Termômetro da atividade econômica no país, o trabalho temporário registrou em 2020 um aumento de 34,8% no número de contratações em comparação com o ano anterior, o que corresponde a mais de 2 milhões de vagas preenchidas. Os dados são da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), que confirma tendência de alta também nos primeiros meses de 2021: em fevereiro, 301.460 postos de trabalho foram ocupados, o que corresponde a uma oferta 18,7% maior do que igual período do ano passado. Deste total, 66.321 mil oportunidades foram convertidas em empregos permanentes. Segundo Marcos Abreu, presidente da associação, uma “expectativa cautelosa permite projetar um crescimento da ordem de 25% até o final de 2021”. Fechando o primeiro trimestre, a Asserttem estima que 805 mil novos postos de trabalho tenham sido abertos, parte deles para atender as demandas da Páscoa, quando a indústria de chocolate, comércio e serviços abriram, juntos, 16.380 vagas temporárias, uma alta de 31% com relação ao ano passado. Os segmentos da indústria com demanda aquecida ao longo desse período foram: alimentos, farmacêutica, embalagens, metalúrgica, mineração, automobilística, agronegócio e óleo e gás.
Para o presidente da Assertem, os números consolidados apontam que, “apesar da pandemia, começa a haver um pouco mais de confiança na indústria e no comércio e que eles vão continuar operando com prudência”, recorrendo à modalidade regulamentada pela Lei Federal 6.019/74 e pelo Decreto 10.060/2019. “O trabalho temporário veio para ficar. É uma adequação dos novos tempos, para muito além da pandemia e das inseguranças que ela gera.”
A taxa média de efetivação, que no final de 2020 chegou a 22%, foi cerca de sete pontos percentuais acima de outros períodos. Em algumas regiões do país, a mão de obra temporária chega a faltar mesmo na vigência da crise sanitária: “São Paulo e Rio de Janeiro têm carência de profissionais nas áreas TI, logística e saúde; cidades como Cascavel (PR), Sorriso (MT) e Campo Grande (MS) viram a força de trabalho se deslocar para o campo em detrimento da construção civil”. Na Luandre Soluções em Recursos Humanos, o cenário se repete. “Aqui, neste início de ano, registramos aumento de 106% do número de vagas temporárias em comparação com os primeiros meses de 2020, o que corresponde a cerca de 2.400 postos”, diz Gabriela Mative, superintendente de seleção. Ao todo, a empresa conta, atualmente, com 1.555 oportunidades de trabalho em todo o país. Em alta, as ofertas para enfermeiros, médicos e técnicos na área de saúde (aumento de 225%), para repositores de produtos e separadores de mercadoria na de logística (132%) e para trabalhadores do varejo (130%). E como perspectiva, um histórico de efetivação na Luandre de 40%, segundo a superintendente.
Para Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup, consultoria mundial de serviços de gestão de pessoas, o trabalho temporário ainda deverá ter um bom fôlego no pós-pandemia: “A procura deve continuar, pois ainda teremos períodos de incerteza, durante os quais a recuperação econômica se dará em momentos diferentes para setores distintos”, explica. Pereira afirmou também que, internamente, o ManpowerGroup, registrou um aumento de 60% no número de vagas temporárias desde o início da crise sanitária, em especial em “toda a cadeia relacionada ao e-commerce, desde as lojas que contam com sites de venda on-line, até a parte logística e de entrega”. Alimentação e saúde também têm bom desempenho na empresa.
VALOR ECONÔMICO