Outro tema discutido foi sobre como a reforma tributária deverá ser conduzida em eventual governo do PT
Por Adriana Mattos e Mônica Scaramuzzo, Valor — São Paulo
Os principais empresários do varejo se reuniram nessa quarta-feira (10) com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo do candidato petista. O encontro, organizado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), no hotel Unique, em São Paulo, teve dois temas centrais: a reforma tributária e revogação da reforma trabalhista.
Os empresários questionaram como o PT deverá conduzir as reformas, caso Lula seja eleito. O ex-presidente não compareceu à reunião por conta de uma indisposição estomacal. O encontro reuniu cerca de 60 varejistas, entre eles, a empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza) e Flavio Rocha (Riachuelo).
“Havia uma preocupação do setor, de forma geral, sobre uma eventual revogação da reforma trabalhista, mas tanto Alckmin como Mercadante não sinalizaram uma mudança radical nesse sentido, caso o Lula seja eleito”, disse, ao Valor, Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV. Gonçalves é executivo da rede Telhanorte Tumelero.
A revogação da reforma trabalhista é um ponto sensível ao empresariado. Outro tema discutido foi sobre como a reforma tributária deverá ser conduzida em eventual governo do PT. “Colocamos em debate a importância de uma reforma ampla, que não só atenda aos Estados e municípios, como o empresariado e consumidores.”
Segundo o presidente do IDV, Alckmin estava “muito à vontade” no encontro com os varejistas e não fugiu das perguntas durante as duas horas da reunião.
O IDV divulgou, no ano passado, levantamento mostrando que o Brasil deixou de arrecadar entre R$ 400 bilhões e R$ 600 bilhões em impostos em 2020. A sonegação de impostos é uma forte preocupação do setor, disse Gonçalves.
O IDV não é signatário da carta em defesa da democracia, que será lida nessa quinta-feira (11) no Largo de São Francisco e na PUC do Rio. O documento já reúne mais de 800 mil assinaturas.
Gonçalves afirmou que a entidade é apartidária e que pretende ouvir todos os candidatos à Presidência antes de participar desse tipo de manifesto. Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) também vão se reunir com o IDV neste mês. A data para a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda está em discussão com a assessoria do governo federal.