O papel dos espaços físicos das empresas é servir às pessoas em suas peculiaridades e necessidades. Quando essa conta fecha, todos saem ganhando, acredita especialista
Por Por Adriana Fonseca, Para o Valor
O modelo híbrido de trabalho parece ter se tornado o formato preferido das empresas no pós-pandemia. Um levantamento da consultoria Robert Half indicou que 48% das quase 400 companhias ouvidas dão preferência a esse formato, em 2022. E qual será a função do escritório no modelo híbrido?
Para Tiago Alves, CEO da Regus e Spaces, de espaços de trabalho, e autor do livro “Nem home, nem office”, lançado este ano, o modelo híbrido de trabalho traz uma nova perspectiva para os escritórios – e não apenas em termos de design e usabilidade. “Com equipes revezando entre presencial e remoto, gestores entenderam a necessidade de ressignificar o ambiente de trabalho corporativo, atribuindo um novo papel aos escritórios ou a outros espaços da sede”, diz.
Alves acredita que para o modelo híbrido funcionar, as pessoas precisam se sentir bem em ambos os ambientes. É preciso, na visão do especialista, saber aproveitar as vantagens de cada um no momento adequado e garantir a coexistência de um fluxo entre os dois lugares.
“A conquista desse equilíbrio depende, em grande parte, do empenho das lideranças de aplicar o conceito de flexibilidade na prática”, afirma. “Não basta, por exemplo, ser flexível em relação aos horários, mas exigir da equipe que estejam todos sentados na frente de determinada estação de trabalho ao mesmo tempo. O híbrido não envolve apenas liderar equipes em casa e no escritório, mas fazer a gestão de pessoas em um novo contexto social muito mais diverso.”
Em seu novo livro, Alves reforça a importância do contato humano, presencial mesmo, para a busca de melhores ideias, projetos e soluções inovadoras. Segundo ele, nada substitui a experiência da troca que existe na presença física. “É aqui que entra a função dos escritórios”, diz. “Como um importante ponto para fortalecimento da cultura das empresas.”
Nesse sentido, para um profissional, estar em casa, em home office, pode ser excelente para tarefas que exigem um maior esforço de concentração e silêncio. Já para as atividades que demandam colaboração da equipe e mais interação em busca de soluções fora da caixa, ir até o escritório é mais produtivo, afirma Alves. O mesmo vale quando as crianças estiverem em casa ou o apartamento ao lado estiver em reforma. “O papel dos escritórios é servir às pessoas em suas idiossincrasias e necessidades. Quando essa conta fecha, todos saem ganhando.”