Novo levantamento do Gallup em 160 países mostra que profissionais de todo o mundo estão desconectados emocionalmente de seus empregos e infelizes, e isso tem um custo para a economia mundial
Por Jacilio Saraiva, Para o Valor
Profissionais de todo o mundo estão estressados e desengajados. É o que indica o relatório anual State of the Global Workplace 2022, da empresa americana de pesquisas Gallup, que acaba de ser divulgado. De acordo com o estudo, que ouviu, em média, mil pessoas em cada um dos 160 países analisados, inclusive o Brasil, 60% dos respondentes se sentem emocionalmente desconectados dos seus empregos, 44% se consideram estressados, enquanto 19% descrevem o tempo no escritório como “extremamente infeliz”.
Os reflexos da falta de engajamento dos profissionais têm um impacto direto nas economias dos países, segundo análise da Gallup. A queda na produtividade, na retenção de talentos e na lucratividade das companhias custa à economia mundial US$ 7,8 trilhões ao ano ou o equivalente a 11% do PIB global, garante a empresa.
“A ideia de que ‘o trabalho é uma m…’ está em toda parte”, resume Jon Clifton, CEO da Gallup, na apresentação do levantamento. A pandemia, as longas horas de expediente e experiências ruins no ambiente corporativo são apontadas como as principais razões do cenário apontado pelo relatório, com dados coletados entre 2021 e março de 2022.
No recorte sobre América Latina e Caribe, que inclui 19 países como Brasil, Argentina e Chile, foi detectada a taxa mais alta (53%) de “preocupações diárias” no horário de trabalho, ante 40% do resultado global. Já o índice de engajamento marcou 23%, dois pontos acima do placar geral (21%).
Clifton destaca que outro estudo sobre burnout feito pela multinacional de pesquisas descobriu que a maior fonte do esgotamento mental nos ambientes corporativos é o “tratamento injusto”, seguida por uma carga incontrolável de atividades, falta de comunicação clara e de apoio das lideranças, além de uma “pressão irracional” nas entregas.
“Todas essas causas têm uma coisa em comum: o chefe”, afirma o CEO. “Pegue um ruim e está quase garantido que você vai odiar o seu trabalho.”
Para os pesquisadores, os resultados indicam que os empregadores devem repensar as ações de bem-estar das equipes, especialmente depois que a crise sanitária expôs mais vulnerabilidades físicas e emocionais. “Gestores de todos os lugares querem que seus times prosperem. E ajudar esses profissionais começa por ouvi-los”, diz Clifton.