Valor Econômico – 28/01/2022 –
Embora seja obviamente positiva a queda na taxa de desemprego no trimestre móvel até novembro, mostrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, o economista e estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destaca que há pontos positivos e negativos nos dados divulgados hoje.
Do lado positivo, Cruz destaca a queda da população desocupada para 12,4 milhões. “Ainda é um patamar alto, mas a queda é positiva. A população fora da força de trabalho, os desalentados, está caindo também. Os dados realmente apontam melhora e isso vai em linha com a reabertura [da economia]. Setores que ficaram praticamente parados durante boa parte da pandemia, como o de eventos, voltou. Tem parte do mercado de trabalho que se recuperou de forma definitiva”, disse.
Por outro lado, o economista chama a atenção para a qualidade ruim dos empregos que estão levando a taxa para baixo.
“A taxa de informalidade ainda é alta, de 40% da população. Isso não é um nível para desprezar. Mostra uma precariedade do emprego no Brasil”, comentou Cruz. “Outro ponto que chama a atenção de forma mais negativa é que o IBGE destaca que o rendimento real habitual foi o menor da série histórica, de R$ 2.444. Caiu 4,5% frente ao trimestre anterior e 11,4% na comparação anual. Tem alguns pontos de interpretação para esse nível. O primeiro, a inflação muito alta. O segundo, como a taxa de desemprego estava num patamar muito elevado, há muitos relatos de pessoas aceitando ganhar menos. O poder de barganha foi para o empregador”, acrescenta o economista da RB Investimentos.