Mulheres em cargos de liderança estão se demitindo mais do que nunca

Para cada mulher sendo promovida a cargos de direção nas empresas, há duas diretoras deixando seus postos, segundo um novo relatório da McKinsey & Co. e da LeanIn.org

Por Bloomberg

As mulheres vêm deixando os altos escalões das empresas em um ritmo mais acelerado do que nunca – ao mesmo tempo em que continuam, em primeiro lugar, tendo menos chances de ser promovidas.

Sofro discriminação no trabalho por ter mais de 50 anos. O que faço para me dar melhor com a equipe?
Saúde mental: as consequências de trabalhar em um ambiente inseguro psicologicamente
3 mitos de negociação salarial que prejudicam as carreiras das mulheres

Para cada mulher sendo promovida a cargos de direção nas empresas, há duas diretoras deixando seus postos, segundo um novo relatório da McKinsey & Co. e da LeanIn.org. As organizações, que analisaram dados de 12 milhões de funcionários em mais de 330 empresas, vem acompanhando a situação profissional das mulheres desde 2015, com as conclusões sendo publicadas em relatórios anuais.

“As mulheres são tão ambiciosas quanto os homens, mas elas estão deixando suas empresas no ritmo mais acelerado que já vimos e em ritmo mais acelerados do que os homens na liderança”, disse a executiva-chefe da LeanIn, Rachel Thomas. “Realmente achamos que isso pode prenunciar desastres para as empresas.”

As mulheres estão em desvantagem em termos profissionais há muito tempo, mas vários desses problemas foram exacerbados pela pandemia da covid-19. Nos últimos anos, a falta de creches acessíveis fez com que mais mulheres deixassem a força de trabalho do que os homens. A diferença de gênero nos salários, que vinha encolhendo, também deixou de diminuir durante a pandemia.

Agora, as mulheres que estão nos altos escalões de suas empresas também estão reavaliando suas situações – em razão da falta de oportunidades de avanço e de flexibilidade, do tratamento desigual ou de uma combinação desses e de outros fatores.

É o caso, por exemplo, de Susan Chapman-Hughes, que deixou seu cargo em uma firma de meios de pagamento, após 11 anos. Chapman-Hughes, que comandou os esforços de transformação digital de uma de suas unidades de negócios, disse que a oportunidade que lhe foi oferecida depois disso “não se encaixava na narrativa” que ela queria para si.

“Nem toda organização pode te dar o que você quer para o resto de sua carreira”, disse. “Você precisa ser inteligente o suficiente para ir atrás desses desejos.”

Atualmente, apenas um em cada quatro cargos no mais alto escalão executivo é ocupado por uma mulher, de acordo com o resumo do relatório. No caso de mulheres não brancas, a proporção é de 1 em cada 20. E para cada 100 homens promovidos dos cargos iniciais aos gerenciais, há 87 mulheres promovidas. Isso cai para 82 no caso das mulheres não brancas. Esses números se comparam a 86 e 85, respectivamente, para todas as mulheres e para as mulheres não brancas no relatório de 2021.

Carmen Bryant recentemente deixou seu cargo de diretora de marketing em uma empresa de anúncios de empregos on-line depois que seu irmão morreu de câncer no pâncreas.

“Tive essa epifania de que a vida é muito curta e não há razão para que eu precise estar em algum lugar que não esteja me ajudando”, disse Bryant, que queria um cargo mais abrangente.

Essa mentalidade ajudou a instigar Bryant, que é negra, a passar para a WizeHire, uma plataforma de contratação on-line, onde ela é vice-presidente de marketing.

“Muitas mulheres pensam que se trabalharem duro, as pessoas perceberão, e que isso será suficiente”, disse. “A verdade é que as mulheres têm que defender a si mesmas. E as mulheres negras precisam andar numa linha tênue, tomando cuidado com até que ponto você é vista como agressiva.”

À medida que as empresas continuam ajustando suas políticas de teletrabalho após o crescimento explosivo do trabalho remoto provocado pela pandemia, a McKinsey e LeanIn concluíram que apenas uma em cada dez funcionárias querem trabalhar a maior parte do tempo no escritório. O resumo do relatório aponta que “muitas” mulheres consideram os horários de trabalho híbridos um fator fundamento fundamental para entrar ou permanecer em uma empresa.

“As mulheres não estão rompendo com o trabalho, elas estão rompendo com as empresas que não estão oferecendo a cultura de trabalho, a oportunidade e a flexibilidade que são tão crucialmente importantes para elas”, disse Thomas. (Tradução Sabino Ahumada)

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/10/20/mulheres-em-cargos-de-lideranca-estao-se-demitindo-mais-do-que-nunca.ghtml

Compartilhe