Governo costura apoio para reforma tributária no Congresso

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Construção de ambiente favorável à agenda passa por definição das mesas que comandarão LegislativoNathalia GarciaBRASÍLIAO ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deu início às articulações políticas para abrir caminho ao avanço da reforma tributária no Congresso Nacional ainda no primeiro semestre, como sinalizado pela equipe econômica. A construção de um ambiente favorável a essa agenda passa pela nova composição das mesas do Legislativo, cuja eleição ocorrerá em 1º de fevereiro. O PT já costurou apoio à reeleição do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas agora outros partidos da chamada frente ampla se movimentam na mesma direção. A PEC (proposta de emenda à Constituição) 45 é de autoria do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), presidente nacional da legenda. A proposta unifica uma série de tributos sobre o consumo, como PIS/Cofins e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e tem hoje a preferência de Haddad nas discussões. A pauta da reforma tributária também foi uma das principais bandeiras de campanha presidencial de Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Planejamento e Orçamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que deve se colocar nas discussões da medida para tentar reduzir resistências no Congresso, ambiente no qual tem experiência como ex-senadora. Desde o início do governo, o ministro da Fazenda tem reforçado a intenção de priorizar a aprovação da reforma, com ênfase na simplificação dos tributos sobre o consumo. A avaliação é que a medida pode ajudar a destravar o ambiente de negócios e impulsionar o crescimento. Na última quinta-feira (12), horas antes de apresentar seu primeiro pacote de medidas para reduzir o déficit, Haddad almoçou na residência oficial de Lira. O tema do encontro foi justamente a reforma tributária. Além deles, também estavam presentes Baleia Rossi, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) —relator da PEC 45— e o secretário especial para reforma tributária, Bernard Appy. Segundo interlocutores, o presidente da Câmara demonstrou, na ocasião, estar empenhado na priorização dessa agenda no Congresso. O ministro da Fazenda, por sua vez, enfatizou a importância da aprovação da reforma para a economia. Já o presidente do MDB colocou o projeto como algo relevante para a sigla. O apoio de Lira à PEC é considerado um fator chave para o sucesso da articulação. Em 2021, foi o próprio presidente da Câmara que ajudou a minar as chances de avanço da proposta na Casa. Em maio de 2021, Lira extinguiu a comissão especial da Câmara que debatia a reforma tributária, no mesmo dia da leitura do parecer sobre a matéria na comissão mista formada por deputados e senadores. O colegiado havia sido constituído para debater o tema em conjunto com a PEC 110, do Senado. A decisão foi tomada meses após a eleição de Lira à Presidência da Câmara —ele saiu vitorioso depois de enfrentar justamente Baleia Rossi, aliado do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia. Na ocasião, Lira justificou a decisão alegando que o objetivo era “preservar a tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional”. Ainda assim, o efeito prático foi a invalidação do parecer apresentado pelo então relator. O bloqueio à reforma tributária também atendia aos interesses do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, que preferia aprovar as mudanças de forma fatiada. Agora, com uma equipe econômica favorável à PEC e com a possibilidade de embarque de Lira na defesa da proposta, o novo governo tem uma perspectiva mais positiva sobre as chances de avanço. Lideranças políticas esperam inclusive que Aguinaldo Ribeiro seja mantido no posto de relator, mas isso ainda vai depender do acerto final com Lira, que costuma dar preferência a aliados na condução de temas estratégicos. Enquanto aguarda a definição do xadrez político, a equipe econômica também tem se movimentado nas discussões técnicas. No dia 10 de janeiro, Haddad teve uma reunião com seu secretariado para dar o pontapé nas discussões internas. Segundo interlocutores, foi apenas uma apresentação inicial dos principais elementos da reforma. Na terça-feira (17), Appy recebeu o presidente do MDB e autor da PEC 45 na sede do Ministério da Fazenda para discutir pontos da reforma. A reunião durou mais de uma hora e meia. O atual secretário foi um dos formuladores técnicos da proposta quando ainda atuava como diretor no CCiF (Centro de Cidadania Fiscal). Nesta quinta-feira (19), Appy também deve se encontrar com o senador Roberto Rocha (PTB-MA). Ele foi o relator da PEC 110 no Senado e atuou como presidente da comissão mista da reforma tributária —mas deixará a Casa neste mês com o fim de seu mandato. A expectativa dos técnicos é conseguir construir um texto de maior consenso, que concilie pontos das PECs 45 e 110, para ampliar a aceitação no Congresso e entre setores empresariais. O deputado Zeca Dirceu, que vai assumir a liderança do PT na Câmara em fevereiro, diz que vai articular a aprovação da proposta no Congresso. “Tudo que o governo entender ser viável vou ser o primeiro a defender”, afirma. “Se tiver algum tema que eu sinto que não tem viabilidade momentânea, vou ser o primeiro a alertar.” As duas PECs propõem a unificação de tributos sobre consumo em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que pode variar de nome e, principalmente, de alcance. Na proposta formulada por Appy, o IVA seria nacional, enquanto no texto do Senado, o IVA é dual: haveria uma alíquota para o governo federal e outra para estados e municípios. O segundo modelo enfrenta menos resistência de governadores e prefeitos, que almejam maior autonomia na definição de suas alíquotas. Por isso, o tema está em discussão, embora ainda não haja decisão final sobre o caminho a ser adotado. O governo também precisará enfrentar as resistências de segmentos empresariais, sobretudo de serviços, que demonstram preocupação com os efeitos da oscilação da carga tributária. O setor de serviços, que possui hoje uma carga tributária inferior à da indústria, teme ser prejudicado por uma alíquota única. Como o IVA é imposto não cumulativo, ou seja, não incide em cascata em cada etapa da produção, uma alíquota maior pode ser necessária para manter a arrecadação. No entanto,

Lula promete nova regulação para trabalhadores de aplicativos: ‘Situação beira trabalho escravo’

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Por André Borges Governo criou um grupo de trabalho que vai estudar o assunto, que deverá ser levado para debate no Congresso NacionalBRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 18, que o governo vai apresentar uma nova proposta de regulação trabalhista para estabelecer direitos de trabalhadores que prestam serviços por meio de aplicativos. Em encontro com lideranças sindicais para definir a política de valorização do salário mínimo, Lula anunciou a criação de um grupo de trabalho que ficará responsável por apresentar um conjunto de medidas a ser enviado para debate no Congresso Nacional. Um dos objetivos é eliminar desequilíbrios nas relações de trabalho e garantir direitos a esses profissionais. “Vamos acabar com essa história de trabalhador de aplicativo ter de ser microempreendedor”, disse Lula, aplaudido pela plateia, formada por centenas de sindicalistas, em cerimônia disputada no Palácio do Planalto. A promessa de regulamentar os trabalhadores de aplicativo já havia sido sinalizada na posse do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que também participou do encontro com representantes das centrais sindicais. Em seu programa de governo, Lula havia dito que iria propor uma nova legislação trabalhista com “especial atenção” a trabalhadores “mediados por aplicativos e plataformas”. Segundo o presidente, o quadro atual é de precarização das relações de trabalho. “Não queremos que trabalhador seja um eterno ‘fazedor de bicos’”, disse Lula. “Por isso, peço ajuda aos movimentos sindicais, para que tenhamos uma nova relação entre capital e trabalho”, comentou.A criação do grupo técnico foi confirmada pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que também participou do encontro. “Vamos criar o GT (grupo de trabalho) para regulamentar os trabalhadores por aplicativos”, disse. “Hoje, esse tipo de trabalho beira o trabalho escravo.” Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ao final de 2021, 945 mil brasileiros trabalhavam como motoristas de aplicativo. Para as empresas do setor, o ministro mandou um recado. “Aplicativos, não se assustem. A proposta é trazer proteção social ao trabalhador. Vamos olhar cada item da legislação trabalhista e revisitar um por um.” Procurada pelo Estadão, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) – que representa plataformas como Uber, 99 e iFood – afirmou que apoia uma regulação do trabalho que busque “melhorar a proteção social dos profissionais e garantir a segurança jurídica da atividade, que gera oportunidades para milhões de famílias”. A associação disse que as empresas associadas colocam-se à disposição do governo federal para colaborar nas discussões e defendem que o debate “tenha como premissas a flexibilidade e a autonomia que caracterizam as novas relações de trabalho intermediadas por aplicativos, apoiadas pela maioria dos trabalhadores, conforme apontado em diversas pesquisas”. Já a Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp) afirmou que pretende participar das negociações e irá apresentar ao ministro Marinho uma proposta de projeto de lei que preserve, sobretudo, a autonomia dos motoristas. “Um projeto como esse é bem delicado, pois estamos tratando de uma nova categoria de trabalhadores”, diz o presidente da Amasp, Eduardo Lima. “Mexer de forma inexperiente pode nos trazer sérios problemas; muitas leis devem ser verificadas e muitos pontos incluídos, sempre dentro da constitucionalidade. A principal questão é preservar a nossa autonomia. Ônus já temos demais, mas bônus, não temos”, disse. /Colaborou Anna Carolina Papp https://www.estadao.com.br/economia/lula-promete-regulacao-trabalhadores-aplicativo/

Desemprego cai a 8,1% e atinge 8,7 milhões

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Taxa é a menor para o trimestre até novembro desde 2014 e vem em linha com projeçõesLeonardo VieceliRIO DE JANEIRO O resultado veio em linha com as estimativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 8,1%. Essa é a menor marca para o trimestre até novembro desde 2014. À época, a taxa estava em 6,6%, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Na comparação com diferentes trimestres da série histórica comparável, a nova taxa é a menor desde o início de 2015. O indicador estava em 7,5% até fevereiro daquele ano. Trabalhador serve bebida em hotel no Rio; fim das restrições da pandemia de Covid-19 estimulou abertura de vagas – Eduardo Anizelli – 8.dez.22/FolhapressO desemprego marcava 8,9% no trimestre até agosto de 2022, período mais recente da mesma série histórica da Pnad. No trimestre finalizado em outubro, que integra outra série da Pnad, o indicador já estava em 8,3%. O número de desempregados, por sua vez, recuou para 8,7 milhões até novembro. É o número mais baixo para esse trimestre desde 2014 (6,6 milhões). O contingente somava 9,7 milhões até agosto de 2022 e 9 milhões até outubro do ano passado. A população desempregada, conforme as estatísticas oficiais, é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e seguem à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando oportunidades não entra nesse número. A Pnad retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, abrange desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos. Após os estragos causados pelo início da pandemia, em 2020, a geração de vagas foi beneficiada pela vacinação contra a Covid-19. A imunização permitiu a reabertura dos negócios e o retorno da circulação de pessoas. POPULAÇÃO OCUPADA RENOVA RECORDEA população ocupada alcançou 99,7 milhões no trimestre até novembro. Assim, renovou o recorde da série histórica iniciada em 2012, apontou o IBGE. Houve alta de 0,7% na população ocupada (mais 680 mil pessoas) ante o trimestre anterior e de 5% (mais 4,8 milhões) na comparação anual. “Embora o aumento da população ocupada venha ocorrendo em um ritmo menor do que o verificado nos trimestres anteriores, ele é significativo e contribui para a queda na desocupação”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE. RENDA CRESCE 3% NO TRIMESTREEm um primeiro momento, a recuperação do trabalho foi acompanhada pela queda da renda média, que agora dá sinais de melhora com a trégua da inflação. No trimestre até novembro, o rendimento médio real foi estimado em R$ 2.787, um aumento de 3% em relação ao trimestre encerrado em agosto (R$ 2.706). Quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.601), o crescimento foi de 7,1%. A renda está próxima do patamar verificado até novembro de 2019, antes da pandemia. À época, o rendimento marcava R$ 2.830. Segundo economistas, a recuperação do mercado de trabalho tende a perder velocidade em 2023. A explicação está associada ao efeito dos juros elevados, que costuma esfriar a atividade econômica e, consequentemente, a abertura de vagas. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/desemprego-cai-a-81-e-atinge-87-milhoes.shtml

Lula defende isentar IR para pobres, aumentar dos ricos e reajustar salário mínimo pelo PIB

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Ele criticou: “Quem ganha muito dinheiro paga pouco imposto porque recebe como dividendo”Por Renan Truffi e Fabio Murakawa, Valor — Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que seu governo vai “mudar a lógica” do Imposto de Renda (IR) no Brasil mesmo que seja necessária uma “briga” com empresários. O petista explicou que seu objetivo é, sim, isentar do IR todos aqueles que ganham até R$ 5 mil. Para isso, o presidente sinalizou que “está na hora” de cobrar esse tributo dos “ricos” que recebem “dividendos”. Neste sentido, ele endossou declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que é necessário fazer uma reforma tributária em breve para garantir o pagamento de um salário mínimo acima da inflação.“Uma mudança que quero fazer é no Imposto de Renda. Neste país, quem paga IR de verdade é quem tem holerite porque isso é descontado e não tem como não pagar. O pobre que ganha R$ 3 mil paga mais do que aquele que ganha R$ 100 mil. Quem ganha muito [dinheiro] paga pouco [imposto] porque recebe como dividendo”, disse.“Meus companheiros sabem que tenho uma briga com economistas do PT porque eles dizem que, se fizer isso [isentar trabalhadores que ganham até R$ 5 mil], cai 60% de arrecadação. Então vamos mudar a lógica, diminuir para o pobre e aumentar para o rico. É necessária uma briga? É necessário. Vocês têm que saber que não temos como fazer isso sem mobilização. Eu vou brigar pra fazer isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Não posso fazer no grito, mas nós vamos construir, vamos começar uma reforma tributária”, complementou. A afirmação foi feita durante cerimônia de assinatura de um despacho que determina que ministérios da Esplanada elaborem em até 90 dias proposta para instituir política de valorização de salário mínimo. O ato contou com a presença de cerca de 500 sindicalistas. Isso porque o objetivo da gestão petista é anunciar o valor do novo benefício até 1º de maio, quando é celebrado o Dia dos Trabalhadores, data simbólica para o eleitorado do PT.Apesar disso, as negociações continuam travadas com o Ministério da Fazenda, que está sob responsabilidade de Fernando Haddad. O Orçamento aprovado pelo Congresso no ano passado prevê um mínimo de R$ 1.320 neste ano, mas as centrais sindicais pedem um valor de R$ 1.342, o que é incompatível com o equilíbrio das contas públicas.Sobre a questão do mínimo, Lula deu a entender que o tema está ligado à reforma tributária e que somente uma política real de valorização do salário mínimo pode fazer a economia girar. “Gostei de uma declaração do Haddad. Ele disse que vamos fazer a reforma tributária no primeiro semestre, e para isso é preciso discussão e muita pressão de vocês. É possível aumentar o mínimo acima da inflação e esta é a melhor forma de fazer distribuição de renda. Se o PIB cresce, o salário mínimo tem que subir de acordo com o crescimento da economia. É isso que a gente tem que fazer. Temos que mudar a política tributária para colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda. E eu posso falar isso porque sou presidente”, enfatizou.Além disso, Lula falou sobre uma possível revogação da reforma trabalhista. Em discurso direcionado às centras sindicais, ele defendeu que o governo não pode fazer mudanças na legislação de uma única vez, como por meio de uma Medida Provisória, mas, sim, precisa “construir” uma solução com o Congresso de forma que as mudanças não sejam derrubadas posteriormente. “Nós queremos construir junto com o movimento sindical uma nova estrutura sindical, de novos direitos numa economia totalmente diferente. O mundo do trabalho mudou muito. O que cresceu foi o bico e o trabalhe avulso. Nós não queremos que o trabalhador seja um eterno fazedor de bico, mas sim que tenha direitos garantidos e um sistema de seguridade social que o proteja Em vez de fazer isso por MP apenas, nós vamos ter que construir juntos porque daí fica mais difícil desmanchar”, ponderou.Por conta deste cenário, o presidente pediu que as centrais sindicais voltem a se aproximar dos trabalhadores nos locais onde eles estão “batendo ponto”. “É preciso que vocês [sindicalistas] compreendam uma coisa, precisamos voltar para o local da fábrica, para que o povo trabalhador sinta quem são seus representantes. Qual foi a razão de a gente ter criado o novo sindicalismo em 1978? Foi que a gente percebeu que a gente tinha que ir até o trabalhador e não o contrário. Essa gente [empresários] acha que o mundo moderno não precisa de sindicato, mas a democracia, quanto mais séria for, mais precisa de sindicatos”, defendeu.Por fim, Lula fez um aceno aos trabalhadores por aplicativo, que têm se mobilizado contra empresas por falta de direitos. “Ninguém quer voltar a estabelecer a estrutura sindical como era, é preciso que a gente se reinvente, mas precisamos acabar com essa história de que o trabalhador de aplicativo é microempreendedor, ele não é. Ele percebe isso num momento de sofrimento, quando não tem nenhum sistema de seguridade social”, afirmou.Presente na cerimônia, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o governo vai “revistar” cada um dos pontos da legislação trabalhista, que, na avaliação dele, legalizou o trabalho “semiescravo” no Brasil. “Vamos revisitar uma por uma [dos artigos da legislação trabalhista] para poder discutir, contudo temos que ter consciência da complexidade das demandas”, afirmou. Além disso, Marinho explicou que a pasta irá criar grupos de trabalho para discutir tanto a retomada da negociação coletiva, no âmbito da legislação trabalhista, quanto a questão dos trabalhadores de aplicativo. Ele pediu, no entanto, que as empresas “não se assustem”.“Vamos construir uma proposta de retomada de política de valorização do salário mínimo. Teremos em 30 dias um grupo de trabalho da retomada da negociação coletiva. Também teremos grupo de trabalho para ver a situação de trabalhadores de plataformas e empresas de aplicativos Nós acompanhamos a angústia de trabalhadores de aplicativos Isso para mim é trabalho escravo.

Lula monta grupo para discutir salário mínimo, que fica em R$ 1.302 pelo menos até maio, diz Marinho

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Por André Borges Reunido com lideranças sindicais de todo o País, presidente determinou que uma nova proposta de valorização deverá ser apresentada em até 45 diasBRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quarta-feira, 18, um despacho para determinar a criação de uma proposta por seus ministérios para instituir a nova política de valorização do salario mínimo. O texto deverá ser elaborado por ministérios como Trabalho, Fazenda, Previdência, Desenvolvimento e Casa Civil, e terá de ser apresentado em até 45 dias – prazo poderá ser prorrogado por igual período, se necessário. Por enquanto, permanece, pelo menos até maio, o valor já vigente, de R$ 1.302, e não de R$ 1.320, como chegou a ser sinalizado pela equipe do petista durante a campanha eleitoral. “O salário mínimo de R$ 1.302 está em vigor e poderá ser revisado até o dia 1º de maio, mas o valor dependerá do debate do GT (grupo de trabalho)”, disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, após cerimônia no Palácio do Planalto com o presidente Lula e representantes das centrais sindicais. Sem citar datas para rever o valor do mínimo, Lula disse que vai cumprir as suas promessas. “Nós só vamos ter o nosso orçamento em 2024, porque vamos ter que construir o de 2023″, comentou. “E eu tenho certeza de que vou cumprir todas as promessas de minha campanha.” Marinho disse que a valorização do salário mínimo “será feita pelo conjunto do governo”, respeitando a “previsibilidade da nossa economia”. “Não tem canetaço, mas entendimento é consenso. Vamos construir entendimentos”, comentou Marinho. “O salário mínimo está em vigor, em R$ 1.302. A partir daqui, vamos construir a nova política de valorização, a partir desse grupo.” Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão sobre o aumento do salário mínimo caberia ao governo e seria retomada após negociações com as centrais sindicais. Lula recebe lideranças sindicais no Palácio do Planalto, acompanhado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Rui Costa (Casa Civil)Lula recebe lideranças sindicais no Palácio do Planalto, acompanhado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Rui Costa (Casa Civil)Custo do reajusteNo Orçamento de 2023, sancionado ontem por Lula, foi reservado um montante de R$ 6,8 bilhões para o reajuste do salário mínimo para R$ 1.320, conforme informado pelo relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Mas, esse montante se tornou insuficiente para bancar o reajuste pelo aumento dos benefícios previdenciários, segundo a equipe econômica. ”Esse recurso do Orçamento foi consumido pelo andar da fila do INSS, porque a partir do início do processo eleitoral, por razão que não tem nada a ver com respeito a Constituição, a fila começou a andar, porque o governo estava desesperado por voto”, disse Haddad na semana passada. O gasto anual do governo para aumentar o mínimo de R$ 1.302 para R$ 1.320 em 2023 chega a R$ 7 bilhões. O valor considera a estimativa oficial do Ministério da Fazenda enviada ao Estadão/Broadcast de que cada R$ 1 de aumento no piso das remunerações tem custo bruto de R$ 389,8 milhões ao ano nas despesas do governo. Centrais sindicaisEm seu novo mandato, Lula teve nesta quarta-feira seu primeiro encontro com lideranças sindicais no Palácio do Planalto, prédio que passa por reformas e que ainda está sem a maior parte de suas vidraças, resultado da depredação realizada pelos golpistas no domingo, 8 de janeiro. O presidente afirmou que é preciso estabelecer uma nova relação com os sindicatos e entre as relações de trabalho. “Nós queremos construir uma nova estrutura sindical, de novos direitos em uma economia totalmente diferente daquela dos anos 1980. Quero dizer com isso que o mundo do trabalho mudou”, disse Lula, ao se referir aos trabalhos temporários. “Não queremos que um trabalhador seja um eterno trabalhador de bico, que tenha proteção trabalhista.” Miguel Torres, presidente da Força Sindical, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro “esquartejou” o que era o Ministério do Trabalho e que, hoje, é preciso retomar as negociações coletivas entre empresas, sindicatos e trabalhadores. “Hoje essa retomada tem um forte simbolismo para nós”, disse. “É fundamental reverter esse quadro, com desenvolvimento social e incluindo os trabalhadores. Precisamos fortalecer as negociações coletivas.” Continua após a publicidade A respeito da cobrança do imposto sindical, Torres disse que os trabalhadores não pedem o retorno do imposto sindical e que o setor quer realizar assembleias para definir uma nova forma de remuneração dos sindicatos, de uma forma acordada de maneira coletiva. “Queremos que a renegociação seja valorizada e que os trabalhadores decidam. Nessa parte de atualização da estrutura sindical, todas as unidades das centrais sindicais, todo o movimento sindical, nós precisamos realmente fortalecer o movimento sindical. Como sabem os trabalhadores, só a luta faz a lei”, declarou. Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), disse que o retorno do Ministério do Trabalho, que tinha sido extinto por Jair Bolsonaro, é celebrado pelas forças sindicais. “Contem com as centrais sindicais nestas caminhada”, afirmou, ao elogiar a escolha de Luiz Marinho para comandar a pasta. https://www.estadao.com.br/economia/lula-monta-grupo-para-discutir-salario-minimo-que-fica-em-r-1302-pelo-menos-ate-maio-diz-marinho/