A equipe econômica projeta crescimento econômico e inflação maiores para este ano, se alinhando às estimativas de mercado. Segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter expansão de 5,3% neste ano, como antecipado pelo Valor. A previsão anterior, divulgada em maio, era de alta de 3,5%. Mesmo com esse ajuste, a projeção se manteve estável, girando na casa de 2,5%, para o período entre 2022 e 2025. O maior crescimento em 2021, no entanto, está acompanhado por uma alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja projeção saltou de 5,05% para 5,9%, superando a meta de inflação definida pelo Banco Central (BC), que é de 3,75% ao ano, podendo variar 1,5 ponto para baixo (2,25%) ou para cima (5,25%). A SPE destacou que, apesar de a projeção estar acima do teto, a expectativa de mercado no médio prazo encontra-se ancorada e a projeção oficial para o IPCA de 2022, de 3,5%, converge para o centro da meta.
O aumento da inflação, conforme o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, está sendo um fenômeno no mundo e, por isso, a necessidade de aprovação de reformas pró-mercado e continuidade da agenda de consolidação fiscal. Além disso, frisou que as políticas fiscal e monetária seguem trabalhando juntas para que a inflação entre numa trajetória de queda. Assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem dizendo, Sachsida reforçou que a economia brasileira teve uma recuperação em V e ressaltou que isso “não é obra do acaso, mas resultado de firme orientação de política econômica”. Para ele, a vacinação em massa continua sendo a melhor política econômica.
O secretário afirmou que as projeções econômicas feitas pelo governo no ano passado se mostraram corretas e que, agora, os dados públicos sugerem um crescimento econômico acima de 5% neste ano. “Uma coisa são os dados que temos até o momento, outra é o futuro, o futuro é difícil. Se mudanças estruturais ocorrerem, é evidente que faremos os devidos reajustes em nossas projeções”, pontuou. Ele reforçou o discurso de que as reformas têm efeito no curto prazo de ancorar expectativas e com o tempo vão dando resultados. Ontem, o Banco Central (BC) divulgou que o IBC-BR teve queda de 0,43% em maio ante abril, com ajuste. Sobre o assunto, Sachsida disse que abril foi um mês difícil, com a pandemia atingindo patamares muito elevados. “Ainda assim, expectativas de mercado continuaram elevando a estimativa de PIB. Temos que continuar trabalhando para endereçar consequências da pandemia.”
A SPE ainda destacou que há riscos ao desempenho da economia, citando o risco hidrológico, recrudescimento da pandemia de covid-19, paralisação da agenda de reformas e possível ajuste monetário nos países desenvolvidos. “Os efeitos negativos da pandemia vão marcar não só o Brasil, mas todo o mundo por várias gerações”, explicou. Sachsida disse que é equivocada a visão de que o país vai aumentar os gastos no ano que vem, ano eleitoral. A folga no teto de gasto, que estaria por volta dos R$ 25 bilhões conforme cálculos do governo, dependerá da evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que corrige as despesas obrigatórias. A estimativa para o INPC neste ano saltou de 5,05% para 6,2%. O índice corrige as despesas obrigatórias que estão sujeitas ao teto de gasto, e o IPCA, o próprio teto. Sachsida disse que o governo gastará em 2022 exatamente o que gastou em neste ano, corrigindo o teto. “O que pode mudar é a alocação. Se fizermos nosso dever de casa, INPC vai diminuir e teremos mais liberdade para escolher alocação do gasto.”
VALOR ECONÔMICO