Transição vê apagão na indústria e quer profissões hightech reconhecidas pelo MEC
Evolução tecnológica para a indústria 4.0 exige trabalhadores qualificados, mas grade curricular não contempla formação A equipe de transição da Indústria apresentou para o grupo de Educação uma bomba que explodirá nos próximos cinco anos: falta de mão de obra qualificada para tarefas de alta complexidade. Coordenados pelo ex-ministro Mauro Borges, os integrantes do grupo responsável pelo Desenvolvimento, Indústria e Comércio querem um plano de governo para que as novas profissões sejam contempladas na grade curricular do Ministério, forma de permitir que a indústria do futuro —chamada de 4.0— tenha mão de obra qualificada. O próximo passo será discutir o tema com o núcleo da Educação. O diagnóstico foi apresentado em uma das conversas. Em cinco anos, haverá quase 800 mil vagas para profissionais de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e nenhuma escola técnica ou universidade possui cursos de formação nessas áreas atualmente. Outro problema é que os poucos profissionais gabaritados no país vêm se tornando alvo de contratações de gigantes globais. Somente na indústria da defesa, foram 200 engenheiros aeronáuticos contratados por gigantes globais nos últimos dois anos —num universo de pouco mais de 1.600. Projeções da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) indicam que, até 2025, o segmento das https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs emergentes —pilares da transformação do setor produtivo– será o segundo maior gerador de vagas por ano no setor tecnológico. Serão 797 mil empregos, das quais 563 mil somente no setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg —para o qual o sistema de ensino ainda não dá a devida atenção. Neste universo, o cargo de analista de big data responderá, sozinho, por 26% da oferta de trabalho (147 mil postos). Também haverá vagas para quem for especialista em computação de nuvem (16,8% do total) e em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs de internet por celular (16,4%). No segmento de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs emergentes —que engloba inteligência artificial, internet das coisas, blockchain e segurança de informação, serão 214,8 mil postos de trabalho. Há ainda outro ramo, mais restrito, voltado às redes sociais, realidade virtual, robótica, entre outras atividades. A dificuldade já se reflete na vida das empresas, que não encontram esse tipo de profissional. Um estudo inédito da Harvard Business Review, feito para a NTT Data, mostra que 73% dos executivos entrevistados afirmaram que a escassez de talentos e os déficits de habilidades estão impedindo o avanço do uso de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs emergentes. Esse ramo da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg envolve itens como inteligência artificial (IA), blockchain, 5G, biometria, edge computing, robótica avançada, realidade aumentada, entre outros. Essas https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs trouxeram ganhos de produtividade segundo os entrevistados. Pelo menos 50% dos executivos indicaram aumento de produtividade dos funcionários e redução nos custos trabalhistas, 46% passaram a ter mais eficiência de fabricação e produção, 40% melhoraram a tomada de decisões, reputação da marca e ampliaram a receita da companhia. Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2022/11/transicao-ve-apagao-na-industria-e-quer-profissoes-hightech-reconhecidas-pelo-mec.shtml
Uber e iFood com CLT? Por que motoristas e apps temem propostas de Lula
Paula Gama Colunista do UOL Desde que o presidente eleito Lula (PT) falou sobre regulamentar a profissão de motoristas e entregadores de aplicativo, ainda durante a campanha, a discussão sobre o vínculo de trabalho desses profissionais ganhou espaço em diversos setores. Agora, no governo de transição, o debate está ainda mais quente, já que o plano é dar a esses trabalhadores direitos semelhantes aos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como aposentadoria, jornada de trabalho, descanso semanal remunerado e seguro. O coordenador do grupo temático de trabalho na transição, que trata do assunto, é Clemente Ganz Lúcio, que desde 2017 vem criticando duramente a reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer por ter, segundo ele, precarizado as relações de trabalho. Ao jornal “O Globo”, o economista esclareceu que a proposta do novo governo é fugir da discussão sobre existência de vínculo empregatício e focar no conceito de relação de trabalho. Ganz Lúcio afirmou que a ideia, que ainda não foi formatada como proposta, é que todos contribuam para que trabalhadores de aplicativo tenham direitos trabalhistas assegurados, mas em uma modelagem diferente da CLT. O presidente eleito, no entanto, já afirmou em entrevista ao Podcast Flow que planeja uma regulamentação com descanso semanal remunerado, jornada de trabalho, seguro e previdência, direitos semelhantes ao do regime celetista. UOL Carros consultou as duas maiores entidades de trabalhadores por aplicativo do país, a Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (AMASP) e a Associação de Motofretistas de Aplicativos de São Paulo, mas somente a primeira se posicionou. Segundo o presidente da AMASP, Eduardo Lima de Souza, os motoristas não querem nada parecido com a CLT, pois temem perder a autonomia. “A CLT nos obrigando a cumprir horários e a fazer toda e qualquer corrida, mesmo sem nos sentir confortáveis. As plataformas e o governo não nos oferecem segurança para trabalhar dessa maneira. O que nós queremos é ter direitos previdenciários, mas preservando nossa autonomia”, opina. De acordo com o presidente da AMASP, a associação participou da construção da proposta do governo Bolsonaro, que pretendia que os profissionais que atuam por intermédio de aplicativos tivessem uma relação com as empresas semelhante à dos microempreendedores individuais (MEIs), que estão sob cobertura previdenciária, mas não têm garantia de descanso remunerado ou jornada de trabalho, por exemplo. Em entrevista ao UOL Carros, André Mansur, advogado especialista em direito trabalhista e responsável pela primeira ação contra uma plataforma de transporte no país, afirmou que o modelo aplicado pelas plataformas hoje é desumano, já que os trabalhadores não têm nem mesmo direito à assistência em caso de acidente. Ele pondera, porém, que transforma-los em CLT poderia inviabilizar a modalidade de negócio. “Um modelo que julgo mais adequado hoje seria a parassubordinação, que foi aplicado no Reino Unido. Trata-se de um meio termo entre a relação de trabalho e o autônomo. Nesse caso, são garantidos alguns direitos, mas não todos, já que se realmente aplicássemos toda a legislação trabalhista do Brasil poderíamos tornar a atividade inviável. Gosto muito do modelo do Reino Unido porque é uma posição intermediária”, opina. No Reino Unido, um dos benefícios ao qual os motoristas do Uber passaram a ter direito, por exemplo, foi ao pagamento de férias, relativo aos rendimentos durante o ano, além de aposentadoria. Já na Alemanha, explica o advogado, os profissionais passaram a ser considerados funcionários das plataformas. “A Uber praticamente desistiu do país”, diz Mansur. O que pensam as plataformas A reportagem entrou em contato com as plataformas de maior atuação no país. Dessas, iFood e Uber responderam nominalmente. 99 e Rappi se manifestaram por meio de entidades que reúnem aplicativos de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. De acordo com o iFood, a empresa está aberta ao diálogo sobre novas relações de trabalho. “Como premissa, apoiamos o debate sobre um ambiente regulatório capaz de ampliar a proteção social aos entregadores e motoristas de aplicativos, respeitando as dinâmicas de autonomia e flexibilidade do trabalho em plataforma e trazendo segurança jurídica ao setor”, disse a empresa. “O iFood segue à disposição para ouvir e colaborar por meio de informações e experiências de outros países, para que juntos possamos chegar na melhor solução para todos, sem viés ideológico, que distorça o objetivo comum”, completou por meio de nota. A Uber citou uma pesquisa do Instituto Datafolha para justificar seu posicionamento. Segundo a empresa, o estudo “mostrou que a maioria absoluta dos motoristas e entregadores de aplicativos no Brasil quer manter sua independência. Quando perguntados se prefeririam ser classificados como ‘profissional que trabalha por conta própria’ ou como ‘empregado registrado’, 2 de cada 3 rejeitam o vínculo empregatício”, disse a plataforma. O Datafolha, que ouviu 2.431 motoristas e entregadores em todo o país, revelou na pesquisa que a flexibilidade de trabalho é um dos principais atrativos apontados pelos trabalhadores na atividade – 87% afirmam que “ter horário flexível” foi um dos motivos pelos quais optaram pelo trabalho por aplicativo. “Com base na pesquisa, a Uber divulgou um posicionamento público em que defende adequações na legislação que permitam às plataformas inscrever os parceiros na Previdência e fazer pagamentos para reduzir o valor de contribuição de motoristas e entregadores. A Uber está disposta a avançar no debate e auxiliar a fechar uma equação que aumente a proteção dos trabalhadores sem prejuízo da flexibilidade que tanto valorizam”, afirmou por meio de nota. O Movimento Inovação Digital (MID), que reúne 140 empresas digitais entre elas o Rappi, disse que entende que qualquer proposta de regulação do trabalho em plataforma deve compreender as recentes reivindicações de entregadores e motoristas, que – segundo eles – não abordaram a cobertura previdenciária, mas um conjunto mais amplo de direitos e garantias. “Nesse sentido, uma regulamentação que aborde os direitos sociais estaria em maior consonância com os anseios desses prestadores de serviço, ainda que devam ser renovados à luz de uma inédita dinâmica de trabalho, possibilitando, a título de exemplo, aceitar ou recusar as solicitações de serviços sem penalidades e a ativação pelo profissional em múltiplas plataformas simultaneamente”, opinou. A entidade disse ainda que “o Brasil possui suas especificidades e não podemos cair
Alta da inflação faz salário ter primeira queda real desde 2008 no mundo, diz OIT
No Brasil, recuo foi de 16% na comparação entre o 1º trimestre de 2019 e o de 2022 Douglas GavrasSÃO PAULO O cenário de pressão inflacionária e de desaceleração do crescimento econômico levaram a uma queda dos salários, em termos reais, de 0,9% no primeiro semestre no mundo, segundo relatório publicado nesta quarta-feira (30) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). É a primeira vez desde 2008, quando foi publicado o estudo da organização sobre o tema, em que o desempenho global dos salários foi negativo, aponta o “The Global Wage Report 2022-2023”, que constata os impactos da pandemia de Covid-19, da Guerra da Ucrânia e da crise de energia que afeta diversos países. Pelos dados da OIT, o Brasil registrou queda de 4,1%, no primeiro trimestre deste ano, de 7% em 2021 e de 4,9% em 2020, sempre na comparação com 2019. Do primeiro trimestre de 2019 ao primeiro trimestre de 2022, a queda no Brasil foi de 16%, conforme a OIT. O aumento real do salário mínimo é uma das promessas de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —em substituição à política do atual governo. O documento também aponta que o Brasil já havia registrado uma queda de 4,9% na massa salarial, de 2019 a 2020, a 15ª maior entre 28 países. Entre os países avançados do G20, estima-se que os salários reais (já descontada da inflação) tenham caído pelo menos 2,2% no primeiro semestre, enquanto os salários reais nos países emergentes do grupo cresceram 0,8% —2,6% a menos do que em 2019, antes do início da pandemia. Para o Brasil, o relatório usou os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. Nesta quarta-feira, a mais recente pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mediu que a taxa de desocupação no trimestre até outubro era de 8,3%. O número de empregados sem carteira no setor privado bateu recorde, de 13,4 milhões, alta de 2,3% ante julho. Apesar do aumento da informalidade, a renda real vem melhorando ao longo dos meses, aponta o IBGE, alcançando R$ 2.754 até outubro. O documento da OIT mostra que o aumento da inflação teve um impacto mais relevante no custo de vida das famílias de menor renda, já que elas gastam a maior parte da renda disponível em itens essenciais, como alimentação e moradia, que costumam sofrer mais variações de preço. A OIT alerta para a corrosão progressiva que a inflação tem provocado nos valores reais dos salários, mesmo em países onde os salários tiveram reajustes nominais. “As múltiplas crises globais que estamos enfrentando levaram a um declínio nos salários reais. Isso colocou milhões de trabalhadores em uma situação terrível, pois enfrentam incertezas crescentes”, disse o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. “A desigualdade de renda e a pobreza vão aumentar, caso o poder de compra dos salários mais baixos não seja mantido. Além disso, a tão necessária recuperação pós-pandemia pode ser colocada em risco. Isso pode alimentar ainda mais a convulsão social em todo o mundo.” Como caminhos para solucionar o problema, a organização aponta que o reajuste real de salário mínimo pode ser uma ferramenta eficaz, uma vez que 9 entre 10 países membros da OIT contam com sistemas de salário mínimo. “Um forte diálogo social tripartite e a negociação coletiva também podem contribuir para alcançar ajustes salariais adequados durante uma crise”, diz a organização. “Combater a deterioração dos salários reais pode contribuir para sustentar o crescimento econômico que, por sua vez, pode ajudar a recuperar os níveis de emprego registrados antes da pandemia”, disse Rosália Vazquez-Alvarez, uma das autoras do relatório. Os economistas, no entanto, não descartam que alguns países, como os da América Latina, continuem a ver uma redução real dos salários nos próximos anos, em consequência dos efeitos globais sobre a inflação. De acordo com a organização, é necessário adotar medidas políticas bem projetadas com urgência, para evitar o aprofundamento dos níveis de pobreza e desigualdade. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/11/alta-da-inflacao-faz-salario-ter-primeira-queda-real-desde-2008-no-mundo-diz-oit.shtml
Desemprego cai e renda reage, mas tendência é de reversão
Trimestre até outubro tem taxa de desocupação de 8,3%, a menor para o período desde 2014, aponta Pnad Contínua Por Marsílea Gombata e Lucianne Carneiro — De São Paulo e do Rio A taxa de desemprego no país voltou a cair no trimestre móvel encerrado em outubro. O resultado, abaixo do esperado, refletiu avanço na criação do emprego com carteira assinada e no setor público e queda da informalidade. No médio prazo, contudo, a tendência é de desaceleração do mercado de trabalho, com alta da população desempregada e queda da ocupada, como consequência da política monetária restritiva na economia, alertam economistas. Com ajuda da aproximação do fim do ano, tradicionalmente melhor para o mercado, a taxa de desemprego recuou para 8,3%, no trimestre encerrado em outubro, na oitava queda seguida do índice. O resultado ficou abaixo do verificado no trimestre móvel anterior, encerrado em julho (9,1%) e abaixo do resultado de igual período de 2021 (12,1%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o menor resultado para um trimestre encerrado em outubro desde 2014 (6,7%). Nos três meses até outubro, o país tinha 9 milhões de desempregados – pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego, mas não conseguiram encontrar. A população ocupada (empregados, empregadores, funcionários públicos) subiu para 99,7 milhões, recorde da série iniciada em 2012. Isso representa avanço de 1% em relação ao período de maio a julho. Frente a igual trimestre de 2021, a alta foi de 6,1%. A renda média dos trabalhadores avançou 2,9% no trimestre móvel encerrado em outubro de 2022, ante trimestre móvel anterior (encerrado em julho) para R$ 2.754. A diferença é de R$ 77 a mais. O rendimento médio real habitual dos trabalhadores considera a soma de todos os trabalhos. Na comparação com igual trimestre de 2021, houve alta de 4,7% (R$ 125). Já a massa de rendimentos real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) subiu 4% em relação ao trimestre anterior, para R$ 269,5 bilhões, e atingiu novo recorde da série histórica da pesquisa. “Os dados da Pnad deram dois sinais. Primeiro, renovaram a percepção de retomada do rendimento real habitual. Além disso, trouxeram novas evidências da acomodação da população ocupada, com ligeira acomodação na margem”, afirma Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria. Ele argumenta que, por causa da sazonalidade de fim de ano, com contratações temporárias para Black Friday, Copa do Mundo e Natal, houve avanço da população ocupada, que se somaram a efeitos tardios da reforma trabalhista aprovada em 2017. “Esse avanço foi impulsionado pela recuperação da economia intensiva em mão de obra. Setores como serviços prestados às famílias, por exemplo, se recuperaram tardiamente em relação a outros e acabam se beneficiando agora também”, afirma. César Garritano, economista sênior da Warren Renascença, afirma que os dados da Pnad Contínua “apontam para um resultado não tão positivo quanto o sugerido pelo headline do indicador”. “De um lado, houve aceleração de queda da população ocupada (de -0,42% em setembro na variação mês contra mês para -0,49% em outubro, com ajuste sazonal). De outro, a segunda queda seguida do nível de ocupação, passando de 57,5% para 57,2%. O recuo da taxa de desemprego é explicado pela contração de maior magnitude da população desocupada, que também acelerou sua queda (de -2,64% para -2,87%)”, diz. Na análise de Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, a queda da taxa de desemprego é resultado da combinação entre a continuidade da trajetória de retração observada desde meados de 2021 com fatores sazonais, como o fim do ano. “O que se tem agora pode ser visto como a soma de um processo que vinha em curso adicionando um processo sazonal, com a entrada de outubro, contribuindo para o desempenho dos indicadores do mercado de trabalho. Seria a soma desses dois movimentos”, disse. A trajetória de recuperação do mercado iniciada em julho de 2021, lembra Beringuy, está ligada ao avanço da vacinação contra a covid-19 e à retomada de atividades presenciais, como serviços. A Pnad Contínua mostrou que o número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado bateu novo recorde, com alta de 2,3% frente ao trimestre imediatamente anterior, encerrado em julho, para 13,4 milhões de trabalhadores. O número de trabalhadores no setor público também bateu recorde, chegando a 12,3 milhões. O número representa alta de 2,3% frente ao trimestre anterior. Na comparação com igual trimestre de 2021, a expansão foi de 10,4%. A taxa de informalidade recuou para 39,1% no trimestre móvel encerrado em outubro de 2022. O resultado é menor que o do trimestre imediatamente anterior, terminado em julho (39,8%), e o que de igual período de 2021 (40,7%). Já o número de trabalhadores informais foi de 38,96 milhões. Embora aponte que a melhoria de janeiro a outubro de 2022 no mercado de trabalho foi mais ampla e profunda do que o inicialmente previsto, Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, acredita que a tendência é que o processo diminua nos próximos trimestres. “Esperamos desaceleração adicional no mercado de trabalho à frente”, afirma. “A continuidade de uma baixa taxa de participação implica um risco negativo para nossas projeções de taxa de desemprego”, afirma Gabriel Couto, economista do banco Santander. Para Garritano, o patamar alcançado pela taxa de desocupação em outubro aponta para um mercado de trabalho apertado, que terá dificuldades no curto prazo. No último bimestre de 2022, ele vê impacto da diluição dos efeitos positivos das últimas medidas fiscais e da recuperação do setor de serviços, além de diversos outros freios sobre as condições de emprego. A Warren Renascença alterou estimativas para desemprego para o fim de 2022, de 8,4% para 8,3%. “A esperada desaceleração da economia em 2023 deverá provocar aumento do desemprego, para algo em torno de 9,1%”, alertou. Assis prevê que a perspectiva é de arrefecimento frente aos efeitos defasados da política monetária restritiva e pelo fim do impulso gerado pela reabertura econômica. “Houve um impulso significativo em 2021 e 2022.
Sindicalistas dizem a Alckmin que não querem imposto sindical e sugerem alternativa
Vice-presidente eleito afirmou a empresários na semana passada que não haverá volta da taxa Guilherme SetoSÃO PAULO Em reunião nesta quarta-feira (30), líderes sindicais disseram a Geraldo Alckmin (PSB) que não desejam o retorno do imposto sindical obrigatório. No sábado (26), o vice-presidente eleito disse em encontro com empresários que a reforma trabalhista é importante e que não haveria volta do imposto, fala que fez com que fosse aplaudido pelos presentes. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito, também já disse ser contra o retorno da taxa, que foi extinto na reforma trabalhista de 2017. No encontro desta quarta, os sindicalistas afirmaram que a proposta deles atualmente é a de que as categorias definam, em assembleias, se os trabalhadores darão ou não contribuições aos sindicatos e quais serão os percentuais, que não seriam pagos de maneira compulsória. A mesma proposta pode ser apresentada pelo grupo de trabalho que trata do tema no governo de transição, formado por diversos representantes de centrais sindicais. “A ideia é uma contribuição não compulsória, decidida pelo próprio trabalhador. A palavra final é dele, por meio de votação em assembleia. O sindicato, de seu lado, terá que cuidar de toda a transparência, edital de publicação, divulgação ampla das assembleias”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical, que participou do encontro com Alckmin. “Quando começa campanha salarial, fazemos reuniões para montar uma pauta. Depois, chamamos a categoria para aprová-la. Dentro dela, perguntaríamos então se haveria contribuição ou não e qual o percentual. E aí iríamos negociando com a categoria para ver se avança ou não, tudo com plena transparência e divulgação”, completa. Além de Torres, participaram da reunião Sergio Nobre, presidente da CUT, Paulinho da Força, deoutado federal e presidente do Solidariedade, Monica Veloso, do sindicato dos metalúrgicos de Osasco, e Eliseu Costa, presidente da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo. Nesta quinta-feira (1º), os líderes sindicais se encontrarão com Lula para discutir o tema. O presidente eleito convidou representantes de sindicatos dos bancários, construção civil, químicos, entre outros, para a reunião, além dos presidentes das centrais sindicais. O gesto foi entendido como sinalização favorável ao fortalecimento dos mecanismos de negociação coletiva, já que eles costumam ser administrados no dia a dia pelos sindicatos, e não pelas centrais, que tratam de questões mais amplas. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2022/11/sindicalistas-dizem-a-alckmin-que-nao-querem-imposto-sindical-e-sugerem-alternativa.shtml