O Estado de S.Paulo -05/12/2021
Chefe da assessoria de assuntos estratégicos do Ministério da Economia, Daniella Marques, que acompanha Paulo Guedes desde o início do governo, vai assumir o comando da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade. Sua primeira missão será lançar o monitor de investimentos.
Será um indicador que acompanhará o andamento de R$ 608 bilhões em investimentos já contratados, entre 2019 e 2021, em 121 projetos ligados a leilões feitos pelo governo federal. Pelos cálculos da equipe econômica, cerca de 30% desses investimentos já estão executados e o restante deverá ser feito no prazo de até oito anos. Para 2022, estão programados leilões de 123 projetos com outros R$ 311,3 bilhões de investimentos programados. Além disso, os Emirados Árabes anunciaram que vão investir US$ 10 bilhões a mais no Brasil nos próximos anos, além dos US$ 5 bilhões já prometidos.
A nova previsão do Ministério da Economia é receber R$ 31,7 bilhões em concessões em 2022, volume bem maior do que os R$ 5,1 bilhões projetados no projeto de Orçamento enviado ao Congresso, o que ajuda a melhorar a previsão de resultado das contas públicas no ano que vem.
O ministro aposta no andamento desses investimentos para evitar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro vai buscar a reeleição. Guedes tem contestado as previsões pessimistas de economistas de que a economia vai entrar em recessão em 2022, ano eleitoral, e vem reforçando que a taxa de investimento em 2021 será a maior desde 2014, próxima de 20% do PIB. O crescimento e o aumento do emprego dependerão da evolução desses investimentos.
Segundo apurou o Estadão, há uma leitura na área econômica do governo de que o crescimento do Brasil será maior do que os analistas apontam nas projeções, mas a inflação também cairá menos do que as estimativas apontam. Em reuniões com investidores, em Brasília, Guedes tem repetido que os analistas vão errar de novo as projeções de crescimento para o ano que vem, quando apontam que o PIB brasileiro será zero em 2022.
Braço direito e ex-sócia de Guedes, Daniella Marques substituirá Carlos Da Costa, designado pelo ministro Guedes como adido comercial do Ministério da Economia em Washington. Além da substituição de Da Costa, Guedes deverá contar com um político para comandar a articulação política com o Congresso. Filiado ao Progressista, Alexandre Baldy (GO), ex-secretário do governador de São Paulo, João Doria, em São Paulo, deverá assumir o cargo de assessor de Relações Institucionais.
Apesar de ser ano eleitoral, a equipe econômica ainda aposta que dará para aprovar projetos da agenda econômica no primeiro semestre e fazer tocar as privatizações.
O ministro também anunciará a troca de comando na Receita Federal. Sai José Tostes, que será adido tributária na OCDE, em Paris, e entra o auditor fiscal da Receita Julio Cesar Vieira Gomes, que atua na delegacia de julgamento (DRJ) do Rio de Janeiro, como revelou o Estadão na sexta-feira. O atual secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, assumirá a secretaria Especial de Estudos Econômicos (S3E), que abarcará o Ipea e o IBGE.