Vendas do varejo têm queda de 0,6% em março com avanço da pandemia

As vendas no comércio varejista caíram 0,6% em março em relação a fevereiro, quando haviam avançado 0,5%. O terceiro resultado negativo desde dezembro foi registrado no período em que a pandemia de covid-19 se agravou no País . O varejo, que no mês anterior estava 0,3% acima do patamar pré-pandemia, em março ficou 0,3% abaixo dele. O desempenho do mês, porém, foi bem melhor do que o esperado pelos analistas de mercado ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam, em sua maioria, uma queda de 5,60%.

Em relação a março de 2020, houve aumento de 2,4% nas vendas. No acumulado do primeiro trimestre, o setor teve queda de 0,6% e, em 12 meses, alta de 0,7%, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve recuo em sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. O principal impacto negativo veio do setor de móveis e eletrodomésticos, cujas vendas caíram 22% em março. O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que essa atividade foi muito influenciada pelo comportamento dos consumidores durante a pandemia.

“No primeiro momento, o setor teve um crescimento acentuado porque, estando em casa, as pessoas repuseram muita coisa tanto em móveis quanto em eletrodomésticos. Mas, passada essa primeira fase, não há crescimentos tão expressivos assim. E, quando as vendas diminuem, o setor costuma fazer promoções. Então houve um aquecimento das vendas em fevereiro e essa queda em março”, diz.

As outras quedas na comparação com fevereiro foram registradas pelos setores de tecidos, vestuário e calçados (- 41,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (-19,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,9%), combustíveis e lubrificantes (-5,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).

O único setor que cresceu nessa comparação foi o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,3%). “No início da pandemia, também teve um crescimento muito forte pelo fato de absorver as vendas de outras atividades, principalmente nesses grandes supermercados que vendem eletrodomésticos, móveis e vestuário. Depois teve um período de arrefecimento por conta, especialmente, da inflação dos alimentos”, pontua Santos.

No comércio varejista ampliado, as atividades veículos, motos, partes e peças caíram 20,0% e de material de construção -5,6%, totalizando -5,3% frente ao mês anterior. É o segundo mês com taxas negativas nos três primeiros meses do ano.

Apesar da queda em março, o setor de material de construção é um dos que se mantêm acima do patamar pré-pandemia. “Essa atividade atualmente está 13,5% acima do patamar de fevereiro de 2020. Ela teve um crescimento forte desde o início da pandemia, explicado tanto pelo auxílio emergencial, que possibilitou a aquisição por parte das famílias das camadas de mais baixa renda, como pela necessidade de construções e reformas emergenciais em casa. A partir de novembro, tivemos execução de obras maiores, como adaptação de edifícios em grandes cidades”, explica o pesquisador.estado que caiu nesse indicador.

O ESTADO DE S. PAULO

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