Após a Volkswagen anunciar na semana passada a paralisação das operações no país a partir de amanhã por conta da piora da pandemia, as montadoras suecas Volvo e Scania anunciaram ontem medidas de redução da operação em função do mesmo motivo. A Scania vai parar a produção no ABC Paulista de sexta-feira até 5 de abril. Já a Volvo irá diminuir em 70% a produção de caminhões na unidade de Curitiba a partir de hoje até o fim do mês. “O motivo é o alto nível de instabilidade na cadeia – global e local – de abastecimento de peças, principalmente semicondutores, combinado com o agravamento da pandemia”, informou a Volvo.
A medida tem impacto sobre cerca de 2 mil empregados da produção de caminhões. “No entanto, parte do efetivo da fábrica seguirá em atividade, incluindo a produção de ônibus, parte da produção de caminhões, o serviço de atendimento emergencial a veículos Volvo (VOAR), bem como a distribuição de peças para as concessionárias e distribuidores da marca.
Segundo a montadora, os funcionários do administrativo, em torno de 1,5 mil pessoas, continuam trabalhando em regime de home office, por tempo indeterminado. Ao todo, a Volvo tem 3,7 mil empregados em Curitiba. Já a Scania seguiu a Volkswagen e vai parar a produção em São Bernardo do Campo. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da região, a decisão ocorreu após negociação com a entidade e a parada se deve ao agravamento da pandemia e o consequente colapso no sistema de saúde de todo o país. Em nota, a Scania informou que a decisão foi tomada em virtude de combinação de fatores, entre eles o apoio às autoridades para diminuir o número de pessoas circulando durante o período de antecipação dos feriados na região e as dificuldades na estabilidade da cadeia de suprimentos.
“As concessionárias Scania e suas respectivas oficinas permanecem em funcionamento, com exceção daquelas localizadas em estados ou cidades em que há orientação de encerramento das atividades pelo poder público. As casas que continuam em atendimento permanecem adotando rígidos protocolos de higiene e segurança”, informou a Scania. A General Motors (GM) informou que não deve mudar a programação de produção na unidade em São Caetano do Sul (SP). Segundo a montadora, os protocolos de segurança têm se provado eficientes para prevenção do contágio e pesquisas internas mostram que os colaboradores se sentem mais seguros nas fábricas do que em suas próprias casas e comunidades.
“Portanto, não há nenhum motivo que nos leve a alterar a programação de produção neste momento. Seguimos apoiando medidas de combate ao vírus e focados em garantir um ambiente seguro para nossos colaboradores”, informou a GM. A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) informou que a produção também seguirá normal em Resende (RJ). Em nota, a montadora informou que acompanha os desdobramentos da pandemia e vai seguir todas as diretrizes das autoridades locais. “A produção em Resende tem rígidos protocolos de segurança, e seus colaboradores participam de consecutivas campanhas de conscientização”, afirmou a empresa. A Mercedes-Benz do Brasil também informou que acompanha os desdobramentos da pandemia e das decisões governamentais para tomar uma decisão mas que, por enquanto, a produção segue no mesmo ritmo. A Stellantis, grupo que reúne as marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, informou que não há definição sobre alterações na produção.
A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que acompanha a nova fase da pandemia e mantém reuniões permanentes com sindicatos, autoridades municipais, estaduais e federais. “No que se refere à possibilidade de paralisações espontâneas nas fábricas, a decisão está a cargo de cada montadora, sempre em avaliação da situação sanitária de cada região do país, e em diálogo com os respectivos sindicatos”, informou.
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