Brasil não avança na capacidade de atrair, reter e formar talentos, mostra ranking global
País permanece estagnado e fica na 73ª posição no Índice de Competitividade Global de Talentos 2022, realizado pela escola de negócios francesa Insead Por Stela Campos — De São Paulo O Brasil está estagnado na sua capacidade de atrair, reter e formar talentos. Este ano, ficou na 73ª posição em um ranking com 133 países no Índice de Competitividade Global de Talentos 2022. Na nona edição do estudo, realizado pela escola de negócios francesa Insead, aparece entre os mais atrasados no desenvolvimento de talentos. Já o Chile, líder entre os países da América Latina (ranking em que o Brasil está em 9º lugar), subiu para o grupo dos campeões (34º) ao lado dos recém-chegados China, Malásia e Costa Rica. A liderança do ranking global permanece com a Suíça, seguida por Cingapura, Dinamarca e Estados Unidos. Os países europeus conquistaram 15 postos entre os 20 primeiros. Nesta edição, o tema foi o impacto da desigualdade econômica no desenvolvimento de talentos, com foco nas consequências da pandemia e na guerra da Ucrânia. “A distribuição desigual de talentos globais reduz a nossa capacidade de atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, diz Felipe Monteiro, professor de estratégia do Insead e um dos responsáveis pelo estudo, que é feito em parceria com o Portulans Institute e o Human Leadership Institute. “Quem mais sofre são os países pobres e neles, as mulheres. Muitas perderam oportunidades ou deixaram de ir à escola”, observa. O professor ressalta que nos países com menor renda o percentual de crianças com até 10 anos incapazes de ler e entender um texto subiu de 53% para 70% pós pandemia. “Vamos sentir o impacto disso em cinco, dez anos.” No caso brasileiro, Monteiro diz que o fato de o país não ter tido uma mudança significativa no ranking em nove anos é preocupante. “Fizemos uma correlação entre o nosso índice e o coeficiente Gini, que mede a desigualdade social, e está provado que estão diretamente relacionados”. Ele diz que o país não encontrou o caminho para o desenvolvimento de talentos. “O Brasil até melhorou em questões de ambiente microeconômico, mas nada que faça grande diferença.” No pilar que mede o poder de atração de talentos, o Brasil ficou em 91° lugar. Em relação a trazer grandes cérebros de fora (“brain gain”) figura em 118ª. “Não adianta facilitar o visto para trazer talentos, é preciso melhorar a imagem do Brasil em geral”, diz Monteiro. Em outros pilares, como retenção de talentos, o país ficou em 69° lugar. “Uma vez que os talentos chegam no país, ele precisa fazê-los ficar”, afirma. Em alguns aspectos, o Brasil continua demonstrando uma boa performance, como no uso de redes sociais profissionais (30° lugar) e em lifelong learning (75° lugar), que é o aprendizado para a vida toda. “O país pelo menos não piorou no que era bom.” https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/11/03/brasil-esta-parado-na-competicao-por-talentos.ghtml
Trabalho online passa de atividade extra para principal fonte de renda de algumas famílias
As novas oportunidades de negócio online exigem dedicação, resiliência e muita criatividade Uma busca constante das famílias é equilibrar o orçamento. Para isso, a recomendação básica é reduzir despesas e aumentar receitas. O problema é que as possibilidades de diminuir os gastos estão cada vez mais difíceis. Muitas pessoas já estão no nível de subsistência, não há mais o que cortar. Por outro lado, buscar novas fontes de receitas sempre foi difícil, ainda mais no nosso mercado de trabalho. Mas o mundo digital tem aberto muitas portas para que as pessoas possam obter dinheiro extra. A cada dia surgem novas maneiras de criar um fluxo de receita recorrente. A grande sacada é ganhar dinheiro online, vendendo produtos, oferecendo serviços, realizando pesquisas, aplicando testes, fazendo traduções, entregando itens, alugando casas e muitas outras coisas. O interessante é que algumas dessas atividades estão deixando de ser um trabalho extra para se tornar a principal atividade das pessoas. Estamos vivendo uma revolução no ambiente de trabalho, com novas relações contratuais e novas maneiras de as pessoas tocarem suas vidas. Em muitos casos essa transformação possibilita às pessoas não somente manter-se financeiramente, mas permite sua realização profissional por meio do empreendedorismo. Não são somente freelancers digitais, mas há muitos profissionais experientes atuando com muitas ideias de negócios que estão surgindo dentro de casa e tomando vida online. Neste ano uma das maneiras de ganhos extras que mais se tornaram populares foi o dropshipping, um modelo de negócios em que uma pessoa vende um produto de terceiros, o fornecedor armazena, embala e envia o item para o cliente em nome do vendedor. Em outros termos, a pessoa intermedeia a venda de produtos online de outros fornecedores. Há sites e aplicativos que facilitam muito a vida dos interessados na criação de e-commerce para a venda de produtos de terceiros ou próprios. Uma das estratégias de maior sucesso é a criação de marca própria de um produto fabricado por terceiros. Isso pode ocorrer com roupas, tênis, jogos e até rótulos de vinho que podem ter um corte particular, criado por um conhecedor e vendido com a sua marca. Outra maneira de negociar que tem ganhado espaço é a compra de itens exclusivos criados por marcas de renome, edições especiais de bolsas, roupas, tênis, e revendidos online. Mas há possibilidade de criação de seu próprio produto ou serviço, como a confecção de camisetas personalizadas, doces especiais, aluguel de espaços, jardins, fotos etc. Para muitos o sonho é tornar-se um influenciador usando os canais digitais e ganhar muito dinheiro. Mas o mercado não perdoa os enganadores. Essas novas oportunidades de negócios online exigem muita criatividade, dedicação e resiliência das pessoas. https://www.estadao.com.br/economia/fabio-gallo-trabalho-online-principal-fonte-de-renda-de-algumas-familias/
PT se reúne com relator do Orçamento e quer aumento do salário mínimo
Partido quer promover reajuste que leve em conta a média do crescimento do PIB nos cinco anos anteriores Por Vandson Lima e Renan Truffi — De Brasília O PT sinalizou ao Congresso que gostaria de promover um reajuste do salário mínimo que leve em conta a média do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos cinco anos anteriores. No caso de 2023, o reajuste real ficaria entre 1,3% e 1,4%, segundo afirmou o senador eleito Wellington Dias (PT-PI). Essas definições devem dominar a reunião que o relator geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI) fará nesta quinta-feira com representantes do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como Dias, o ex-ministro Aloizio Mercadante e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que comandará a transição, para acertar as prioridades do Orçamento para o próximo ano. Castro avalia que o ajuste necessário nas contas será de mais de R$ 100 bilhões. A peça orçamentária formulada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) tem várias deficiências e pouquíssimo espaço para acomodar novos gastos. “O Auxílio Brasil se calcula que precisa de R$ 52 bilhões para manter em R$ 600. O orçamento é todo engessado, só tem R$ 99 bilhões de despesa discricionária. O que tem de investimento são R$ 24 bilhões somente”, contabiliza. “Lula prometeu reajustar o salário mínimo acima da inflação, isentar o Imposto de Renda para ganhos até R$ 5 mil, o que teria um impacto esperado de R$ 40 bilhões, prometeu dar R$ 150 a mais para mães e pais de crianças de até 6 anos, que tem impacto calculado de R$ 18 bilhões. O impacto aí já passa de R$ 100 bilhões. O que vamos fazer? Vamos esperar para ver o que vão nos propor [na reunião]”. Castro diz que está no radar uma proposta que crie uma licença para gastar (chamada no mercado de “waiver”) em 2023. A magnitude desse waiver também será tratada na reunião. Outra hipótese, cujo encaminhamento no Congresso seria mais complexo, é a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para excluir gastos com o Auxílio Brasil/Bolsa Família da regra do teto de gastos, algo que o próprio relator do Orçamento já defendeu anteriormente. Ainda assim, Lula e sua equipe terão de fazer escolhas, com algumas promessas podendo ser adiadas para o Orçamento de 2024. “O aumento da faixa de isenção da tabela do Imposto de Renda para R$ 5 mil, por exemplo, não é obrigatório que seja feito agora. Este orçamento não é dele [Lula] e ele pode dizer que quando enviar o próximo Orçamento, ele envia. Assim também com o auxílio de R$ 150 por criança. Mas não sei como eles estão interpretando, podem querer fazer tudo agora”. Castro vê com ceticismo uma mudança imediata na peça orçamentária para acabar ou diminuir drasticamente o montante hoje repassado por meio de emendas de relator – o chamado “orçamento secreto”, usado para abastecer a base política do presidente Bolsonaro. Para ele, o tempo é exíguo e haverá resistência do Congresso, apesar de Lula ter na campanha falado contra o mecanismo. “O que o Congresso quer? Liberdade total [para definir o Orçamento]. O que o Lula quer? Extinguir total [o orçamento secreto]. O que o Rodrigo Pacheco, presidente do Senado quer? Encontrar um meio do caminho. Acho que o tempo está muito estreito para tanto problema. Vamos ter que achar uma saída negociada”, conclui. Castro é aliado de Lula de longa data. Ele e Wellington Dias também impuseram, juntos, uma derrota acachapante ao ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira, no Piauí. Foi no Estado que o petista teve seu melhor desempenho na corrida presidencial, com 76,8% dos votos no segundo turno. De acordo com Castro, a questão que necessita de uma solução imediata é encontrar uma forma de custear a manutenção em R$ 600 mensais do pagamento do Auxílio Brasil – que voltará a se chamar Bolsa Família na gestão do petista. “Tem condições políticas de chegar em janeiro e 21,6 milhões de famílias que estão recebendo R$ 600 passarem a receber R$ 400 mensais? Não. Seria uma desmoralização pública”, diz Castro. “O governo está moralmente obrigado a cumprir os R$ 600”, observa, em entrevista ao Valor. https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/11/03/pt-se-reune-com-relator-do-orcamento-e-quer-aumento-do-salario-minimo.ghtml
Aumento acima da inflação no mínimo em 2023 será entre 1,3% e 1,4%, diz Wellington Dias
Por Adriana Fernandes Dias é cotado para chefiar o Ministério da Fazenda no novo governo de Lula Cotado para comandar o Ministério da Fazenda no terceiro governo Lula, o senador eleito e ex-governador do Piauí, Wellington Dias, antecipou que o ganho real do salário mínimo em 2023 deverá ficar entre 1,3% e 1,4% acima da inflação de 2022. Essa alta segue a regra que o governo quer aprovar no Congresso de correção anual do salário mínimo com base na média do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos cinco anos. “Há esse compromisso de no primeiro ano de implementar a regra (para o salário mínimo) média do PIB dos últimos cinco anos. Como houve queda, provavelmente vai ficar num patamar de 1,3%, 1,4% de ganho real no primeiro ano”, disse Dias em entrevista ao programa Estúdio i da GloboNews. Como mostrou o Estadão há 15 dias, a proposta da campanha de Lula permitiria um ganho real de 1,3% da renda do trabalhador em 2023. O custo adicional ficaria em torno de R$ 6,2 bilhões. Hoje, o valor do salário mínimo está em R$ 1.212. No projeto de orçamento, o salário mínimo previsto a partir de janeiro de 2023 é estipulado em R$ 1.302, com base na correção apenas da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mas o valor pode ser mais baixo, se o INPC fechado do ano for menor, como previu o Ministério da Economia poucas semanas depois do envio do projeto de Orçamento ao Congresso, no final de agosto. Se o aumento real fosse dado a partir da previsão do salário mínimo que foi enviada ao Congresso, o piso subiria para cerca de R$ 1.320, pelos cálculos do economista Manoel Pires, coordenador do Observatório Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Ele, porém, ressalta que essa previsão deve ser revista, já que a inflação deste ano deve ficar menor. Para cada 1% de aumento no mínimo, o custo extra é de R$ 5,8 bilhões. É que boa parte das despesas, principalmente da Previdência, é vinculada ao piso. Pires considera esse reajuste real viável no contexto do waiver (licença para gastar) que está sendo negociado pelo governo eleito com o Congresso diante das despesas extras de 2023, como a manutenção do Auxílio Brasil a R$ 600. O senador Wellington Dias foi escalado por Lula para negociar a votação da lei orçamentária de 2023 com o relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI). O aumento real do mínimo precisará constar no Orçamento do próximo ano. A fala de Dias sugere que o aumento real do salário mínimo começará já no início do ano. A correção do salário mínimo virou tema de campanha e é tema sensível. Na véspera da eleição em segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro propôs um aumento do salário mínimo para R$ 1.400, proposta que teria um custo em torno de R$ 42 bilhões, segundo o Observatório Fiscal do IBRE/FGV. Foi uma tentativa de contrapor a informação de que a equipe econômica do presidente tinha estudos para corrigir o piso com base na expectativa futura de inflação e não mais com o índice do ano anterior. A última vez que o salário mínimo teve ganho real foi no início de 2019, primeiro ano de mandato de Bolsonaro, quando ele assinou um decreto atualizando o valor do piso de acordo com a política de valorização aprovada no governo Dilma Rousseff (PT) e válida de 2016 a 2019. O ex-governador se reúne amanhã com o relator para iniciar as negociações do Orçamento. Ao seu lado, estará o coordenador do governo de transição e vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. https://www.estadao.com.br/economia/aumento-acima-inflacao-salario-minimo-wellington-dias/
O trabalho depois da eleição
Presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho elenca as três prioridades viáveis Por José Pastore* O Brasil terá a mais exuberante prosperidade se 50% das promessas dos candidatos à Presidência da República se tornarem realidade. No campo do trabalho, dizem eles, haverá emprego e renda para todos. O salário mínimo terá constantes aumentos reais. Para os mais necessitados, as transferências de renda serão vitalícias. E assim vai. A materialização das promessas, é claro, depende de fatores que estão fora do alcance dos governantes escassez de recursos e outros. Mas, se eu tivesse que indicar três prioridades viáveis, quais seriam? 1 – A infraestrutura é uma poderosa usina de empregos diretos, indiretos e remotos. Assim ocorre com as obras de energia, comunicação (5G), ferrovias, rodovias, saneamento, etc. Os investidores privados já mostraram seu apetite nos leilões recém-realizados, o que deve aumentar muito com a melhoria da segurança jurídica e o bom funcionamento das agências reguladoras. Pode faltar pessoal qualificado, é verdade. Nesse campo, o governo precisará mobilizar as entidades de formação profissional de nível médio e superior e acionar políticas de incentivo para a preparação dos profissionais, em parceria com os investidores. Estes sabem muito bem o que é necessário. Materialização das promessas depende de fatores fora do alcance dos governantes. O que deveria ser prioridade? 2 – Minha segunda prioridade cai no campo da educação para o trabalho. Destaco aqui a urgente necessidade de executar um programa de três ou quatro anos para recuperar o grave atraso educacional causado pela covid-19 na maioria das crianças e jovens. Tal programa precisaria ser desenhado nos seus detalhes antes mesmo da posse do eleito e implantado para ajudar os jovens a entrarem de modo competitivo no mercado de trabalho. O Brasil não pode perder uma geração e deixar que ela tenha o seu futuro roubado. A qualificação também ajudará as empresas a melhorarem a sua produtividade. 3 – Finalmente, eu concentraria uma contínua atenção na atual desproteção trabalhista que decorre da informalidade. Essa tarefa é complexa e exige medidas de longa duração que envolvam a melhoria da qualidade dos postos de trabalho e a redução do custo da formalização, o que tangencia a reforma tributária, cujo modelo, no meu entender, teria de levar em conta seriamente a capacidade de a economia gerar bons empregos. Essas três prioridades exigem trabalho sério por muitos anos. E não podem ser postergadas. São inadiáveis. Saiba mais sobre o Conselho de Emprego e Relações do Trabalho *José Pastore é Presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP. https://www.fecomercio.com.br/noticia/o-trabalho-depois-da-eleicao