Modelo de negócio: lucro com impacto social

No Brasil, a profundidade do desequilíbrio socioambiental e a emergência de alternativas para o enfrentamento dessa realidade trazem à tona a discussão sobre a responsabilidade das empresas. Neste contexto, emerge um novo tipo de organização, que combina dois objetivos antes vistos como incompatíveis: sustentabilidade financeira e geração de impacto social positivo.

A classe empresarial do século passado tinha a compreensão de que a solução dos problemas da sociedade era estritamente responsabilidade do Estado e que, através das políticas sociais públicas, deveria equacionar as situações oriundas da miséria, da falta de habitação, do analfabetismo, das questões ambientais, entre outras coisas.

Parece óbvio, mas ainda hoje vemos resquícios desse pensamento no meio empresarial. Ainda bem que o mundo está mudando. O objetivo do negócio vai além de servir bem os clientes e maximizar o retorno financeiro dos acionistas. Neste novo cenário, já não é mais possível permanecer indiferente à constante degradação da vida humana, de valores éticos universais e do ambiente natural. As empresas, especialmente as empresas de economias emergentes, precisam acompanhar as mudanças da sociedade sob pena de deixar o entorno de negócios ficar cada vez mais fraco e instável se persistirem em atuar sempre da mesma maneira.

Em uma conjuntura de pandemia, quando uma onda de mudanças tão grande se lança contra a sociedade e a economia, os executivos tradicionais, acostumados a navegar em águas mais seguras, são lançados em um mar em fúria. Os hábitos de uma vida toda – inclusive os que ajudaram a alcançar o sucesso – tornam-se agora obsoletos e contraproducentes.

As ideias de valor compartilhado e propósito empresarial estão reinventando negócios. É plenamente possível implantar isso na rotina empresarial e ainda obter resultados mensuráveis. Por exemplo, quando uma empresa de alimentos capacita seus fornecedores e colaboradores a cultivarem de forma mais sustentável, respeitando o meio ambiente, isso é criar valor compartilhado. Outros setores, como bebidas, varejo, papel e celulose, energia e serviços financeiros são alguns dos que apresentam alto potencial de criação de valor compartilhado.

Há muitas empresas que anunciam para o mundo que elas têm um propósito. Mas para a maioria dessas empresas, isso não vai além de belas palavras. Para criar valor para a sociedade e para as empresas, um propósito verdadeiro deve ser significativo (ter como objetivo resolver um problema social o ambiental); autentico (fazer parte do DNA da empresa, da cultura); lucrativo (tem que ser integrado com a estratégia de negócio; e ser sério (quer dizer que os lideres tem que se sentirem responsáveis para cumprir com o propósito).

Pode parecer pretensão um estadunidense analisando a conjuntura brasileira, mas sou um entusiasta apaixonado pelo Brasil. Morei por anos neste país e trabalhei com diversas empresas, como Suzano, Coca-Cola, BASF, entre outras, que colocaram em suas metas a busca pelo lucro calcado em impactos positivos para sociedade.

Estou convicto de que o Brasil é um dos principais países do mundo que podem implantar massivamente esse conceito na mente das lideranças empresariais. Os impactos do Covid-19, o medo da volta da fome extrema e a questão ambiental de queimadas e desmatamento colocaram o país no centro das atenções. Agora que os olhos do mundo se voltam para cá é a hora de os grandes líderes mostrarem o protagonismo e tomarem as rédeas de um modelo econômico que vise o ganho de toda a sociedade.

Mais do que uma nova tendência, trata-se de um novo propósito. Em vista das mazelas sociais e econômicas que ainda persistem no Brasil e no mundo, essa não é a solução para as crises e contradições do capitalismo, mas certamente um mundo mais justo passa pela ideia de valor compartilhado e propósito empresarial, além de representar a chance de reinvenção das companhias, em diálogo aberto e transparente com a sociedade.

E por isso que eu os convido a participarem do Webinar “Coloque o Propósito em Prática com valor compartilhado”, no dia 16 de novembro, às 11h, para aprender conosco e com vários líderes brasileiros de sucesso como se pode pôr o propósito em ação e como utilizar o novo Purpose Playbook da FSG e a Shared Value Initiative.

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