Indicador Antecedente de Emprego recua em outubro
Índice da FGV antecipa tendências do mercado de trabalho Por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 4 pontos de setembro para outubro deste ano. Com isso, o indicador chegou a 79,8 pontos, o menor nível desde abril deste ano (79,5 pontos). O índice, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), busca antecipar tendências do mercado de trabalho para os próximos meses, com base em entrevistas com consumidores e empresários da indústria e serviços. Seis dos sete componentes do Iaemp tiveram queda, com destaque para tendência dos negócios, emprego previsto e situação atual dos negócios da indústria. Segundo o economista da FGV Rodolpho Tobler, “a desaceleração da economia parece já entrar no radar e influenciar as expectativas sobre o mercado de trabalho nos próximos meses. Não é possível descartar novas quedas nos próximos resultados, dado que o cenário macroeconômico ainda é desafiador e a recuperação econômica tende a perder força na virada para 2023”. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-11/indicador-antecedente-de-emprego-recua-em-outubro
PT avalia reajuste ainda maior do salário mínimo no primeiro ano de Lula
Pelas discussões preliminares, valor do piso nacional poderia chegar a R$ 1.319 Idiana TomazelliThiago ResendeBRASÍLIA A equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), avalia conceder um aumento real do salário mínimo ainda mais elevado em 2023, primeiro ano do novo governo, em relação ao que vinha sendo discutido. Segundo as discussões preliminares, o valor do piso nacional poderia chegar a R$ 1.319. Hoje, a proposta orçamentária para o ano que vem prevê um reajuste de 7,41%, passando dos atuais R$ 1.212 para R$ 1.302. O gasto para bancar a diferença de R$ 17 no salário mínimo previsto para 2023 seria de aproximadamente R$ 6,4 bilhões. Esse valor deve ser incluído na fatura da PEC (proposta de emenda à Constituição) da transição, em negociação com o Congresso e que vai permitir despesas extras sem esbarrar em regras fiscais, principalmente o teto de gastos —que limita o crescimento das despesas à variação da inflação. O reajuste mais alto do salário mínimo é uma forma de resolver um impasse político. O mínimo também serve como base para o pagamento de benefícios previdenciários, assistenciais e trabalhistas. Durante sua campanha, Lula prometeu diversas vezes retomar a política de valorização do salário mínimo. Em entrevista à Folha, o ex-governador do Piauí e senador eleito Wellington Dias (PT-PI) disse que a nova regra deve considerar a média de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos cinco anos —o que resultaria, em 2023, em um aumento de cerca de 1,3% acima da inflação. No entanto, desde o envio da proposta de Orçamento em agosto, a inflação desacelerou. A perspectiva é que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que serve de referência para a correção do salário mínimo, encerre o ano mais próximo de 5,8%. O arrefecimento da inflação faria, na prática, a regra que vinha sendo proposta pelo PT resultar em um reajuste menor do que os R$ 1.302 propostos pelo governo Jair Bolsonaro (PL), o que poderia gerar uma reação negativa. A solução em discussão entre os parlamentares é, no primeiro ano, aplicar o percentual de aumento real sobre o valor já previsto na proposta Orçamentária. Ou seja, uma alta de 1,3% sobre os R$ 1.302. Congressistas que participam das discussões já incorporaram o discurso de que o reajuste mais elevado em 2023 busca compensar parte do período em que o salário mínimo ficou congelado em termos reais durante o governo Bolsonaro. Nesta sexta-feira (4), a presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) disse que o valor do salário mínimo para 2023 ainda não está definido. “Estamos fazendo os cálculos”, afirmou durante visita da equipe de transição ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). O senador Paulo Rocha (PT-PA), que também acompanhou a visita, disse que a PEC “tem que prever alguma coisa para o salário mínimo”. O último aumento real foi concedido no início de 2019, quando o presidente aplicou a política de valorização do salário mínimo que havia sido implementada ainda na gestão Dilma Rousseff (PT). A partir de 2020, o piso foi corrigido apenas pela inflação —atualização que é garantida pela Constituição. A negociação da PEC da Transição foi acertada pela equipe de Lula com o relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), em reunião nesta quinta-feira (3). A PEC é necessária para evitar um apagão social no ano que vem, já que a proposta de Orçamento enviada em agosto pelo governo Bolsonaro assegura apenas um valor médio de R$ 405,21 no Auxílio Brasil, além de impor cortes severos em programas habitacionais e também no Farmácia Popular. Além do acréscimo ao salário mínimo, a proposta também vai autorizar gastos extras para assegurar a continuidade do benefício mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil, pagar o benefício adicional de R$ 150 por criança com até seis anos, reduzir as filas do SUS (Sistema Único de Saúde), ampliar as ações de saúde indígena e merenda escolar, além de destravar recursos para investimentos. O valor dessa fatura extra ainda será definido em reuniões técnicas nos próximos dias. A intenção é levar a Lula uma minuta da proposta na segunda-feira (7), com apresentação dos números a Castro no dia seguinte. Sob o temor de que a PEC signifique um aumento muito amplo nos gastos e no endividamento do país, o mercado financeiro começou a tecer críticas à PEC. O senador Paulo Rocha rebateu as reclamações e afirmou que o plano da transição é buscar “soluções emergenciais” para bancar políticas que correm o risco de serem descontinuadas. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que a população “contratou um programa nas urnas”, e a PEC é necessária para cumpri-lo. “Ele [Bolsonaro] deixou um rombo fiscal”, afirmou. A PEC deve tratar apenas de despesas. Há uma decisão no partido de não incluir no texto medidas tributárias, como a atualização da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). Durante a campanha, Lula prometeu reajustar a faixa de isenção para R$ 5 mil. Hoje, ela é de R$ 1.903,98. Eventuais mudanças na isenção de tributos federais sobre combustíveis também ficarão de fora do debate da PEC, hoje centrado nas questões emergenciais do lado das despesas. Já as emendas de relator, usadas como moeda de troca nas negociações políticas com o Congresso, serão tratadas diretamente com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —que hoje controlam a destinação dessas verbas. A proposta de Orçamento de 2023 reserva R$ 19,4 bilhões para as emendas de relator. Lula foi um crítico ferrenho desse instrumento durante a campanha eleitoral, pois esse tipo de emenda amplia o controle do Congresso sobre as despesas do Poder Executivo. A necessidade de aprovar uma PEC para destravar despesas essenciais em seu primeiro ano de governo, porém, exigirá da equipe do petista capacidade de articulação e composição de alianças antes mesmo de o novo presidente assumir o cargo. Por isso, seus auxiliares sugerem uma avaliação de custo-benefício de mexer nesse tema no momento em que o governo eleito busca apoio no Congresso. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/11/pt-avalia-dar-aumento-ainda-mais-elevado-ao-salario-minimo-no-primeiro-ano-de-lula.shtml
Renda do trabalho cresce de modo desigual entre categorias
Agricultura, construção, serviços e comércio lideram entre as atividades cujos salários mais se valorizaram Por Marsílea Gombata — De São Paulo O rendimento do trabalho tem se recuperado de maneira desigual. Nos últimos meses, essa alta vem ocorrendo com mais intensidade em setores como agricultura, construção, serviços e comércio, e tem apresentado piora em administração pública e indústria. Ainda que a inflação tenha voltado em outubro, economistas acham que a tendência é que essa recuperação continue, embalada pela alta nominal dos salários e pelo “efeito composição”, que capta alterações no perfil dos trabalhadores. Segundo microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, compilados pela Tendências Consultoria Integrada, o rendimento real habitual do trimestre encerrado em setembro chegou a R$ 2.737, alta de 1,4% no mês. Na comparação do trimestre julho a setembro versus o trimestre abril a junho, a variação foi de 3,7%. Em relação ao trimestre de julho a setembro de 2021, a alta foi de 2,5%. Para Lucas Assis, economista da Tendências, a recuperação do rendimento das pessoas ocupadas se deve à maior geração de vagas com carteira assinada e à queda da inflação corrente. “Sob a ótica setorial, na comparação com o terceiro trimestre de 2021, o destaque positivo foi o crescimento no rendimento real em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que teve alta R$ 216, o equivalente a 13,2%. Além do impacto da menor inflação, é possível que tenha havido um ‘efeito composição’, com demissão de trabalhadores de baixos salários”, afirma. Ele acrescenta que a renda no setor de construção subiu 5,7%, no comércio e reparação de veículos, 8,3%, e em serviços domésticos, 4,6%. “O setor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas foi um dos que mais exibiram avanço no rendimento médio, com alta de 3,1% na comparação com o mesmo período do ano passado, acima do crescimento médio total de 2,5%”, diz. Há seis meses, no trimestre móvel encerrado em março, a renda média no setor de agricultura era de R$ 1.685. Passou para R$ 1.855 no trimestre encerrado em setembro. No setor de comércio, passou de R$ 2.160 para R$ 2.270. No de construção foi de R$ 2.111 para R$ 2.114. E no de informação, comunicação e atividades financeiras, de R$ 3.748 para R$ 3.942. O destaque negativo ficou com administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que teve queda de 3,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, equivalente a R$ 134. A principal razão foi a ampliação de vagas de menores salários. Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), reforça que parte do aumento da renda vem sendo puxado por serviços. “Acabou aquela recuperação da pandemia, mas o setor de serviços continua performando melhor do que o esperado”, diz. “Pode ser que as pessoas estejam sobreconsumindo serviços depois de dois anos represados. Mas o fato é que estamos vendo aumento de salário em serviços de forma que tem surpreendido bastante”, argumenta. Ele ressalta que a grande queda da renda nos últimos dois anos vem sendo puxada pelo setor público. “É o setor que melhor pagava até recentemente, mas caiu em termos de percentual de ocupados”, afirma. “O setor de serviços de informação e comunicação tem puxado muito a renda porque está superaquecido. A demanda pós-pandemia por trabalho mais qualificado de dados, https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação tem aumentado muito. E isso tem tido efeitos relevantes sobre salários.” A cientista da computação Cláudia Jerônimo, de 43 anos, decidiu deixar o emprego de consultora de infraestrutura de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para uma empresa americana há três anos para se dedicar integralmente à sua empresa de desenvolvimento de software. No início de 2019, a Gestão Tecc tinha apenas Cláudia no quadro de funcionários e faturava cerca de R$ 3 mil por mês. Hoje a empresa tem quatro pessoas que trabalham por demanda. Nos últimos meses, viu as despesas e os ganhos explodirem – chega a faturar 700% a mais do que há três anos. O grande impulso veio com a crise sanitária da covid-19, conta. “Eu tenho a empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg há mais de cinco anos. Mas, na pandemia, os serviços de TI se popularizaram. Os aplicativos permitiram muita gente não sair de casa porque havia serviços de entrega. E também ajudaram muitos a trabalharem de forma remota”, afirma. O aquecimento do setor fez Danilo Amarante, de 29 anos, trocar de emprego por melhores oportunidades duas vezes em dois anos. Era responsável pelo setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de uma rede de hospitais quando foi chamado para trabalhar no suporte de TI de uma editora, em fevereiro de 2020. Passou a ganhar R$ 2 mil por mês, 20% a mais do que no emprego antigo. Em fevereiro deste ano, recebeu proposta para atuar em uma empresa que presta serviço para uma big tech. Trabalha na área de marketing digital, anúncios, merchandising. Ganha o dobro do que no emprego anterior. “Acho que juntou tudo. Salário melhor e também o fato de ter de trabalhar para uma empresa gigante, com desenvolvimento e microinformática. Suporte é o primeiro degrau da escada. E hoje trabalho mais com código e processo do que com microinformática”, conta. Em paralelo, tem com um sócio a empresa de aplicativos Devsampa, que rende de R$ 500 a R$ 7 mil extras. A atual expansão do mercado de trabalho é marcada pelo aumento de trabalhadores autônomos e com carteira assinada, argumenta Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo. “O que estamos vendo é um grande impulso do mercado de trabalho, que está se expandindo e de forma diferente do que se via lá atrás. Temos mais trabalhadores com carteira assinada e mais pessoas com CNPJ, que seriam os autônomos e os por conta própria. Há um sinal de crescimento da formalização maior do que a informalização”, afirma. Assis argumenta que o avanço da ocupação ocorre majoritariamente no segmento formal, que registrou inserção de 4,9 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em setembro,
Artigo: Desigualdade, qualidade do emprego e da educação
JOSÉ PASTOR E – Professor da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP. É membro da Academia Paulista de Letras A redução da desigualdade no Brasil depende muito da melhoria da qualidade dos empregos e da educação. No mercado de trabalho brasileiro predominam atividades e ocupações muito simples que remuneram mal, têm alta rotatividade e baixa produtividade: balconistas, motoristas, embaladores, atendentes, entregadores, arrumadeiras, merendeiras, lavradores, porteiros, ajudantes de cozinha, etc. Cerca de 2/3 dos brasileiros que trabalham realizam atividades desse tipo e 1/3 se dedicam a ocupações mais complexas nas áreas da educação, saúde, engenharia, https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, ciências básicas, ciências sociais, direito e outras. São atividades melhor remuneradas, com menos rotatividade e com maior impacto na produtividade. Historicamente, esse quadro decorre da natureza do nosso sistema produtivo que está muito ligado à agricultura, mineração e pequenas empresas do comércio e serviços. Cerca de 2/3 das exportações brasileiras são intensivas em produtos naturais (commodities). Veja o contraste da Alemanha: mais de 50% das exportações são de bens e serviços intensivos em conhecimento (veículos, maquinário complexo, fármacos, engenharia, etc.). Para produzir esses bens e serviços, cerca de 2/3 dos empregos são de boa qualidade, bem remunerados, de baixa rotatividade e alta produtividade e 1/3 são de má qualidade, em geral , ocupados por imigrantes como é o caso dos balconistas, garçons, motoristas, faxineiros, ajudantes de obra, etc. Trata-se de uma estrutura de atividades e de ocupações que é, grosso modo, o inverso da brasileira. Para preencher os 2/3 de bons empregos, a Alemanha dispõe de um sistema de ensino eficientíssimo nas áreas tecnológicas e científicas. É o chamado ensino dual no qual os estudantes passam metade do tempo na escola e a outra metade nas empresas com boa orientação. No nível superior, a qualidade é igualmente elevada. No Brasil, mesmo para preencher os bons empregos que são poucos, há falta de pessoal qualificado. Assim ocorre na área de projetos para infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento industriais, criação e gestão de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de informação, profissionais para a área de energia, profissionais para a solução de problemas climáticos e ambientais etc. Não é para menos: 3% da nossa força de trabalho ainda são analfabetos; 23% têm apenas alguns anos do ensino fundamental; 8,5% só têm o fundamental completo; 7,5% têm o ensino médio incompleto; 33% têm o médio completo, na maioria dos casos, de má qualidade. Ou seja, 75% dos trabalhadores brasileiros são de qualificação limitada o que, de certo modo, acompanha os 2/3 de maus empregos para eles disponíveis. Portanto, temos dois problemas gigantescos pela frente. Primeiro, transformar os 2/3 de maus empregos em bons empregos. Segundo, garantir uma boa qualificação para se preencher os poucos bons empregos. Só assim se pode pensar em reduzir a desigualdade. Não gosto de apontar problemas sem indicar soluções. Mas tenho de ser realista e dizer que esse quadro não muda de repente. Sofisticar a atual estrutura de produção demanda décadas de trabalho bem feito. O mesmo ocorre para a melhoria da qualidade da educação. Nos dois casos, porém, o importante é ter um plano de longo prazo e começar a implantação imediatamente. https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/11/5049310-artigo-desigualdade-qualidade-do-emprego-e-da-educacao.html
Empresários pedem que Lula mantenha reforma trabalhista e evite invasões
Mariana Desidério Entidades representativas de diversos setores econômicos cumprimentaram nos últimos dias o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aproveitaram para apresentar alguns pedidos para a próxima gestão, que se inicia em 1º de janeiro de 2023. Dentre os pontos, há itens como a manutenção da reforma trabalhista e o avanço das reformas administrativa e tributária. Há também questões mais específicas de cada setor, como a defesa contra a invasão de terras e a liberação do preço de alguns medicamentos. Boa parte das demandas setoriais foi apresentada ainda durante a campanha aos candidatos à Presidência. Veja a seguir algumas das pautas setoriais para o próximo governo. Agronegócio Representante do agronegócio, setor cuja maioria apoiou o presidente Bolsonaro na campanha à reeleição, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) disse em nota que “recebe com naturalidade o resultado das eleições presidenciais e está pronta para o diálogo e a cooperação com o governo eleito”. Na visão da entidade, o setor precisa de um governo que defenda o produtor rural “das invasões de terra, da taxação confiscatória ou desestabilizadora ou dos excessos da regulação estatal”. A Confederação também espera que o governo trabalhe para ampliar os destinos das exportações e proteger a produção nacional de barreiras impostas por outros países “abertas ou disfarçadas de preocupações com a saúde e o meio ambiente”. Indústria Representante da indústria, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) diz que “os próximos quatro anos exigem união e diálogo entre setores público e privado e a sociedade para a necessária construção de uma política industrial moderna, pautada nos investimentos em inovação e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e na agenda do clima”. O ponto principal para a entidade é a aprovação da reforma tributária sobre o consumo, o que em sua visão vai estimular os investimentos produtivos e a criação de empregos. A CNI também pede investimentos em infraestrutura de transporte e na educação, além da criação de políticas que incentivem o investimento em energia renovável. Assim como a CNA, a entidade elaborou um extenso documento com propostas e demandas ao novo governo, entregue durante a campanha eleitoral. Setor farmacêutico Outra entidade que apresentou propostas ao novo governo foi a indústria farmacêutica. As demandas apresentadas pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) incluem a isenção de impostos dos medicamentos comprados por órgãos públicos, a criação de um centro de inteligência em saúde (que teria o papel de consolidar os dados de saúde da população) e a flexibilização de preços para remédios com alta competição. A legislação que determina o tabelamento dos preços dos medicamentos foi criada em 2003, durante o primeiro mandato de Lula, o que pode dificultar o avanço da demanda. “Na época, a lei não saiu como a indústria pretendia, mas nunca vimos as portas fechadas. O mais importante é ter a possibilidade de diálogo”, diz Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma. Saúde Em nota, a CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde) parabenizou Lula e Alckmin pela eleição “ocorrida de forma democrática”. As demandas da entidade incluem a manutenção das mudanças oriundas da reforma trabalhista. A reforma foi alvo de críticas do PT. A entidade também pede a regulamentação da telemedicina, modalidade que ganhou força com a pandemia da covid-19, o financiamento para as Santas Casas e o “reequilíbrio financeiro na relação entre o SUS e os hospitais privados”. A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa grandes operadoras de planos de saúde, defende mudanças na regulação do setor. Um dos pontos é a mudança na regra do reajuste dos planos de saúde individuais, que hoje é definido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). É uma demanda antiga do setor que encontra resistência de entidades de defesa do consumidor. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/11/05/demandas-setores-governo-lula.htm