As ações da Petrobrás começaram a semana com queda de 20%, puxando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que recua mais 5%, e também os papéis de outras estatais, como Eletrobrás e Banco do Brasil. A Petrobrás perdeu R$ 85,7 bilhões em valor de mercado só na primeira hora da sessão desta segunda. Na sexta, a perda de valor já havia sido de R$ 28,2 bilhões, para R$ 365,6 bilhões.
A forte queda é uma reação do mercado financeiro à interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da petroleira. Na sexta-feira, 19, ele indicou o general e ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, para assumir a presidência da Petrobrás e um assento no conselho de administração da estatal.
Às 11h39, as ações ON da Petrobrás tinham queda de 20,04% e as PN, de 19,14%. Eletrobrás ON caía 6,39% e as ações do Banco do Brasil recuavam 10,88%. O Ibovespa registrava perdas de 4,98%. O dólar, em alta desde a abertura dos negócios, avançava 2,45%, cotado a R$ 5,5176.
Na Bolsa de Nova York, o American Depositary Receipts (ADR) da Petrobrás, recibos de ações negociadas por lá, despencava mais de 16% no pré-mercado.
Vários bancos e casas de investimento cortaram a recomendação dos papéis da Petrobrás, apontando os riscos à política de preços da empresa pode com a mudança na presidência e também a nebulosidade que isso traz para outras iniciativas da empresa, como a venda de ativos não essenciais e a alocação de capital no pré-sal, considerado mais rentável.
Para membros do conselho de administração da Petrobrás, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.
O mercado também acompanha novas mudanças prometidas por Bolsonaro. No sábado, ele disse que fará trocas no governo envolvendo o primeiro escalão. “Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para… E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão”, disse a apoiadores. “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, completou.
O ESTADO DE S. PAULO