Para associações patronais, é preciso avançar no debate de propostas concretas
Daniele Madureira
SÃO PAULO
Associações empresariais ouvidas pela Folha esperam mais planos de governo e menos bate-boca no segundo turno das eleições presidenciais do Brasil.
“O primeiro turno teve muito debate fútil”, diz o engenheiro civil João Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). “Esperamos que esta segunda etapa seja marcada pela demonstração efetiva das propostas, em questões fundamentais como a garantia da saúde e da educação eficientes, o desenvolvimento da economia, com a inclusão dos mais pobres no mercado de consumo.”
Como prioridade, Martins destaca os investimentos por parte do governo. “A construção vem na esteira desse investimento, que depende de vontade política”, diz. “Com a geração de emprego e renda, vamos garantir a estabilidade da economia.”
Para Rodrigo Marinheiro, diretor de relações Institucionais e governamentais da Apas (Associação Paulista de Supermercados), já era esperada uma eleição polarizada no Estado de São Paulo, como reflexo do cenário nacional.
Mas, segundo ele, para além da disputa ideológica, é urgente aprofundar a discussão sobre regime tributário, desperdício de alimentos e o combate à “fiscalização arrecadatória” no setor supermercadista.
“São temas que sugam do setor a capacidade de gerar ainda mais empregos para os jovens entrarem no mercado de trabalho, e ainda aumentam os preços dos alimentos para toda a população”, afirmou.
A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) disse, em nota, que “o resultado das urnas mostra um país polarizado”, mas que a democracia é o “único caminho” para o crescimento. “Que o segundo turno traga um debate de ideias produtivo, de alto nível, para que ao final do processo eleitoral o país esteja unido em torno de um projeto consistente para promover o desenvolvimento sustentado do Brasil.”
Na opinião de Synesio Batista, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), há necessidade de reinventar o país para uma economia de mercado que não dependa tanto de matérias-primas, insumos e produtos do exterior.
“É hora de se fixar mais no mundo real, falar ao chão de fábrica, e menos em ideias abstratas”, afirmou.
A Feninfra (Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática) disse, em nota, esperar apoio do próximo governo para vencer os desafios do setor de telecomunicações, “essencial para o desenvolvimento de inúmeros segmentos da economia e grande gerador de inovação, empregos e investimentos”.
O desembargador Artur Marques, presidente da Afpesp (Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo), com 240 mil associados, destacou que os resultados das eleições, mais uma vez, mostraram que a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg das urnas eletrônicas é eficaz: “Ao contrário do que se cogitou, os resultados são auditáveis e absolutamente seguros. Não houve até hoje qualquer motivo plausível e concreto para colocá-los em dúvida”.