Empregadores dos sonhos para jovens e gestores

As empresas que enchem os olhos dos jovens universitários, recém-formados e profissionais do mercado ainda são as mais longevas. É o que mostra a 20ª edição da pesquisa Carreira dos Sonhos, realizada pelo Grupo Cia de Talentos. Entre as escolhidas por 98,3 mil respondentes este ano estão Google, Bradesc o, Ambev, Itaú, Nestlé, Natura, Nubank, Vale, Globo e Bayer. O estudo, obtido com exclusividade pelo Valor, ouviu jovens de 17 a 26 anos, estudantes ou recém-formados, no mercado de trabalho ou não (78,6 mil pessoas), profissionais de média gestão, como coordenadores e gerentes (12,7 mil), e alta liderança (6,8 mil).

Sobre as dez empresas mais reconhecidas, Danilca Galdini, head da área de insights e pesquisa do Grupo Cia de Talentos afirma que as escolhas, feitas espontaneamente, sem sugestão de nomes, levam em conta critérios como possibilidade de desenvolvimento, poder “fazer o que gosta”, boa imagem no mercado, segmento de atuação e capacidade de inovação. “As pessoas estão olhando as possíveis empregadoras com o olhar de um consumidor”, explica. Elas acreditam que podem confiar nessas companhias e que elas não vão fechar as portas amanhã, diz. “O apelo de organizações ligadas à https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg é forte”, explica Danilca em referência a marcas como Google, Nubank e Globo. Para boa parte dos entrevistados (47%), a fonte de informação sobre as corporações mais desejadas são as redes sociais e o site institucional, antes de palestras e eventos (40%), produtos e serviços (39%) ou alguém que trabalha ou trabalhou nelas (38%).

Na visão da especialista, o levantamento também reflete a expectativa dos entrevistados em construir uma vida profissional significativa, em que o trabalho seja fonte de felicidade, de aprendizagem e integração social. A longevidade das corporações citadas também parece ter um peso extra nas escolhas do público. A pesquisa levantou também dados sobre saúde mental e senso de pertencimento. É a primeira vez, desde a primeira edição da pesquisa, em 2002, que a Cia de Talentos analisa os dois temas com profundidade. De acordo com os pesquisadores, senso de pertencimento é quando um funcionário pode ser “ele mesmo” na empresa, expressando livremente preocupações e opiniões, sem receio de ser repreendido. O senso de pertencimento no levantamento foi considerado baixo e a saúde mental apontada como crítica pela maioria dos entrevistados.

“O sentimento de pertencimento é importante no ambiente corporativo porque apoia a construção de uma cultura inclusiva, com um maior engajamento e aprendizado organizacional”, afirma Danilca. A pesquisa mostra que há uma parcela de pessoas que se sente isolada no trabalho. Grande parte dos jovens (48%) e metade dos profissionais de média gestão (50%) que participaram da pesquisa afirmam ter um senso de pertencimento baixo ou neutro. Além disso, poucos podem expressar, nas organizações onde atuam, suas opiniões: 31% entre os jovens e 27% entre os gerentes. Um dos motivos que os leva a imaginar como seria trabalhar em uma das dez empresas dos sonhos citadas no levantamento. “Os empregadores, os departamentos de RH também devem observar melhor a saúde mental do quadro”, destaca Danilca. Ela afirma que problemas ligados à saúde mental já eram observados entre os profissionais empregados antes da pandemia chegar. “Agora, a crise sanitária traz uma impressão de definhamento e intensifica sensações antigas”, diz.

Embora a maioria dos participantes (68% entre os jovens) tenha dado notas 4 e 5 para a qualidade da saúde mental (em uma escala de 1 a 5), muitos tiveram ansiedade (84%), estresse agudo ou burnout (45%), depressão (30%) e transtorno alimentar (20%). Em comparação aos jovens, a sensação de estresse cresce entre gerentes (58%) e na alta cúpula (53%). A depressão foi mencionada por 30% dos gerentes e 36% da alta liderança, que inclui de gerentes seniores a presidentes. Chamam a atenção os dados relativos à ansiedade, preocupação e cansaço entre os jovens, que aparecem mais graves do que no levantamento feito em 2019, afirma Danilca. Para se ter uma ideia, a parcela de jovens que sente ansiedade passou de 52% para 71%, o grupo que reportou preocupação foi de 46% para 71%, enquanto os mais cansados saíram de 52% para 59% do total. Já os entrevistados que alegam apatia cresceram de 29% para 43% no mesmo período.

Para efeito de comparação, entre as empresas listadas na pesquisa de 2013 que também aparecem no ranking de 2021 estão: Google (que estava na 2ª posição, hoje em 1º), Itaú (3º e 4º), Vale (4º e 8º), Nestlé (6º e 5º) e Ambev (8º e 3º). Este ano, a Bayer estreou entre as dez mais votadas. A coleta on-line de dados da pesquisa, que completa 20 anos em 2021, aconteceu entre janeiro e março, em todo o Brasil, com predominância de moradores do Sudeste (50%), Nordeste (18%) e Sul (16%), antes do Centro-Oeste (9%) e Norte (6%). Também foram ouvidas pessoas que se declaram negras (43%), LGBTQIA+ (16%) e com alguma deficiência (1,4%). Hoje, às 10h, os resultados da pesquisa serão anunciados em uma transmissão ao vivo pelo YouTube e na página da Cia de Talentos no LinkedIn.

VALOR ECONÔMICO

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