Investimento direto no Brasil em junho é o menor em 5 anos

O ingresso líquido de IDP (Investimentos Diretos no País) despencou a US$ 174 milhões em junho, o menor nível mensal em cinco anos. O resultado decorre da redução dos empréstimos feitos pelas matrizes das empresas estrangeiras a suas subsidiárias no país, segundo dados divulgados nesta terça (27) pelo Banco Central.

O resultado foi o mais baixo desde julho de 2016 (-US$ 103 milhões) e contrasta com um fluxo positivo de investimentos diretos de US$ 5,164 bilhões em junho de 2020. Na comparação apenas com os meses de junho, esse foi o pior resultado desde o início da série, em 1995.

Segundo o BC, isso se deu pelo efeito de uma saída de US$ 2,3 bilhões das chamadas operações intercompanhia, refletindo uma queda dos desembolsos.

A conta de lucros reinvestidos no país também apresentou resultado negativo, com as empresas optando por remeter para as sedes um volume de recursos superior ao lucro do mês.

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que os resultados foram “normais”, indicando não ver uma reversão da tendência de crescimento do IDP esperada para o ano.

A conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$ 221 milhões no mês ante US$ 72 milhões em junho de 2020. As despesas líquidas de aluguel de equipamentos somaram US$ 571 milhões em junho de 2021, ligeiramente inferiores aos US$ 602 milhões de junho de 2020.

Já os aportes em renda fixa, ações e fundos de investimentos tiveram um novo mês de fluxos fortes, de US$ 5,1 bilhões, confirmando a recuperação dos ingressos, após o baque sofrido no ano passado.

O número parcial de julho já aponta uma recuperação dos ingressos, e a entrada de investimentos diretos no primeiro quadrimestre foi revisada para cima. Para julho, o BC estima IDP de US$ 4,7 bilhões, com base em dados preliminares.

No acumulado do semestre, o ingresso de IDP supera o registrado no mesmo período de 2020, somando US$ 25,691 bilhões, ante US$ 23,724 bilhões no ano passado.

Já os investimentos em portfólio acumulam ingressos de US$ 44,6 bilhões em 12 meses. Em junho de 2020, essa conta, tradicionalmente muito mais volátil do que o IDP, registrou saída de US$ 47,6 bilhões em 12 meses.

Além disso, o volume de bens brasileiros no exterior teve um aumento de US$ 29,166 bilhões no ano passado, levando o total desses ativos para US$ 558,387 bilhões no fim do ano passado, de acordo com o Banco Central.

O resultado faz parte das declarações de CBE (Capitais Brasileiros no Exterior), incluindo pessoas físicas e jurídicas e obrigatórias para capitais no exterior de ao menos US$ 1 milhão.

As transações correntes do país, por sua vez, foram superavitárias em US$ 2,791 bilhões em junho, abaixo dos US$ 3,5 bilhões esperados por analistas segundo pesquisa da Reuters.

Em 12 meses, o país ainda acumula déficit de 1,27% do PIB (Produto Interno Bruto) em suas trocas com o exterior.

Os dados das contas externas do primeiro quadrimestre deste ano e de 2020 foram revisados pelo BC levando em conta informações prestadas pelas empresas em pesquisa anual sobre capitais brasileiros no exterior.

A revisão elevou em US$ 3,6 bilhões o déficit em transações correntes apurado de janeiro a maio, enquanto o IDP sofreu acréscimo de US$ 3 bilhões.

Já o fluxo de IDP de todo o ano de 2020 aumentou em US$ 10,5 bilhões, para US$ 44,7 bilhões, enquanto o déficit em transações correntes foi elevado em US$ 1,8 bilhão, para US$ 24,1 bilhões.

FOLHA DE S. PAULO

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