Burnout no Brasil afeta mais mulheres e pessoas não-binárias, diz estudo

Pesquisa revela que grupos minorizados sofrem com a exclusão no ambiente de trabalho, o que gera mais pressão e estresse
Por Fernanda Gonçalves, Para o Valor

Uma pesquisa realizada com 188 mil funcionários de 419 empresas brasileiras revelou que os índices de estresse excessivo no ambiente de trabalho e o burnout são maiores entre mulheres e pessoas não-binárias. O estudo FEEx – FIA Employee Experience foi feito no ano passado e obtido com exclusividade pelo Valor.

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Segundo o levantamento, três em cada dez profissionais estão sofrendo com estresse excessivo ou burnout. No entanto, ao comparar os gêneros, as mulheres apresentam 12% a mais de estresse excessivo do que os homens, e 73% mais casos de burnout. Já as pessoas não-binárias relatam 71% mais esgotamento mental do que a amostra total de participantes.

De acordo com Lina Nakata, responsável pelo estudo, pessoas de grupos minorizados sentem mais dificuldade de serem quem realmente são e sofrem com a exclusão no ambiente de trabalho. Por isso, tendem a se desgastar nas relações com a organização e com outras pessoas, o que resulta em maiores níveis de estresse e pressão. “Além disso, as mulheres – em relação aos homens, principalmente – costumam ter mais autoconhecimento sobre à saúde em geral, reconhecendo mais que estão enfrentando problemas”, explica.

Segundo pesquisa, sobrecarga de trabalho é a principal razão que leva os profissionais ao estresse excessivo e ao esgotamento mental — Foto: Pexels
Segundo pesquisa, sobrecarga de trabalho é a principal razão que leva os profissionais ao estresse excessivo e ao esgotamento mental — Foto: Pexels

Ao serem questionados pelos motivos do estresse, 10% das mulheres e 7% dos homens apontaram a sobrecarga de trabalho, sendo 43% mais intenso para elas do que para eles. Ao mesmo tempo, a pesquisa apontou que os homens se estressam mais por terem uma remuneração baixa, enquanto as mulheres entendem que o maior fator estressante seja o convívio com os colegas de trabalho.

Para ajudar a resolver a questão, Nakata acredita que as empresas devem promover mais ações de inclusão, como capacitar gestores a praticarem a escuta ativa, além de acolher as pessoas, independentemente do seu gênero. “Os líderes são, na maioria, homens, e acabam se aproximando de forma inconsciente de quem é mais parecido. Então, é necessário criar essa prática de se esforçar para interagir e entender todos os membros da equipe”, defende.

Ela recomenda que os profissionais se atentem aos próprios comportamentos e busquem o autoconhecimento.
“Se ouve de colegas e familiares que algo mudou ou que você está se irritando mais facilmente, é um sinal inicial para que o assunto seja levado adiante, seja com apoio médico ou com os mecanismos que a empresa possa oferecer, como sessões de terapia, palestras sobre saúde mental e atendimentos”, alerta.

“E, claro, uma conversa aberta com a liderança também é importante para evitar o burnout. Algum nível saudável de estresse é positivo e necessário para a boa produtividade, mas é preciso entender e balancear como está a rotina de trabalho, o volume de atividades e as responsabilidades”, completa.

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/01/27/burnout-no-brasil-afeta-mais-mulheres-e-pessoas-nao-binarias-diz-estudo.ghtml

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