Banco Central voltou a publicar o Boletim Focus após nove semanas sem divulgação devido à greve dos servidores do órgão, que terminou na terça-feira
Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – Com o efeito da redução de tributos para conter os preços de combustíveis, a estimativa para a alta do IPCA, o índice de inflação oficial, de 2022 perdeu fôlego na última semana, enquanto as estimativas para 2023, foco atual do Banco Central, seguiram avançando e já estão acima do teto também para o próximo ano.
Conforme o Relatório de Mercado Focus, a projeção para o IPCA de 2022 passou de 8,27% para 7,96%, já o de 2023 subiu de 4,91% para 5,01%. Há um mês, as estimativas eram de 8,89% e 4,39%, respectivamente.
O Banco Central voltou a publicar o Boletim Focus nesta sexta-feira, 8, após nove semanas sem divulgação devido à greve dos servidores do órgão, que terminou na terça-feira, 5. Hoje, o BC publicou os relatórios atrasados e, na próxima segunda-feira, 11, o Focus volta a sair normalmente no horário padrão, de 8h30.
Na última vez que a Focus havia sido divulgada, no dia 2 de maio, as estimativas para 2022 e 2023 eram de 7,89% e 4,10%, nessa ordem.
Mesmo com a redução nas projeções para este ano, a estimativa continua muito acima do teto da meta (5,0%), configurando o segundo ano consecutivo de rompimento do mandato principal do BC. Para o IPCA de 2023, que está subindo a 13 semanas, a expectativa atual da Focus também está acima tanto do centro da meta, de 3,25%, quanto do teto de 4,75%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC indicou que mira algo mais próximo do centro da meta do que sua projeção atual para 2023 (4,0%).
O Boletim Focus mostra estabilidade na estimativa de 2024, que permaneceu em 3,25%, mesmo patamar de um mês antes. No relatório divulgado em 2 de maio estava em 3,20%. A previsão para 2025, por sua vez, continuou em 3,00%, o mesmo da última Focus divulgada.
A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, a meta também é de 3,00%, conforme definição do Conselho Monetário Nacional (CMN) no mês passado.
No Copom do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 8,8% em 2022, 4,0 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Taxa básica de juros
A projeção para a Selic – a taxa básica de juros – no fim deste ano ficou estável em 13,75% ao ano no Relatório de Mercado Focus da última semana, ante 13,25% há um mês. Considerando apenas as 38 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano também se manteve em 13,75%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de junho, a Selic subiu de 12,75% para 13,25% e o colegiado indicou novo aumento de igual ou menor magnitude que em junho (0,5 pp) para a reunião de agosto. Além disso, na ata, sinalizou que a Selic deve ficar em patamar “significativamente” contracionista por mais tempo, com o objetivo de que a inflação de 2023 convirja para o “redor da meta”.
No Boletim Focus, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a Selic no fim de 2023 de 10,25% para 10,50%, de 9,75% há quatro semanas. A previsão para o fim de 2024 continuou em 7,75%, ante 7,50% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
Da última vez que a Focus foi divulgada, em 2 de maio, os porcentuais eram de 9,25%, 7,50% e 7,00%, nessa ordem.
PIB
O Focus trouxe ligeiro aumento da previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 na última semana, que passou de 1,50% para 1,51%. Há um mês, a estimativa era de 1,20%. Já a estimativa para o crescimento do PIB em 2023 permaneceu em 0,50%, ante 0,76% de quatro semanas atrás.
Considerando apenas as 28 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 1,40% para 1,51%. No caso de 2023, foi de 0,53% para 0,62%, com base em 26 respostas.
O Relatório Focus ainda trouxe as medianas para a alta do PIB de 2024, que oscilou de 1,80% para 1,81%, ante 2,00% de um mês antes. No caso de 2025, continuou em 2,00%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás. No último Focus divulgado, a mediana era de 2,00% para os dois anos.