A crise econômica trazida pela pandemia de covid-19 fez o endividamento das famílias bater novo recorde no Brasil. Dados divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo Banco Central mostram que, em abril, o endividamento das famílias com o sistema financeiro chegou aos 58,5%. Esse é o maior porcentual da série histórica, iniciada em janeiro de 2005.
O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas bancárias dividido pela renda das famílias no período de 12 meses. Como incorpora dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE, o porcentual tem certa defasagem. Por isso o resultado divulgado agora é de abril.
Se forem descontadas as dívidas imobiliárias – que geralmente abarcam um montante considerável da renda das famílias – ainda assim o endividamento ficou em níveis elevados, de 36% em abril. O porcentual também é recorde para a série histórica.
Em função da pandemia, muitas famílias brasileiras têm tido dificuldades para fechar as contas. Uma consequência disso é a procura maior por crédito, com consequente aumento do endividamento. Para se ter uma ideia, em abril do ano passado – no segundo mês da pandemia – o endividamento total das famílias estava em 49,2%, um porcentual 9,3 pontos porcentuais menor que o visto em abril deste ano.
Os dados do BC mostram ainda dificuldades para as famílias pagarem as obrigações mensais dos empréstimos e financiamentos bancários. O comprometimento da renda mensal com essas dívidas ficou em 30,5% em abril – mesmo porcentual registrado desde fevereiro deste ano. Em abril do ano passado, estava em 30,4%, mas antes da pandemia do novo coronavírus girava abaixo dos 30%.
Se o financiamento imobiliário for excluído da conta, o comprometimento da renda ficou em 28,0% em abril, ante 27,9% em abril do ano passado.
O ESTADO DE S. PAULO