O sistema bancário brasileiro começa a passar por uma transformação nesta segunda-feira, 16, com a chegada do Pix, o meio de pagamento instantâneo do Banco Central. Após 12 dias de operação restrita, na qual alguns clientes selecionados pelas instituições financeiras puderam testar o sistema, o Pix agora está disponível para todo mundo.
O novo sistema será mais rápido e prático que as transações feitas por DOC, TED ou boleto bancário e deve transformar o modo como o consumidor paga contas à vista, transfere valores e faz compras, dispensando o uso de cédulas e de cartões. Tudo será feito pelo smartphone.
Instituições financeiras e de pagamento com mais de 500 mil contas, que incluem os principais bancos do País, serão obrigadas a oferecer a opção a seus clientes – os sistemas hoje disponíveis, como o cheque e os pagamentos com cartões de débito, continuarão existindo.
Modelos equivalentes já funcionam em outros 50 países, como China, Índia e Reino Unido.
O QUE É O PIX
O Pix é um sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central. É um meio de pagamento, assim como são os boletos, a TED, o DOC, as transferências entre contas e os cartões de pagamento (de débito ou de crédito). A diferença é que o novo sistema permite que a operação seja feita em qualquer horário e com mais rapidez.
A expectativa do Banco Central é que as operações sejam liquidadas em até 10 segundos. Isso significa que, quando um cliente pagar um restaurante durante a madrugada com o Pix, o dinheiro cairá quase instantaneamente na conta do estabelecimento
O Pix não é um aplicativo, mas um meio de pagamento que será oferecido pelos prestadores de serviço de pagamento, como bancos e fintechs, em seus diversos canais de acesso, principalmente o celular.
QUEM PODE USAR
Qualquer consumidor ou empresa que tenha conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga em instituição financeira ou de pagamento participante do Pix.
As transações podem ser feitas entre pessoas físicas, entre pessoas físicas e empresas, entre empresas e entre pessoas físicas e o poder público. O serviço poderá ser usado, por exemplo, para pagar por uma faxina em casa, pelas compras na feira, no e-commerce ou para quitar a conta de luz.
As operações serão concentradas no celular, mas também poderão ser feitas pelo internet banking (computador). Desde que seja um smartphone, não há requisitos técnicos para o modelo do celular, é preciso apenas ter conexão com a internet.
LIMITES
Os parâmetros de valores para transferências e pagamentos por meio do Pix precisarão ser os mesmos de produtos concorrentes. Se um banco estabelece limite de R$ 20 mil para a TED de um cliente, esse também será o limite para o Pix. Se um cliente tem teto de R$ 5 mil para compras com cartão de débito, esse valor será a referência para pagamentos por meio do Pix. Com isso, o Banco Central busca fomentar a concorrência entre os diferentes produtos e garantir que os bancos ofereçam o novo modelo.
CUSTO
Quem fizer pagamento ou transferência pelo Pix não terá nenhum custo. No caso de pagamentos, a lógica será semelhante à do uso do cartão de crédito ou débito: o cliente não paga nada para usar o plástico numa compra.
Nas transferências, o Pix terá uma vantagem em relação à TED e ao DOC – o custo das operações será pago pelo recebedor. Assim, quando o cliente pagar uma conta, o estabelecimento comercial poderá ter de arcar com a despesa pela transação. Isso porque a instituição financeira responsável pela transferência terá um gasto – de R$ 0,01 para cada dez transações.
COMO FUNCIONA O PIX
As transações serão feitas principalmente por QR Code e pelo uso da chamada “chave Pix” (um dado pessoal previamente cadastrado), mas também há a possibilidade de fazer o preenchimento manual dos dados.
CHAVE PIX
O cliente pode registrar CPF, CNPJ, e-mail, número do celular ou ainda uma chave aleatória (formada por números, letras e símbolos gerados aleatoriamente), que ficará vinculado a uma conta. Com essa chave será possível receber e fazer transferências e pagamentos.
O cadastro da chave não é obrigatório. No entanto, o Banco Central diz que é “altamente recomendável” para receber um Pix. Ainda que o consumidor possa receber transações apenas informando os dados da conta, essa forma não tem a mesma praticidade da chave e pode causar demora na iniciação da transação.
Os clientes pessoa física podem ter 5 chaves para cada conta da qual forem titular, enquanto os clientes pessoa jurídica podem ter 20 chaves para cada conta do qual forem titular.
Quem tem mais de uma conta em instituição financeira ou de pagamento pode incluir todas no Pix, vinculando a cada uma delas diferentes chaves. Por exemplo, o número do telefone celular pode ser vinculado à conta corrente da instituição X; o CPF, à conta poupança da instituição Y; o e-mail, à conta de pagamento da instituição Z.
Não é possível vincular a mesma chave a mais de uma conta. No entanto, é possível vincular todas as chaves (CPF, número de celular e e-mail) a uma mesma conta. Dessa forma, quando o pagador iniciar o pagamento a partir de qualquer uma dessas informações, os recursos serão disponibilizados nessa mesma conta.
COMO FAZER O CADASTRO DAS CHAVES
1 No app da instituição financeira onde tem conta, informe o dado que quer vincular ao PIX
2 Para confirmação da posse da chave, a instituição vai enviar um código por SMS para o número de celular utilizado como chave (ou para o e-mail que se quer utilizar como chave, se for o caso)
3 Insira o código enviado pelo banco e confirme por meio de sua senha, biometria ou reconhecimento facial
COMO USAR A CHAVE NO PIX
1 Acesse o app da instituição financeira onde tem conta, clique na opção do PIX e defina se será pagamento ou recebimento
2 Selecione o tipo de chave para identificar o recebedor, insira a senha da instituição financeira e confirme a operação
QR CODE
Bastante difundido em alguns países, como a China, o QR Code – o Quick Response Code, ou código de resposta rápida – vai simplificar os pagamentos. Bastará ao cliente apontar um leitor do aplicativo do banco para o QR Code gerado pelo estabelecimento comercial, por exemplo, para pagar por um serviço ou produto.
Será como pagar com cartão de débito – mas sem o cartão, sem a necessidade de digitar senha e sem a demora para que o estabelecimento receba os recursos – essa será a versão estática do QR Code.
Com a versão dinâmica, o código será gerado pelo cliente, e não pelo estabelecimento. Com o QR Code dinâmico, será possível, por exemplo, que uma pessoa gere um código a ser lido por uma catraca de metrô, que abrirá ao reconhecer o pagamento.
COMO USAR O QR CODE PARA FAZER PAGAMENTOS OU TRANSFERÊNCIAS
1 Acesse o app da instituição financeira onde tem conta, clique na opção do Pix e defina se será pagamento ou recebimento
2 Faça a leitura do QR Code. Se o valor não for informado no QR Code, insira o valor e confirme a operação por meio da senha da instituição financeira
OUTRAS POSSIBILIDADES DE PAGAMENTO PELO PIX
O Pix também poderá ser usado para pagar compras online, contas de serviços públicos, como água, luz e gás, e taxas governamentais – o governo planeja no futuro também fazer pagamentos pelo Pix, como o do Bolsa Família.
COMPRAS ONLINE
1 Acesse o aplicativo da instituição financeira onde tem conta e clique na opção do PIX
2 Depois da confirmação dos dados do recebedor, insira valor, senha do banco e confirme a operação
PAGAMENTO DE BOLETOS
1 Acesse o app da instituição financeira onde tem conta e escolha a opção do PIX
2 Faça a leitura do QR Code indicado na conta, como as de luz ou água, ou no boleto. Se o valor não for informado no QR Code, insira o valor e confirme a operação por meio da senha da instituição financeira
PAGAMENTO DE TAXAS DO GOVERNO
1 Acesse o app da instituição financeira onde tem conta e clique na opção do PIX
2 Faça a leitura do QR Code indicado na fatura. Se o valor não for informado no QR Code, insira o valor e confirme a operação por meio da senha da instituição financeira
COMO RECEBER UM PIXO cliente pessoa física também poderá receber pagamentos e transferências pelo sistema. Veja as opções:
- Gerando um QR Code, por meio do aplicativo da instituição financeira ou de pagamento onde tem conta;
- Informando ao pagador sua chave; ou
- Informando os dados completos de sua conta, que terão de inseridos manualmente pelo pagador.
Concluída a transação, o recebedor receberá em tempo real uma mensagem confirmando o crédito na conta.
O QUE MUDA NA VIDA DO CONSUMIDOR
O Pix vai facilitar os pagamentos e transferências em geral. Veja a comparação com TED, DOC e boletos.
O pagamento ou a transferência por meio do Pix também poderá ser agendado para uma determinada data futura. Por esse modelo, será possível, em tese, que um estabelecimento comercial ofereça compras parceladas “sem juros”, como um cartão de crédito. A oferta dessa modalidade, porém, é facultativa, o cliente deverá verificar se a instituição da qual é cliente oferece essa opção.
O pagador e o receber sempre vão receber um comprovante da transação pelo Pix. No caso do pagador, o comprovante deverá conter, no mínimo, o número da transação, o valor, a data/hora, a descrição da transação e as informações do destinatário (quem receberá o Pix).
O histórico das transações, assim como seus comprovantes, devem estar disponíveis no extrato da conta habilitada para fazer o Pix na instituição financeira.
ATENÇÃO AOS ERROS
Por serem quase instantâneos, os pagamentos e as transferências pelo Pix podem exigir atenção maior dos usuários. Após liquidada uma operação, eventuais devoluções somente poderão ser feitas com autorização do recebedor. Em outras palavras, um erro de transferência exigirá que o recebedor dos recursos reconheça o engano e faça o estorno.
SEGURANÇA: PIX SERÁ CENTRALIZADO NO BANCO CENTRAL
Todas as transações ocorrerão por meio de mensagens assinadas digitalmente e que trafegam de forma criptografada, em uma rede protegida e apartada da internet. Além disso, no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), componente que armazenará as informações das chaves Pix, os dados dos usuários também serão criptografados. O sistema conta com mecanismos que impedem varreduras das informações pessoais e indicadores que auxiliam na prevenção contra fraudes e lavagem de dinheiro.
Como a chave estará vinculada no DICT a uma conta específica, os recursos irão para o destino correto em uma operação do Pix, sem necessidade de informar nome completo, números da agência e da conta, além do CPF ou CNPJ.
POSSIBILIDADE DE ACESSO À CHAVE POR TERCEIROS E ROUBO DE CELULAR
Apesar de as chaves serem compostas por dados facilmente conhecidos por terceiros, como número de celular ou e-mail, o Banco Central afirma que a segurança do sistema não fica comprometida porque o pagador precisa usar métodos de autenticação que já usa hoje na sua conta corrente, como senha numérica ou identificação biométrica e facial.
Sobre a possibilidade de o celular ser roubado ou furtado, o BC explica que o aparelho não está vinculado ao uso do Pix. O que é determinante do ponto de vista de segurança é a senha para acesso ao aplicativo da instituição financeira ou de pagamento.