Reabertura dos shoppings em SP não eliminou tensão no setor
A reabertura dos shoppings em São Paulo liberada pelo governador João Doria neste domingo (18) não eliminou a tensão no setor. Para a Abrasce (associação que reúne os grandes empreendimentos) o movimento ainda é baixo. “Operar com 25% da capacidade é difícil. Quase inviável para muitos lojistas”, diz Glauco Humai, presidente da entidade. Ele defende mudanças no horário de funcionamento. Na chamada fase de transição o atendimento presencial vai das 11h às 19h. Na lista de queixas do comércio sobre as medidas do governo para tentar conter a Covid, Humai diz que os movimentos de abertura e fechamento seguidos e as mudanças de horário confundiram o consumidor, além de prejudicar o planejamento dos lojistas e as folhas de pagamento. Tito Bessa Junior, dono da rede TNG e presidente da associação de lojistas Ablos, diz que as vendas do domingo ficaram abaixo do esperado porque os restaurantes e cinemas, que ainda seguem fechados, ajudam a estimular o fluxo dos consumidores. FOLHA DE S. PAULO
Demanda por galpões estimula investimentos
A demanda por áreas para locação em galpões segue a todo vapor, com a procura de inquilinos por imóveis para centros de distribuição construídos sob medida (“build to suit”), nas proximidades dos grandes centros. E também por unidades menores, principalmente na cidade de São Paulo, para a última etapa de armazenamento antes da entrega dos produtos aos clientes, chamada de “last mile”. Diante das contratações puxadas por empresas de comércio eletrônico e grandes varejistas, desenvolvedoras de galpões e investidores reforçam as apostas em expansão de portfólio. A taxa de vacância de empreendimentos das classes A+ e A fechou o primeiro trimestre em 12,71%, no Brasil, abaixo dos 14,21% do quarto trimestre e dos 18,59% de um ano antes, conforme levantamento da SiiLA. Pesquisa da JLL aponta queda da vacância, no país, de 14,54%, no fim de 2020, para 13,89%, em março. No Estado de São Paulo, principal mercado do país, a vacância foi reduzida de 14,2% para 13,67%, segundo a JLL. O novo estoque entregue somou 269,4 mil m2, no Brasil, dos quais 85,5 mil m2 estão em São Paulo. Com atuação em todo o Brasil, a Log Commercial Properties obteve recordes de locação e pré-locação, no primeiro trimestre, conforme o presidente, Sergio Fischer. A companhia está revisando para cima sua estimativa de investir R$ 500 milhões no segmento, em 2021, ante valor inferior a R$ 300 milhões no ano passado. “Estamos revendo nosso plano de crescimento diante de novos negócios e da antecipação de projetos que teriam início em 2022”, afirma Fischer. A Golgi Condomínios Logísticos começou o ano com vacância de 3%, mas tem agora ocupada todas as áreas de galpões, além de pré-locações de parte do que está em obras. A empresa projeta aportes de R$ 800 milhões em 2021. A Golgi possui empreendimentos em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Distrito Federal. A Prologis Brazil Logistics Venture (PBLV) – joint venture entre a americana Prologis e a canadense Ivanhoe Cambridge – tem, em curso, investimentos de R$ 1,5 bilhão para construção e entrega de 12 galpões, nos próximos 16 meses, no entorno das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. A Goodman Brazil Logistic Partnership (GBLP), com projetos nas proximidades da capital paulista e um desenvolvimento na cidade de São Paulo, estima desembolsos de R$ 540 milhões, neste ano, superando em 2,7 vezes os de 2020. “Muitas empresas têm passado por reestruturação e redefinição de suas estratégias de distribuição. Estamos com uma demanda que nunca tivemos”, conta André Bernardes, sócio da BTS Properties. A empresa tem atuação principal no Sul de Minas Gerais e possui projetos em Belo Horizonte. “A região do Sul de Minas tem benefícios tributários e fica próxima ao mercado de São Paulo”, diz Bruno Lavall, também sócio da empresa. A BTS está em fase final de negociação para desenvolvimento de 300 mil m2 de centros de distribuição em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. A maioria dos projetos será construída sob medida. A Bresco teve em 2020 seu melhor ano e definiu investimentos de R$ 700 milhões a serem maturados nos próximos meses. Há expectativa que os aportes a serem orçados, em 2021, fiquem no mesmo patamar. Segundo o diretor financeiro, Rafael Fonseca, considerando que o crescimento de outros setores, além do e-commerce, seja retormado, os investimentos anuais poderão ser de R$ 1 bilhão a partir de 2022. A Bresco tem seu portfólio em dois fundos imobiliários, um deles lastreado em galpões desenvolvidos pela empresa, com 75% no Estado de São Paulo. A maioria dos projetos nasce sem locação prévia, mas parte é convertida em “build to suit”, ao longo das obras. A empresa avalia a possibilidade de modificar para esse formato dois empreendimentos, em São Paulo. Um deles, no entroncamento das marginais dos rios Pinheiros e Tietê e da rodovia Castelo Branco, será entregue até o fim do ano. O outro fundo da Bresco possui como ativos galpões comprados com mais de 85% de ocupação. Do portfólio do fundo, 70% é composto por propriedades com perfil de “last mile”, metade delas na capital paulista. Nos últimos 12 meses, varejistas como Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W passaram a procurar áreas para a última etapa antes da entrega dos produtos. As operações de compra e venda também têm crescido. Neste início de ano, o número de operações intermediadas pela Biswanger Brazil aumentou cinco vezes, segundo o sócio-diretor da consultoria, Nilton Molina Neto. A maior concentração está em ativos até 50 quilômetros da cidade de São Paulo, que serão destinados para a última milha de armazenagem. “Alguns investidores, inclusive internacionais, estão comprando galpões para retrofit, na cidade de São Paulo, para montar plataforma de ‘last mile’”, conta o gerente do segmento industrial e logístico da JLL, André Romano. Trata-se de imóveis que eram destinados a pequenas fábricas ou antigas transportadoras nos bairros paulistanos da Barra Funda, Campo Belo, Mooca e Vila Leopoldina. Operações de “delivery” dos setores de alimentos, bebidas e farmacêutico têm funcionado em áreas de até 1.000 m2 da capital paulista. Empresas de logística e “startups” do segmento que atuam em “last mile” também ocupam áreas nesses imóveis. Neste cenário aquecido, preços de locação vêm apresentando alta em regiões com menos vacância. Segundo a Cushman & Wakefield , houve aumento de 1,2% no preço pedido por m2, no Estado de São Paulo, em março, na comparação com fevereiro, para R$ 18,60. As maiores elevações ocorreram em Embu (6,2%) e Guarulhos (4,5%), com preços pedidos de R$ 19,83 e R$ 22,03 por m2, respectivamente. Conforme a Cushman, a vacância do Estado de São Paulo caiu 0,95 ponto percentual, em março, para 10,41%, menor patamar histórico. VALOR ECONÔMICO
Setores afetados pela pandemia fazem lobby para socorro com impacto de mais de R$ 250 bi
A equipe econômica e o Palácio do Planalto tentam barrar projetos de lei no Congresso que funcionarão como socorro a setores prejudicados pela pandemia. A chamada “bomba fiscal” passa de R$ 250 bilhões e foi criada por três projetos: o de amparo a produtores de eventos e empresas de turismo; o para donos de bares e restaurantes; e o para agricultores. Até o momento, já foi aprovado o programa que ajuda empresas de eventos, o de maior impacto: R$ 243,5 bilhões em cinco anos. Os outros dois têm votação prevista para esta semana. Juntos, vão gerar gastos de mais de R$ 250 bilhões, a maioria por isenção de impostos e refinanciamento de dívidas. Aprovado há cerca de dez dias, o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) foi ampliado e acabou englobando praticamente toda a cadeia da produção cultural e do turismo. Aguarda agora a sanção presidencial e a consequente regulamentação para o início da adesão de cerca de 60 mil empresas contempladas. O programa define uma indenização para empresas que tiveram redução de 50% de seu faturamento entre 2019 e 2020 devido à pandemia. O valor global dessa ajuda será de R$ 2,5 bilhões. Além disso, suspende por cinco anos o pagamento de impostos (PIS, Cofins, CSLL e Imposto de Renda) e permite a renegociação de dívidas tributárias com descontos de até 70% e prazo de até 12 anos. Débitos previdenciários, no entanto, terão prazo menor (cinco anos). Durante a tramitação, o governo foi contrário a esse projeto, especialmente no que se refere à renegociação das pendências tributárias. Isso porque, já sem recursos no caixa, o Tesouro terá ainda mais perdas de arrecadação com essa medida, considerada uma “bomba fiscal”, no jargão dos técnicos do Ministério da Economia. Esse pacote valerá para empresas de hotelaria, cinemas, casas de eventos, como shows, salões de feiras, festas e bufês. Também inclui agências de viagens, transportadoras de turismo, parques temáticos, acampamentos e hotéis, pensões, e outros meios de hospedagem. Assessores parlamentares da Economia e do Planalto tentaram barrá-lo afirmando que os trabalhadores desses setores já tinham recebido o auxílio emergencial. Não queriam abrir precedente para programas setoriais, mas foram vencidos. A relatora do projeto, deputada Daniella Ribeiro (PP-PB), defendeu que esse grupo conta com milhares de empresas, gerando 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Ela avaliou que “o número é maior do que o da indústria automotiva”. Somente o setor de eventos, ainda segundo a deputada, arrecada R$ 48 bilhões por ano com impostos. Representantes da categoria, liderada pela Associação Brasileira do Produtores de Eventos, afirmaram aos congressistas terem registrado perdas de mais de R$ 80 bilhões desde o início da pandemia. O lobby dos representantes de bares, restaurantes e lanchonetes também surtiu efeito. Tramita um projeto pelo Senado que pretende dar uma ajuda de até R$ 10 bilhões ao setor que, durante a pandemia da Covid-19, concentrou esforços nas entregas como forma de evitar a perda total de receitas. Segundo o relator, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ritmo lento da vacinação no país está levando diversos estados a decretarem medidas mais restritivas, impondo o fechamento do comércio, o que afetará ainda mais a economia e o caixa dos empresários do setor. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) informou empregar seis milhões de funcionários, faturando o equivalente a 2,7% do PIB nacional. Dentre o cerca de 1 milhão de estabelecimentos, 93,4% são de micro e pequenos negócios, a maior parte nas regiões Sudeste e Sul. O projeto, que está previsto para ser votado nesta semana, prevê que essas empresas sejam beneficiadas com um auxílio que varia de R$ 2.000 a R$ 3.500 por três meses. Além disso, suspende a cobrança de tributos federais com a posterior renegociação das dívidas, com descontos de até 70% e prazo de até 12 anos. Em contrapartida, restaurantes, bares e lanchonetes terão de doar alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade. Na exposição de motivos, o senador compara a iniciativa com a dos EUA que, segundo o documento, concedeu um crédito tributário de até US$ 10 mil por funcionário de empresas que tiveram a atividade totalmente ou parcialmente paralisadas em decorrência das medidas adotadas na pandemia. A agricultura familiar também conseguiu um projeto de lei com deputados da bancada ruralista prevendo uma ajuda de até R$ 2,2 bilhões para parte das cerca de 4,4 milhões de famílias. Os autores do projeto, alguns ligados à bancada ruralista, afirmam que a “Lei Assis Carvalho’ foi vetada praticamente na íntegra pelo presidente Bolsonaro, fato que deixou milhões de famílias de agricultores familiares se qualquer assistência pública durante todo o ano dramático de 2020”. Para eles, a situação tende a se agravar neste ano, “aprofundando-se a crise na base produtora de alimentos da população brasileira onde a agricultura familiar é a principal protagonista”. Sem um novo decreto estendendo o período de calamidade e sem a deliberação de vetos pelo Congresso [inclusive o da Lei Assis Carvalho], os parlamentares decidiram atender ao pleito dos agricultores. O projeto institui o Fomento Emergencial de Inclusão Produtiva Rural para as famílias que estiverem em situação de pobreza. Inicialmente, a União terá de arcar com o pagamento de R$ 2.500 em parcela única para cada família. O valor será de R$ 3.000 quando a líder familiar for uma mulher. O teto será de R$ 3.500 caso seja necessário a construção de cisternas nas propriedades para a garantia de acesso à água. Somente esse auxílio tem um custo estimado de R$ 550 milhões para o Tesouro. Também está prevista a criação de uma nova modalidade de crédito rural com até R$ 1,7 bilhão disponíveis dentro do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Famílias com renda de até três salários mínimos poderão tomar empréstimos sem juros para financiar a produção. Uma pequena parte poderá ser vertida para sua própria subsistência. O valor máximo será de R$ 10 mil. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) comprará a produção desses agricultores limitando-se a R$ 6.000 por família. Além disso, prevê a