Dados de diferentes pesquisas mostram um descompasso entre expectativas de empregadores e empregados
Por Fernanda Gonçalves, Para o Valor
Empresas como Apple, Prudential Financial e BMO Financial, nos Estados Unidos, planejam o retorno de seus funcionários ao escritório. Porém, um compilado de pesquisas feitas nos últimos meses mostram que os profissionais desejam flexibilidade no local de trabalho, e que empregadores que exigirem a volta ao escritório podem causar uma onda de demissões voluntárias de trabalhadores em busca de culturas remotas e híbridas.
O levantamento foi publicado pela plataforma Frameable, e inclui achados de diferentes estudos. Segundo uma pesquisa realizada pela McKinsey, a maioria dos trabalhadores dos EUA trabalha em modelo híbrido, sendo que 35% podem realizar suas atividades em casa em período integral e 23% cumprem expediente em casa em meio período. Quando os empregadores oferecem algum grau de trabalho remoto, 87% dos funcionários trabalham remotamente pelo menos um dia por semana, o que significa que apenas 13% rejeitam a flexibilidade. A maioria (58%) fica em casa pelo menos três dias por semana.
Ao mesmo tempo, os dados da Survey of Working Arrangements and Attitudes revelam que, ao olhar para o futuro, 31,7% dos funcionários dos EUA querem trabalhar em casa cinco dias por semana e 16% preferem jornadas em tempo integral no escritório. No entanto, 27% dos empregadores planejam não oferecer flexibilidade no local de trabalho pós-Covid e 22% devem permitir apenas um ou dois dias por semana para trabalhar em casa.
Segundo o artigo da Frameable, essa desconexão continuará a alimentar a “Grande Demissão” e a tendência recentemente discutida de quiet quitting, na qual os trabalhadores atingem níveis mínimos de produtividade. Nesse sentido, uma pesquisa da Gallup descobriu que pelo menos 50% dos trabalhadores dos EUA são desistentes silenciosos, o que é causado por empregadores que não fornecem expectativas claras de trabalho e oportunidades de aprendizado e crescimento para sua equipe, além de não demonstrarem que se importam com seus funcionários.
Conforme mostrado por dados recentes de trabalho em casa, a maioria dos funcionários deseja uma divisão de pelo menos 50/50 entre o tempo gasto trabalhando em casa e no escritório. Ainda de acordo com a publicação, os empregadores que não atenderem às necessidades de seus funcionários enfrentarão ondas de turbulência, incluindo diminuição da satisfação e produtividade dos trabalhadores, e aumento da rotatividade.