Comércio fecha 2020 com o maior saldo de empresas ativas, mas foi o 2º setor que mais demitiu, aponta IBGE
No primeiro ano de pandemia, apenas três dos 19 ramos empresariais tiveram saldo negativo do número de empresas ativas, mas 11 deles chegaram ao fim do ano com menos trabalhadores assalariados. Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro Levantamento divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o comércio, embora muito impactado pelas medidas de distanciamento social, foi o setor que com o maior saldo de empresas ativas em 2020. Em contrapartida, foi o segundo que mais demitiu pessoal. Os dados fazem parte da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas do Empreendedorismo referentes a 2020 e evidenciam que o mercado empresarial brasileiro foi pouco afetado pela crise sanitária, tendo o maior impacto negativo ocorrido sobre o mercado de trabalho. De acordo com o estudo, enquanto 11 dos 19 segmentos empresariais pesquisados demitiram pessoal ao longo de 2020, apenas três encerraram o ano com saldo negativo do número de empresas ativas. Ao todo, o país registrou naquele ano a entrada de 826,4 mil novas empresas, enquanto as saídas somaram 634,4 mil, deixando o saldo final de 192 mil empresas novas empresas ativas, sendo que 39 mil delas eram do segmento de comércio reparação de veículos automotores e motocicletas. Com este saldo positivo, o total de empresas ativas no Brasil bateu recorde em 2020, somando cerca de 4,875 milhões, 4% a mais que no ano anterior e o maior número da a série histórica da pesquisa, iniciada em 2007. Antes, o maior número de empresas no país havia sido registrado em 2013, quando somavam 4,775 milhões. Em contrapartida, ao final de 2020 havia cerca de 660 mil trabalhadores assalariados a menos ocupados no mercado de trabalho na comparação com 2019. Considerando o total de pessoal ocupado no país, houve redução de 351,6 mil trabalhadores. Movimento foi similar ao de 8 países Segundo o levantamento, a taxa de entrada de novas empresas caiu de 20,2% em 2019 para 16,9% em 2020, enquanto a de saída, caiu de 14,0% para 13,0% – a menor desde 2008. O gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira, ressalvou que, considerando o contexto da pandemia, seria natural haver queda da taxa de entrada, mas não na de saída. Todavia, ele destacou que o mesmo fenômeno ocorreu em oito dentre 12 países analisados. O pesquisador ponderou que ações de apoio do governo, tais como o Programa de Manutenção de Emprego e Renda e o Pronampe, contribuíram para a sobrevida das empresas em 2020 e que os efeitos da pandemia sobre o mercado empresarial talvez levem mais tempo para serem identificados. Ferreira lembrou que o choque inicial provocado pela crise sanitária foi sentido no país a partir de março e que muitas empresas talvez não tenham entrado nas estatísticas dessa pesquisa. “As empresas que funcionaram até esse período, mesmo que tenham encerrado as atividades nos meses seguintes, não entram na estatística de saída, por uma questão metodológica baseada em manuais internacionais”, destacou. Além disso, o pesquisador do IBGE ressalvou que uma alteração na metodologia para definir organizações ativas, implantada em 2019 em razão de novo sistema de registro adotado pelo governo federal, pode ter impactado os dados deste estudo. Alojamento e alimentação foi o mais afetado De acordo com o levantamento, o setor de alojamento e alimentação foi o mais prejudicado tanto em relação ao número de empresas ativas quanto ao de pessoal ocupado. Com saldo negativo de quase 5 mil novas empresas, ele demitiu cerca de 373 mil assalariados. Ou seja, mais da metade dos cerca de 660 mil trabalhadores que perderam o emprego em 2020 eram ocupados em empresas que atuavam com alojamento e alimentação. O comércio foi o segundo ramo com mais demissões – cerca de 222 mil assalariados a menos que no ano anterior. O gerente da pesquisa destacou “a importância do porte na taxa de sobrevivência a longo prazo”. Segundo o levantamento, entre as empresas que nasceram em 2015, apenas 35,5% das que não tinham empregados sobrevivem após cinco anos. Já entre as empresas com dez ou mais pessoas ocupadas, a taxa foi quase o dobro, 67,5%”. https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/10/26/comercio-fecha-2020-com-o-maior-saldo-de-empresas-ativas-mas-foi-o-2o-setor-que-mais-demitiu-aponta-ibge.ghtml
Fatia de quem ganha até dois salários mínimos cai, mas ainda passa de 90%
Giuliana Saringer A criação de vagas de emprego com pagamento de até dois salários mínimos (R$ 2.424) caiu entre 2021 e 2022, mas ainda passa de 90% do total. É a faixa que concentra mais abertura de vagas com carteira assinada. Entre janeiro e setembro deste ano, 92,44% das vagas criadas estão nessa faixa salarial. No mesmo período de 2021, eram 93,64%. A criação de vagas para quem ganha acima de 10 salários mínimos corresponde a 0,17% do total em 2022. No geral, considerando todas as faixas de salário, a criação de vagas é menor do que em 2021. Os dados são do Ministério do Trabalho e Previdência e foram compilados a pedido do UOL. Em 2021, foram criadas 2.345.010 vagas que pagavam até dois salários mínimos e, em 2022, foram criadas 1.985.328 vagas com os mesmos salários. Por que a criação de vagas de salários mais baixos caiu? Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria, especializado em mercado de trabalho, estudos regionais e classes de renda, afirma que, no ano passado, o mercado de trabalho recuperou as vagas que foram mais prejudicadas pela pandemia, que são aquelas com atendimento ao público (como comércio e serviços) e que normalmente pagam salários mais baixos aos funcionários. Em 2022, Assis afirma que existe uma recuperação tardia das vagas em setores que também foram prejudicados pela pandemia, mas que demoraram mais para se recompor, como as escolas, o turismo e bares e restaurantes. Procurado pelo UOL, o Ministério do Trabalho e Previdência não respondeu até a conclusão deste texto. Dados de setembro: O Ministério da Previdência e Trabalho divulgou os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de setembro nesta quarta-feira (26), que mostram que o país criou 278.085 empregos com carteira assinada em setembro. Cresce número de vagas que pagam mais de 20 salários mínimos: O número de vagas que pagam mais de 20 salários mínimos subiu 5%, de 1.071 para 1.125. Assis diz que essas vagas costumam ser beneficiadas pela retomada da atividade econômica e que isso pode justificar o aumento do número, mas pondera que é difícil ter certeza, já que o número representa uma parcela muito pequena dos trabalhadores com carteira assinada. Essas vagas são aquelas que costumam ter mais facilidade de recuperação em momentos de melhora da atividade econômica e que são menos afetadas pelo cenário econômico ruim do que as pessoas que recebem menos. Salários baixos são comuns no Brasil: Assis afirma que o mercado de trabalho brasileiro, historicamente, tem remunerações baixas, e que a pandemia piorou o cenário. É um mercado que tem uma crônica questão de baixos salários, mas sabemos que a chegada da covid em 2020 deteriorou o mercado de trabalho, principalmente dos grupos de maior vulnerabilidade econômica.Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de economia aplicada do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), afirma que a renda baixa está ligadA ao baixo nível de produtividade dos brasileiros e à falta de qualificação profissional. Crise diminui salários: Em um cenário de desemprego alto, as pessoas ficam mais dispostas a voltar ao mercado de trabalho ganhando menos, o que justifica as quedas nos salários de contratação que foram vistas no começo deste ano. Agora, o salário de contratação está aumentando, mas ainda não chegou ao nível pré-pandemia. O valor passou de R$ 1.892,44 em maio para R$ 1.949,84 em agosto, em três altas consecutivas. Em janeiro de 2020, antes da pandemia, era de R$ 2.115,82. Barbosa Filho diz que a tendência é que o salário de contratação suba caso o desemprego continue em queda. Correção do salário mínimo influencia: Barbosa Filho diz que o valor mais alto do salário mínimo também faz com que as pessoas fiquem concentradas nas faixas de renda mais baixas. Hoje o cálculo do governo para corrigir o salário mínimo leva em consideração a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Se o INPC de determinado ano ficou em 5%, por exemplo, o piso nacional do ano seguinte também será reajustado em 5%. Essa regra está em vigor desde 2019, primeiro ano de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência. Qual a expectativa para 2023? Assis afirma que as projeções são que o mercado de trabalho tenha uma desaceleração na criação de vagas no final deste ano e começo de 2023. Isso deve ser motivado pelo aumento da taxa básica de juros, que diminui a atividade econômica, e pelo esgotamento das vagas de emprego disponíveis. Neste ano, o mercado de trabalho ainda reflete as perdas de empregos formais da pandemia. No próximo ano, não deve haver perda de vagas, mas a criação deve ser mais lenta do que neste ano. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/10/27/mercado-de-trabalho.htm
Desemprego volta a cair e fica em 8,7% em setembro
Por Redação Número de desocupados foi de 9,5 milhões, menor nível desde dezembro de 2015 A taxa de desemprego voltou a cair no Brasil em setembro. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 27, pelo IBGE, o nível de desocupação no trimestre encerrado no mês passado ficou em 8,7%. No trimestre encerrado em agosto, estava em 8,9%. Essa foi a sétima queda seguida no desemprego no País. De acordo com os dados do IBGE, a população desocupada ficou em 9,5 milhões de pessoas, o menor nível desde o trimestre terminado em dezembro de 2015. A população ocupada, de 99,3 milhões, foi recorde da série iniciada em 2012, com alta de 1% (mais 1 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 6,8% (ou mais 6,3 milhões de pessoas) no ano. A taxa de informalidade foi de 39,4% da população ocupada, ante 40% no trimestre anterior e 40,6% no mesmo trimestre de 2021. O número de trabalhadores informais chegou a 39,1 milhões. O rendimento real habitual, segundo o IBGE, foi de R$ 2.737, um crescimento de 3,7% em relação ao trimestre anterior e de 2,5% na comparação anual. A massa de rendimento real habitual (R$ 266,7 bilhões) cresceu 4,8% frente ao trimestre anterior e 9,9% na comparação anual. https://www.estadao.com.br/economia/desemprego-ibge-setembro-2022/
CNC projeta maior oferta de vagas temporárias desde o Natal de 2013
Estimativa é que sejam contratados 109,4 mil trabalhadores Por Ana Cristina Campos A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê a contratação de 109,4 mil trabalhadores temporários no país para dar conta do aumento previsto para as vendas no varejo relativas ao Natal, estimado em 2,1%. Essa deve ser a maior oferta de trabalho temporário em 9 anos, quando, em 2013, foram abertos 115,5 mil postos. A estimativa da CNC, divulgada hoje (26), é que a taxa de efetivação seja de 11%, o que representa 3 pontos percentuais a menos do que em 2021. Regionalmente, São Paulo (30,3 mil), Minas Gerais (12,2 mil), Paraná (8,9 mil) e Rio de Janeiro (8 mil) concentrarão 54% da oferta de vagas para o Natal deste ano. As previsões da CNC são baseadas em aspectos sazonais das admissões e desligamentos no comércio varejista, registrados mensalmente pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “A conversão de vagas temporárias em efetivas em 2022 não deve ser tão expressiva quanto depois do Natal de 2021, quando chegou a 15%, porque, no ano passado, o varejo ainda estava repondo os postos que haviam sido fechados nas duas primeiras ondas de covid-19”, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Segundo a CNC, 97 mil trabalhadores temporários foram contratados em 2021, 46% a mais do que o registrado em 2020, o primeiro ano da pandemia da covid-19. Dois meses antes dos Natais de 2020 e 2021, a circulação de consumidores no varejo ainda estava, respectivamente, 22,1% e 4,8% abaixo do nível pré-pandemia. Atualmente, o fluxo de consumidores nas lojas já é 3,1% acima do período imediatamente anterior ao início da crise sanitária. Os maiores volumes de contrato devem se concentrar no ramo de hiper e supermercados, no qual a previsão é de abertura de 45,5 mil vagas temporárias, e no setor de vestuário, com 25,8 mil. “Se, por um lado, os hiper e supermercados, que são os segmentos que mais empregam no varejo, tem destaque no número absoluto de vagas, as lojas de roupas, acessórios e calçados são, historicamente, as mais beneficiadas pelas vendas natalinas”, disse o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes. Enquanto o faturamento do varejo cresce, em média, 34% no período de fim de ano, o setor de vestuário costuma registrar alta de até 90%. O salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1,6 mil, avançando, portanto, 2,5% em termos nominais, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a remuneração média ficou em R$ 1,5 mil. Os valores mais altos, de R$ 2,3 mil, devem ser pagos pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação, seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos, que deve pagar em torno de R$ 1,8 mil. Entretanto, esses segmentos respondem por apenas 2,3% das vagas totais a serem criadas. A previsão da CNC é que haja aumento de 2,1% nas vendas de fim de ano no varejo como um todo. O ramo de hiper e supermercados tende a registrar alta de 4,8% nas vendas, já descontada a inflação, mas as vendas nas lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos devem cair 3,4% em relação ao ano passado. “Essa perspectiva decorre do somatório entre a desaceleração da inflação e o encarecimento do crédito, já que a taxa de juros de operações envolvendo pessoas físicas atingiu o maior patamar desde abril de 2018, o que favorece as compras em segmentos que dependem menos de empréstimos e financiamentos”, explicou Fabio Bentes. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-10/cnc-projeta-maior-oferta-de-vagas-temporarias-desde-o-natal-de-2013
Infraestrutura, educação e informalidade devem ser tratados com prioridade no próximo governo
Materialização das promessas depende de fatores fora do alcance dos governantes; o que deveria ser prioridade? O Brasil terá a mais exuberante prosperidade se 50% das promessas dos candidatos à Presidência da República se tornarem realidade. No campo do trabalho, dizem eles, haverá emprego e renda para todos. O salário mínimo terá constantes aumentos reais. Para os mais necessitados, as transferências de renda serão vitalícias. E assim vai. A materialização das promessas, é claro, depende de fatores que estão fora do alcance dos governantes – escassez de recursos e outros. Mas, se eu tivesse que indicar três prioridades viáveis, quais seriam? 1. A infraestrutura é uma poderosa usina de empregos diretos, indiretos e remotos. Assim ocorre com as obras de energia, comunicação (5G), ferrovias, rodovias, saneamento, etc. Os investidores privados já mostraram seu apetite nos leilões recém-realizados, o que deve aumentar muito com a melhoria da segurança jurídica e o bom funcionamento das agências reguladoras. Pode faltar pessoal qualificado, é verdade. Nesse campo, o governo precisará mobilizar as entidades de formação profissional de nível médio e superior e acionar políticas de incentivo para a preparação dos profissionais, em parceria com os investidores. Estes sabem muito bem o que é necessário. 2. Minha segunda prioridade cai no campo da educação para o trabalho. Destaco aqui a urgente necessidade de executar um programa de três ou quatro anos para recuperar o grave atraso educacional causado pela covid-19 na maioria das crianças e jovens. Tal programa precisaria ser desenhado nos seus detalhes antes mesmo da posse do eleito e implantado para ajudar os jovens a entrarem de modo competitivo no mercado de trabalho. O Brasil não pode perder uma geração e deixar que ela tenha o seu futuro roubado. A qualificação também ajudará as empresas a melhorarem a sua produtividade. 3. Finalmente, eu concentraria uma contínua atenção na atual desproteção trabalhista que decorre da informalidade. Essa tarefa é complexa e exige medidas de longa duração que envolvam a melhoria da qualidade dos postos de trabalho e a redução do custo da formalização, o que tangencia a reforma tributária, cujo modelo, no meu entender, teria de levar em conta seriamente a capacidade de a economia gerar bons empregos. Essas três prioridades exigem trabalho sério por muitos anos. E não podem ser postergadas. São inadiáveis. https://www.estadao.com.br/economia/jose-pastore-infraestrutura-educacao-trabalho/