Com queda no consumo de alimentos, vendas no comércio ficam estáveis em novembro

As vendas no varejo ficaram estáveis em novembro, com ligeira queda de 0,1%, na comparação com outubro, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. O resultado interrompe uma série de seis altas seguidas e confirma que o setor perdeu fôlego nos últimos meses.

A projeção de analistas ouvidos pela Reuters era de alta de 0,4%.

A queda no consumo de alimentos foi a principal responsável por frear a sequência de altas do setor, o que analistas atribuem à redução do auxílio emergencial e à alta da inflação, que corrói o poder de compra, especialmente dos mais pobres.

Das oito atividades investigadas, cinco cresceram na comparação com outubro, porém o grupo Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm peso de cerca de 45% no índice, apresentou retração de 2,2%.

— Hipermercados e supermercados são muito importantes pelo peso no varejo, por isso, a queda na receita e no volume deles explica bem o cenário de estabilidade no indicador. A inflação foi o que mais afetou este resultado. A redução do auxílio emergencial teve impacto também e, embora menor, ajudou a reduzir o consumo — esclarece o gerente da PMC, Cristiano Santos.

Ele completa: — É comum que o consumidor, quando tem uma queda de renda ou do seu poder de compra, passe a comprar menos produtos que não são essenciais e a optar por marcas mais baratas.

Outros dois segmentos que tiveram queda foram combustíveis e tecidos, os quais são justificados pelo fato de as pessoas ficarem mais em casa.

Nem Black Friday faz vendas avançarem
Nem a Black Friday, que costuma inflar o desempenho das vendas do varejo em novembro, conseguiu manter a trajetória de altas no comércio. O segmento de móveis e eletrodomésticos, que é geralmente impactado pelas promoções, ficou estável, com ligeiro recuo de 0,1% ante outubro.

Mas outros dois segmentos que costumam ser beneficiados pelas ofertas apresentaram avanços: outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,0%).

— A Black Friday ajudou a queda a não ser maior — afirma Santos.

Mesmo com a perda de fôlego, o comércio já recuperou as perdas da pandemia. No ano, acumula alta de 1,2% e, em 12 meses, de 1,3%.

Na comparação com igual mês de 2019, também houve perda de ritmo, com o varejo crescendo 3,4% em novembro, bem menos que a alta de 8,4% registrada em outubro.

Se considerado o chamado comércio varejista ampliado, que inclui, além das oito atividades de varejo, os segmentos de veículos, motos e peças e material de construção, o setor manteve expansão, embora em ritmo modesto.

Houve crescimento de 0,6% no varejo ampliado em novembro em relação a outubro, a sétima alta seguida.

Nesta semana, o IBGE divulgou também o resultado de serviços, que surpreendeu e avançou 2,6% em novembro na comparação com outubro. A indústria avançou 1,2% no penúltimo mês do ano.

O ESTADO DE S. PAULO

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