Os sindicatos de metalúrgicos de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), devem se reunir com a Ford na próxima segunda-feira para tratar das indenizações dos trabalhadores da montadora americana. A empresa anunciou o fechamento das operações industriais no país após mais de 60 anos produzindo no Brasil.
A negociação das indenizações é a última alternativa dos trabalhadores. Primeiro, segundo o diretor do sindicato de Camaçari, Kleiton Alder, é a tentar reverter a decisão. Para isso, o sindicato deve propor um projeto de redução de gastos trabalhistas à Ford. Uma das propostas, de acordo com Alder, é a retirada da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que foi acordado no ano passado com o congelamento por quatro anos a R$ 15,5 mil por empregado, além de reduzir os custos com os benefícios.
“Vamos centrar forças na permanência da Ford até o último momento. Caso a empresa não volte atrás na decisão, vamos partir para a negociação das indenizações”, disse o dirigente após uma assembleia ontem com os trabalhadores na porta da fábrica da montadora em Camaçari que contou com cerca de 8 mil pessoas. Segundo Alder, para as indenizações, o sindicato ainda está definindo uma fórmula para negociar. No entanto, o dirigente afirma que serão considerados os valores do programa de demissão voluntária (PDV) que a Ford abriu no fim do ano passado. O PDV foi dividido em três faixas de indenização partindo pelo tempo de casa. Para os mais antigos, a empresa ofereceu R$ 90 mil mais os direitos trabalhistas. Já aos trabalhadores com tempo intermediário, foi oferecido R$ 70 mil além dos direitos e aos mais novos de casa, R$ 40 mil.
Na assembleia em Taubaté, de acordo com o sindicato dos metalúrgicos local, ficou acordado que os trabalhadores farão uma vigília permanente na fábrica e haverá uma outra reunião na Câmara dos Vereadores de Taubaté hoje, às 8h, para buscar apoio do poder público em defesa dos empregos. Participaram desse ato cerca de 800 pessoas. “Além de plenárias virtuais com os trabalhadores para manter a mobilização, vamos buscar apoio do governo federal, já que a Ford foi beneficiada por uma série de empréstimos do BNDES e incentivos fiscais”, informou o sindicato. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), Cláudio Batista, também foi aprovado a realização de plenárias com os trabalhadores para tirar ideias para o plano de luta que a entidade vai fazer.
“Uma das principais ações, também aprovada, é a criação de uma alíquota nos produtos da Ford, caso chegue mesmo no ponto de fechar as unidades no Brasil. Queremos que o governo federal destine esta alíquota a todos os trabalhadores da Ford no país.” Ontem, dirigentes do sindicato também se reuniram com a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
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