Shoppings abertos aos domingos impulsionaram emprego e mudaram comércio de São Paulo há 25 anos

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Por Márcia De Chiara Abertura foi autorizada por lei em 1997, após movimento liderado pelo São Paulo Convention&Visitors Bureau; dia da semana é hoje o segundo melhor em vendas nos shoppings Há 25 anos, a tradicional “praia” do paulistano, o shopping center, passou a abrir aos domingos. Hoje, o domingo é o segundo melhor dia de vendas para esses centros comerciais, mesmo com as lojas abertas por um período menor, de seis horas, a metade de um dia comum. Só perde para o sábado. A força do comércio e dos shoppings aos domingos, autorizada por lei federal em 1997, mudou o comportamento da cidade São Paulo. Antes vazia aos finais de semana, a capital paulista passou a atrair turistas em busca de lazer e compras. Isso desencadeou um efeito dominó, agregando mais vendas a novos setores. Vendas do varejo sobem 0,4% em outubro, segundo IBGE Na comparação com outubro de 2021, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 2,7% Aristides Cury, presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), observa que a motivação de abrir os shoppings aos domingos foi ter uma cidade mais competitiva no turismo e no lazer. “Mas, 25 anos depois, concluímos que o turismo foi o menor beneficiado.” Quem saiu ganhando foi o comércio – e em vários segmentos, como a venda de imóveis, por exemplo. “Para o mercado imobiliário, essa iniciativa foi extremamente positiva, pois não só contribuiu para as vendas e a geração de empregos, como também provocou uma mudança de comportamento e aumento do fluxo nos stands de vendas”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), Luiz França. Isso porque é no final de semana que as famílias geralmente têm disponibilidade para discutir a compra da casa própria. Para Raul Souza Sulszbacher, presidente do São Paulo Convention&Visitors Bureau, que capitaneou o movimento para liberação do comércio aos domingos, com a participação de órgãos de imprensa, entidades do comércio e até uma campanha publicitária, negociar abertura com todos os atores envolvidos “foi um parto”. A maioria dos prefeitos não queria e havia até oposição religiosa, porque domingo é um dia de missa e oração, lembra. Fora isso, os sindicatos alegavam que os trabalhadores seriam escravizados. A nova cara dos shoppings: escolas, clínicas e grandes eventos ganham espaço De centro de compras, os empreendimentos se transformam cada vez mais em centros de serviços, convivência e lazer; mudança ganha força com avanço do comércio eletrônico Estratégia a conta-gotas Sulszbacher conta que a estratégia apara atingir um consenso da sociedade sobre o tema foi longa. No final dos anos 1980, iniciou-se uma campanha onde os shoppings abriam no domingo anterior às datas comemorativas, como Dia das Mães, dos Pais, por exemplo. Com isso, a ideia começou a ser disseminada. O publicitário Milton Cebola Mastrocessário, ex-diretor de criação da agência McCann Erickson, lembra que o tom da campanha era divertido e leve. “A gente tinha que conquistar a simpatia da população.” Afinal, colocar as pessoas para trabalhar aos domingos era um tema delicado. Ele cita como exemplo o texto da campanha de abertura de um domingo que antecedeu o Dia dos Pais: “Não são só as igrejas que vão abrir neste domingo, os shoppings também. Para alegria dos pais”. Além da campanha publicitária, uma comitiva de varejistas e sindicalistas viajou aos Estados Unidos, onde o comércio funcionava nesse dia, para avaliar os impactos. O sinal verde veio na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando uma lei federal passou a considerar o comércio como atividade essencial. E a regulação do funcionamento das lojas aos domingos e feriados ficou a cargo dos prefeitos. Renner, Decathlon e outras grandes redes reduzem tamanho das lojas em shopping: entenda por quê Tendência de lojas compactas deve prevalecer sobre as megalojas; de ‘templo do consumo’, shoppings estão se transformando em centros de entretenimento e socialização Nas contas de Sulszbacher, a abertura aos domingos das lojas de shoppings aumentou em 20% o emprego e agregou dois meses e meio de faturamento ao varejo. No setor de material de construção, por exemplo, o domingo hoje é o melhor dia de vendas, segundo Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entidade que também participou desse movimento. No segmento, ele conta que há trabalhadores que disputam o direito de trabalhar aos domingos porque a comissão sobre as vendas acaba sendo mais elevada. Após a abertura aos domingos, São Paulo se transformou e passou a ser reconhecida mundialmente como uma cidade onde é possível encontrar qualquer mercadoria 24 horas por dia, diz Ordine. Para Francisco Mesquita Neto, presidente do Estadão, que participou ativamente desse movimento, é difícil imaginar o que seria de São Paulo com os shoppings e o comércio fechado aos domingos. Caio Luiz de Carvalho, diretor da TV Bandeirantes, que endossou o movimento, lembra que a inspiração veio de Nova York (EUA), uma cidade fabril que nos anos 1970 era falida e que buscou, justamente na área de serviços e entretenimento, uma saída. https://www.estadao.com.br/economia/varejo-shoppings-comercio-domingo/

Infelicidade no trabalho cresce e líderes nem se dão conta disso

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Para Jon Clifton, CEO global do Gallup, as lideranças estão fracassando em praticar a escuta ativa Por Barbara Bigarelli — De São Paulo O mundo vive hoje a ascensão de um sentimento de infelicidade e líderes, do setor público e privado – do CEO ao gestor direto — não estão capturando esse movimento. A pandemia acentuou a sensação de solidão dos profissionais, bem como o estresse, o número de pessoas sem condições básicas para viver ou se alimentar não diminuiu, e a distância entre quem considera viver uma vida boa e aqueles que se sentem completamente infelizes cresceu. No mundo do trabalho, a verdadeira crise que existe hoje é a falta de empregos ótimos — posições ou funções com potencial de tornar a vida das pessoas mais felizes, e não apenas para permiti-las pagar as contas ou serem estáveis financeiramente. Executivos são demitidos enquanto especialistas e analistas pedem demissãoVontade de trocar de emprego cresce entre jovens brasileirosQuase um terço dos brasileiros se sente infeliz no trabalho Esse diagnóstico, nada otimista, é o que norteia o livro recém-lançado nos Estados Unidos “Blind Spot: The Global Rise of Unhappiness and How Leaders Missed It” e escrito por Jon Clifton, CEO global do Gallup. “E, diante de todo esse quadro, vemos líderes na sociedade que não ouvem as pessoas. No contexto empresarial, não escutam funcionários, clientes, fornecedores. Acho que vivemos hoje um fracasso total de escuta ativa”, afirmou Clifton, em entrevista ao Valor. O executivo irá realizar uma palestra para lideranças brasileiras no dia 18 de novembro, durante o evento “O Ponto Cego da Liderança”, organizado pelo Instituto Feliciência, fundado por Carla Furtado. Citando pesquisas do Gallup, Clifton diz que 25% dos profissionais hoje são totalmente ignorados no trabalho. No Brasil, uma pesquisa recente da Mercer, com 862 empresas, descobriu que 59% delas não realizaram um levantamento para coletar a preferência dos empregados sobre o modelo de trabalho pós-pandemia, sendo esta uma decisão exclusiva da liderança. Conversando sobre o que leva os CEOs a não praticarem a escuta ativa, Clifton diz que muitos deles não querem perguntar por temerem ouvir uma demanda para a qual não terão investimento. “Mas isso não é necessariamente verdade. Nós recentemente trabalhamos para uma fábrica e perguntamos aos funcionários se eles tinham os recursos que precisavam para fazer seu trabalho bem feito. E eles disseram: ‘nós precisávamos de luvas de outros tamanhos’. Veja que não é uma questão de dinheiro. Algum gestor deveria ter descoberto que as luvas compradas não cabiam nas pessoas”, conta. No mundo, apenas 40% dos funcionários disseram que têm os recursos necessários para trabalhar de modo eficaz — e não ter acesso a essas ferramentas é uma das principais fontes de estresse no trabalho, diz Clifton, citando pesquisas do Gallup. Pesquisa mostra que 25% dos profissionais hoje são totalmente ignorados no trabalho, diz CEO do Gallup Em seu livro, ele reuniu dados de quinze anos de pesquisas do instituto em uma série que começou em 2006. Todos os anos o Gallup escuta cerca de 150.000 pessoas em mais de 140 países (incluindo o Brasil) sobre o que sentem com relação a suas vidas. As experiências de emoções negativas – relacionadas ao estresse, tristeza, raiva, preocupação e dor física – atingiram um recorde no ano passado. “Vejo três impulsionadores para este quadro: o primeiro é que o mundo voltou a perder a guerra contra a fome, uma luta que estávamos vencendo até 2014. O segundo envolve guerras, como a da Ucrânia, que gera estresse de várias formas. E o terceiro é a solidão: até as pessoas empregadas hoje se sentem mais sozinhas do que nunca. Há pessoas no trabalho que são ignoradas por seus gestores e até por seus colegas”, avalia Clifton. Dados do Survey Center on American Life indicam que 10% das mulheres americanas disseram não ter nenhum amigo próximo em 2021, ante 2% que diziam o mesmo em 1990. Entre os homens, 15% disseram não ter um, ante 3%. Diminuir esse sentimento envolve ações mais humanas – ou menos automáticas por parte dos gestores, defende. “É não pensar o funcionário como um robô, é estar de fato próximo dele. Nossas pesquisas mostram que as pessoas gostam mais de receber um feedback ruim do que não receber feedback algum”. Também não é fundamental criar um cargo específico na empresa para olhar para o bem-estar da força de trabalho – nos últimos anos, o mundo corporativo começou a incorporar os chamados diretores de felicidade ou nomeados como ‘Chief Happiness Officer’. “Veja, eu não acho necessariamente que esse cargo é fundamental para melhorar a vida das pessoas no trabalho. Essa nomeação surgiu nos EUA justamente com o [mascote] Ronald McDonald ‘s, e talvez até por isso muita gente não leve essa posição a sério. Mas meu ponto é que precisamos hoje ver CEOs se juntando aos diretores de RH para ouvir as necessidades das pessoas e criar um ambiente próspero de trabalho”, afirma. “Se você não é capaz de criar relacionamentos fortes, a chance de experimentar emoções negativas é altíssima” Esse ambiente, em sua visão, se desenha a partir de alguns elementos: “as pessoas sabem o que é esperado delas? elas têm os recursos dos quais precisam? têm a oportunidade de usar seus pontos fortes? têm a chance de se desenvolverem, aprenderem, crescerem e criarem relações fortes?”, afirma Clifton, citando uma metodologia criada pelo Gallup. “Porque, no fundo, se você trabalha em um ambiente onde odeia seus colegas, lhe asseguro que você está quase destinado a ser infeliz. E se você não é capaz de criar relacionamentos fortes, a chance de experimentar emoções negativas, como raiva, estresse, tristeza, dor física e ansiedade, é altíssima”, afirma Clifton. No Brasil, os dados do Gallup mostram que as pessoas estão experimentando mais essas sensações, principalmente, de raiva e de estresse. Em 2021, o indicador de emoções negativas do país foi o mais alto na série do instituto. “A avaliação de 2022, que ainda não divulgamos, mostrará uma melhora nesses sentimentos entre os brasileiros, mas é algo bem sutil”. Não é só o trabalho que pesa negativamente hoje para os brasileiros. Clifton avalia que há um sofrimento ocasionado

Produtividade do trabalho no país voltou à tendência de queda de antes da pandemia, alerta FGV

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Para Fernando Veloso, do FGV IBre, produtividade passou por uma espécie de melhora artificial durante período mais agudo da pandemia iniciada em 2020. 15/12/2022 12h33  Atualizado há 3 dias A produtividade do mercado de trabalho brasileiro retornou em 2022 a registrar a tendência de queda que era observada até 2019, em cenário pré-pandemia. O alerta partiu de Fernando Veloso, coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Ele fez a observação ao participar do Seminário de Produtividade e Mercado de Trabalho, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e pelo Valor. No evento, mediado por Sergio Lamucci, editor-executivo e colunista do Valor Econômico, Veloso comentou que a produtividade passou por uma espécie de melhora artificial durante o período mais agudo da pandemia iniciada em 2020. Isso porque, com restrições sociais mais rígidas, houve saída de trabalhadores informais, do mercado de trabalho, em ritmo maior do que dos formais. A economia de serviços, que engloba parte expressiva de emprego informal, foi a mais afetada pela crise sanitária criada pela covid-19, devido ao perfil mais presencial dessa atividade, notou ele. Empregos desse setor também têm salários mais baixos, ante outros setores mais qualificados, como indústria, por exemplo. Isso, na prática, retirou do cálculo da produtividade patamares de salários mais baixos, elevando média e favorecendo o cálculo de produtividade. Agora, no terceiro trimestre, cálculos do Observatório da Produtividade Regis Bonelli apontam queda em torno de 3% na produtividade no terceiro trimestre ante igual trimestre em 2021, com estabilidade ante segundo trimestre de 2022, informou Veloso. “Esse é o quadro atual. Estamos com produtividade abaixo do ano passado e em relação ao pré-pandemia”, disse, reiterando que se voltou à tendência de queda de produtividade, observada no pré-pandemia – e influenciada por período recessivo iniciado em 2015. Também no seminário, Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador-sênior da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre, comentou que, de maneira geral, o mercado de trabalho ainda se recuperava da recessão iniciada em 2015, mesmo antes da pandemia. Ele calcula que aquela crise pode ter conduzido à “destruição” de cerca de 3,5 milhões de empregos de carteira assinada, e acréscimo de cerca de duas milhões de vagas informais. https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/12/15/produtividade-do-trabalho-no-pais-voltou-a-tendencia-de-queda-de-antes-da-pandemia-alerta-fgv.ghtml

Metade dos reajustes negociados em novembro superou a inflação

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Nos últimos 12 meses, o percentual médio foi 10,6%, diz Fipe A metade dos reajustes salariais negociados em novembro tiveram ganho real acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Segundo o Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o índice médio dos reajustes negociados em novembro ficou em 6,5%. Nos últimos 12 meses, o percentual médio é de 10,6%. O acompanhamento das negociações coletivas é feito a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Economia. Em novembro, foram 245 negociações e nos últimos 12 meses, 18,3 mil. Em novembro, apenas 7,7% das negociações resultaram em acordos abaixo do INPC. Nos últimos 12 meses, o índice é de 41,9%. Em 42,7% das negociações feitas em novembro houve reposição igual ao índice de inflação. Em 12 meses, tiveram como resultado apenas a reposição do INPC 34,1% das negociações. De janeiro a novembro, as negociações com resultado acima do INPC totalizaram 24,1%, enquanto no mesmo período de 2021, esse percentual ficou em 15,7%. No mesmo período de 2022, 34,1% das negociações tiveram apenas reposição da inflação e 41,8% ficaram abaixo do INPC. Em 2021, esses percentuais foram de 34,6% e 49,8%, respectivamente. As categorias que tiveram maior reajuste real, de janeiro a novembro de 2022, foram a da indústria da joalheria, com média de 0,76% de ganho acima da inflação, a segurança privada (0,2%) e de confecções e vestuário (0,1%). As negociações dos trabalhadores de empresas jornalísticas tiveram o pior resultado nas negociações, com reajustes, em média, 3,92% abaixo da inflação. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-12/metade-dos-reajustes-negociados-em-novembro-superou-inflacao

Centrais sindicais e futuro ministro discutem como alterar reforma trabalhista

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As propostas devem ser avalizadas por empresários e pelos presidentes da Câmara e do Senado Por Mariana Carneiro, Julia Lindner e Gustavo Côrtes Líderes sindicais e o futuro ministro do Trabalho, Luiz Marinho, estudam a melhor forma de viabilizar ajustes na legislação trabalhista nos cem primeiros dias de governo sem solavancos para o empresariado. Aliados de Lula querem que representantes do setor produtivo e os presidentes da Câmara e do Senado deem aval às alterações antes de submetê-las ao Congresso. Assim, esperam evitar derrota no Legislativo na largada da gestão. Há pelo menos cinco mudanças pleiteadas, mas ainda não se sabe se por meio de projeto de lei ou medida provisória. Esta última opção é vista com receio pelo risco de gerar insatisfação de parlamentares. Está em discussão ainda se as alterações serão feitas gradualmente, para amenizar resistências. OXIGÊNIO. Das propostas já listadas pela transição, a mais urgente é a nova fonte de financiamento dos sindicatos sem reeditar o imposto sindical. DESEJOS. O fim da homologação de demissões sem anuência dos sindicatos e a revisão do contrato de trabalho intermitente também estão na pauta. Outra proposta das centrais, a chamada ultratividade dos acordos coletivos – que prolonga os seus efeitos durante novas negociações – foi bloqueada pelo STF e precisaria de nova legislação. Ao lado do governador do Amapá, Waldez Góez, e do prefeito de Santana, Bala Rocha, tocou guitarra e prometeu R$ 100 milhões em emendas para a cidade. https://www.estadao.com.br/politica/coluna-do-estadao/centrais-sindicais-e-futuro-ministro-discutem-como-alterar-reforma-trabalhista/