Alimentos e transportes levam inflação de novembro ao maior patamar em 5 anos

Puxado pelos setores de alimentos e transportes, o IPCA, índice oficial de inflação do País, voltou a crescer em novembro e ficou acima do esperado pelo mercado. A alta foi de 0,89%, ante 0,86% em outubro. É o resultado mais alto para o mês desde 2015, quando ficou em 1,01%.

Com isso, o acumulado em 12 meses ficou em 4,31% e ultrapassou o centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4%, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de janeiro a novembro, o índice está em 3,13%. Os analistas consultados pelo Projeções Broadcast previam que o IPCA ficaria em 0,78%, na mediana, e as previsões mais altas apontavam para 0,85%.

No índice do mês passado, destacam-se a alta de 2,54% do grupo alimentação e bebidas e o aumento de 1,33% do setor de transportes. Esses dois grupos responderam por 89% da inflação em novembro.

De acordo com o IBGE, a aceleração forte no grupo de alimentação aconteceu por conta de altas intensas em itens de consumo em domicílio, como carnes, que avançaram 6,54%, e batata inglesa, 29,65%. Ambos já haviam ajudado a puxar a inflação de outubro (4,25% e 17,01% respectivamente). Outros produtos que cresceram de preço neste mês foram: tomate (18,45%), arroz (6,28%) e óleo de soja (9,24%). Alimentação fora de casa, embora em menor medida, também cresceu: 0,70% para refeições, 1,33% para cervejas e 1,05% para refrigerantes e água mineral.

“A aceleração (do IPCA) nos últimos meses foi muito em função dos preços dos alimentos”, disse Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Segundo ele, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumento de preços. O índice de difusão dos produtos alimentícios subiu de 73% em outubro para 80% em novembro.

“Então 80% dos subitens do grupo alimentação e bebidas tiveram variações positivas. A inflação está mais espalhada pelos alimentos”, apontou Kislanov. Mas ele acredita que essa pressão deve ser reduzida daqui para a frente. “Com a redução do dólar, a melhora do cenário econômico, uma eventual retirada do auxílio emergencial, pode ser que tenha arrefecimento dos preços alimentícios em particular”, disse.

Já na área de transportes, a maior contribuição para a inflação de novembro veio da gasolina, com 1,64% de avanço e participação de 0,08 ponto porcentual na medição. “Lembrando que a gasolina é o item de maior peso do IPCA”, ressaltou Kislanov sobre a metodologia de cálculo da inflação. Além disso, houve forte alta no etanol (9,23%, com peso de 0,06 ponto porcentual). Automóveis também registraram alta: 1,05% para novos e 1,25% para usados.

O ESTADO DE S. PAULO

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