Governo deixou de cobrar R$ 242,6 bilhões em dívidas tributárias na pandemia
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Como parte do pacote anticrise implementado em 2020, o governo deixou de cobrar R$ 242,6 bilhões em débitos tributários inscritos na dívida ativa da União. O objetivo foi dar fôlego a empresas e pessoas impactadas pela pandemia do novo coronavírus. Assim como em outras medidas emergenciais, o Ministério da Economia não deu continuidade a essas suspensões em 2021 e iniciou a retomada das cobranças. No entanto, com setores ainda impactados pela crise sanitária e a retomada de parte das políticas restritivas em capitais, empresários cobram a reedição das medidas. Documento produzido pala PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) analisou os valores que deixaram de ser cobrados entre março e setembro do ano passado, por tipo de mecanismo. “A gente suspendeu protestos, ajuizamentos de execução fiscal, encaminhamentos para órgãos de restrição a crédito. […] O rito normal de cobrança foi afetado”, disse o procurador-geral-adjunto de Gestão da Dívida Ativa da União, Cristiano Neuenschwander. O maior impacto vem da suspensão dos chamados procedimentos de responsabilização de terceiros —quando alguém passa a ser cobrado por dívidas de uma empresa que foi dissolvida de forma irregular. Nesse caso, débitos de R$ 159,9 bilhões deixaram de ser atribuídos. No período, também não foram feitos 781 mil protestos de dívidas em cartório. Essa conta somou R$ 45,5 bilhões. O governo ainda suspendeu a regra que determinava a rescisão de acordos de parcelamentos tributários em casos de atraso no pagamento. Foram poupados 271 mil devedores, com débito total de R$ 20,5 bilhões. Por fim, a PGFN deixou de pedir na Justiça a execução fiscal de 2.745 dívidas, que totalizam R$ 16,8 bilhões. Com as medidas, o governo abriu mão de parte da arrecadação que poderia conseguir com a recuperação de débitos da dívida ativa. Porém, isso não significa que todos esses valores retornariam aos cofres públicos se a cobrança fosse feita normalmente. Muitos dos débitos cobrados pelo governo acabam não sendo pagos, engordando a dívida ativa da União. O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, afirma que o setor vive agora o momento mais delicado desde o início da pandemia. Segundo ele, os empresários ainda enfrentam dificuldades e tiveram que voltar a pagar os tributos ordinários e aqueles que haviam sido suspensos. “Veio uma segunda onda de restrições nas cidades, as contas agora estão dobradas, o aluguel voltou a ser o que era, com reajustes pelo IGP-M. A sobrevivência está mais ameaçada agora do que já esteve antes”, disse. Solmucci vem negociando pessoalmente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a equipe econômica a retomada de medidas emergenciais. Segundo ele, as suspensões de cobrança foram essenciais para a manutenção das atividades em 2020 e deveriam ser reeditadas. “Um número enorme de empresas não está conseguindo pagar essa folha salarial de janeiro. A retomada de medidas como essas, além de aumentar a carência para pagar impostos, vai ser fundamental para manter a solvência do setor”, disse. Em relação ao retorno dos procedimentos de cobrança, a PGFN informou que vem adotando uma abordagem gradativa, priorizando casos com constatada capacidade de pagamento do devedor ou prática de fraudes. O órgão afirma ainda que está atento ao cenário e adotará medidas sempre que necessário, com o objetivo de assegurar receitas públicas e dar assistência a contribuintes em situação de crise econômica. No caso da indústria, o gerente de política econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mário Sérgio Carraro Telles, afirma que o setor vem em trajetória de recuperação expressiva depois de queda acentuada no primeiro semestre de 2020. Segundo ele, as medidas do governo deram fôlego às empresas no ano passado. “Essas ações da PGFN e da Receita Federal foram no sentido de deixar o máximo possível de recursos nas empresas, dar a maior liquidez possível”, disse. Telles afirma que a indústria conseguiu voltar à atividade e que grande parte das empresas já não precisa mais das medidas emergenciais, e sim de reformas estruturantes. Para ele, a retomada dessas ações pontuais pode ser mais necessária para o setor de serviços, que ainda sofre para se recuperar. Por conta da adoção das medidas emergenciais no ano passado, a PGFN espera que um volume relevante de tributos não pagos durante a pandemia ainda sejam incorporados à dívida ativa. Como a Receita também suspendeu prazos de cobranças, os trâmites internos se alongaram. Dos impostos adiados por alguns meses em 2020, quase R$ 21 bilhões encerraram o ano sem pagamento. Parte desse montante ainda deve chegar à dívida ativa. “Foi um ano muito difícil, é natural que a inadimplência aumente, aumentou para todo mundo. O reflexo seria a dívida ativa também ter um aumento substancial, mas para a dívida chegar aqui na PGFN, ela passa ainda por uma cobrança na Receita que leva até 120 dias. Existe um passivo que vai chegar, principalmente esse formado na pandemia”, disse o procurador. Entre 2019 e 2020, o montante da dívida ativa foi de R$ 2,44 trilhões para R$ 2,57 trilhões, um crescimento de R$ 130 bilhões. Ainda assim, Neuenschwander afirma que houve uma melhora de perfil, com crescimento dos débitos em situação regular porque 268 mil dívidas foram renegociadas pelos devedores e inseridas no programa de parcelamento. FOLHA DE S. PAULO
O desafio do primeiro emprego em plena pandemia
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A inserção no mercado de trabalho, que já é uma etapa complicada da vida adulta, tornou-se ainda mais difícil com a pandemia da covid-19. Universitários que se formaram no final de 2019 e durante 2020 enfrentaram e ainda enfrentam os desafios de encontrar seu lugar no mercado profissional em meio ao isolamento social e à obrigatoriedade de home office para muitas empresas. Um total de 23.910 mil pessoas resolveram criar seu espaço e estão ocupadas por conta própria, segundo dados da Pnad Contínua do terceiro trimestre de 2020, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Amanda de Castro Rodrigues faz parte deste grupo. A advogada recém-formada, de 24 anos, que enviou mais de 30 currículos no ano de 2020, optou por criar um negócio nas redes sociais, enquanto espera a carreira no Direito ter sua vez. “Comecei a procurar vagas no início da pandemia. Mandei um currículo em março e recebi a ligação para fazer a entrevista só em novembro de 2020. É um sentimento de frustração de não conseguir um emprego e aquele medo de não chegar aonde eu quero chegar”, diz. Segundo a Pnad Contínua, a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos foi de 31,4% no terceiro trimestre de 2020 – mais do que o dobro da média de desempregados do País no mesmo período, que está em 14,6%. Em busca de alternativas, a advogada, que continua a procura por vagas em escritórios de advocacia no Distrito Federal e segue o estudo para concursos públicos na área de defensoria, resolveu criar sua loja online de joias em prata. Com recursos que economizou no último estágio que fez enquanto ainda estava na faculdade, Amanda conseguiu uma nova fonte de renda. “Empreendedorismo é uma saída para eu tentar resolver um problema de agora, é uma válvula de escape. Em 2021 vou continuar estudando para concurso e também enviando currículos, mas pretendo fazer um curso de ourives e, quem sabe, ampliar a minha lojinha”, diz a advogada, que abriu a loja online em janeiro deste ano. O início do ano trouxe mudanças também para a vida profissional do engenheiro civil Alexandre Albuquerque, de 25 anos. O jovem, que concluiu sua graduação em 2020, foi aprovado para uma pós-graduação em Economia de Negócios, depois de pedir demissão de um emprego fixo no meio do ano passado. LogísticaAlexandre atuava na área de logística de uma multinacional, cargo que conseguiu devido ao estágio, e se demitiu por acreditar que não era o trabalho que queria para o futuro, buscando então oportunidades na área de gestão empresarial. Para uma nova porta de entrada no mercado de trabalho, Alexandre quer continuar apostando em processos de treinamento em grandes empresas, que priorizam formação de jovens profissionais em gestão. Desde 2019, ele participa de seleções para trainee. No primeiro ano, chegou à etapa final de três seleções: Honda, Johnson & Johnson e Pepsico, mas não conseguiu vaga. Em 2020, após se demitir do emprego, inscreveu-se em 7 processos e chegou à última fase da seleção da Mover, sem obter uma vaga. Agora, já se prepara para as inscrições de 2021 de empresas variadas. Para orientar jovens que tentam seleções de trainee, a gerente de Atração de Talentos do Grupo Heineken, Luana Moraes, enfatiza que é importante o candidato ter conhecimento sobre a cultura organizacional e os valores da empresa, assim como a empresa também reforça essas informações em todos os momentos de interação do trainee. “Assim os jovens podem se sentir parte da empresa, ainda que distante fisicamente de colegas e lideranças. Há ainda o alinhamento de objetivos, papéis e expectativas, agindo com total transparência e compromisso com o desenvolvimento de cada um”, destaca. PandemiaDesafiador. É a palavra que define o ano para Karoline Abreu, farmacêutica, de 24 anos, que conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada em fevereiro de 2020 e colou grau um mês depois. “É uma outra fase da vida, você se vê em uma posição que nunca se viu antes. Agora, por conta da pandemia, foi ainda mais desafiador. Como profissional de saúde, fui recrutada para trabalhar na linha de frente e foi muito complicado”, diz. A farmacêutica, que foi contratada para trabalhar em análises laboratoriais em um hospital particular em Brasília, afirma que o medo foi presente na sua primeira experiência profissional de trabalho fixo com carteira assinada. “Ficava apreensiva e ansiosa de saber como seria o futuro. Meu psicológico ficou muito afetado durante a pandemia”. No entanto, o aprendizado foi intenso para a jovem. Em alguns momentos, a equipe de farmacêuticos precisou ser reduzida, pois profissionais se contaminaram com o coronavírus. “A carga de trabalho aumentou e precisei saber lidar com a pressão e com o trabalho em equipe, além de ajudar os outros colegas. Aprendi a ter mais tato, mais cuidado”. Essas habilidades comportamentais, segundo a psicóloga e psicopedagoga Claldsnaldia Almeida, são potencializadas no mercado de trabalho e podem ser um diferencial para os recém-formados que buscam uma vaga. Shurato Maciel, especialista em psicologia do trabalho, enfatiza que buscar se conhecer pode ter toda a diferença em processos seletivos. “Entender, saber identificar e analisar o que pode ser feito diante dos problemas. Autoconhecimento é a chave”, afirma Maciel. O ESTADO DE S. PAULO
‘Um amigo de 20 anos entregou na bandeja nossa cabeça ao Palácio’
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Em sua primeira entrevista exclusiva desde que deixou o comando da Câmara, Rodrigo Maia não poupou críticas ao presidente do DEM, ACM Neto. Diz ter demorado a perceber que fora traído por um amigo de 20 anos, que levou o partido à neutralidade em vez de fechar apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O movimento favoreceu o candidato governista e vencedor da disputa, Arthur Lira (PP-AL). “Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, disse Maia ao Valor. O ex-presidente da Câmara afirmou que se opor a uma posição é legítimo, mas falar uma coisa e fazer outra, não. “Falta caráter, né”, disse Maia, referindo-se a ACM Neto e ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Em sua avaliação, o movimento conduzido pelo presidente do DEM, de aproximar o partido ao governo Bolsonaro, faz com que a legenda retome sua origem de direita ou extrema-direita, voltando a ser o que era na década de 1980. Para Maia, isso afastará o apresentador Luciano Huck da sigla. “Se ele decidisse ser candidato [à Presidência], estava 90% resolvido que se filiaria ao DEM.” Agora, Maia não descarta a hipótese de Bolsonaro acabar se filiando ao partido. O deputado não respondeu para qual partido pretende ir e disse que pedirá a sua desfiliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem pressa ou briga. “Estarei em um partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro.” Ele acrescentou que terá tempo de construir um projeto para 2022. “Agora, a minha necessidade de informar que não estou mais no DEM é muito importante.” VALOR ECONÕMICO
Lira diz que vai encaminhar reforma administra e mudará regras para servidores
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira que vai enviar amanhã o projeto da reforma administrativa à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A reforma muda regras para a contratação de servidores públicos. “Estarei encaminhando amanhã para a CCJ a reforma administrativa como o primeiro pontapé para a discussão dessa matéria. Estou me comprometendo a fazer a discussão e levar para o plenário”, disse Lira no Twitter. A reforma administrativa prevê que parte dos novos funcionários públicos sejam contratados sem estabilidade. O benefício ficará restrito a integrantes das chamadas carreiras típicas de Estado, como auditores fiscais e delegados da Polícia Federal. O presidente da Câmara também voltou a defender que a vacinação contra Covid-19 seja ampliada e disse que vai buscar uma saída “viável” para o retorno do auxílio emergencial. ” Vamos com o Senado e o Executivo discutir e construir uma política de auxílio viável para quem mais precisa. Devemos incluir também crédito para apoiar quem gera emprego. Sempre respeitando o teto. Mas está cada vez mais claro que a porta de saída da pandemia é acelerar a vacinação”, escreveu. Na semana passada, após serem eleitos, Lira e o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se comprometeram a aprovar as reformas administrativa e tributária com celeridade. O GLOBO
Governo estuda recriar o Planejamento, hoje sob o guarda-chuva de Guedes
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O governo ofereceu uma vaga de ministro para aliados no Senado e discute recriar o Ministério do Planejamento, hoje sob o guarda-chuva do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao assumir o Planalto, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro juntou a pasta da Fazenda com Planejamento, Emprego e Indústria, Comércio Exterior e Serviços, alçando Guedes a uma função de “superministro”. A recriação do ministério diminuiria o poder de Guedes no governo e teria potencial para retomar divergências históricas entre as áreas da Fazenda e do Planejamento. Procurados, o Planalto e o Ministério da Economia não comentaram. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o senador Otto Alencar (PSD-BA) citou a discussão feita nos bastidores do Senado. O parlamentar é indicado para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nos próximos dois anos. “É provável que se recrie o Ministério do Planejamento, que venha alguém que possa planejar o Brasil e estabeleça as metas que o País tem para alcançar e seguir. Qual é a meta que o Bolsonaro estabeleceu no governo dele até agora? Absolutamente nenhuma”, afirmou. Na equipe de Guedes, a ofensiva é vista como mais uma das “10 tentativas” já travadas desde o início do governo para dividir o Ministério da Economia. Otto chegou a pedir uma audiência com Guedes para tratar do assunto. Integrantes da equipe econômica sustentam que a ideia é ignorar essas pressões e que o Ministério da Economia não está no grupo de “fatiamento” de cargos para o Centrão. Além das cadeiras de ministro da Cidadania e de Minas e Energia, parlamentares estão de olho no Ministério do Desenvolvimento Regional, de Rogério Marinho, que deve concorrer a uma vaga no Senado em 2022. A reforma ministerial é estudada no Palácio do Planalto após a eleição dos novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). No Congresso, porém, há pressão para Bolsonaro esvaziar o poder de Guedes e abrir espaço para indicados de parlamentares. Historicamente, a pasta do Planejamento sempre foi responsável por elaborar o Orçamento e executar as atividades técnicas da equipe econômica. Ao Ministério da Fazenda, cabia cuidar da política econômica de curto prazo, do equilíbrio das contas públicas e da eficácia do sistema tributário, entre outras medidas. AlcolumbreO indicado para o ministério viria do ex-presidente do Senado e padrinho de Pacheco, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A intenção do parlamentar é seguir com influência no governo para negociar a destinação de verbas a deputados e senadores. Em governos anteriores, o Ministério do Planejamento também era responsável por cadastrar as emendas parlamentares, recursos indicados pelo Congresso no Orçamento para atender bases eleitorais em troca de apoio ao governo. Alcolumbre chegou a ser cotado como ministro de Bolsonaro, após ter a reeleição para presidência do Senado barrada no Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar, porém, se articula para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, travando uma disputa com o MDB – maior partido da Casa. De acordo com aliados, o ex-presidente do Senado será candidato à reeleição em 2022 e não quer ficar a reboque de Bolsonaro se a popularidade do presidente estiver em baixa. No ano passado, Alcolumbre viu sua rejeição aumentar no Amapá, após o apagão no Estado. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) foi procurado por Alcolumbre para ser ministro de Bolsonaro. Na mesa de negociação, está também o Ministério do Desenvolvimento Regional. As demais vagas na reforma ministerial, entre elas as das pastas da Saúde e Cidadania, devem ser oferecidas ao Centrão da Câmara. Bolsonaro, no entanto, demonstrou resistência em tirar Rogério Marinho. Por isso, a recriação de algum ministério passou a ser avaliada no Palácio do Planalto. As tratativas com o Senado devem avançar após o feriado de carnaval. Nelsinho Trad ainda não respondeu se aceitaria ir para a Esplanada dos Ministérios. Nesta semana, a pressão para ele recuar veio da própria família. Pai do senador, o ex-deputado Nelson Trad foi preso na ditadura militar. “Nelsinho, meu irmão, sondado para integrar o ministério de Bolsonaro. O que devo dizer como irmão mais novo? Mais importante que ser ministro é refletir sobre o governo a que o ministro servirá”, escreveu o deputado Fábio Trad (PSD-MS) no Twitter, irmão do senador. O ESTADO DE S. PAULO
Caos sanitário em Manaus gera temor de desemprego
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É a segunda vez em menos de um ano que Diego Antonio de Oliveira, de 26 anos, morador de Manaus (AM), fica sem emprego por causa da covid. Em abril de 2020, ele trabalhava numa indústria que produzia baralhos. Com a interrupção do fornecimento de insumos importados da China em razão da pandemia, ele e 44 terceirizados foram demitidos. Duas semanas depois, Oliveira conseguiu um novo trabalho, também como terceirizado e por prazo determinado em uma indústria que produz placas eletrônicas para maquininhas de cartão. O contrato de nove meses acabou na semana retrasada, em meio a uma nova onda de covid que levou Manaus ao caos sanitário, sem oxigênio. Ele está novamente sem trabalho. “Fico naquela ansiedade, no vai ou não vai”, diz o trabalhador sobre a expectativa de ser recontratado. Agora, com a nova onda da doença, causada por uma cepa muito mais contagiosa, e com o abre e fecha dos estabelecimentos comerciais e industriais, as empresas estão mais cautelosas nas decisões. Pai de uma filha de 3 anos, Oliveira depende do salário de R$ 1.585 que recebia até o mês passado para sustentá-la. Ele, o pai, a mãe e o irmão já tiveram covid. Faz três semanas que perdeu o avô para a infecção. Caio Mateus Aprígio Mendonça, de 23 anos, é outro trabalhador que na semana passada estava apreensivo com a situação. “Tenho medo de ficar desempregado e de pegar a doença. Minha mãe teve covid, ficou muito ruim, mas se recuperou.” Três meses atrás Mendonça conseguiu um novo emprego por tempo indeterminado no distrito industrial de Manaus, após dez meses desempregado em razão do corte que houve na época na empresa onde trabalhava por causa da primeira onda da doença. Até meados da semana passada, o metalúrgico estava em casa. Com o novo surto, a indústria na qual trabalha deu férias coletivas, que terminaram no dia 4. “Estou preocupado, não tenho reserva para manter as despesas com aluguel, mantimento e estudo.” Com salário de R$ 1.700, ele se matriculou num curso técnico, mas não conseguiu cursar nem a primeira aula em razão do lockdown. O medo da doença e de ficar desempregado atormentam os trabalhadores do polo industrial. Desde meados do mês passado, quando a crise sanitária se instalou novamente na cidade, a rotina da indústria varia de acordo com a pandemia. MudançaAté ontem, por exemplo, as fábricas de produtos não essenciais, como eletroeletrônicos, eletrodomésticos, celulares, motocicletas, bicicletas, equipamentos de informática só podiam trabalhar 12 horas, entre 6h e 19h. A partir de hoje, o novo decreto do governo do Estado, válido por 7 dias, permite a indústria trabalhar 24 horas, mas com ajuste de turnos. Isso porque os trabalhadores não podem se deslocar durante o toque de recolher, entre 19h e 6h. “Houve flexibilização porque os números da pandemia estagnaram, mas não melhoraram”, afirma o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Jr. Ele enfatiza que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), ressalvou que, se houver piora, o funcionamento das indústrias voltará a ter restrições. “Se tivermos de parar, vamos parar”, diz Nascimento. Por ora, o presidente da Eletros explica que as indústrias devem retomar os três turnos esta semana. Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Amazonas, Valdemir Santana, calcula que, com as novas regras, será possível trabalhar dois turnos estendidos. Com a flexibilização desta semana, o sindicalista acredita que o “risco de desemprego de temporários diminuiu sensivelmente”. Antes das mudanças, ele dizia que havia 6 mil temporários ameaçados. Ontem, ele cortou o número pela metade. “Se não demitimos lá atrás, não tem porque demitir agora mesmo, já que vamos voltar a trabalhar por 24h”, argumenta Nascimento, da Eletros. Indústria cresceu 9,7% até outubroMesmo com a pandemia, as indústrias da Zona Franca de Manaus (AM) registram crescimento no ano passado. De janeiro a outubro de 2020, o último dado disponível, o faturamento dos fabricantes instalados no Polo Industrial de Manaus somou R$ 95,49 bilhões, segundo as estatísticas da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Em relação ao mesmo período de 2019, é um acréscimo de 9,71%. De janeiro a outubro de 2019, a receita do polo tinha atingido R$ 87,04 bilhões. Já em dólar, por causa da forte desvalorização cambial, a receita do polo industrial encolheu em relação a 2019. De janeiro a outubro de 2020, o faturamento foi de US$ 18,24 bilhões, ante US$ 22,21 bilhões em igual período do ano anterior. Mão de obraEnquanto o emprego deu marcha à ré na maioria dos setores por causa da pandemia, no Polo Industrial de Manaus o saldo foi positivo. De janeiro a outubro, 22.180 trabalhadores foram admitidos e 18.050 dispensados. O saldo positivo é de 4.130 novas vagas. Entre temporários, efetivos e terceirizados, o estoque médio de trabalhadores ocupados nas linhas de produção das indústrias de Manaus nos dez primeiros meses de 2020 foi 91.803. Somente em outubro, o último dado disponível, a média de trabalhadores empregados alcançou 95.690. O ESTADO DE S. PAULO
Ano começa fraco nas lojas e retomada depende de vacinação
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O ano começou com desempenho fraco para o varejo, em áreas como as de produtos eletrônicos e moda. Há números melhores nos supermercados e no atacarejo e a venda on-line mantém alta de dois dígitos. Consultorias e associações projetam retomada mais acentuada após a metade do segundo trimestre, mas só se houver avanço na vacinação e a criação rápida de algum mecanismo de recomposição de renda pelo governo. Dados de associações e empresas mostram que nem todos os segmentos que, mesmo na crise, cresceram em 2020, iniciaram o ano aquecidos. Outros com recuperação gradual ainda têm semanas com desempenho irregular. Segundo a empresa de pesquisas GfK, em janeiro, o volume vendido de bens duráveis caiu 5%, em relação a janeiro de 2020. O valor subiu 28% – alta que reflete o aumento de preços de 35% no segmento. Especialistas dizem que a queda no volume de vendas é consequência da renda menor das famílias com o fim do auxílio emergencial – que começou a ser reduzido em setembro -, e do avanço do desemprego e da inflação. A demanda por certos itens para casa, após meses de alta, perde força. Há cerca de 15 dias, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) cortou de 4,2% para 3,9% a projeção de expansão do setor em 2021, considerando esses fatores. O levantamento da GfK inclui lojas e sites, que informam dados semanalmente à consultoria. Esta compila os dados em áreas como linha marrom (TVs, áudio) linha branca (microondas, refrigeradores), informática e portáteis. “Ainda temos um início de ano com o comércio sentindo a renda menor, as mudanças de regras de funcionamento em certas áreas e o isolamento social. As vendas em lojas sobem 2% numa semana, e na seguinte caem 1%, então ainda está irregular”, disse Felipe Mendes, diretor da GfK Brasil. Na venda on-line de duráveis, o avanço nas vendas, em volume, foi de 60% em janeiro e, em valor, de 95% – efeito de um reajuste médio de 20% nos preços, após alta do câmbio e de insumos. Nesse cenário, o peso da venda digital vai crescendo no comércio. Em janeiro, segundo a GfK, 50% da venda veio de lojas físicas e 50% de sites – era 65% e 35%, respectivamente, antes da pandemia. Mas, apesar da expansão do on-line em 2020, ele representa menos de 15% da venda de eletrônicos no país (só nas grandes redes supera essa taxa). E apenas a operação digital não consegue sustentar uma retomada mais vigorosa de todo o setor. Segundo Mendes e a Eletros, a associação do setor eletroeletrônico, há variáveis ainda pouco claras para se fazer projeções, como a retomada dos investimentos público e privado, que são geradores de vagas, e o avanço da imunização. Isso limita a capacidade de desenhar cenários e definir orçamentos. “Se entrarem novos investimentos como as parcerias público-privadas, em saneamento, por exemplo, acho que entra dinheiro novo e a atividade pode ir retomando. Mas o consumo não pode depender só disso. As redes vão ter que voltar a investir também, mesmo que lentamente”, diz o diretor de uma varejista de eletrônicos de São Paulo. Na avaliação do consultor e sócio da Varese Retail, Alberto Serrentino, a vacinação vem ganhando corpo, e há otimismo com a capacidade de produção e distribuição das vacinas no país. Mas mesmo se isso evoluir bem, a perda de renda e o desemprego têm peso negativo mais determinante para o consumo. “Há uma crença no setor de que haverá algum mecanismo de recomposição de renda e isso será decisivo no ano”, afirma. Segundo ele, num cenário de maior imunização e auxílio do governo, a aceleração na demanda pode ocorrer a partir da metade para o fim do segundo trimestre. Dados de sexta-feira mostram o país na 15ª posição do ranking de vacinação por 100 habitantes. Era 46º no fim de janeiro, segundo a Our World in Data. O presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Junior, lembra que há o efeito positivo do auxílio temporário de alguns governos estaduais e municipais. “Houve manutenção de auxílios, por exemplo, em Manaus […] e isso ajuda. De qualquer forma, ainda mantemos a previsão de um ano difícil, mas que deve se recuperar com maior rapidez do que o que vimos em 2020”. A Eletros ainda não fez projeções de desempenho para 2021. Em outros segmentos, como moda e alimentar, os cenários são opostos. O varejo de vestuário sente os efeitos de não ser considerado essencial, assim como é afetado pelo isolamento social. Para esse varejo, a rápida imunização pode ser mais determinante nas vendas do que em outras áreas, dizem consultores. Redes de moda estiveram reunidas de forma remota com analistas e investidores em evento do banco Credit Suisse, no fim de janeiro, e após as conversas, a equipe de análise fez alertas. Para a Renner, projetou em 2021 uma “instabilidade persistente” nas vendas em lojas físicas. “Restrições de tráfego estão cobrando pedágio”, resumiu o banco, com a ressalva do desempenho do on-line positivo. Na Riachuelo, a rede identificou que após o fim do auxílio emergencial, nas regiões mais beneficiadas por ele, como Norte e Nordeste, os números já vêm convergindo para o mesmo patamar do Sul e Sudeste, com dados mais fracos desde 2020. O desempenho em 2021 ainda pode variar segundo o canal de venda. Dias atrás, a Abrasce, associação de shoppings, anunciou projeção de alta de 9,5% na venda dos lojistas em 2021 (em 2020, caiu 33%) mas a taxa pode mudar em função de fatores como ritmo de imunização e horário de funcionamento das lojas. Em geral, cadeias de moda, calçados e de serviços dependem mais do desempenho em shoppings. Essa taxa de 9,5% supera a projeção de especialistas para o ano no varejo em geral, de 4%, mas a recuperação ocorreria em cima de uma base fraca. Para este ano, o aspecto favorável será novamente o avanço da digitalização, não apenas como estratégia de longo prazo, mas como forma de reação no curto prazo. “Pesquisa da Abrasce feita recentemente mostra que
Diversidade etária começa a entrar na pauta das empresas
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O mercado da longevidade traz oportunidades, mas para que se concretizem, as empresas precisam entender as pessoas das diversas faixas etárias não somente do ponto de vista do consumidor, mas do funcionário. “Paradigmas precisam ser deslocados e há necessidade de um trabalho interno”, diz Juliana Acquarone, fundadora da consultoria Mercado Sênior e especialista em longevidade. Segundo ela, a temática da diversidade etária não aparece com frequência nas organizações e, “se esse grupo não está representado dentro das empresas, não será representado no marketing e no desenvolvimento de produtos”, diz. Na Travelex, uma empresa britânica especializada em câmbio e com escritório no Brasil, a diversidade etária está entre os cinco pilares da política global de diversidade e inclusão. Paula Giannetti, diretora de recursos humanos, conta que a companhia não tem aposentadoria compulsória ou limitação de idade para contratação. Ela cita o caso de um gerente recém-contratado que tem mais de 50 anos. “Como a empresa não tem limitações em relação à faixa etária que estão arraigadas no mercado brasileiro, o quadro de colaboradores lida com essa diversidade de idade de modo tranquilo”. Em uma pesquisa interna com os funcionários no Brasil, 92% afirmaram não sentir diferença de tratamento ou respeito em função da idade. “Se você não tem isso como barreira, não tem motivo para criar programas adicionais”, diz. Dos sete diretores da empresa no Brasil, só dois têm menos de 40 anos. Os funcionários com mais de 50 somam 34 (5% do quadro). A operadora Vivo tem um projeto 50+ desde 2018, como parte do programa Vivo Diversidade. Estimula a contratação de pessoas dessa faixa etária para atuar nas lojas. “O 50+ tem o objetivo de ter uma equipe que se aproxime cada vez mais de nossos clientes, criando uma identificação com a loja e com a marca”, diz Niva Ribeiro, vice-presidente de pessoas da Vivo. Segundo a executiva, a companhia tem estimulado contratações de profissionais seniores para outras áreas. De janeiro a dezembro de 2020, foram contratadas 63 pessoas com mais de 50 anos. “Os novos colaboradores 50+ chegaram para compor equipes de diferentes áreas, como experiência do cliente, B2B, engenharia e TI.” Ela diz que a Vivo enxerga como oportunidade, e não como barreira, a presença dos funcionários mais velhos. “É uma força que pode ser percebida e catalisada por todos”, diz. “Por isso nosso ambiente é trabalhado para que as pessoas se respeitem na diversidade de pensamentos, estilos e experiências e colham frutos de tudo isso.” A capacitação dos gestores, seja com treinamentos, práticas ou feedbacks, falam de todos os tipos de diversidade, inclusive geracional. Aprofundar essa “sensibilização” dos gestores, “perfurando as camadas individuais de etarismo” é o principal desafio para criar uma cultura multigeracional, avalia Fran Winandy, sócia da Acalântis Services e especialista em diversidade etária. Ela também reflete que, apesar da pauta de diversidade 50+ ter avançado em visibilidade na pandemia, são poucas empresas que veem a contratação de pessoas 50+ de uma forma estratégica (em termos de engajamento, aumento de competitividade e atendimento a públicos diversos). “Por conta dessa falta de visão, seguem contratando pessoas maduras para cargos operacionais ou de estágio (com baixos salários)”. VALOR ECONÔMICO
Jovens querem menos dias em home office do que profissionais experientes, diz consultoria
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Mais de 30% dos profissionais com até 24 anos querem trabalhar em casa no máximo uma vez por semana, de acordo com pesquisa da PWC com 1.200 americanos que estão trabalhando remotamente. Entre os mais experientes, o percentual é de 20%. Segundo a consultoria, quem está chegando no mercado agora valoriza mais treinamentos e encontros presenciais com superiores. Do total de entrevistados, 83% consideraram a experiência no home office dos últimos meses como bem-sucedida. Por outro lado, 87% dos entrevistados afirmaram que o escritório é importante para favorecer a colaboração e a criação de relacionamentos. FOLHA DE S. PAULO
Governo quer auxílio rebatizado, com 3 parcelas de R$ 200 e exigência de curso
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Pressionado a fazer novos pagamentos do auxílio emergencial, o governo prepara uma proposta que libera três parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa Família. A ideia é também estabelecer novas exigências para o recebimento do benefício. De acordo com um membro do governo que participa da elaboração da medida, a proposta muda o nome da assistência, que deve passar a ser chamada de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva). Para receber o auxílio, a pessoa terá de participar de um curso para qualificação profissional. O plano também prevê que o benefício seja associado à Carteira Verde e Amarela, programa que deve ser relançado pelo governo para reduzir encargos trabalhistas e estimular a formalização de pessoas de baixa renda. Segundo uma fonte do governo, o BIP foi elaborado para dar assistência a pessoas vulneráveis em um momento de crise, e não para ser um mecanismo de distribuição de renda, para tirar pessoas da pobreza. O argumento é que o governo não tem recursos para seguir pagando um auxílio ampliado com valores mais altos. No formato agora estudado, o programa custaria pouco mais de R$ 6 bilhões por mês, bem abaixo dos R$ 50 bilhões mensais gastos com as parcelas de R$ 600 pagas a 64 milhões de pessoas em 2020. A equipe econômica quer condicionar esse gasto extra com o benefício ao corte de despesas em outras áreas do governo. Para isso, vai propor a inclusão de uma cláusula de calamidade pública na PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que retira amarras do Orçamento e traz gatilhos de ajuste fiscal. Portanto, o novo benefício apenas seria pago se o Congresso aprovasse a PEC, que tem medidas consideradas duras. A equipe econômica quer usar esse argumento para pressionar os parlamentares a aprovar o texto. Em um primeiro momento, o protocolo elaborado pelo governo prevê a liberação de medidas sem efeitos fiscais, como a antecipação do abono salarial (anunciada na semana passada) e do 13º de aposentados. O segundo passo, segundo informou à Folha um membro da equipe econômica, será a inclusão no Bolsa Família das pessoas que hoje estão na fila do programa social. No fim do ano, cerca de 1 milhão de famílias estavam nessa lista de espera. Pelo plano do governo, os beneficiados pelo Bolsa Família permanecerão no programa e não terão direito ao BIP. Portanto, o governo manteria o gasto de R$ 34,8 bilhões previsto para o programa em 2021. O bônus será destinado às mais de 30 milhões de pessoas classificadas pelo governo como invisíveis, aquelas que estão em uma espécie de abismo entre o Bolsa Família e o mercado formal de trabalho —não têm emprego e não recebem nenhuma assistência social. O valor de R$ 200, assim como na primeira versão do auxílio emergencial em 2020, foi pensado para ficar próximo ao benefício médio do Bolsa Família, de aproximadamente R$ 190. A equipe econômica afirma que um plano mais consolidado só poderá ser feito em um novo programa, fruto de uma modernização do Bolsa Família, com a fusão de programas sociais existentes hoje. A ideia de alterar o nome do auxílio emergencial para BIP está ancorada na estratégia de mudar a visão sobre o programa, que deixaria de ser uma transferência pura de renda para se tornar um mecanismo de auxílio temporário enquanto os informais buscam um emprego. Ao ter o benefício autorizado, o trabalhador teria de aceitar a participação em um curso de qualificação. Modelos desenhados pelo Ministério da Economia preveem parcerias com órgãos do Sistema S, que seriam responsáveis por oferecer os treinamentos. Segundo técnicos, a ideia é ampliar o leque de oportunidades para pessoas que normalmente têm nível baixíssimo de qualificação e encontram dificuldade na busca por um emprego formal. Para facilitar essa inserção no mercado de trabalho, o governo pretende reeditar a Carteira Verde e Amarela. O programa foi instituído no ano passado por meio de medida provisória, mas perdeu a validade sem votação no Congresso. O modelo estabelece regras mais flexíveis, com a possibilidade de pagamento por hora trabalhada. Esses contratos teriam encargos trabalhistas reduzidos. Para viabilizar o funcionamento de todos esses mecanismos, o ministro Paulo Guedes (Economia) aposta na aprovação do pacto federativo pelo Congresso. O texto, que está travado no Senado desde 2019, já previa a emergência fiscal, que ativaria medidas de ajuste em momentos de dificuldade financeira de algum ente. A proposta agora passaria a prever a cláusula de calamidade, para ser ativada em situações agudas de uma crise sincronizada em todo o país, como é o caso da pandemia. O ministro tem afirmado a interlocutores que a compensação das despesas seria a única forma de liberar a assistência aos vulneráveis. Caso contrário, ele afirma que seriam desrespeitadas regras fiscais em vigor no país, o que poderia levar ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Com o comando do Congresso nas mãos de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL), mais alinhados ao Palácio do Planalto, Guedes acredita ser possível dar agilidade à votação do texto. Apesar do discurso otimista, o governo deve encontrar dificuldades à frente. Isso porque, além de haver resistência de parlamentares ao texto, as medidas de ajuste podem não ter o efeito fiscal desejado a curto prazo. Mesmo em caso de aprovação da PEC, não haveria uma garantia do pagamento do BIP, o que dependeria da calibragem dada pelo Congresso. Na avaliação da equipe econômica, se o programa de vacinação surtir efeito e reduzir fortemente a taxa de mortalidade por Covid-19, não será necessário acionar a cláusula de calamidade e liberar o benefício. Isso seria feito apenas se o número de mortes diárias continuasse acima de mil. O que foi o auxílio emergencial Assistência paga a trabalhadores informais durante a pandemia em 2020, com parcelas de R$ 600, depois prorrogadas no valor de R$ 300. Mulheres chefes de família recebiam o benefício em dobro O que seria o BIP Governo formula o Bônus de Inclusão Produtiva, com três parcelas de R$ 200, pagas a