Trabalho por aplicativo é desafio para Previdência

O secretário de Previdência Social, Narlon Gutierre Nogueira, afirmou ontem que o trabalho via plataformas de aplicativos representa desafios para o sistema de Previdência Social e, por isso, existe a necessidade de regulamentação dessa modalidade de trabalho. “No Brasil, aqueles que exercem sua atividade via plataforma dispõem de forma de filiação e contribuição à Previdência Social, ganhando acesso a uma proteção social mais ampla, mas num modelo que ainda precisa sim ser aperfeiçoado”, disse Nogueira em evento promovido pelo CAF, banco de desenvolvimento de América Latina, para apresentação do estudo “Os sistemas de pensões e saúde na América Latina: Os desafios do envelhecimento, as mudanças tecnológicas e a informalidade”.

De acordo com o secretário de Previdência, o novo modelo de trabalho se mostrou inestimável durante a pandemia devido a sua flexibilidade e capacidade de absorver muitos dos trabalhadores que perderam empregos por atuarem em atividades como turismo, restaurantes, lazer e varejo. “Estamos cientes das suas limitações e em diálogos com outros parceiros para que nós possamos desenvolver a regulamentação necessária desse sistema”, frisou o secretário. Estudo divulgado hoje pelo CAF e antecipado pelo Valor na edição de ontem mostra que a formalização do autônomo vinculado a uma plataforma digital é maior do que o trabalhador que não é. Enquanto a formalização do autônomo de plataforma digital chega a 50%, o número cai para 20% no caso do profissional autônomo tradicional.

Segundo o economista do CAF Guillermo Alves, plataformas têm potencial positivo para a formalização porque as informações, assim como todas as transações, são centralizadas, fazendo com que isso facilite, por exemplo, a fiscalização. Narlon ressaltou que, dos 88 milhões de brasileiros economicamente ocupados, 60% contribuem de forma autônoma ou são segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), 8% são contribuintes de regime próprio de previdência social dos servidores e 30% não são protegidos pelo sistema previdenciário. Segundo ele, aumentar a cobertura previdenciária tem sido um desafio para o governo. “Esse grau expressivo de participantes econômicos fora do guarda chuva da Previdência Social se deve à alta informalidade do mercado de trabalho brasileiro, traço comum na América Latina”, ressaltou.

O economista do CAF elogiou iniciativas como a criação do Simples para ajudar na redução da informalidade do país. Mas Narlon Nogueira destacou que é preciso dar continuidade para esse tipo de política. O economista da CAF também defendeu aperfeiçoamento nas regras de contratação de plataformas digitais. Para Alves, com a automação e o avanço tecnológico, muitos trabalhadores podem ser empurrados para informalidade ou ficar mais tempo desempregados por exercerem, por exemplo, atividades classificadas como rotineiras. De acordo com o secretário de Previdência, as tarefas rotineiras são mais presentes em empregos de trabalhadores homens e sem educação terciária.

VALOR ECONÔMICO

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