Brasileiros querem trabalhar em empresas sustentáveis

Pesquisa indica que 48% recusariam um emprego não alinhado a valores sociais e ambientais
Por Jacílio Saraiva, Para O Valor

Metade dos profissionais brasileiros (50%) deixaria o emprego se não nutrisse um sentimento de pertencimento à empresa e quase a mesma parcela (48%) recusaria uma posição não alinhada a valores sociais e ambientais.

Os dados, obtidos com exclusividade pelo Valor, estão na nova edição do Workmonitor, estudo global que a consultoria em recursos humanos Randstad realiza há 20 anos. O levantamento atual ouviu 35 mil profissionais, de 18 a 67 anos, empregados ou não, em 34 países.

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“A pesquisa constata que os profissionais, mais do que nunca, desejam fazer parte de organizações que promovam um ambiente de trabalho inclusivo e apresentem responsabilidade social e ambiental claras”, afirma Fábio Battaglia, CEO da Randstad Brasil. “Com a maior conscientização sobre questões ambientais, os trabalhadores querem que as empresas sejam um reflexo das causas em que acreditam.”

Na comparação global, os brasileiros valorizam mais os propósitos do empregador (88%) do que pares internacionais (77%) e consideram mais importantes os objetivos da companhia, no que se refere à sustentabilidade, diversidade e transparência (77,5%), do que o resto do mundo (73%).

Quase metade dos profissionais no Brasil (48%) não aceitaria um emprego que não estivesse sintonizado com valores sociais e ambientais, enquanto globalmente esse resultado é de 42%”, complementa Battaglia. Na prática, continua o consultor, o ESG (práticas ambientais, sociais e de governança, do inglês) passou a ser um pilar essencial para corporações que querem se tornar competitivas no mercado de trabalho.

O estudo também mostrou que a estabilidade e a flexibilidade no emprego são ativos caros para a mão de obra. “É quase uma unanimidade entre os brasileiros que o trabalho é importante [95%], índice muito superior ao global [72%]”, afirma. Mas a pandemia fez com que as pessoas não abrissem mão da maleabilidade nos expedientes, explica.

Em comparação à média global, os talentos locais declaram a importância da flexibilidade em relação ao horário (92%) e local de trabalho (87%), índices acima dos 83% e 71%, respectivamente, registrados no resto do mundo.

Dados do Workmonitor indicam que mais de um terço dos brasileiros (31%) já pediu demissão porque a direção não oferecia flexibilidade suficiente (27% na taxa global) e 53% deixariam um emprego se fossem impedidos de aproveitar a vida (48% no mundo).

“Chamou a atenção a busca por estabilidade, apontada por 96% dos brasileiros e com 92% de média global, especialmente após os movimentos recentes de ‘great resignation’ [grande renúncia] e ‘quiet quitting’ [desistência silenciosa]”, destaca. “Isso mostra que os executivos estão atentos a eventos macroeconômicos ou crises que possam impactar o mercado de trabalho.”

Depois de estudar os números do relatório, a orientação de Battaglia para as diretorias é ampliar os canais de escuta com as equipes. “A escassez de currículos persiste e as organizações devem, continuamente, monitorar as expectativas dos empregados e atuar para reter e atrair talentos”, orienta. “Propiciar um ambiente inclusivo, dar espaço à flexibilidade e engajar pelo alinhamento de propósitos e valores gera senso de pertencimento, aumento da produtividade e fidelidade dos funcionários, que impulsionarão a marca empregadora da companhia.”

Veja, a seguir, as principais percepções dos brasileiros quando o assunto é ESG:

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/01/20/brasileiros-querem-trabalhar-em-empresas-sustentaveis.ghtml

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