – envolvendo agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. Segundo a PF, as investigações tiveram início em janeiro, a partir de denúncia de autoridades estrangeiras sobre “possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira”. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que também determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles. O ministro do STF ainda ordenou o afastamento preventivo de dez pessoas que ocupam cargos de confiança na estrutura do ministério, entre elas Bim e Leopoldo Penteado Butkiewicz, assessor especial do gabinete de Salles. Ao todo, cerca de 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Pará. Por volta das 7h30, três agentes da Polícia Federal deixaram a sede do ministério carregando malotes. Duas viaturas da corporação seguem em frente ao prédio da pasta. Salles chegou na sede da PF em Brasília por volta das 8h. Na decisão que abriu a ‘Akuanduba’, Alexandre de Moraes também determinou a suspensão de um despacho assinado pelo presidente do Ibama, em fevereiro de 2020, que liberou a exportação de madeira de origem nativa, sem a necessidade de uma autorização específica. Como mostrou o Estadão na época, Bim chegou a receber uma “nota de agradecimento e esperança” do Centro das Indústrias do Pará (CIP), que representa os madeireiros do Estado. A corporação informou que o nome da ofensiva, Akuanduba, faz referência a ‘uma divindade da mitologia dos índios Araras, que habitam o estado do Pará’. “Segundo a lenda, se alguém cometesse algum excesso, contrariando as normas, a divindade fazia soar uma pequena flauta, restabelecendo a ordem”, registrou a PF em nota. A reportagem tentou falar diretamente com Salles, que não atendeu às ligações. O ESTADO DE S. PAULO

‘Economia vai se recuperar, a questão é quem estará vivo até lá’, diz presidente de dona da Brastemp

A pandemia que colocou boa parte dos brasileiros dentro de casa mudou os hábitos do consumidor, que buscou uma renovação dos eletrodomésticos básicos. A Whirlpool, a maior fabricante de geladeiras, fogões e lavadoras do País, dona das marcas Brastemp e Consul, sentiu o impacto dessa mudança no crescimento das vendas desde o ano passado. Mas enfrenta escassez de insumos e inflação de matérias-primas. Os preços de aço, resinas, vidros e chips, usados na fabricação de eletrodomésticos, têm subido na casa de dois dígitos desde o final do ano passado. Apesar de o mercado continuar com vendas em alta, mesmo com as fortes pressões de custos que estão sendo repassadas parcialmente aos preços dos eletrodomésticos, João Carlos Brega, presidente da Whirlpool na América Latina, diz que o momento não é para ficar feliz com esses resultados, porque há mais de 2 mil pessoas morrendo diariamente no País em razão da pandemia. Engajado no movimento da sociedade civil Unidos pela Vacina, Brega afirma que o foco para a solução da crise sanitária tem de ser a vacinação. Ele questiona a efetividade da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid como saída rápida para o fim da pandemia e frisa estar confiante nas novas lideranças políticas que estão surgindo no País. “Que a economia vai se recuperar, eu não tenho dúvida. A questão é quando e quem estará vivo até lá.” A seguir , os principais trechos da entrevista. Neste momento da pandemia, como está o mercado de eletrodomésticos e a produção de Whirlpool?Houve mudança nos hábitos do brasileiro por estar mais em casa. O consumidor viu que a geladeira, o fogão e o forno de micro-ondas, por exemplo, eram antigos. Daí, começou a investir nos eletrodomésticos e a demanda cresceu. No terceiro e no quarto trimestres de 2020, o crescimento foi de dois dígitos. Neste ano, o mercado continua crescendo, mas a taxa é de um dígito. No entanto, não é um período para ficarmos felizes, porque há entre 2 mil e 3 mil pessoas morrendo por dia no País. Não dá para ignorar a crise sanitária e precisamos resolvê-la. Enquanto não tivermos superado a pandemia, o que estaremos fazendo é lidar com essa realidade. Tem uma coisa em que o governo se destaca: o coronavoucher (auxílio emergencial) conseguiu mitigar a recessão, porque estamos com um desemprego muito alto. Falo com propriedade, porque tenho o privilégio de ser responsável pela empresa do México à Patagônia (Argentina). Quando se compara o impacto que a crise sanitária provocou no México, Colômbia, Argentina, no Brasil foi menor. Como está o ritmo de produção nas fábricas da Whirlpool hoje?Estamos enfrentando dificuldades no abastecimento de matérias-primas, componentes como chips, e inflação em dólar das commodities fora de qualquer parâmetro de normalidade. Acredito que essa alta seja mais oportunista e temporária do que permanente. Mas é a realidade neste momento. Quanto às falhas no ritmo de entregas de matérias-primas e componentes, esperamos que se estabilize no terceiro trimestre deste ano. Não paramos nenhuma das fábricas, que hoje operam com 85% da capacidade. Se falta algum componente, desviamos, vamos para a produção de outro eletrodoméstico e depois voltamos. Se o fluxo de insumos estivesse normal, daria para produzir mais?Não sei se daria para produzir mais, mas daria para produzir sem tanto soluço, sem tanta hora extra, o que acaba encarecendo a produção. Essa pressão de custos está sendo repassada para o preço?Investimos muito em produtividade, queremos ser competitivos. Mas, com a magnitude da inflação que os fornecedores de matéria-prima estão nos impondo, não há como não ter repasse para os preços. Mas não estamos conseguindo repassar para a ponta no mesmo ritmo em que estamos sofrendo esses aumentos Qual tem sido esse aumento de preços?Se pegarmos o período que começou no fim de dezembro, início de janeiro, estamos com dois dígitos de aumento, como no aço, resinas, vidro. Commodities como minério de ferro e cobre subiram muito, além do frete marítimo. O repasse não está sendo integral porque temos produtividade. Além de negociar com fornecedores, o que a empresa está fazendo para atenuar a alta de custos?Procuramos diversificar os fornecedores, incentivar lançamentos de produtos com estrutura de custos e matérias-primas diferentes. Nosso objetivo é sempre investir em inovação para ter uma experiência custo/benefício interessante para o consumidor. Depois da segunda onda de covid em Manaus (AM), onde a empresa tem fábrica, a situação se regularizou por lá?Não podemos ter ilusão: precisamos ter o povo vacinado. O cenário é incerto até termos a crise sanitária resolvida. Que a economia vai se recuperar, eu não tenho dúvida. A questão é quando e quem estará vivo até lá. Então, é preciso perguntar o que eu tenho de fazer para encarar a realidade. O que a empresa tem feito nesse sentido?A Whirlpool está envolvida para ajudar o governo. Não queremos tomar o lugar dele. Participamos do movimento da sociedade civil Unidos pela Vacina. Doamos recentemente máscaras, EPIs (equipamentos de proteção individual). Junto com algumas empresas americanas, apresentamos uma carta ao embaixador americano no Brasil, pedindo que, quando os Estados Unidos flexibilizarem o estoque adicional de vacinas, que considere o Brasil como um dos destinos para esse excedente de doses. O que o senhor acha da CPI da Covid?Se houve roubo e desvio, isso deve ser apurado. Sou sempre pela correção. Mas existem coisas importantes e urgentes. Temos uma crise sanitária com mais de 2 mil mortos por dia. Precisamos ter mecanismos para acelerar esse ritmo de vacinação. Como conceito, a CPI está certa, sou a favor. Agora, do ponto de vista prático, não sei. Como se corrige o problema? Qual é a solução? Há momentos que eu sinto que a gente está mais querendo ver o videoclipe Thriller, do Michael Jackson, com aqueles zumbis andando. Qual a alternativa?Fui coordenador de fóruns de competitividade e um desses fóruns era voltado para a renovação política. Acredito muito nessa renovação política, independentemente do pensamento. Tem a deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP), o deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais,

Empresas aderem à licença-paternidade estendida

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Desde que o Programa Empresa Cidadã possibilitou estender a licença-paternidade para 20 dias – 15 a mais do que o previsto em lei no Brasil –, o benefício foi adotado por 29% das empresas do País, de acordo com pesquisa da Mercer Benefícios. E a tendência é que a adesão cresça. Segundo o Guia Salarial 2021 publicado pela Robert Half, 71% dos profissionais consideram o pacote de benefícios antes de aceitar uma proposta de emprego. A licença-paternidade estendida é apontada como uma das principais demandas. O advogado especializado em Direito Civil Émerson Tauyl diz que a extensão do período de licença vem na esteira da plataforma de valorização da participação paterna na vida da criança. “O próprio legislador estabeleceu incentivos para a formulação e a implementação de políticas públicas voltadas à relevância dos primeiros anos de vida e desenvolvimento infantil”, explica Tauyl, referindo-se à Lei n.º 13.257/16, sancionada no governo de Dilma Rousseff, que dispõe sobre políticas públicas para a primeira infância. Olhar para os colaboradores de forma completa foi o que levou a multinacional Ingredion a estender a licença-paternidade para 20 dias nas áreas operacional e administrativa. “Acreditamos que esse movimento da companhia reforça a paternidade ativa e responsável”, afirma Santiago Bellotti, diretor de recursos humanos e excelência operacional para a América do Sul. O coordenador de logística Pedro Guedes, de 34 anos, conversou com o RH da empresa assim que soube da gravidez da mulher. “Eles me falaram sobre a licença estendida e minha participação na vida da Manu (hoje com 7 meses) começou já durante a gravidez, com curso de pais e acompanhamento de consultas”, conta. Para ele, compartilhar os momentos iniciais da vida da filha foi fundamental não só para ter maior conexão com ela, mas também para entender o quanto a mãe se desgasta. “Eu adaptei a minha rotina toda à da bebê para compartilhar tudo com elas. Hoje não imagino como seria se não tivesse tirado esses dias.” Além do básicoEnquanto muitas companhias ainda se apegam à licença-paternidade mínima, há aquelas que vão bem além dos 20 dias do Empresa Cidadã. A Mastercard, por exemplo, oferece 16 semanas remuneradas para que os pais possam acompanhar os primeiros meses de vida do bebê. Já a Salesforce concede três meses e, após o término da licença, a volta é gradual, com semanas reduzidas no primeiro mês. O colaborador também pode escolher o momento ideal de usar o benefício, até um ano após o nascimento, para ter a opção de fazer um revezamento nos cuidados com a criança. No caso da Atlas, empresa de geração de energia renovável, além de arredondado para 30 dias, o benefício foi estendido aos funcionários de outros países onde a corporação atua – Chile, México, Uruguai e Estados Unidos. “A empresa sabe da sua responsabilidade como agente de mudança na desconstrução de vieses, aumentando a conscientização e responsabilidade compartilhada nos cuidados com a criança”, fala Lilian Moreira, especialista em RH da Atlas no Brasil. O impacto positivo é evidente. “O que percebemos foi um aumento do engajamento e da proatividade dos colaboradores e busca por melhores resultados.” No Google, a política Baby Bonding Leave, válida para todos os escritórios da empresa no mundo, concede pelo menos 12 semanas de licença com remuneração integral. Na gigante de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, todos os funcionários são contemplados – pais biológicos e adotivos. A ideia é que todos tenham a oportunidade de criar laços com o novo membro da família. Receio inicial“Como assim, vou ficar sem trabalhar com a empresa precisando crescer?”. Essa foi a primeira questão que passou pela cabeça de Jean Alves, de 30 anos, engenheiro de software da startup Loft que se tornou pai no início da pandemia. A empresa adotou a licença parental estendida de até seis meses para pais e mães com o objetivo de igualar o custo dos funcionários e reduzir a diferença entre gêneros. Apesar do receio inicial, tudo mudou quando ele pegou Gabriel, hoje com dez meses, no colo. A mudança de paradigma emocionou inclusive avô paterno, que se lembrou da própria experiência. “Ele me contou que quando eu nasci, ele chegava do trabalho e eu já estava dormindo”, fala. “Estamos vivendo algo inédito e foi a licença que possibilitou isso.” À frente do RH da empresa, a diretora Renata Feijó observa que os colaboradores se sentem pertencentes a algo maior. “Poder usufruir da licença faz com que eles sintam que é uma empresa que acolhe e isso é fundamental para construir uma relação recíproca de longo prazo”, afirma, lembrando que a política é a mesma para casais homoafetivos e pais adotivos. Pioneira mundial na implantação da licença-paternidade de seis meses, a Diageo, detentora de marcas como Johnnie Walker e Smirnoff, assume o papel, no ambiente das organizações, de ousar em ações afirmativas. Defensor ferrenho dessa agenda, o diretor de marketing para produtos Reserve, Guilherme Martins, sentiu na pele o que define como “experiência transformadora” com a chegada do segundo filho, Joaquim, agora com 1 ano: “Voltei a trabalhar com um olhar mais sensível e ciente de que, como executivo, tenho, sim, de disseminar isso dentro da organização”, disse Martins. O ESTADO DE S. PAULO

Os impactos desiguais do desemprego (Editorial)

A crise do mercado de trabalho provocada pela pandemia de covid-19 é mais intensa e persistente do que a observada na recessão de 2015 e 2016, causada pelo desastre da política econômica do governo Dilma Rousseff. Mas não é apenas por sua intensidade que a deterioração do mercado de trabalho é mais nociva do que em outras épocas. Algumas de suas características e seu impacto mais acentuado sobre grupos mais vulneráveis a tornam mais perversa. Em artigo publicado na revista Mercado de Trabalho do mês de abril, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, embora já muito altas, as taxas de desocupação aferidas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não retratam com toda a fidelidade o impacto das medidas de isolamento e restrições às atividades econômicas sobre a população em idade de trabalhar. Não se trata, obviamente, de insuficiência ou imprecisão da pesquisa do IBGE, que traz o retrato mais completo da evolução do mercado de trabalho do País. Mas, como ressalvam os autores do estudo do Ipea, por se tratar de um indicador que sintetiza o comportamento da oferta e da demanda de mão de obra, a Pnad Contínua tende a atenuar certos aspectos das transformações do mercado de trabalho quando tanto a oferta como a demanda caminham na mesma direção. Uma das características da atual crise apontada pelo Ipea é que, ao contrário do que ocorria nas anteriores, no caso de perder a ocupação, é mais intensa a passagem de um trabalhador não para a condição de desocupado, e sim para a de inativo. Assim, ele sai da população economicamente ativa (base sobre a qual se calcula a taxa de ocupação), que tende a diminuir. Dessa forma, cai a taxa de participação da força de trabalho (população economicamente ativa como porcentagem da população em idade de trabalhar). Outra característica é a forma desigual com que a crise afeta os diferentes grupos. “Os grupos em desvantagem são os que apresentam os indicadores mais vulneráveis no momento da crise”, constata o estudo. A taxa de desemprego cresce mais entre os membros desses grupos, separados por raça, idade e sexo. São negros, jovens e mulheres. Entre eles, as taxas de desemprego e de inatividade crescem mais do que as médias. O ESTADO DE S. PAULO

Retrato melhor do mercado de trabalho

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As projeções de crescimento em 2021 vêm sendo revistas para cima, mas a situação do mercado de trabalho permanece enevoada, com a divergência entre os dados da PNADC e do Caged. O Caged, que se refere apenas ao emprego formal, mostra uma situação bem melhor que a retratada pela PNADC. As duas pesquisas passaram por mudanças recentemente, o que torna mais difícil ainda discernir qual a verdadeira situação do mercado de trabalho. A mudança do Caged foi planejada, e corresponde a um processo de simplificação e aperfeiçoamento das informações enviadas pelas empresas. A PNADC é uma pesquisa totalmente diferente, com entrevistas de pessoas e base amostral. A grande mudança foi que, com a pandemia, as entrevistas passaram a ser telefônicas, em vez de presenciais. O problema dos dados do “novo Caged” é que não são comparáveis com os antigos. Entre abril e dezembro de 2019, quando a versão nova e antiga correram juntas, a primeira apontou criação líquida de 715 mil empregos formais, contra apenas 411 mil da segunda. Já a PNADC foi afetada pelo aumento de não respostas quando a pesquisa se tornou telefônica, o que pode ter desbalanceado a amostra. Recente estudo da consultoria MCM formula “uma métrica alternativa simples” para conciliar as duas pesquisas em relação à evolução do emprego formal. Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, a PNADC aponta uma perda de 4 milhões de empregos formais, enquanto o Caged mostra quase um zero a zero. O estudo da MCM indica que, pela chamada “lei de Okun”, que relaciona mudanças na taxa de desemprego e o crescimento do PIB, o desemprego médio na PNDAC de 2020, de 13,3%, está próximo do estimado pelo modelo (baseado na lei de Okun), de 13,6%. Em outras palavras, a leitura da PNADC ganha pontos. Mas o próprio trabalho da MCM cita estudo dos economistas Carlos Corseuil e Felipe Russo, do IPEA, segundo o qual as não-repostas na PNADC telefônica podem ter gerado distorções na taxa de formalização do mercado de trabalho que afetariam os números do emprego total. Esses problemas da amostra podem ter subtraído 2,6 milhões de empregos formais no segundo e terceiro trimestres de 2020. Diante disso, a MCM realizou um exercício que consiste em fazer com que, a partir de março de 2020, o estoque de emprego formal da PNAD varie de acordo com a geração de vagas do novo Caged – note-se que, neste caso, não há o problema de comparabilidade entre o antigo e o novo Caged mencionado anteriormente. Com todos os ajustes metodológicos e várias ressalvas importantes sobre os limites do exercício, a MCM chegou a resultados – que não afirma serem “os reais”, mas sim mais um parâmetro para tentar decifrar o estado atual do mercado de trabalho – que pintam uma situação de emprego razoavelmente melhor que a dos dados oficiais da PNADC. A taxa de desemprego de fevereiro deste ano cai de 14,4% para 13,8%. Em termos sazonais, de 14,3% para 13,7%, com tendência de declínio na margem. Na média de 2020, a taxa de desemprego cai para 13%, um pouco mais afastada da sugerida pela lei de Okun, mas ainda assim aderente, segundo a MCM. Evidentemente, o exercício da MCM não significa o fim das dúvidas sobre a real situação do mercado de trabalho. Mas ao chegar a uma foto e um filme um pouco melhores que a PNADC oficial, parece também mais compatível com o otimismo que hoje embala as revisões do PIB de 2021. Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fernando.dantas@estadao.com) O ESTADO DE S. PAULO

Com restrições ao comércio, informal e microempreendedor têm pior abril desde 2015

A atividade econômica das microempresas e dos trabalhadores autônomos atingiu, em abril, o pior resultado para o mês desde 2015. O período foi marcado por restrições a circulação de pessoas e fechamento do comércio em virtude da pandemia. O levantamento foi feito pela SumUp, fintech de soluções financeiras para esse segmento, especializado em máquinas de cartões. O Índice SumUp do Microempreendedor ficou em 75,05 pontos, que representa uma queda de 8,88% em relação a abril de 2020 e de 7,36% em comparação a março de 2021. Indicador mede economia informalCriado para medir a atividade econômica, o ISM se baseia em dados de negócios de empreendedores informais, além de micro e pequenas empresas de todos os Estados e mais de 30 ramos de atividades. A SumUp, nasceu na Europa em 2012, tem 14 escritórios ao redor do mundo e conta com operações em 33 países. Está no Brasil desde 2013. O ESTADO DE S. PAULO

Funcionários do Metrô de SP fazem greve; linhas Azul, Vermelha, Verde e Prata foram afetadas

Os funcionários do Metrô de São Paulo estão em greve desde a 0h desta quarta-feira, 19. A operação foi afetada nas linhas 1 – Azul, 2 – Verde, 3 – Vermelha e 15 – Prata. As linhas 4 – Amarela e 5 – Lilás do Metrô, os trens da CPTM e os terminais de ônibus que funcionam junto às estações estão operando normalmente. O rodízio de veículos foi suspenso. A previsão é que paralisação dure 24 horas. A decisão de entrar em greve foi tomada durante assembleia da categoria realizada na noite desta terça-feira. Eles alegam que estão com os salários congelados há dois anos, sem reajuste pela inflação. A perda salarial calculada até o momento é de cerca de 10%. A proposta do Metrô é dar reajuste de 2,61% em janeiro de 2022. Segundo o Metrô, três linhas voltaram a operar em alguns trechos às 6h55min com a frota e o itinerário bastante reduzidos. A linha 1 – Azul está funcionando entre as estações Ana Rosa e Luz, a 2 – Verde entre Alto do Ipiranga e Clínicas e a 3 – Vermelha entre Bresser Mooca e Santa Cecília. A linha 15 – Prata continua totalmente parada. O rodízio de veículos, que estava funcionando das 21h às 5h, foi suspenso na capital. O Metrô também disse que o Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência (Paese) foi acionado e a partir das 4h desta quarta-feira 163 ônibus começaram a atender nas linhas afetadas. Às 8h25min a frota foi ampliada para 315 coletivos. As viagens são gratuitas. Para ver o itinerário clique aqui. Veja a distribuição dos ônibus: Linha 1 Azul Metrô Jabaquara – Praça da Sé (40 ônibus)Metrô Tucuruvi – Praça do Correio (28 ônibus)Metrô Santana – Praça do Correio (30 ônibus)Linha 2 Verde Metrô Vila Prudente – Metrô Ana Rosa (27 ônibus)Metrô Ana Rosa – Metrô Vila Madalena (26 ônibus)Linha 3 Vermelha Itaquera – Pq. Dom Pedro II (40 ônibus)Metrô Artur Alvim – Pq. Dom Pedro II (20 ônibus)Metrô Vila Matilde – Pq. Dom Pedro II (20 ônibus)Barra Funda – Praça da Sé (15 ônibus)Linha 15 Prata (Monotrilho) Apoio com a linha 5110 – Terminal São Mateus – Terminal Mercado (69 ônibus)A SPTrans disse que pediu às concessionárias de ônibus para aumentarem o número de partidas em todos os horários. As empresas também devem manter em circulação toda a frota de veículos ao longo de toda a operação, nos horários de pico da manhã, entrepico e pico da tarde. Além disso, 25 linhas de ônibus que ligam os bairros às estações de metrô tiveram seus percursos prolongados até a região central, sendo 19 na linha 1 – Azul e seis na linha 3 – Vermelha. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que todas as sete linhas da empresa funcionam normalmente nesta quarta-feira, 19. Já nas estações em que há transferência para o Metrô, o acesso ocorre apenas nos locais onde há operação: Luz (Linhas 7-Rubi e 11-Coral) e Brás (Linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral e 12-Safira). Nas demais estações onde há transferência, o acesso permanece fechado. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) conseguiu uma liminar da Justiça do Trabalho determinando que pelo menos 80% da frota opere durante os horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários. O Sindicato do Metroviários disse ao Estadão que “a greve é geral” e não há previsão para o cumprimento da decisão. Em entrevista à rádio Eldorado, o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, disse que apenas 15% dos funcionários do Metrô estão trabalhando. O percentual é composto por metroviários que não aderiram à greve e por integrantes do plano de contigência. “Aqueles que desrespeitarem a norma e a decisão judicial (que determina a operação de parte da frota) podem ser demitidos”, falou. O sindicato da categoria afirma que até o fim desta manhã o Metrô não o procurou para tentar negociar um acordo. Os funcionários falam que, se houver uma proposta por parte da companhia, uma nova assembleia será convocada para discutir a possibilidade de encerrar a greve. Caso contrário, a paralisação seguirá até a meia-noite. ReflexosAcostumada a utilizar o Metrô por ser mais rápido, a jornalista Vanessa Barbosa, de 49 anos, que mora no Piqueri, na zona norte de São Paulo, foi de ônibus para o trabalho nesta quarta-feira. Por ser ainda 5 horas da manhã, o coletivo não estava cheio. “Como sabia da greve, optei por vir de ônibus, mesmo gastando mais tempo. Quando passei na porta da estação Anhangabaú do Metrô, a que desço, estava com os portões fechados”, disse Vanessa, que seguiu viagem de ônibus até o trabalho que fica no centro da cidade. Diante da pandemia, ela demonstra preocupação com aglomerações que a greve dos metroviários pode provocar. “É arriscado porque os metroviários tomaram vacina, mas a maioria da população não. É um direito deles, mas poderia haver mais empatia neste momento”, avalia a jornalista. Já a gerente de Recursos Humanos, Marcela Nishio, de 36 anos, saiu de casa nesta quarta-feira às 7 horas. De carro, gasta em média 1 hora da residência no Carrão, na zona leste, até o escritório do trabalho localizado no bairro Socorro, na zona sul da cidade. “Com a greve dos metroviários, o tempo no trânsito foi o dobro. Gastei cerca de duas horas. Muito trânsito, principalmente na Radial Leste”, disse Marcela. Para evitar transtornos na volta, a gerente de RH já se programou para sair mais cedo. “A volta deve ser ainda mais difícil. Vou sair 14h, geralmente saio às 18h”, afirmou. Mesmo não indo de transporte público, Marcela critica a greve, que provoca aglomerações e mais risco de pessoas serem infectadas pelo novo coronavírus. “O fato é que não estão pensando na população que depende do meio de transporte para trabalhar nem se preocuparam em pensar que uma atitude como essa gera mais aglomeração. Vi muito pontos lotados, no caminho, lotação nos ônibus. Desespero