A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 se distanciou ainda mais do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – este ano, conforme o Relatório de Mercado Focus, de alta de 5,97% para 6,07%. Há um mês, estava em 5,44%.
A projeção para o índice em 2022 foi de 3,78% para 3,77%. Quatro semanas atrás, estava em 3,70%.
O relatório Focus (feito por meio de consulta com uma centena de instituições financeiras) trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2023, que seguiu em 3,25%. No caso de 2024, a expectativa permaneceu em 3,25%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,25% para ambos os casos.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.
A projeção dos economistas para a inflação já está bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25%. O centro da meta para o ano é de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
Com isso, a projeção do mercado fica cada vez mais acima do teto do sistema de metas. Se confirmado o resultado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá de redigir uma carta aberta explicando os motivos para o descumprimento da meta.
A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Para 2024 a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).
PIB
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, os economistas do mercado financeiro subiram a estimativa para o crescimento de 5,05% para 5,18%. Foi a 11ª alta seguida do indicador.
No começo do ano, o mercado previa que o PIB iria crescer apenas 3,4%. Porém, a economia tem mostrado forte reação nos últimos meses, influenciada, entre outros motivos, pela alta dos preços das commodities (produtos básicos, como alimentos, minério de ferro), exportados, em grande parte, pelo Brasil. Para 2022, o mercado reduziu a previsão de alta do PIB de 2,11% para 2,10%.
O mercado financeiro manteve em 6,50% ao ano a previsão para a taxa Selic, a taxa básica de juros, no fim de 2021. Com isso, os analistas seguem projetando alta dos juros neste ano.
Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da economia passou de 2% para 2,75% ao ano. Em maio, foi para 3,5% ao ano e, em junho, avançou para 4,25% ao ano.
O objetivo das altas recentes, promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, é conter a pressão inflacionária.
Para o fim de 2022, os economistas do mercado financeiro elevaram a expectativa para a taxa Selic de 6,50% para 6,75% ao ano.
O ESTADO DE S. PAULO