Burnout no Brasil afeta mais mulheres e pessoas não-binárias, diz estudo

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Pesquisa revela que grupos minorizados sofrem com a exclusão no ambiente de trabalho, o que gera mais pressão e estressePor Fernanda Gonçalves, Para o Valor Uma pesquisa realizada com 188 mil funcionários de 419 empresas brasileiras revelou que os índices de estresse excessivo no ambiente de trabalho e o burnout são maiores entre mulheres e pessoas não-binárias. O estudo FEEx – FIA Employee Experience foi feito no ano passado e obtido com exclusividade pelo Valor. “Profissionais querem justiça psicológica no quiet quitting”, diz Adam GrantO que mais faz os profissionais pedirem demissão?Maior desafio em 2023 será manter os talentos Segundo o levantamento, três em cada dez profissionais estão sofrendo com estresse excessivo ou burnout. No entanto, ao comparar os gêneros, as mulheres apresentam 12% a mais de estresse excessivo do que os homens, e 73% mais casos de burnout. Já as pessoas não-binárias relatam 71% mais esgotamento mental do que a amostra total de participantes. De acordo com Lina Nakata, responsável pelo estudo, pessoas de grupos minorizados sentem mais dificuldade de serem quem realmente são e sofrem com a exclusão no ambiente de trabalho. Por isso, tendem a se desgastar nas relações com a organização e com outras pessoas, o que resulta em maiores níveis de estresse e pressão. “Além disso, as mulheres – em relação aos homens, principalmente – costumam ter mais autoconhecimento sobre à saúde em geral, reconhecendo mais que estão enfrentando problemas”, explica. Segundo pesquisa, sobrecarga de trabalho é a principal razão que leva os profissionais ao estresse excessivo e ao esgotamento mental — Foto: PexelsSegundo pesquisa, sobrecarga de trabalho é a principal razão que leva os profissionais ao estresse excessivo e ao esgotamento mental — Foto: Pexels Ao serem questionados pelos motivos do estresse, 10% das mulheres e 7% dos homens apontaram a sobrecarga de trabalho, sendo 43% mais intenso para elas do que para eles. Ao mesmo tempo, a pesquisa apontou que os homens se estressam mais por terem uma remuneração baixa, enquanto as mulheres entendem que o maior fator estressante seja o convívio com os colegas de trabalho. Para ajudar a resolver a questão, Nakata acredita que as empresas devem promover mais ações de inclusão, como capacitar gestores a praticarem a escuta ativa, além de acolher as pessoas, independentemente do seu gênero. “Os líderes são, na maioria, homens, e acabam se aproximando de forma inconsciente de quem é mais parecido. Então, é necessário criar essa prática de se esforçar para interagir e entender todos os membros da equipe”, defende. Ela recomenda que os profissionais se atentem aos próprios comportamentos e busquem o autoconhecimento.“Se ouve de colegas e familiares que algo mudou ou que você está se irritando mais facilmente, é um sinal inicial para que o assunto seja levado adiante, seja com apoio médico ou com os mecanismos que a empresa possa oferecer, como sessões de terapia, palestras sobre saúde mental e atendimentos”, alerta. “E, claro, uma conversa aberta com a liderança também é importante para evitar o burnout. Algum nível saudável de estresse é positivo e necessário para a boa produtividade, mas é preciso entender e balancear como está a rotina de trabalho, o volume de atividades e as responsabilidades”, completa. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/01/27/burnout-no-brasil-afeta-mais-mulheres-e-pessoas-nao-binarias-diz-estudo.ghtml

Habilidades verdes já aparecem como exigência em 10% dos anúncios de emprego, aponta Linkedin

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Relatório classifica atual transição para a economia verde como “momento histórico” e indica que todos os setores serão afetados; veja como se preparar Isabel Rocha O crescimento global da preocupação com a construção de um mundo mais sustentável não é novidade. Mas o fato é que agora, mais do que ativismo ou uma simples tendência, a preservação do meio ambiente se consolidou como uma necessidade estrutural no mercado de trabalho – e já está moldando os chamados empregos do futuro. “Nós estamos experimentando um momento sem precedentes na história, onde estamos reimaginando o futuro do trabalho. Enfrentamos uma necessidade urgente de fazer a transição de nossa sociedade para uma economia verde capaz de enfrentar a ameaça da mudança climática. Precisamos ampliar as habilidades que impulsionam esses empregos (as chamadas habilidades verdes) e formar um plano de ação”, alerta o relatório Global Green Skills 2022, divulgado pelo Linkedin no ano passado. De acordo com o documento, a participação de talentos verdes na força de trabalho global saltou 38,5% entre 2015 e 2022 – e a tendência é que este número continue crescendo. Para ter ideia, cerca de 10% dos anúncios de emprego publicados na plataforma – que coleciona aproximadamente 800 milhões de usuários – ao longo do ano passado já exigiam explicitamente pelo menos uma “habilidade verde” dos candidatos. “O impacto da transição verde reverberou em todos os setores e países do mundo — nenhum ficou de fora”, diz o relatório. Carreira na economia verde: série online e gratuita revela como desenvolver as habilidades verdes mais procuradas pelas empresas. Assista! Prova disso é que aparece na frente de países como Alemanha, França, Dinamarca e Nova Zelândia no ranking que mostra a intensidade com que trabalhadores de diferentes regiões do mundo estão aplicando habilidades verdes em seus empregos. Ainda de acordo com o relatório, 20% das startups brasileiras já têm funcionários com habilidades verdes. O índice está acima da média global (que é de 18%). Não fique para trás: clique aqui e descubra como ingressar na área que está transformando o mercado O futuro do trabalho será verdeDe acordo com um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a consolidação da economia verde tem potencial para gerar um saldo positivo de 15 milhões de empregos na América Latina até 2030. Somente no Brasil seriam 7,1 milhões de novos trabalhos. https://exame.com/carreira/habilidades-verdes-ja-aparecem-como-exigencia-em-10-dos-anuncios-de-emprego-aponta-linkedin/

Trabalhadores levam 2,8 anos a mais para se aposentar após reforma

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Estudo mostra que ampliação da idade foi maior entre os homens, que tiveram menos acesso a regras especiais de benefícioIdiana TomazelliBRASÍLIAOs segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estão levando, em média, 2,8 anos a mais para conseguir se aposentar após a aprovação da reforma da Previdência. O adicional é maior para os homens (3,5 anos) e menor no caso das mulheres (2 anos). Os dados foram retratados em estudo do então Ministério do Trabalho e Previdência sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O trabalho comparou dados de 2021, os mais recentes disponíveis, com o quadro observado em 2019, último ano de vigência das regras antigas. A referência usada é a idade do segurado na data de início do benefício. O objetivo dos técnicos era estimar os primeiros efeitos da reforma sobre a idade média de aposentadoria, variável considerada peça-chave para a maior sustentabilidade do RGPS (Regime Geral de Previdência Social). Quanto maior é essa idade, mais tempo o trabalhador contribui para sua aposentadoria, gerando receitas ao INSS. Consequentemente, ele fica menos tempo recebendo o benefício, o que reduz a despesa futura do governo. Segundo os resultados, a idade média de aposentadoria dos homens passou de 58,7 para 62,2 anos entre 2019 e 2021. Entre as mulheres, o patamar passou de 57,3 para 59,3 anos. O aumento das faixas etárias tem relação com uma das mudanças centrais da reforma da Previdência: a fixação de idades mínimas de aposentadoria em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. A alteração passou a valer para novos trabalhadores, mas quem já estava no mercado de trabalho precisa seguir uma das quatro diferentes regras de transição. Todas elas impõem algum tipo de pedágio, embora o segurado possa eleger aquela que lhe for mais favorável. Na prática, isso fez com que trabalhadores próximos da aposentadoria tivessem de adiar os planos e contribuir um pouco mais para conseguir o benefício. “Entre os fatores que explicam o maior impacto para homens está o fato de que as aposentadorias por tempo de contribuição e especial, que estão entre as mais afetadas, são predominantemente concedidas para homens”, diz o estudo. A aposentadoria por tempo de contribuição permitia acessar o benefício independentemente da idade, desde que cumpridos 30 anos de recolhimento ao INSS por mulheres e 35 anos por homens. Segurados desse grupo tinham, em geral, mais tempo no mercado de trabalho formal, remuneração mais elevada e pagavam contribuições maiores ao INSS. Por consequência, conseguiam obter benefícios de aposentadoria mais elevados. Já trabalhadores de menor renda e com mais dificuldade de acesso ao emprego formal acabavam se aposentando pela regra de idade já existente, mas que não era obrigatória. Contribuíam por um mínimo de 15 anos e precisavam atingir 60 anos de idade (mulheres) e 65 anos (homens). Por esse motivo, segundo defensores da idade mínima, era necessário uma medida para garantir maior equidade ao sistema, estabelecendo um piso etário obrigatório. As regras para esses segurados também ficaram mais duras com a reforma. Além dos tempos mínimos de contribuição, entre 15 e 25 anos a depender do grau de risco da profissão, é preciso também atingir as idades de 55 a 60 anos. A transição combina esses dois fatores numa soma de pontos, que precisa alcançar um patamar mínimo para a concessão do benefício. Como resultado dessas modificações, a idade média da aposentadoria por tempo de contribuição dos homens subiu 1,4 ano, de 56,5 para 57,9 anos entre 2019 e 2021. No mesmo período, a idade média da aposentadoria especial do sexo masculino subiu 2,5 anos, de 49,9 para 52,4 anos. Ambos os resultados ficam abaixo da média geral dos homens porque houve também uma mudança na composição dos benefícios. As aposentadorias especiais, que registram idades menores, perderam peso nas concessões, contribuindo para que a média global ficasse maior. No caso das mulheres, a alta foi de 1,4 ano nas aposentadorias por tempo de contribuição (de 53,44 para 53,85 anos) e de 2,2 para as categorias especiais (50 para 52,2 anos). “Por ser a maior política pública de transferência de renda do país, a Previdência é um instrumento fundamental do Estado para a redistribuição de renda, juntamente com a necessidade de um sistema tributário progressivo”, diz. Os benefícios previdenciários são a maior despesa do Orçamento e somaram R$ 809,5 bilhões no ano passado. O IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) critica a reforma e considera que parte das mudanças resultou em regras excessivamente duras. “O trabalhador que acessa a aposentadoria especial só trabalha por até 25 anos, mesmo. Mas as regras de transição tornaram praticamente impossível que a pessoa se aposente”, diz o diretor do IBDP Paulo Bacelar. Segundo ele, alguns profissionais que teriam direito às condições especiais estão optando pelas regras gerais para conseguir requerer o benefício. Membros do instituto sugeriram mudanças ao novo governo. As idades médias de aposentadoria devem subir ainda mais devido à menor atratividade de algumas das regras de transição previstas na emenda constitucional. Uma delas foca trabalhadores que estavam a no máximo dois anos de preencher os requisitos da aposentadoria por tempo de contribuição quando a reforma foi promulgada. Eles podem requerer o benefício mediante o cumprimento de um pedágio de 50% do tempo restante, mas o valor pago pelo INSS ainda será calculado de acordo com o fator previdenciário —fórmula que em grande parte das vezes atua como redutora do benefício. Segundo relatos, essa regra foi usada de forma recorrente nos primeiros três anos de vigência da reforma, respondendo por mais da metade dos pedidos. De agora em diante, porém, seu uso será cada vez mais difícil. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/trabalhadores-levam-28-anos-a-mais-para-se-aposentar-apos-reforma.shtml

Congresso retoma trabalhos com foco em reforma tributária e novo arcabouço fiscal

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Regulação de aplicativos e projeto que amplia teto do Simples também estão entre as prioridades dos deputados e senadores Danielle BrantBRASÍLIACâmara dos Deputados e Senado retomam as atividades nesta quarta-feira (1º) com o desafio de avançar em temas de difícil consenso, mas considerados prioritários pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a reforma tributária e o arcabouço fiscal que vai substituir o teto de gastos. Além desses assuntos que exigirão negociações mais intensas, os parlamentares terão que analisar questões como a correção da tabela do Imposto de Renda —que pode vir a ser incluída na proposta de reforma tributária—, o texto que atualiza o teto do Simples e a possível regulação de aplicativos. O principal esforço de governo e Congresso neste começo de legislatura será voltado às mudanças no sistema tributário. A articulação para aprovar a reforma já vem ocorrendo antes mesmo do início formal dos trabalhos no Legislativo. Em Davos, onde participou do Fórum Econômico Mundial, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendeu que as alterações tributárias sejam votadas ainda neste primeiro semestre.Haddad já teve um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir a reforma. Antes mesmo disso, deu uma indicação de qual seria o texto priorizado pelo governo, ao escolher como secretário especial para a reforma tributária o economista Bernard Appy, mentor da PEC (proposta de emenda à Constituição) 45, elaborada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O texto, que propõe a unificação de tributos sobre consumo em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) nacional, foi bastante discutido desde 2019, quando foi apresentado. O debate se deu em paralelo ao de uma PEC do Senado e que cria um IVA dual (com alíquota para governo federal e outra para estados e municípios). O Congresso chegou a criar uma comissão mista (de deputados e senadores) para integrar as duas propostas, mas a iniciativa não prosperou. Agora, a intenção seria concentrar esforços na PEC 45. “O grande assunto que se comenta há tantos e tantos anos no país é a reforma tributária. Quem gera emprego entende que isso é absolutamente necessário, e nós simplificarmos a arrecadação de impostos no país é uma necessidade que já passou do ponto”, afirma o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP). Reservadamente, porém, parlamentares e o próprio governo avaliam que o texto deve ser desidratado, em meio a pressões de setores empresariais. A discussão da reforma tributária deve se dar junto com o debate sobre a nova âncora fiscal que vai substituir o teto de gastos —mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. Haddad já sinalizou que pretende apresentar o arcabouço no máximo até abril. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) defende que a nova regra leve em consideração a curva da dívida e o resultado primário. “Se eu fosse ouvido pelo governo, eu priorizaria a reforma tributária e a questão da âncora fiscal. Todo mundo sabe que a lei do teto se exauriu. Acho que o governo teria marcado um posicionamento muito melhor e tinha dado, inclusive, a liberdade para que o Congresso discutisse e identificasse várias questões”, defende o deputado Danilo Forte (União-CE). Ainda em um esforço de mudar a tributação, o Congresso prevê avançar em uma das propostas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a alteração do Imposto de Renda. Em Davos, Haddad afirmou que o governo quer votar a correção da tabela do IR no segundo semestre. Autor de um projeto que estende a isenção do IR para quem ganha até R$ 5.200, Forte defende que a proposta seja incorporada à reforma tributária. “Não tem sentido quem ganha R$ 1.900 por mês pagar Imposto de Renda. E quem ganha dez salários paga o mesmo que o Neymar paga. Isso também está errado”, criticou. “Eu quero incluir na proposta que eles mandarem, em vez de tramitar separado. Eles [o governo] não querem começar pelo consumidor? Então a gente começa pelo consumidor e discute isso aí.” Grande parte da resistência que levou o PT a pressionar pela votação do projeto somente neste ano é a possibilidade de perda de arrecadação em um cenário em que o governo aposta em um pacote econômico fortemente baseado em medidas para elevar a receita. Estimativas de economistas indicam que o custo pode superar R$ 100 bilhões. Outro texto que ficou para este ano depois de encontrar entraves no final do ano passado é o que atualiza o teto do Simples. O projeto amplia o teto de enquadramento da receita bruta do MEI (microempreendedor individual) de R$ 81 mil para R$ 144.913,41, aplicando um reajuste com base no IPCA (índice oficial de inflação) acumulado em 16 anos (quando foi criado o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte). Também altera outras faixas. Para microempresas, o limite passa de R$ 360 mil para R$ 869,5 mil anuais. No caso de empresas de pequeno porte, sai de R$ 4,8 milhões para R$ 8,7 milhões. A Receita calculou que as mudanças poderiam provocar uma perda anual de R$ 66 bilhões para os cofres públicos. Para tentar aprovar a proposta, Bertaiolli, relator do texto na CFT (Comissão de Finanças e Tributação) da Câmara, vai sugerir um escalonamento, atualizando o teto inicialmente para R$ 6,4 milhões. O MDB, que, no ano passado, barrou o projeto por temer perda de arrecadação para estados e municípios, manifestou que pode apoiar a proposta. Outro tema que deve ganhar fôlego, segundo parlamentares, é a regulamentação de aplicativos. Centrais sindicais têm se reunido com o Ministério do Trabalho para debater pontos que consideram importantes de serem incorporados ao projeto, como seguro a motos e acesso à seguridade social. Ainda dentro da discussão de apps está a análise da taxação de plataformas de streaming pela exibição de conteúdo, mas esse debate ainda está incipiente. Na transição, o governo indicou ser favorável a cotas de tela para produções brasileiras, nos moldes do que acontece com a TV e o cinema, e a taxação dos serviços. Na retomada dos trabalhos, o Congresso também vai apreciar uma série