O ESTADO DE S. PAULO
A perda de representatividade dos sindicatos vem se acentuando. O último ano em que houve aumento no número de sindicalizados foi 2013. Entre aquele ano e 2019, o número de trabalhadores associados a sindicatos se reduziu de 14,6 milhões para 10,6 milhões, com a perda, portanto, de 4 milhões de filiados. Entre 2018 e 2019, a redução foi de 951 mil associados, de acordo com a edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apresenta características adicionais do mercado de trabalho no ano passado.
Sustentados durante décadas por um sistema criado pela ditadura do Estado Novo (1937-1945) que lhes garantia receita automática – o que os livrava de sua responsabilidade de defender os interesses da categoria profissional que deveriam representar –, sindicatos, federações, confederações e, mais recentemente, centrais sindicais abrigaram em suas direções pessoas ambiciosas, com preocupações que pouco tinham a ver com a vida real dos trabalhadores.
O recolhimento anual compulsório do equivalente a um dia de salário de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, assegurava receita farta e automática para mais de uma dezena de milhares de entidades sindicais de diferentes instâncias. Grande parte delas, desinteressada dos problemas de suas categorias profissionais, não acompanhou as transformações pelas quais passou e vem passando o mundo do trabalho. Ficou ainda mais distante de suas bases.
Mudanças na legislação trabalhista, como o fim do chamado imposto sindical, e nas regras previdenciárias, que aceleraram os pedidos de aposentadoria, apenas tornaram mais evidente um problema que o sindicalismo brasileiro enfrentava havia décadas. Os resultados numéricos desse processo agora ficam mais claros com a nova pesquisa do IBGE. Nem mesmo o aumento de 4,3% da população ocupada entre 2013 e 2019 foi suficiente para conter a acelerada redução do número de sindicalizados. A queda, neste caso, foi de 27,7% no período.
No ano passado, a queda do número de sindicalizados foi mais acentuada no ramo de administração pública. Uma das explicações é o fato de que houve muitos pedidos de aposentadoria no setor público. A taxa de sindicalização de funcionários antigos é maior do que a dos mais jovens.