O que nos faz continuar a querer controlar as pessoas e as organizações?
Controle é possível em situações estáticas e previsíveis. É hora de também percebermos que, assim como a natureza, as organizações são sistemas vivos onde se aninham outros sistemas vivos (pessoas).
Clima, os padrões de vôo de pássaros e abelhas, as marés, furacões, chuva estão fora de nosso controle tanto quanto se um peixe fisgará ou não a isca que oferecemos. Costumamos aceitar os limites de controle que a natureza nos impõe e aprender e nos adaptar às forças da natureza.
Usamos nossa influência – como quando oferecemos iscas atrativas para os peixes ou usamos nosso conhecimento sobre os hábitos alimentares dos peixes. Adaptamos, como podemos perceber na variedade de roupas em nossos guarda-roupas: roupas para frio, calor, vento, chuva, sair ou ficar em casa.
Nos especializamos em nos adaptar ao que quer que a natureza coloque em nosso caminho. Em relação à natureza, nós, humanos, aceitamos que precisamos aprender e adaptar em lugar de controlar. Convivemos bem com a natureza quando a observamos, identificamos ciclos e padrões e fazemos experimentações e testes para vencer desafios, adaptando nossos comportamentos. Essas adaptações são bastante intuitivas ou aprendidas bem cedo. Nos adaptamos quando percebemos que não conseguimos controlar aquilo que estamos enfrentando.
Como perceber e transformar essa necessidade de controle nada realista? Aqui vou dar pitaco onde entendo (?) um pouquinho. Nossos sistemas atuais de desenvolvimento das pessoas, gerido por nossos RHs, falam muito da visão sistêmica, da organização viva, mas ainda desenham programas para controlar as mensagens, pessoas e os eventos, imaginando com isso poder dirigir os resultados. As estruturas de recompensas têm por objetivo controlar resultados e desempenho. Infelizmente isso não está mais funcionando. Por outro lado, modelos de autogestão vêm operando em premissas diferentes e interessantes, gerando resultados e mais engajamento. Algumas ideias interessantes:
- Alinhar competência com rapidez para se adaptar e aprender.
- Desenhar organizações e sistemas de RH que recompensem auto organização e reforcem o propósito.
- Redefinir a característica da supervisão de forma a ser aceita pelo time e útil aos seus membros.
- Abrir mão da ideia de que o controle é possível, necessário, ou útil.
Se começarmos a usar os critérios acima para redesenhar a nossa relação com as empresas e o trabalho, estaremos nos relacionando com os mesmos reconhecendo que as empresas são sistemas vivos em movimento dinâmico e, como parte delas, precisamos aprender e nos adaptar ao que está acontecendo no aqui e agora. Substituindo o controle pelo alinhamento e auto-organização, podemos aumentar a produtividade e diminuir o estresse. Quem sabe até nos divertirmos?
O ESTADO DE S. PAULO