Empresas multinacionais, em sua maioria, e algumas brasileiras, integram um movimento que vem ganhando musculatura. Estudo inédito no país mapeou ações afirmativas de 23 companhias participantes da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que lança hoje o Índice de Inclusão Racial Empresarial (IIRE), desenvolvido com o DataZumbi, instituto de pesquisas da Universidade Zumbi dos Palmares. Nessas 23 empresas, 29% dos profissionais são negros, sendo 6,6% em cargos de diretoria e conselho.
Entre os critérios utilizados na avaliação estão recenseamento de funcionários, recrutamento, capacitação e ascensão profissional. As empresas mais bem avaliadas nesta primeira edição foram Vivo, Bradesco e P&G. Na média de todos os critérios, a nota foi de 5,54, em uma escala de zero a dez. “Queremos criar uma competição positiva em torno do tema”, explica Raphael Vicente, coordenador da Iniciativa Empresarial. O movimento reúne 73 companhias, com receita conjunta de R$ 1,2 trilhão e 900 mil empregados. “O que não faltam são números para ilustrar o cenário da desigualdade. É preciso criar mecanismos para estimular e monitorar os avanços nas empresas”, diz.
Além dos resultados gerais do Índice do Inclusão, com periodicidade anual, as empresas participantes recebem relatórios sobre suas ações. No primeiro ano do estudo, diz Vicente, ficou claro que a promoção de colaboradores negros ainda é um desafio, pela falta de informações sobre o perfil da força de trabalho, por problemas de recrutamento e pela inexistência de programas de capacitação. Niva Ribeiro, vice-presidente de pessoas da Vivo, com cerca de 33 mil colaboradores, diz que funcionários negros representavam 21,4% do pessoal em 2018 e devem chegar a 26,3% em dezembro. Para isso, a companhia montou um catálogo de talentos internos e tenta garantir pelo menos um executivo negro nas etapas finais de seleção de gerentes, coordenadores e supervisores.
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