Média liderança corre o maior risco de burnout, indica estudo
Retorno forçado ao escritório e a rotinas sem flexibilidade são um fator de estresse, segundo pesquisa que ouviu 10 mil funcionários em 6 países Por Barbara Bigarelli A média liderança está esgotada e apresenta riscos mais altos de burnout entre os trabalhadores de escritório. É que aponta uma pesquisa recente do Future Forum, da Slack Technologies. O estudo, que entrevistou mais de 10 mil funcionários nos Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido, indica que 43% dos gestores intermediários se dizem esgotados profissionalmente e com alto risco para burnout – enquanto na liderança sênior esse percentual é de 37%, entre os executivos de 32%. Na força de trabalho geral, o percentual de entrevistados que se sentem com burnout ficou em 40% – um aumento de 8% para a última edição da pesquisa, realizada em maio. “Os líderes com menor pontuações para bons sentimentos e boa experiência no trabalho são os gestores intermediários, que apresentam dificuldades no quesito equilíbrio de vida pessoal e profissional, bem como os mais altos níveis de estresse e ansiedade”, mostra a análise do estudo. O retorno forçado ao escritório, em todos ou na maior parte da semana, pode ser um fator de estresse que está pesando para as lideranças, aponta o Future Forum. Bem como a limitação à flexibilidade e a imposição de uma jornada mais restrita das 9h às 17h. Trabalhadores com flexibilidade total relataram uma produtividade 30% maior do que aqueles profissionais que não tem condições para mudar seus horários ou agenda. E os trabalhadores com flexibilidade de horário são 26% menos propensos a indicar esgotamento e relatam uma capacidade cinco vezes maior de gerenciar o estresse relacionado ao trabalho. O levantamento também indica que as pessoas que se sentem com burnout reportam 22 vezes mais altos níveis de estresse e ansiedade no trabalho do que os funcionários que não se sentem esgotados. Além disso, o burnout também está associado a uma piora de 32% na produtividade e de 60% na capacidade de foco no trabalho. Profissionais esgotados também se sentem menos conectados ao trabalho – segundo o estudo, são duas vezes mais desconectados dos valores das empresa, de seus gestores e time direto, bem como da liderança executiva. A pré-disposição deles sairem da empresa, em um ano, também aumenta três vezes, indica o estudo. No Brasil, a percepção de que a média liderança também sai mais desmotivada e esgotada após dois anos de pandemia existe entre diretores de RH de grandes empresas. Em encontro fechado, realizado em maio, executivos que comandam a área de recursos humanos indicaram a preocupação de olhar, treinar e desenvolver a média gerência. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/12/06/media-lideranca-corre-o-maior-risco-de-burnout-indica-estudo.ghtml
As quatro doenças que mais causam afastamentos no trabalho
Pesquisa ouviu 146 empresas que empregam mais de 400 mil funcionários no Brasil Por Jacilio Saraiva, Para o Valor As doenças osteomusculares (tendinites, lombalgias e dores musculares), do aparelho respiratório, as infecciosas e parasitárias, e os transtornos mentais, nessa ordem, são os problemas de saúde que mais causam o afastamento de trabalhadores no Brasil. É o que indica um levantamento inédito da consultoria Mercer Marsh Benefícios, obtido pelo Valor. Quer uma semana de trabalho de quatro dias? Mostre essa pesquisa ao seu chefeNão se sentir incluído na empresa aumenta oito vezes a vontade de deixar o empregoO que garante o bem-estar dos funcionários em uma empresa? O estudo realizado entre julho e agosto de 2022 ouviu 146 empresas, de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, em 29 segmentos. Juntas, empregam mais de 400 mil pessoas. “A pesquisa também traz números preocupantes em relação à atuação das companhias na prevenção dos afastamentos”, analisa Helder Valério, superintendente de gestão de saúde da Mercer Marsh Benefícios. “Vinte e nove por cento das empresas não conhecem os principais motivos dos desligamentos e 49% que afirmam gerenciar as licenças não têm um plano de ação para evitá-las.” “Em uma época em que as organizações investem tempo, dinheiro e esforços na adoção de práticas ESG (meio ambiente, social e de governança) é um contrassenso termos um gap na prevenção de baixas dos empregados”, analisa. “Os funcionários querem trabalhar para empresas socialmente responsáveis. Os dias de dizer uma coisa e fazer outra acabaram.” Valério acredita que, no geral, há uma concentração de esforços de aspecto ambiental nas planilhas de ESG e menos atenção às facetas sociais e de governança. “É vital que as estratégias considerem todos os fatores para garantir valor e resiliência [às companhias].” Ao analisar outros resultados da pesquisa, o consultor chama a atenção para alguns pontos, como a saúde mental, que surge como a principal causa de afastamento em alguns segmentos da indústria, como o farmacêutico; e a falta de capacidade das lideranças em realizar uma gestão efetiva dos indicadores de programas de bem-estar. “Ao avaliarmos a função do setor de saúde ocupacional nas iniciativas das empresas, identificamos que, em quase metade ou 46% das entrevistadas, não há participação dessa área”, diz. “Desde que bem capacitado, esse departamento pode contribuir de forma positiva na gestão da saúde.” Por outro lado, o trabalho indicou um avanço das soluções tecnológicas nos planejamentos de saúde funcional. “O percentual de organizações com soluções implantadas ou que pretendem implantá-las, nos próximos 18 meses, é de 82%.” O acompanhamento médico por meio do teleatendimento (59%) e sistemas de bussiness intelligence (BI) com indicadores de saúde ocupacional (52%) lideram entre as inovações em uso. Na comparação entre os cuidados, somente 17% investem em ações voltadas à prevenção de doenças osteomusculares, parcela que sobe para 79% quando a aposta é em frentes de atenção à saúde mental. Diante dos dados, a recomendação do especialista para as diretorias é investir na gestão de saúde com uma visão mais assistencial, com ferramentas que garantam agilidade no tratamento dos dados e uma melhor atuação dos departamentos de bem-estar e de recursos humanos. “Um olhar holístico para o cuidado com os empregados, que integre informações ocupacionais, assistenciais e previdenciárias, traz melhorias à qualidade de vida do quadro, além de ganhos financeiros de curto, médio e longo prazo para as empresas”, destaca. “Outra sugestão é continuar investindo em ações que promovam o bem- estar, como o uso do exame médico periódico.” A pesquisa identificou que 70% dos empregadores mantêm ambulatórios de saúde, sendo 59% unidades próprias ou não terceirizadas. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/12/05/as-quatro-doencas-que-mais-causam-afastamentos-no-trabalho.ghtml
Projeto promove alterações no trabalho intermitente
Aguarda votação em Plenário o projeto que busca assegurar direitos como salário mensal, férias, jornadas saudáveis e seguro desemprego aos empregados contratados para trabalho intermitente. De acordo com o texto, o empregado não poderá prestar serviços no mesmo dia para mais de um contratante, terá direito a 13º salário, aviso prévio e hora extra 50% maior, caso a jornada ultrapasse oito horas por dia ou 44 horas semanais. O PLP 116/2022 prevê o recebimento de salário e os adicionais legais a cada mês pelo empregado, que terá direito a pelo menos 15 dias de férias pagas garantidas em todos os locais de trabalho, desde que avise a todos os patrões com pelo menos 30 dias de antecedência. O texto reafirma ainda o direito ao seguro desemprego, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e licenças maternidade e paternidade. A convocação para o trabalho deverá ser feita com três dias de antecedência por algum meio de comunicação com confirmação de recebimento. O empregado terá um dia útil para aceitar ou recusar o serviço ou comunicar ao empregador, caso já tenha jornada com outro contratante. O projeto estabelece que o contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou ainda para a prestação de trabalho em jornadas intermitentes, hipótese em que deverá ser celebrado expressamente e por escrito. De acordo com o texto, considera-se contrato individual de trabalho para prestação de serviços intermitentes, com subordinação, quando não há continuidade de jornadas, havendo alternância na prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. Jornada intermitente, contratos contínuos De autoria do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), o PLP 116/2022 altera os artigos 443 e 452-A e acrescenta o artigo 452-B à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT- aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de maio de 1943) para dispor sobre os direitos constitucionais e trabalhistas dos empregados contratados para o exercício de trabalho em jornadas intermitentes. Na avaliação de Jorge Kajuru, é preciso deixar claro que intermitente é a jornada de trabalho, e não o contrato, e que os direitos trabalhistas não podem ser cortados devido ao regime de alternância entre os períodos de prestação de serviço e fora de atividade. “O contrato de trabalho intermitente peca por diversas razões. A começar pela nomenclatura. Intermitente são as jornadas, apontam alguns autores, não os contratos, que são contínuos. Por essa razão, estamos corrigindo essa impropriedade terminológica. Além disso, trata-se de uma modalidade contratual que deixa uma série de vazios legais e cujos objetivos são fugir da legalidade e da constitucionalidade. No fundo, um estímulo à informalidade e à precariedade. A reforma trabalhista trouxe a degradação dos salários, embora tenha repartido os empregos”, ressalta Jorge Kajuru na justificativa do projeto. O autor do projeto destaca ainda que a legislação atual também não deixa claras diversas questões como, por exemplo, as férias de um empregado que possui vários empregadores. “Esse empregado pode, simplesmente, nunca conseguir conciliar seus períodos de afastamento, não poder viajar no período de interrupção das aulas de seus filhos. Pode, portanto, ficar afastado de sua família. Outros direitos, como o seguro-desemprego, estão previstos no artigo 7º da Constituição Federal. No entanto, há entendimentos de que não são aplicáveis ao trabalho intermitente. Há que deixar explícito que tais direitos são inafastáveis, até por princípio constitucional. Não podemos chegar a tais níveis de degradação em termos de direitos sociais e trabalhistas”, conclui Jorge Kajuru. Fonte: Agência Senado https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/12/07/projeto-promove-alteracoes-no-trabalho-intermitente
Alckmin cita responsabilidade fiscal e afirma que reforma trabalhista ‘continua’
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da equipe de transição, garantiu que a reforma trabalhista, aprovada no governo Michel Temer, “continua”. Em fala a favor da simplificação tributária, ele ainda reiterou que o imposto sindical não voltará. “Eu sei das preocupações”, disse Alckmin, ao ser questionado sobre o nome do futuro ministro da Economia, em fala em evento da CBIC. “Responsabilidade fiscal, reforma trabalhista continua, acordado sobre legislado, não volta imposto sindical”, enumerou. Para Alckmin, a preocupação deve se voltar para quem está na informalidade. “Esse é que tem de integrar a economia”, pontua. https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2022/12/07/alckmin-cita-responsabilidade-fiscal-e-afirma-que-reforma-trabalhista-continua.htm