A demanda dos trabalhadores por mais flexibilidade

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Modo como as pessoas encaram o trabalho mudou com a pandemia Os primeiros anos no mercado de trabalho são muito produtivos para os jovens. Durante este período, os salários destes trabalhadores crescem rapidamente e eles frequentemente mudam para empregos de maior remuneração. Ao mesmo tempo, os trabalhadores jovens são particularmente vulneráveis a condições adversas da economia. Por exemplo, sabe-se que os trabalhadores jovens carregam o peso das recessões, tanto porque os salários iniciais são menores, quanto porque estas condições de emprego têm efeitos duradouros. Interrupções no processo de progressão causadas por recessões afetam não apenas os rendimentos ao longo da carreira, como também a saúde, a autossuficiência econômica e as decisões de formação de família destes jovens. São por estes motivos que nem as mais otimistas das previsões poderiam antecipar o que se vê hoje no mercado de trabalho das economias desenvolvidas e emergentes no pós-Covid. [Ilustração de Aureliano Medeiros mostra, em tons de azul, vermelho e amarelo, dois homens deixados no chão, com um notebook ao centro. Eles seguram vários equipamentos eletrônicos]Tecnologia permite que as pessoas desenvolvam suas funções de forma remota – Aureliano Medeiros/Ilustração Nos Estados Unidos, há mais vagas abertas que trabalhadores em busca de emprego. A taxa de desemprego, que chegou a 14,7% em abril de 2020, retrocedeu de volta para 3,7%. No Brasil, não há estatísticas para o número de vagas abertas, mas a taxa de desemprego alcançou 9,1%, o menor valor da série histórica desde 2015, o primeiro de dois anos de crescimento negativo da economia. A resiliência da economia brasileira alimenta a perspectiva que ainda há espaço para mais melhorias no mercado de trabalho. O fato é que passados quase três anos desde início da pandemia, nos deparamos com um mercado de trabalho muito diferente do que existia em 2019. A pandemia mudou a forma como as pessoas encaram seus trabalhos, e elas passaram a demandar mais flexibilidade em seus contratos de emprego. O uso de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs vem permitindo que mais pessoas possam trabalhar em jornadas de menos horas, podendo, inclusive, executar suas funções de forma remota. Um estudo recente apresentado em Jackson Hole –uma importante conferência organizada pelo Fed com a presença de economistas e formuladores de políticas de todo o mundo – corrobora esta visão, reforçando que a quantidade de horas ofertadas pelos trabalhadores (margem intensiva) é tão (ou mais) importante para documentar a evolução do mercado de trabalho quanto as métricas de emprego (margem extensiva) comumente utilizadas (Bick, Blandin, & Fuchs-Schündeln, 2022). O estudo argumenta que as mudanças nos arranjos de trabalho –que se tornaram mais flexíveis após a pandemia– correspondem a uma redução nos custos do trabalho, que se manifesta na economia de tempo no deslocamento de casa para o trabalho, no acesso a empregos mais promissores em locais mais distantes, e até mesmo na possibilidade de executar múltiplas tarefas (de trabalho e de casa) simultaneamente quando o trabalhador está em home office. Estas mudanças teriam sido capazes de atrair para o mercado de trabalho justamente aqueles que não trabalhariam em arranjos mais rígidos. Assim, uma diminuição no custo do trabalho é consistente com o aumento do emprego e a redução das horas por trabalhador conforme está sendo visto nas diversas economias do mundo. Esta nova configuração tem importantes implicações para a condução das políticas monetárias, em particular aquelas que consideram metas de emprego em seus objetivos, e fiscais, como a rede de proteção social para trabalhadores que não se beneficiaram do home office e de jornadas flexíveis. O caso brasileiro é particular. De um lado, a nova configuração das relações trabalhistas encontrou terreno fértil em um mercado de trabalho mais dinâmico após a reforma trabalhista de 2017. De outro, há pouca evidência de que o trabalho remoto seja uma conquista permanente dos trabalhadores que podem executar suas funções à distância, ou que ele possa eventualmente se aplicar a mais categorias de emprego. Novas propostas de reformas que tornam o mercado de trabalho mais rígido, ou mesmo decisões do STF que estimulam o litígio (como a que julgou inconstitucional o pagamento dos honorários de sucumbência pela parte perdedora), vão na contramão da evidente demanda dos trabalhadores por mais flexibilidade. Para os jovens que ingressam neste novo mercado de trabalho, ele pode ser um de grandes oportunidades, ou de grandes desafios. Esta coluna é uma homenagem às turmas de 2019 e 2020 do curso de graduação em economia na FGV EPGE, das quais tive a honra de ser patrona, e cuja cerimônia presencial de colação de grau pôde ocorrer apenas na semana passada por conta da pandemia. Eles fazem parte da primeira geração de jovens universitários que ingressa neste novo mercado de trabalho. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cecilia-machado/2022/09/a-demanda-dos-trabalhadores-por-mais-flexibilidade.shtml

Setor de serviços cresce 1,1% em julho

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Trata-se da terceira alta seguida, com ganho acumulado de 2,4%; setor se encontra 8,9% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 1,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica, em novembro de 2014. Por Marta Cavallini, g1 O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1,1% em julho em relação a junho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira alta seguida, com ganho acumulado de 2,4%. Na comparação com julho de 2021, o avanço foi de 6,3% – 17ª taxa positiva consecutiva. O acumulado do ano ficou em 8,5% em relação a igual período de 2021. Já o acumulado nos últimos 12 meses passou de 10,5% em junho para 9,6% em julho, mantendo trajetória descendente desde abril (12,8%). O setor se encontra 8,9% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 1,8% abaixo de novembro de 2014 (ponto mais alto da série histórica). O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e foi o mais atingido pela pandemia, sobretudo as atividades de caráter mais presencial, como os serviços prestados às famílias. “Com esse crescimento de julho, o setor de serviços chega ao ponto mais alto desde novembro de 2014, ou seja, do maior patamar da série. Essa retomada de crescimento é bastante significativa e é ligada aos serviços voltados às empresas, como os de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação e o de transporte de cargas, que têm um crescimento expressivo e alcançam, em julho, os pontos mais altos das suas respectivas séries. Então o que traz o setor de serviços a esse patamar é o dinamismo desses dois segmentos”, destaca o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. Entre os cinco grandes grupos, o avanço de junho para julho tem como destaque as atividades de transportes (2,3%), informação e comunicação (1,1%) e os serviços prestados às famílias (0,6%) – nesse caso, o quinto crescimento seguido, com ganho acumulado de 9,7%. Do lado oposto, outros serviços (-4,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) foram as influências negativas de julho. Veja o resultado mensal em cada um dos cinco grandes segmentos e seus subgrupos: Serviços prestados às famílias: 0,6%Serviços de alojamento e alimentação: 2,0%Outros serviços prestados às famílias: 2,2%Serviços de informação e comunicação: 1,1%Serviços de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação e comunicação (TIC): 0,6%Telecomunicações: -2,1%Serviços de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação: 6,6%Serviços audiovisuais: -0,9%Serviços profissionais, administrativos e complementares: -1,1%Serviços técnico-profissionais: -3,1%Serviços administrativos e complementares: -0,1%Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 2,3%Transporte terrestre: 0,9%Transporte aquaviário: 3,4%Transporte aéreo: 6,8%Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 5,4%Outros serviços: -4,2% Serviços prestados às famílias não recuperam perdas Os serviços prestados às famílias cresceram pelo quinto mês seguido, acumulando alta de 9,7% no período. Ainda assim, se encontra 5,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. “Em julho, os destaques desse setor foram hotéis e restaurantes. Nós temos acompanhado uma retomada na busca por esses serviços ligados ao turismo, como podemos observar pelo aumento também no transporte aéreo. Além disso, também foi um mês de férias. Esse segmento vem diminuindo a distância em relação ao patamar pré-pandemia, mas segue abaixo dele”, destaca Almeida. Por outro lado, o segmento de outros serviços recuou 4,2%, após ter avançado nos dois meses anteriores. Rodrigo Lobo explica que esse resultado pode estar relacionado a mudanças no consumo das famílias. “Naquela fase mais aguda da pandemia, a partir do segundo semestre de 2020 até meados do ano passado, os serviços financeiros auxiliares cresceram de maneira significativa. Nesse momento, havia um aumento da poupança das famílias de renda média e renda média alta, tendo em vista que elas diminuíam o consumo em decorrência das restrições existentes durante a pandemia. Com a flexibilização das restrições, essas famílias passaram a utilizar uma parcela maior de sua renda no consumo de bens e serviços e uma muito menor na poupança. Nesse sentido, a destinação desse recurso para o mercado financeiro já sofre redução na comparação com aqueles períodos de 2020 e 2021, quando houve um crescimento importante”, explica. Já o setor de informação e comunicação conseguiu recuperar a variação negativa do mês anterior (-0,2%). “Esse avanço está ligado ao setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação, principalmente aos serviços de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação, que têm crescido muito e foram impulsionados inclusive durante a pandemia, quando as empresas tiveram que contratar serviços para suporte para o home office e a oferta de serviços online. Dentro desse setor, em julho, a consultoria em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação e portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação pela internet se destacaram”, diz Almeida. Atividades turísticas crescem 1,5% em julho O índice de atividades turísticas subiu 1,5% em relação a junho após ter recuado 1,7% em junho. O IBGE destaca que, mesmo com o avanço, o segmento de turismo ainda se encontra 1,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020. “Tiveram um bom desempenho em julho os setores de hotéis, restaurantes e transporte aéreo. Além de ser um mês de férias, a diminuição observada no desemprego e o crescimento econômico tendem a impulsionar o setor de turismo de lazer e negócios. Depois desse tempo sem consumir esse tipo de serviço, as pessoas podem estar mais dispostas a viajar”, diz Luiz Almeida, analista da pesquisa. Regionalmente, 10 dos 12 locais pesquisados acompanharam o crescimento verificado na atividade turística nacional. A contribuição positiva mais relevante ficou com São Paulo (4,6%), seguido por Santa Catarina (9,6%), Rio de Janeiro (2,0%) e Paraná (4,6%). Em sentido oposto, Minas Gerais (-0,6%) e Rio Grande do Sul (-1,1%) assinalaram os únicos recuos em termos regionais. Transporte de cargas e de passageiros acima do pré-pandemia O volume do transporte de cargas registrou expansão de 1,2% em julho, acumulando ganho de 19,7% desde outubro de 2021. O segmento alcança novo recorde ao atingir o ponto mais alto da série. Com relação ao nível pré-pandemia, o transporte de cargas está 31,7% acima de fevereiro de 2020. O setor de transportes acumulou ganho de 3,9% nos três últimos meses e, em julho, foi influenciado principalmente pelos bons resultados de atividades

OCDE alerta sobre desemprego e baixa dos salários em novo relatório

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Os países que fazem parte da organização registraram falta de mão de obra e altos níveis de inflação A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou o relatório “OCDE Employment Outlook 2022” nesta segunda-feira (12). Nele, a entidade alerta os países do grupo sobre a desaceleração do crescimento do mercado de trabalho e uma desvalorização dos salários em 2022.  Desde abril de 2020 foram criados cerca de 66 milhões de empregos, nove milhões a mais em relação ao número de empregos encerrados no início da pandemia de Covid-19. A taxa de desemprego das nações de dentro da OCDE se estabilizou em 4,9% em julho deste ano, 0,4 ponto percentual a menos em comparação a fevereiro de 2020. No texto, a organização ressalta que mesmo em momento estável, os dados colhidos demonstram uma situação “preocupante” para os 38 países membros da OCDE. Hoje, há uma grande falta de profissionais ocupando empregos com salários baixos, como hotelaria e restaurantes, que registraram uma queda de interesse  e níveis de criação de empregos menores durante o período anterior à pandemia.  Fique por dentro das notícias que vão afetar o seu bolso todos os dias O baixo crescimento dos salários também preocupa a organização. Os países registraram um aumento bem inferior à inflação elevada no primeiro semestre de 2022, e a previsão da OCDE é de que tais retrações continuem para o próximo ano com níveis ainda mais elevados dos registrados anteriormente. Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG As áreas mais afetadas pela alta da inflação são os alimentos e o setor de energia, que representam grande parte dos gastos de famílias de baixa renda. A guerra na Ucrânia e a crise econômica mundial são alguns dos principais fatores para a crise salarial.  Em ordem, é projetado para os países membros uma contração salarial de 6,9% na Grécia, 4,5% na Espanha, 3,1% na Itália, 2,9% no Reino Unido, 2,6% na Alemanha, 2,1% no Canadá, 2% na Austrália, 1,8% na Coréia do Sul, 0,6% nos EUA e 0,3% no Japão.  O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, sugere que os governos considerem medidas temporárias para “amortecer o impacto nas famílias e empresas mais necessitadas”. As consequências do aumento do custo de vida são, para Cormann, “devastadoras para as famílias modestas”. O texto também explica a necessidade de ajustes salariais para estabilizar o poder de compra daqueles que recebem um salário mínimo ou menos. https://economia.ig.com.br/2022-09-12/ocde-alerta-falta-de-emprego-crescimento-baixo-salarios.html

Brasileiros gostariam de testar a semana de trabalho de 4 dias. E as empresas?

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Reino Unido, Islândia e Japão estão entre os países que analisam o novo formato de jornada Por Adriana Fonseca, Para o Valor O debate sobre a semana de trabalho de 4 dias serviu de base para uma nova pesquisa realizada pela Empregos.com.br, plataforma de anúncios de vagas, obtido com exclusividade pelo Valor. Segundo o estudo, que ouviu 2.552 pessoas em agosto, trabalhar quatro dias e folgar três é o desejo de 81% dos profissionais brasileiros. Outros 13% ainda têm dúvidas em relação ao modelo de trabalho e 6% acreditam que a semana de 4 dias não funciona. Semana de 4 dias: como é essa experiência no JapãoEste é o maior desafio para a semana de 4 dias de trabalho no BrasilSemana de 4 dias é discutida há 50 anos, e não avança Mesmo que o assunto seja novidade no mercado brasileiro, a modalidade já foi testada em outros países. Entre 2015 e 2019, a Islândia reduziu a jornada semanal para 35 horas em quatro dias úteis para 2,5 mil funcionários. O resultado mostrou empregados mais produtivos, engajados e motivados. O Reino Unido está testando, atualmente, a semana de 4 dias de trabalho – no maior experimento do tipo que já se fez no mundo. São 70 empresas envolvidas, e 3,3 mil funcionários. O teste de seis meses começou em junho e visa entender como fica a produtividade dos empregados. Já existe, inclusive, o movimento 4 Day Week Global, que defende que a semana mais curta melhora a qualidade de vida e desempenho do trabalhador, uma vez que ele está mais descansado e consegue focar melhor nas suas atividades. No Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, este ano, especialistas discutiram os benefícios de uma semana de trabalho de quatro dias, destacando como o trabalho flexível pode ajudar a reter talentos e levar a uma maior produtividade. Mas no Brasil as empresas parecem resistir à iniciativa. Apenas 4,9% das empresas são a favor da jornada reduzida, segundo o levantamento da Empregos.com.br, enquanto 25% se posicionam contra e 71,1% ainda não têm um posicionamento definido sobre o tema. Foram ouvidas 251 empresas cadastradas na base da Empregos.com.br. Dessas, 76% trabalham atualmente de forma presencial, 5,3% no formato híbrido e 4,6% em home office. 82,5% exercem a jornada de trabalho de 40 horas semanais previstas na CLT, 15,6% possuem políticas de horários flexíveis e 1,9% realizam o short-friday – benefício que consiste em oferecer aos funcionários a possibilidade de sair mais cedo às sextas-feiras. Vale ressaltar que a redução na jornada de trabalho não prevê cortes nos salários dos funcionários. Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho, o valor só pode ser reduzido em casos de acordos coletivos. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/09/13/brasileiros-gostariam-de-testar-a-semana-de-trabalho-de-4-dias-e-as-empresas.ghtml