O mercado de trabalho segue dando bons sinais ao longo de 2022. A melhora no primeiro semestre pode ser explicada tanto pela volta da circulação de pessoas e mobilidade, o que acontece graças ao controle da pandemia e avanço da vacinação, como também por um aquecimento da economia maior do que era esperado no início do ano.
Nesses últimos resultados, os dados positivos têm sido disseminados e com destaque para serviços e comércio, justamente os que mais sofreram ao longo da pandemia e que se beneficiam por essa volta da circulação. Ao mesmo tempo, têm atingindo quase todas as categorias de trabalho, inclusive com maior crescimento dos empregos formais, que geralmente são relacionados com empregos de maior produtividade e salários.
Apesar dessa retomada do mercado de trabalho, a renda média real do trabalho continua em patamar muito baixo. O maior desafio encontrado agora é manter esse ritmo de criação de vagas e expandir essa melhora para a renda, onde vai ser possível ver um crescimento do poder de compra dos consumidores. Para isso, o primeiro passo é conseguir controlar a inflação, que acaba sendo uma vilã no orçamento das famílias mensalmente.
Mas o cenário da manutenção desse ritmo de recuperação é que deve ser o mais difícil. Com o controle da covid-19, a atividade econômica passa a ser a principal responsável por ditar esse dinamismo. As últimas previsões mostram que a virada para 2023 deve mostrar uma desaceleração da economia brasileira e, consequentemente, atingir a retomada dos empregos.
Em resumo, no curto prazo, ainda pode ser esperada novas reduções da taxa de desemprego, mas, quando se olha ao médio e longo prazos, essa melhora pode estar limitada. Fatores como incerteza adicionada pelo período eleitoral, variáveis macroeconômicas em patamar negativo e riscos fiscais para 2023 ainda pesam no sentido contrário da recuperação do mercado de trabalho.
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