O desempenho oscilante dos serviços (Editorial)

O avanço de 0,7% do volume de serviços em abril repõe parte das perdas de março, de 3,1%, mas mantém o setor 1,5% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020, isto é, antes da pandemia. Em relação a um ano antes, o resultado é 19,8% maior. Mas é preciso considerar que a base de comparação, de abril de 2020, foi seriamente comprimida pelos impactos da pandemia na atividade econômica. Mesmo com a recuperação em abril de 2021, o volume de serviços é 13,1% menor do que o recorde registrado em novembro de 2014.

Um dado expressivo da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de abril do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a recuperação dos serviços prestados às famílias, que aumentaram 9,3% na comparação com o mês anterior. Mas o mês de março deste ano havia mostrado um desempenho muito fraco desses serviços (queda de 28,0% em relação a fevereiro), por causa das novas restrições à circulação das pessoas exigidas pelo recrudescimento da pandemia.

O setor de serviços em geral está sendo fortemente afetado pela crise sanitária. Alguns deles, especialmente os presenciais, apresentam os piores resultados entre todos os setores da economia. Os serviços prestados às famílias estão nesse caso. Embora seu volume em abril tenha sido 65,8% maior do que o de um ano antes, o resultado acumulado dos quatro primeiros meses de 2021 ainda é 15,3% menor do que o de 2020. E o acumulado de 12 meses continua muito abaixo (-34,3%) do observado no período imediatamente anterior.

Outro componente dos serviços que ainda opera em níveis muito mais baixos do que o usual é o turismo. Depois da retração de 23,1% registrada em março, o agregado especial “atividades turísticas” elaborado pelo IBGE para acompanhar especificamente esse segmento voltou a recuar em abril (-0,6%). Um dos componentes do agregado é o transporte aéreo, cujo resultado acumulado de 12 meses é 37,9% menor do que o do período anterior. O turismo ainda precisa crescer 81,9% para retornar ao nível de fevereiro do ano passado.

A recuperação dos serviços é fortemente dependente do avanço da imunização da população contra a covid-19. “Boa parte dos serviços presenciais ainda sente os efeitos da pandemia e demora mais para recuperar o patamar pré-crise”, diz o gerente da PMS, Rodrigo Lobo. 

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