Em sua primeira entrevista exclusiva desde que deixou o comando da Câmara, Rodrigo Maia não poupou críticas ao presidente do DEM, ACM Neto. Diz ter demorado a perceber que fora traído por um amigo de 20 anos, que levou o partido à neutralidade em vez de fechar apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O movimento favoreceu o candidato governista e vencedor da disputa, Arthur Lira (PP-AL). “Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, disse Maia ao Valor.
O ex-presidente da Câmara afirmou que se opor a uma posição é legítimo, mas falar uma coisa e fazer outra, não. “Falta caráter, né”, disse Maia, referindo-se a ACM Neto e ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Em sua avaliação, o movimento conduzido pelo presidente do DEM, de aproximar o partido ao governo Bolsonaro, faz com que a legenda retome sua origem de direita ou extrema-direita, voltando a ser o que era na década de 1980. Para Maia, isso afastará o apresentador Luciano Huck da sigla. “Se ele decidisse ser candidato [à Presidência], estava 90% resolvido que se filiaria ao DEM.” Agora, Maia não descarta a hipótese de Bolsonaro acabar se filiando ao partido. O deputado não respondeu para qual partido pretende ir e disse que pedirá a sua desfiliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem pressa ou briga. “Estarei em um partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro.” Ele acrescentou que terá tempo de construir um projeto para 2022. “Agora, a minha necessidade de informar que não estou mais no DEM é muito importante.”
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